As farpas
Pintei um lindo dogue alemão cinza. O pelo do animal brilhava com o verniz, deixando a pincelada mais realista. Estava perfeito. Eu podia jurar que havia ficado tão real a ponto de ser possível sentir a maciez do seu pelo curto se o tocasse. Por instinto acabei lhe acariciando e percebi que estava certa ao acreditar na vida da tela.
A criatura me olhou profundamente após retirar a enorme cabeça do quadro. Ele rosnou feroz e latiu mostrando os dentes afiados em seguida.
Dei alguns passos para trás não acreditando naquilo, e deixei um grande medo percorrer o meu corpo. Quando o cachorro percebeu a sensação que fluiu de mim, saltou da tela em disparada.
Corri por minha vida, então percebi que o quarto ao meu redor se tornou uma imensa sala azul sem saída. O local se estendia por diversos quilômetros sem sequer uma janela. Ainda que eu corresse com toda a vontade, a cada segundo ouvia as patas baterem rápidas e fortes em minhas costas. Tão perto que me arrancava lágrimas de desespero.
Minhas pernas começaram a falhar em algum momento do trajeto, até me derrubarem cansadas demais para seguir.
O animal aproveitou o seu momento saltando no ar com as garras na minha direção e a boca escancarada. Fechei meus olhos esperando a dor de sua mordida.
— London! — disse a voz de Melissa, a garota que eu conheci no dia anterior e isso me fez procurá-la em algum lugar dali. Ainda assim, nada encontrei. — London!
Chamou-me outra vez quando o cachorro conseguiu pular em minhas costas.
Ergui a cabeça do livro no mesmo instante e pisquei algumas vezes já em busca dos vestígios do meu corpo despedaçado pelo animal. Encontrei uma biblioteca e a moça parada em minha frente com os olhos confusos.
Meus braços estavam cruzados sobre a mesa onde eu, antes, dormia totalmente sem conforto.
— Você está bem?
Olhei ao meu redor. A livraria era bem iluminada pelo sol e os poucos clientes estavam distraídos com seus livros, enquanto degustavam de um delicioso e quente café.
Me espreguicei para recuperar nem que fosse um pouco de energia. A jovem próxima de mim ainda me olhava confusa esperando a resposta.
— Acho que não tive uma noite muito boa.
— Problemas no paraíso? — perguntou tentando ser um pouco divertida.
Seria difícil explicar que meu coração estava em ruínas, que meu pai estava desaparecido depois de gastar tudo o que tínhamos jogando em casinos e que meu investigador era o culpado pelo primeiro tópico.
— Digamos que o paraíso me pediu férias — respirei fundo e limpei a garganta. — Permanentes.
— Quer conversar?
— Não a escute, ela é biruta — comentou o jovem Carter ao passar rapidamente por nós, me causando risos.
A morena deu a língua ao irmão e se voltou para mim abrindo seu melhor sorriso.
— Obrigada. Seria bom desabafar.
Talvez eu precisasse mesmo contar a alguém que não fosse a polícia, tudo o que estava acontecendo. Afinal o grupo que estava atrás de George me mataria se eu mandasse uma frota lhe buscar onde quer que estivesse, e eu estava evitando coisas assim.
Thiago iria encontrar nossos pais e convencê-los a voltar. Eu estava contando com isso.
— Então me diga o que está te incomodando tanto. — Melissa sentou-se à minha frente.
Puxei todo o ar necessário para iniciar aquela história, tentei colocar cada ponto em seu lugar para não confundir a cabeça de minha ouvinte e soltei a respiração quando já estava pronta.
— Bom, eu não vim passear na cidade — iniciei. Melissa estava com os olhos fixos em mim, realmente interessada no assunto. — George foi passar uma temporada em Las Vegas e acabou se metendo em uma confusão enorme. Quando foram nos procurar em Chicago quase destruíram nossa casa e meu pai acabou me confessando que estava devendo meio milhão. Foi então que decidi começar a vender minhas obras também, pois ele não conseguiria chegar nesse valor sozinho.
