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5

Assim que chegou ao topo da escada, Evangeline sentia que o fino elástico que prendia seu cabelo, poderia arrebentar a qualquer momento.

Ela caminhou até a famosa porta proibida e não pensou duas vezes, antes de empurrá-las. As duas imensas portas de madeira, se abriram para os lados e fez com que todos os olhos ao redor da mesa, a encarassem.

As coisas ocorreram em questão de segundos. Ao ver a quantidade de armas e drogas que tinha em cima da mesa, as mãos de Evangeline vacilaram e a bandeja acabou indo de encontro ao chão. Como se isso já não fosse vergonhoso o suficiente, o elástico do seu cabelo cessou e deixou todo aquele emaranhado de fios, armado.

— QUE MERDA VOCÊ FAZ AQUI?

Assim que o homem na ponta da mesa grita, todos os outros se levantam e tiraram as armas da cintura, prontos para arrancar Evangeline dali e fazer com que ela nunca mais bisbilhotasse nada.

— Eu... eu... — ela não conseguia formular uma frase, de tão nervosa que estava.

Evangeline olhou para todos os rostos ali e focou no único que ela conhecia. Sua boca estava tremula e ela era capaz de chorar a qualquer momento. Evie se vira e corre escada abaixo, se odiando por ser tão curiosa e por perder o único dinheiro que a levaria ao recital.

— O QUE ESTÃO ESPERANDO? — Blake Castello, o homem na ponta da mesa e dono de tudo aquilo onde pisavam, grita, irritado com a lerdeza de seus funcionários. — VÃO ATRÁS DELA!

Antes que eles pudessem fazer o que o chefe pedia, Alec também se levantou e mandou que todos parassem.

— Eu vou até lá. — ele diz, fechando os botões do paletó.

— Para que? A menina viu o que não devia. Precisa ser silenciada!

Alec suspira pesadamente e se vira para o seu pai. Recém-chegado de Londres, onde passou metade da sua vida, ele estava bastante cansado para começar uma discussão.

— O senhor me mandou vir para cá, para que eu assumisse os negócios, não foi? — Blake não responde, apenas ocupa sua cadeira novamente. — Então eu vou descer e resolver esse problema.

Alec caminha para deixar a sala, mas antes de fechar as portas, seu pai o lembra de uma coisa.

— Nós somos mafiosos, Alec. Nada de ser um cuzão.

Enquanto sorria para os convidados e procurava a garota do cabelo ruivo, a frase de Blake ecoava pela cabeça de Alec. Ele não queria aquele destino. Não queria ser um mafioso, como seu pai diz. Mas também como Blake Castello sempre entoa, aquilo era sua única opção de vida.

No vasto jardim, ele escuta um choro vindo da área florida. Para não a assustar, ele caminha na ponta dos pés e a observa de longe. Ela estava sentada no chão, agarrada a suas pernas e chorava de soluçar.

— Por que está chorando?

Ao falar, todo o plano de não assustar Evangeline, vai pelo ralo. Ela da um salto e encara Alec com os olhos vermelhos e arregalados.

Evie ainda não tinha noção do lugar onde estava ou quem era aquelas pessoas, em posse de armas e drogas. Então ela não estava chorando por medo do que poderiam fazer com ela. Evangeline chorava pois tinha certeza de que seria demitida antes da hora e perderia o dinheiro que tanto precisava.

— Te fiz uma pergunta. — Alec diz, ao ver que Evangeline apenas o olhava assustada. — Por que está chorando?

— Eu não devia ter entrado lá...

— Não.

— E por culpa da minha maldita curiosidade, eu vou perder o dinheiro que ganharia hoje. — ela começa a andar de um lado para o outro, completamente afobada. — Nossa... que ódio!

— Para o que é o dinheiro?

— Não é da sua conta. — as palavras saíram mais rápido do que Evie conseguiu pensar, mas ela não se arrependeu por isso. — Você veio até aqui para me demitir, não foi? Faça logo.

Tinha algo na voz raivosa de Evangeline, que acendeu todo o corpo de Alec. Diferente do que seu pai esperava, Alec era romântico. Ele esperava encontrar uma pessoa, que ficasse ao seu lado por quem ele é e não pela quantidade de dinheiro que carrega. E no auge dos seus vinte e oito anos, ele ainda não tinha se apaixonado.

— Eu não vou demitir você. Me responde uma coisa?

— Depende. — Evie funga e cruza os braços, mantendo sua pose de durona.

— Como veio parar aqui? Quer dizer, você faz parte da equipe de funcionários dessa casa?

— Não. — ela responde. Não parecia ser uma pergunta invasiva. — A minha mãe... ela faz. Ela me disse que teria uma festa e que precisavam de ajuda.

Aquela resposta fez Alec ter a resposta que procurava. Evangeline não fazia ideia de quem eles eram ou o que faziam. E ele não sabia se devia contar.

— Aqueles homens lá em cima, não ficaram nada satisfeitos com a sua intromissão. — Alec murmura, caminhando até o banco de pedra que havia ali. — Ninguém deveria saber o que estava acontecendo naquela sala. Não deveria ver o que tinha sobre a mesa.

Apesar da voz de Alec ter sido a mais tranquila que existia, Evie sentiu medo. Ela sabia que se alguém estava em posse de armas e drogas, boa coisa essa pessoa não deveria ser.

— Vocês vão me matar?

— O que? — Alec ri, tentando amenizar a situação. Afinal, os capangas de seu pai com certeza fariam isso. — Não! Eu só preciso que você mantenha em segredo, tudo o que viu.

— E caso eu fale, aí vocês me matam?

— Céus, não! — ele continua rindo. — Eu pareço ser tão ruim assim?

Evangeline não achava isso. Na verdade, ela não conseguia pensar em nada sobre aquele homem misterioso e bonito. Ela estava tão preocupada em perder a única coisa boa da sua vida, que nada a importava mais.

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