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Capítulo 9

- Eu quero muito viver com você. - ele conclui em um sussurro quase inaudível, passando o polegar em meu lábio inferior.

Abro minhas pálpebras no momento em que meu coração está se desprendendo de todos os vasos sanguíneos.

Mas pouco antes de nossos lábios se encontrarem, como acho que nunca aconteceu antes, a porta se abre.

-Alicia! Graças a Deus você está acordada. Oh, merda! -

- Mas o que você pretende explicar a ela se acabou de sedá-la? - Logo vou jurar. - Como acha que estou ouvindo você, hein? - grito, abrindo meus braços.

- Você é a última pessoa que pode nos acusar de qualquer coisa, já que você mesmo é um mentiroso. - ele aponta o dedo para mim.

Aumento minhas narinas e cerro os punhos, lutando contra o incrível desejo de marcar o rosto do Doutor Finger Kim.

- Fazer-se passar por um parceiro e ler os registros médicos particulares do paciente - você sabia que isso é uma ofensa criminal? - ¿

Ainda está acompanhando essa história?

Eu estalo a língua - falo sério quando digo que conheço a Ame - - estou falando sério.

- Não me interessa o status que vocês dois têm em relação ao Sr. Kyruo. O que me interessa é a privacidade de nossos pacientes, e você não é membro da família e muito menos marido", ele entra na sala, "Fim da discussão". - Ele fecha a porta, deixando-me do lado de fora, no corredor, com os punhos cerrados.

- Vai se foder! - Chuto uma cadeira e começo a andar de um lado para o outro, com as mãos torturando meu cabelo.

Se aquele idiota do Hiro tivesse mordido a língua, ele saberia exatamente o que estava acontecendo com ele, mas não sabia,

nada a fazer, ela era mais forte do que ele.

Depois de interromper aquele momento em que... bem, aquele em que eu estava me abrindo para ela, além de Yuri e os outros dois, Hiro também entrou junto com o médico, que me disse - o companheiro da Srta. Laurent pode ajudar. Ele me segue até o escritório. -

E quando eu estava prestes a acenar com a cabeça, continuando com essa cena inventada pela loira, como o Hiro poderia sair dessa?

- Sim, camarada, magaaari! Se esse cara não acordar e se declarar, você se verá comendo os cotovelos, acredite em mim, doutor.

Obviamente, meus insultos só enfureceram o Dr. Kim, que posteriormente me expulsou e me impediu de ajudá-lo.

-Rui! -

Praguejei mentalmente assim que reconheci a voz da loira.

- O que ele tinha? - junta-se a mim sem fôlego.

- Você sabia que existem elevadores? -

- Sofro de claustrofobia", ele responde com um gesto apressado de mão, "Diga-me, como você está?

Juro que, se mais alguém me interromper em dois minutos, devo me considerar sortudo por estar em um hospital.

- Ela teve uma crise após a operação e precisou ser sedada por causa da dor. - Eu digo, sentando-me.

Sua expressão ao sentir dor.

Cerro os punhos.

Nunca pensei que fosse experimentar essa sensação de perda, de pânico, novamente.

Sentir-se completamente impotente e inútil.

- Crise em que sentido? - ele franze a testa ao se sentar ao meu lado.

- O ferimento começou a sangrar e os pontos se romperam. -

- Foda-se... - abra bem as pálpebras.

- Não tem problema. - Eu me repito mais para mim mesma do que para ele.

Eu o vejo acenar com a cabeça e se recostar em seu assento.

Não sei por quanto tempo permaneceremos nessa posição. Propriedades.

Todos perdidos em suas preocupações que levam o nome de uma garota francesa.

E, assim como há algumas horas, quando penso no que disse a ele....

Aperto os olhos e balanço a cabeça.

Era inevitável.

Desde que recebi a ligação do Hiro, aquele sentimento que eu achava que não sentiria mais voltou à tona.

Medo .

Nesses dez anos, não fiz nada além de reprimir essa lembrança, os olhos de Aru perdendo a vitalidade em meus braços, aquele sentimento de impotência e frustração que moldou meu caráter.

Prometi a mim mesmo não sentir simpatia por nenhum outro ser vivo, porque a verdade é que sou apenas um covarde.

Um idiota que escolheu o caminho mais simples, o do desapego.

Se eu não me relacionar com alguém, não sofrerei.

Porque esse era todo o significado do relacionamento para mim.

E, durante anos, mantive-me fiel a essa promessa.

Permanecer naquele turbilhão de solidão era o único caminho a seguir.

Mas tudo desmoronou.

Bastava um cheiro de coco, um par de íris tão frias quanto o Pólo Norte e, ao contrário, bastava um olhar e ele parecia tudo menos frio.

Tudo desmoronou.

Essa promessa conseguiu escapar de mim, não de minhas mãos, mas de meus punhos cerrados.

Ela voou para longe assim que tive medo de perdê-la.

E é engraçado como eu nem me senti desconfortável ao dizer isso a ele naquele momento.

Por mais bizarras que fossem essas palavras, elas não hesitaram em sair de meus lábios.

E agora que não obtive resposta, tendo sido interrompido por alguém ao meu lado, estou duplamente preocupado.

E aqui, é uma sensação totalmente diferente.

Eu já experimentei a rejeição em primeira mão, pois cresci com ela junto com leite e biscoitos.

Mas isso não é nem um pouco comparável.

Naquela cabana, ele conseguiu admitir isso.

Fiquei tão chocado e assustado que a única coisa que eu não deveria ter feito era ignorá-la.

- Nesse tempo? - Eu me levanto assim que vejo o médico sair.