— E você também não conseguiu, suponho — ela falou entendendo uma parte de tudo e afirmei.
— Até que um amigo dele foi visitá-lo em casa enquanto eu viajava a trabalho e quando voltei os dois haviam ido embora.
— Eles fugiram! — disse o rapaz assustado enquanto passava por nós novamente. Dessa vez tinha uma bandeja nas mãos com duas xícaras extremamente quentes.
Carter colocou as bebidas na mesa para mim e sua irmã. Eu confirmei sua conclusão e soprei o líquido antes de beber.
— Meu pai me deixou um bilhete para dizer que ficaria bem e que daria um jeito de conseguir o dinheiro sozinho, mas que se ficasse iam atrás de mim também. — Sorri como se tivesse dito algo realmente engraçado e absurdo ao mesmo tempo. Respirei um pouco mais para conseguir terminar.
— Mas se ele estava sendo seguido por essas pessoas, por que ainda não foi à polícia? — sugeriu a morena me levando a rir outra vez.
— Um dia me mandaram um recado. Quebraram minha galeria e disseram que estavam atrás da carcaça do meu pai e que eu não poderia avisar ninguém — soltei. Percebi o olhar confuso dos gêmeos e puxei o ar outra vez. — Eles vão matar nós dois se eu chamar a polícia.
— Vocês correm perigo, London. — Carter, sentou-se ao meu lado. — Não acha melhor ter ao menos uma autoridade ciente de tudo?
Se fosse apenas isso o que me assombrava seria muito mais fácil. O problema é que o gênio forte e o orgulho do meu pai o levaria a cometer alguma loucura. Era exatamente esse tipo de extremo que eu estava querendo evitar e conhecendo ele como eu conhecia, sabia que a birra poderia acabar em alguma tragédia.
Por isso exclui completamente a hipótese de colocar a polícia no meio de tudo aquilo.
— Eu pedi a um amigo, conhecido também de George, para me ajudar — expliquei aos irmãos. — Pelo que sei, ele é um investigador maravilhoso e estou contando com ele. George vai ouvi-lo melhor do que eu.
— Entendi… — Melissa tinha os olhos perdidos em seu café. Parecia que minha história havia mexido com ela, como se fosse alguém de sua família.
— Bom, se precisar de mais ajuda para procurá-los, estaremos aqui!
O irmão se prontificou e ela concordou sem questionar. Sorri para os dois, agradecida por poder ter mais gente para ajudar. Seria bom um pouco mais de esperança para o meu coração.
— Mas se não veio passear e está nesse rolo todo, o que faz aqui? — Finalmente a morena tornou a falar.
— Por dois motivos — comecei. — O primeiro é que talvez meu pai venha para nossa casa quando estiver sem saída, ele ama esse lugar. E o segundo foi para encontrar esse amigo que iria me ajudar.
— Thiago Fonseca! — falaram os irmãos, contentes.
O jovem Thiago havia sido policial militar antes de abrir seu escritório de serviços particulares na cidade. Então era óbvio que todos ali o conheciam.
Mais uma vez afirmei as conclusões dos irmãos que me deram os sorrisos mais sinceros que puderam.
Os dois passaram alguns instantes tentando me distrair com conversas aleatórias depois disso. Ríamos em meio aos atendimentos de clientes que entravam e saiam do estabelecimento. Poderiam parecer duas pessoas desconhecidas, mas mesmo assim tentaram me dar apoio e ajudar com algo tão delicado para mim.
Eu não me prendia cem por cento no caso de meu pai. Pois, sabia que mesmo sendo teimoso ele iria me mandar alguma notícia em algum momento. Mas eu precisava encontrá-lo antes que os seus cobradores fizessem isso.
Saber que Thiago iria fazer o possível por nós e que meus dois novos amigos também queriam ajudar era ainda melhor. As chances estavam crescendo ainda mais, poderíamos ir encontrando mais pessoas para ficarem atentas até que alguém os visse em algum lugar ou ouvisse algum rumor.
