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Capítulo 4

Maicom narrando:

— O que você tem a me dizer? Afinal você está tendo um ataque de TPM bem aqui em frente a minha casa! – Dandara zomba, friamente.

Não sei se me irrito com ela ou com as palmas que o David está batendo.

— Cara, gostei dela! — meu amigo zoou com um sorriso de orelha a orelha.

— Já falei pra você não se meter, para de ficar puxando o saco dela e fique do meu lado pra variar, pode ser, David? — perguntei entredentes.

David apenas levantou os braços em rendição, com um sorriso abafado.

— Olha Dandara, eu realmente não sei do que você está falando... Tudo o que eu sei é que você é muito complicadinha, porém, considerando que a sua voz é doce e soa como uma canção aos meus ouvidos, a sua beleza é como a mais linda pintura que eu não me canso de admirar, vou te dar uma chance pra me explicar sobre a doideira que você está me dizendo — sorri estendendo a mão, tentando apaziguar o clima.

— Arg, — Dandara resmungou passando as mãos na testa.

Eu tentei fazer as pazes, mas entendi pela expressão perplexa dela que não foi isso que ela entendeu. Ok, eu devo ter piorado a situação.

Será que ela prefere ser tratada com um pouco mais de firmeza?

— Diz alguma coisa, Dandara, fala, porque eu tenho um compromisso dentro de algumas horas e não tenho muito tempo a perder!

— E por que você se importa tanto comigo? Qual é a razão para ter vindo até aqui me enxer o saco, playboy Montagnus? Eu tenho que ir para a faculdade também e eu posso garantir que é algo muito mais importante do que ficar aqui teclando na mesma tecla com você, alguém que eu nem sequer conheço — disse com o nariz empinado.

— Você tem razão, Dandara, eu tenho coisas muito, mas muito mais importantes para fazer do que ficar aqui, conversando com uma louca... –  falei com os dentes trincados, olhei-a por longos segundos, tentando encontrar uma pista de que ela está brincando e que isso tudo não passa de uma forma bizarra de quebrar o gelo.

Ela ficou me encarando com a mesma fúria que eu. Faço um gesto negativo com a cabeça, viro as costas e caminho em passos raivosos em direção ao carro, torcendo internamente para que ela comece a gargalhar e diga que foi um prazer me conhecer.

(...)

— Não vai me dizer nada? – questionei o meu amigo que está em silêncio no banco do carona.

— Dizer o quê, Maicom? O que você quer que eu diga, cara? — David perguntou olhando para a janela ao seu lado.

— Ah, sei lá, dizer uma das suas piadas... – sugeri incomodado com o silêncio incomum do meu amigo.

— Tá, me responda uma coisa, qual é o seu compromisso super importante para daqui a pouco? — perguntou arqueando a sobrancelha.

— Que compromisso? — perguntei confuso.

— O que você mencionou para a Dandara! — David abriu um pequeno sorriso sugestivo.

— Ah... Vou sair com a Ingrid, eu acho... — Respondi desconcertado.

— Hum... Ok.

— Vai se ferrar, cara, você sabe que eu só quis sair por cima.

Entendo o meu amigo, ele deve estar estranhando essas minhas atitudes incomuns. Quando foi que eu agi com tanta imaturidade? Além do mais, envolvendo uma moça?

(...)

— Ai gatinho! Essa sua camiseta não está combinando com o meu vestido! – Ingrid reclamou quando cheguei na sala pronto para sair, — troque e vista uma que combine com a cor que eu estou usando, faça isso por mim, vai?

Revirei os olhos estressado com essa chatice da minha namorada. Na verdade, estou irritado com o mundo.

— Mas é com essa mesma que eu irei, Ingrid, se não estiver bom pra você, então pode ficar por aqui mesmo, – respondi impaciente.

Normalmente eu teria paciência para os chiliques dela, mas hoje não é um dia bom.

— Como você quiser, gatinho lindo da minha vida! — puxa-me pelo pescoço para um beijo exagerado.

Dandara narrando:

— AMIGA! POR FAVOR! — minha melhor amiga diz sacudindo-me pelos ombros.