Ele estreita o olhar - Ela de novo... -

- Dr. Kim, sou o filho do Dr. Tanaka e amigo da Alicia. -

- Bom dia", ele franze a testa, olhando primeiro para mim e depois para ele, "Por favor, entre". - Ele abre a porta de seu escritório, olhando para mim assim que dou um passo à frente - eu me referia ao Sr. Tanaka. - conclui ele, fechando-a.

Puxa vida.

Fecho os olhos, passo a língua sobre as gengivas e estico os músculos do pescoço para me controlar.

Espero que Haruto saia daquela sala rapidamente, mas, por outro lado, ele tem que rezar para que demore o máximo possível, pois, quando sair, ainda precisará do Doutor Kim.

- Vinte e três anos não é uma merda. -

- Eu sei bem disso, Rui, mas acho que não devemos nos preocupar mais com isso, pois ele ficará em uma cadeira de rodas pelo resto da vida.

Solto o ar e esfrego os olhos com a mão livre.

- Fique perto dela, nós a atualizaremos amanhã - ela desliga.

Deixo o telefone no balcão da cozinha e coloco o arroz na panela a vapor.

- Foi o Hiro? - se junta a mim.

Aceno com a cabeça e continuo movendo a concha para que o arroz não grude.

- Deixe isso, vá descansar um pouco. Eu ligo para você quando estiver pronta. - Ela coloca sua mão sobre a minha e é aí que eu me viro para olhá-la nos olhos.

Lábios cheios, sorrindo docemente.

Os olhos vivos, cheios de vitalidade e sem aquele cansaço que me atormentou por dois dias.

Desde que ela recebeu alta, ontem de manhã, eu a ameacei para que não movesse um músculo sequer.

Ele estava muito fraco e mal conseguia se levantar por causa das bandagens em seu estômago.

- Em seguida, colocarei a mesa. -

- Rui", ele interrompe meu pulso, ficando sério.

- É somente graças a você que estou me recuperando e agora estou muito melhor, isso mesmo. -

Respiro fundo e depois me sento no sofá.

Examino todos os seus movimentos para ter certeza de que ele não está muito cansado, enquanto mexo um pé nervosamente.

Já é a terceira vez em cinco minutos que nossos olhares se encontram e, a cada vez, ele olha para baixo, acentuando um sorriso que mal consegue esconder.

Somente quando ele me dá as costas é que sinto que alguém me deu sinal verde.

Sacudo a cabeça e relaxo os músculos faciais, meus lábios se contraem para cima.

Mas sou forçado a mordiscar a parte inferior assim que meu olhar desce para suas pernas nuas.

Por causa do curativo, ele foi aconselhado a não usar calças, então, nos últimos dois dias, ele tem me atormentado com aquele roupão branco que mal chega aos joelhos.

Mas até agora, tendo permanecido quase sempre sentado ou deitado no sofá, coberto pelos vários cobertores que joguei sobre ele mais por desespero do que por qualquer outra coisa, ignorei esse fato, pois minha mente estava ocupada demais com o resto.

Fazia compras, cozinhava e trabalhava, mesmo à noite, no sofá, pois tinha e queria cuidar da papelada de seus novos manuscritos.

Portanto, só agora que estou relaxando, sabendo que ela está melhor e com os olhos ocupados em vê-la seminua, é que começo a sentir o sangue subir lentamente na porra do meu cérebro.

Não tínhamos mais essa oportunidade ou, mesmo que tivéssemos, preferíamos fingir que nada havia acontecido em relação ao assunto que ficou pendente no hospital.

Eu me aproximei dela de uma forma que às vezes me assusta, um apego mórbido que me gratifica, mas ao mesmo tempo me atordoa.

- Oh, que merda. - Eu me levanto assim que a ouço murmurar um palavrão.

- Onde? - perguntei, ficando ao lado dele.

Ele mantém os olhos fechados, olhando para cima e com os lábios presos entre os dentes.

Uma mão está apoiada na prateleira e a outra no quadril direito.

- Deixe-me ver. - Começo a ficar impaciente e tento desabotoar seu roupão, mas, como de costume nos últimos dois dias, ela me impede.

- Não é nada, eu bati no cabo da panela, - ele respira fundo - Agora vai acontecer. -

Cruzo os braços sobre o peito, me apoio no balcão e analiso cada movimento facial.

Teimoso como uma mula sangrenta.

Ele abre lentamente um olho e franze a testa para mim.

Eu levanto a minha e quase quero rir da cara engraçada que ele está fazendo.

- Ok, não, merda, isso não vai desaparecer. - ele sorri.

Ela também se apoia no balcão e, dessa vez, não dou a mínima para suas constantes recusas.

Fico de frente para ela e abro seu roupão.

- Você está me deixando com raiva. - eu digo, quando ele tenta me evitar.

Revirar os olhos e desviar o olhar, inclinando-se para trás com os cotovelos.

O curativo não está sujo, portanto a ferida não foi aberta.

Pela camiseta cinza justa que ela está usando, puxada para cima como uma camisa esportiva, posso ver o formato de seus seios.

É normal que eu não o use, acalme-se.

Passo um dedo lentamente sob a gaze, onde um hematoma esverdeado colore sua pele branca, e a sinto arfar quando toco o elástico de seu short.

Olho para cima e percebo que a careta de dor dele não é nada comparada à minha, pois noto dois botões inchados aparecendo por baixo do colete.

Olho em seus olhos e engulo, sentindo o ar ficar mais pesado, assim como o silêncio ao nosso redor, esperando que alguém o quebre o mais rápido possível.

- Está... acabou agora. - ele diz, com as bochechas um pouco mais rosadas.

Aceno com a cabeça e coloco uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, meus olhos não conseguem deixar de observar cada parte de seu rosto.

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