Poderia estar criando esperanças demais. Ou estar me iludindo muito cedo. Mas infelizmente só iria conseguir dormir assim.
— E se nós fosse a uma baladinha? — sugeriu Carter, mas sua irmã fez uma cara feia para a proposta. Eu mal havia percebido que eles já estavam fazendo planos para me distrair.
— Um sarau literário! — ela disse com brilho nos olhos.
— Ou uma exposição de artes. — Ambos me olharam como se eu tivesse dito algo fora do comum. — Trabalho com isso, gente!
— Se te animar, podemos montar um estande para expor seu trabalho na festa da cidade. O que acha? Eu vou cobrir todo evento, sei exatamente com quem falar.
O convite da morena foi tentador. Seria bom poder pintar algumas coisas para me distrair e até mostrá-las aos clientes em potencial. Meus olhos brilharam de empolgação e aceitei de imediato.
— Jonathan provavelmente vai comprar tudo — comentou Carter. — Se tem um lugar que parece uma galeria de artes é a casa dele. Imagine quando ver o estande.
Melissa sorriu sutilmente enquanto seu irmão recolhia nossas xícaras para lavá-las. Tentei manter meu contentamento em seu controle normal, mas não posso negar que a ganância ganhou meu coração com aquela informação.
— Pensei que o admirador de artes fosse você. — Comentei ao me lembrar das palavras de Jonathan no dia anterior.
— Está brincando? Eu não passo nem perto dele. À mansão parece uma grande galeria. — Carter se inclinou ligeiramente em minha direção para sussurrar. — Tudo que sei aprendi com ele.
Observei o local onde o homem estava no dia anterior. Então ele era um admirador também e sabia da minha história. Talvez tenha ficado envergonhado de admitir isso, por essa razão direcionou o comentário para seu irmão.
— Bom, eu tenho muito à fazer. — Melissa me tirou dos pensamentos ao quebrar o silêncio, e a morena saiu empolgada com seu novo trabalho.
Pelo que me disse, a cidade havia deixado em suas mãos toda a organização do evento e parecia que minha participação a deixava ainda mais feliz com tudo aquilo. Suspirei imaginando quantos quadros eu tinha na casa e se poderia pintar algo para completar uma pequena coleção.
O celular vibrou em meu bolso do jeans durante os pensamentos e uma energia me dominou por inteira. Um misto de ansiedade e nervosismo quase me impediram de atender o detetive.
— Bom dia, senhorita Rider, tudo bem? — perguntou ele, agindo profissionalmente.
— Na medida do possível — confessei. — E você?
— Bem… Recebi os documentos do senhor Rider e já dei início às buscas. Meu parceiro foi até o local onde ele estava jogando para colher os depoimentos de algumas pessoas. — Ele fez uma pausa e o som de papéis sendo folheados invadiu a conversa. Depois de respirar fundo, continuou. — Preciso que dê também o seu depoimento e nos permita entrar no apartamento onde o senhor Rider desapareceu.
— Tudo bem. Quer que eu vá ao escritório agora?
— Por favor. Vou te mandar o endereço, fico no aguardo.
Ele finalizou a ligação como se fosse alguém indiferente. Talvez estivesse apenas tentando manter uma distância controlada entre nós ou havia ficado chateado com nossa despedida na noite anterior. Aquilo me incomodou de alguma maneira, mas tentei colocar a cabeça no lugar.
Thiago não era mais nada para mim, então não deveria me abalar.
— Novidades? — Carter veio em minha direção assim que guardei o celular.
— Ainda não… O detetive Fonseca quer que eu dê mais algumas informações para o caso. — Os olhos azuis do rapaz pareciam tão interessados em tudo ao meu redor, que me trouxeram uma boa e grande ideia. — Você quer ir comigo?
— Não sei se posso sair, ainda são onze horas.