Ultimamente ela botou na cabeça que eu tenho que ir pra balada com ela. Não entendo como não entra na mente dela que eu simplesmente não tenho vontade.

— Você sabe que não curto esse tipo de festa, La! — resmunguei com má vontade.

Eu prefiro enfiar a cabeça nos livros e estudar... Ou quem sabe terminar a leitura de O CEO É O PAI?

— Pelo menos uma vez na vida faça a minha vontade! – Larissa pediu fazendo beicinho, — custa, cara? O loco, mana, você nunca faz nada pra me agradar.

Fiquei olhando-a com os olhos espreitados. Se bem que em um dia como hoje seria interessante se eu tentasse fazer algo diferente, preciso muito me esquecer que hoje existiu.

— Larissa, depois dessa cena que você fez, me sinto obrigada a ir, —  a verdade é que eu estou querendo tirar um certo idiota da cabeça.

— Eba! — Larissa deu pulinhos de alegria, estava super animada para se divertir comigo, pelo menos é o que ela pensa, — te amo, Dan, você sabe né? Eu tenho certeza que você vai se apaixonar e querer voltar sempre e não vai mais me deixar curtir com as minhas outras amigas.

— Sei, te amo muito mais, você é a irmã que eu não tenho... E nem vem me falar sobre outras amigas, não gosto desse assunto.

— Tem irmã sim, tô aqui tonga.

— Olha o palavreado, doutora Fernandes.

— Perdão, doutora Lourenço, eu estou sob o efeito da adrenalina.

Começamos a rir feito as duas idiotas que somos quando estamos juntas, quase me esqueço do motivo que me fez aceitar sair com ela hoje.

Avisei a minha mãe que hoje vou posar na Larissa, falei que vou sair pra uma festa e ela adorou a ideia, nem parece uma mulher de juízo.

A minha mãe faz tudo por mim, ela sempre me aconselhou a sair mais e conhecer pessoas. Ela não entende que eu já conheço pessoas o suficiente? E conheci mais um por esses dias, não foi uma boa experiência.

(...)

— Esse fica muito apertado em mim, La, acho melhor eu vestir outro.

— Com esse seu corpo escultural todas as minhas roupas ficarão apertadas em você, criatura, aproveite e rebole bastante hoje com esse vestido, você está um chuchuzinho.

— Eu prefiro só um pouquinho mais largo, assim eu não estou conseguindo respirar, nem precisa ser estudante de medicina pra saber que a necessidade mais necessária do ser humano é respirar.

— Sabe o que eu acho? O que está te deixando sem respirar é a ansiedade de saber que vai à uma festa pela primeira vez na sua vida, e aos dezenove anos! Que vergonha, em amiga? Tá linda assim, e sem falar que a gente só tem até as meia noite pra entrar, depois disso o meu amigo não vai poder dar uma moral, estamos super atrasadas!

Larissa é uma moça simpática amada por todos que a rodeiam, e quem não a ama certamente a odeia. Larissa é a pessoa mais intensa que eu conheço. Ela entra de penetra na maioria das festas que frequenta.

— Vamos então, se eu passar vergonha não vou te perdoar — ameacei olhando-me no espelho.

A verdade é que Larissa me faz passar vergonha sempre, mas eu realmente amo o jeito animado da minha amiga, tão diferente de mim, me completa.

Estamos prontas: eu estou usando um vestido justo tomara-que-caia azul até o meio das coxas, uma sandália branca de salto grosso e os cabelos soltos, a maquiagem está um pouco mais forte do que estou acostumada, mas estou linda e até que me sinto animada para a tal festa.

Larissa usa uma saia jeans curta, um coturno de salto alto e um top preto, usa a cabeleira loura iluminada presa em um rabo de cavalo e usa brincos de argolas, maquiagem chamativa como de costume, deixando o olhar caramelado ainda mais intenso.

Ambas estamos de tirar o fôlego.

Os pais de Larissa sempre implicam quando ela sai, mas a Lari não se incomoda, ela é rebelde e dona de si.

Logo o taxi chega, meu estômago está dando pulinhos de excitação. Espero não me arrepender disso.

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