— Ah! Pelo amor de Deus — lhe interrompeu sua irmã. — Ninguém vem aqui e sei mexer muito bem na cafeteira. Vai com ela!
— Certeza?
— Quem você acha que vai aparecer aqui querendo te ver? O Papa? Sai daqui logo.
Melissa parecia que já havia decidido por seu irmão. Eu apenas olhei nos olhos do rapaz esperando sua confirmação para sairmos e quando o mesmo deu de ombros junto de um sorriso, eu me levantei.
— Bom, eu dirijo. Sei onde fica o escritório — concluiu ele, me acompanhando até a porta de saída.
Carter e eu andamos pelo estacionamento até o carro. O rapaz abriu para mim a porta do passageiro e quando me sentei ele a fechou, dando a volta para tomar o lugar do motorista. Ao ligar o carro o som automaticamente foi acionado e enquanto ele saia do local a música calma percorreu nosso ambiente.
O trajeto foi bem rápido. O escritório do detetive Fonseca ficava a mais ou menos quinze minutos de distância da livraria e seu estacionamento estava completamente vazio.
Quando Carter parou de frente para porta de vidro, eu pulei do automóvel indo na direção da entrada. O rapaz veio em seguida e entramos no local nos deparando com a jovem recepcionista sorrindo abertamente para os visitantes.
— Bom dia! Em que posso ajudá-los? — ela disse e eu retribui o sorriso.
A jovem tinha os cabelos longos e cacheados, desciam por seus ombros até abaixo do busto numa tonalidade vermelha. Seu terninho azul-marinho brilhava com os raios do sol e aparentava ser quente demais para a pobre garota usá-lo naquela época do ano.
— Bom dia. Eu sou London Rider — avisei. Vi os olhos da jovem se fixarem no caderno em cima de sua mesa. Parecia que meu nome lhe era familiar. — O senhor Fonseca me pediu que viesse agora para depor.
— Sim, claro. Está bem aqui — ela disse extremamente contente. — O escritório é no segundo andar. Final do corredor. Sala 4.
— Obrigado, Sofia — agradeceu o jovem Carter para a garota que ainda sustentava o sorriso. Entendi a empolgação dela; eles se conheciam.
Dei-lhe um breve aceno, seguindo para o elevador ao lado de seu balcão.
As portas se abriram no segundo andar e um longo corredor se estendeu à nossa frente.
Bem ao lado de nós estava a larga escadaria de incêndio forrada com carpete azul que também percorria todo o lugar. Algumas portas adiante Thiago me esperava, com o olhar totalmente confuso. Acreditei que por me ver acompanhada.
— Victor — o nome saiu de seus lábios com nossa aproximação.
— Detetive — meu acompanhante cumprimentou-o. — Como vão os negócios?
— Peculiares.
— Vamos começar? — Os interrompi e o ruivo abriu caminho para entrarmos no grande escritório.
Passei os olhos pelos dois, notando um clima pesado. Eles pareciam estar brincando de não piscar e sabe-se lá o que aconteceria se alguém perdesse.
Pigarreei para que notassem minha presença e Thiago rapidamente me olhou como se repreendesse a eventualidade, em seguida apontou para uma pequena porta no fundo da sala. Onde eu provavelmente daria meu depoimento.
— Se nós permitir, senhor Morgan, essa é uma conversa particular — informou o detetive se aproximando de onde me mostrou.
— Tudo bem. Eu aguardo aqui — tranquilizou-me o moreno. Ele se sentou na poltrona creme ao lado da porta e me deu um breve aceno.
Fiquei confusa com a situação inicialmente, mas segui o detetive depois de retribuir a despedida. Talvez eles tivessem uma rixa passada e, por isso Carter relutou para ir.
A sala escura de depoimento era pequena. Tinha uma mesa ao centro e duas cadeiras, uma de cada lado. A janela grande era coberta pela persiana que logo foi aberta para deixar o sol entrar no lugar. Sentei-me na cadeira da direita e Thiago bem à minha frente.
— Namorado novo? — ele me perguntou. Revirei os olhos ao notar finalmente o que havia acontecido antes e ele percebeu minha inquietação. — Tudo bem. Vamos começar.
O rapaz puxou uma pequena pasta de dentro da gaveta da mesa, de onde retirou o caderninho de anotações e a caneta. Thiago limpou a garganta e começou:
— Me diga quando foi a última vez que viu seu pai.
— Acredito que há cerca de um mês e meio — revelei. Tentei relaxar contando a história, mas eu sabia que ele estava se enchendo de outros tipos de perguntas. O que me deixava desconfortável. — Recebemos a visita do senhor Fonseca, que nos acompanharia numa viagem a trabalho. Mas ele sugeriu que só eu fosse já que a exposição era minha e meu pai estava um pouco exausto dos eventos que participou. Enquanto isso ele cuidaria de George.
Durante minha fala, o detetive anotava todas as palavras no caderno. Seus olhos as vezes se erguiam para me analisar, mas voltavam rapidamente ao objeto entre seus dedos.
— Então fui e os deixei. Davis sempre me deu notícias até o fim da exposição, por isso não me preocupei. Mas quando cheguei em casa eles já não estavam e havia um bilhete de George na geladeira dizendo que tinham ido numa expedição.
— Você ainda tem o bilhete? — perguntou ele finalmente, e eu assenti. — Se puder me trazer, seria bom analisar todas as provas. Continue…
— Bom, eu perguntei ao porteiro se ele os viu sair e o rapaz me disse que um dia eles foram dar uma volta, mas não retornaram.
— Levaram alguma mala ou objetos pessoais?
— O porteiro me disse que ninguém além do meu pai e Davis entraram na casa e que quando sumiram estavam sem nada — respirei fundo, tentando acalmar meus nervos antes de continuar. — Enfim, quando mandei mensagem ao senhor Fonseca pedindo sua localização, ele sumiu. Não atendeu mais o telefone, não me respondeu e creio que tenha jogado o celular fora.
Thiago bufou com a informação. Seu pai tinha o costume de sumir e fazer sempre daquela forma, por isso minha conclusão poderia ser válida.
— E você falou com os vizinhos ou algum outro trabalhador do prédio?
— Todos disseram a mesma coisa. Meu pai saía para passear com o amigo quase sempre e então, um dia, não voltou mais.
— Tudo bem então. Eu vou falar com esse porteiro e tentar pegar as gravações das câmeras de segurança — ele falou de maneira rápida, com um certo tipo de raiva. Parecia que algo lhe incomodava durante minha presença em seu trabalho até que ele não suportou mais segurar todo aquele mistério; sua mão bateu com força na mesa e ele soltou. — O que está tentando fazer?
— Desculpe, não entendi — franzi o cenho ao receber aquela pergunta e o detetive pareceu rosnar.
— Trouxe esse cara aqui para me provar algo?
— Ele é um amigo, sabia o caminho. — Me levantei da mesa arrumando os cabelos. — E se estiver saindo com alguém não interessa a você.
— Não faz isso. — A tensão tomou conta do lugar. Os olhos de Thiago passaram de raiva para mágoa e me penetraram como se implorasse algo. — Você se foi, o que queria que eu fizesse?
— Você se casou, o que quer que eu faça?
Ele tinha os pensamentos perdidos, talvez confusos. Mas eu não faria parte daquilo. Já tinha problemas demais para ter que aturar tanta pressão.
Ouvimos a batida na porta e a voz de Carter abafada pela madeira.
— Gente? A recepcionista disse que a mulher do detetive está esperando ele lá embaixo para almoçar. Vocês ainda vão demorar?
Eu sorri para o homem em minha frente, um sorriso completamente conformado e ele pareceu petrificar com a situação.
— Vamos demorar? — questionei-o e ele negou.
Dei de ombros caminhando em direção à porta para abri-la e então poder ir embora.