Capítulo 15
Ana
Chegamos na casa da minha avó há algumas horas e estou boba de ver o quanto o Gustavo conquista rápido as pessoas. A dona Rute é definitivamente a fã número um dele. Eu não sei o que eu fiz de tão bom para merecer estar tão feliz assim.
- Quando vocês estiverem casados, lembrem-se de prepararem esse chá sempre antes de dormirem, assim não terão nenhuma dificuldade em gerarem uma criança - minha avó disse pegando a xícara de chá que o Gustavo terminou de tomar.
Estamos na varanda do fundo da casa onde cresci. Aqui é uma pequena chácara cheia de árvores e flores. A casa é pequena e as paredes estão só nos tijolos, mas fui muito feliz aqui.
- Vovó!? Oi? Estamos namorando há apenas um mês! A senhora vai assustar o Gustavo, falando nessas coisas... - intervi.
- Eu namorei com o seu avô por dez dias antes de nós nos casarmos, e vivemos juntos por trinta anos, até que ele faleceu, então ao meu ver vocês já estão namorando há bastante tempo - eu conheço essa história absurda dos meus avós.
É, agora faz sentido a minha loucura.
- Ouça a vovó, Ana, ela sabe das coisas, - o Gustavo fica dando corda pra ela, desse jeito não dá certo.
- Vocês dois formam a dupla perfeita da falta de noção - brinquei.
- Vovó, vamos deixar ela falar assim conosco?
- Eu acho melhor você dar uma lição nela, Gustavo.
- Agora você vai ver só, menina mal criada, - Gustavo começou a correr em minha direção, saí correndo pelo pomar, rindo e gritando por entre as árvores.
Logo Gustavo me alcançou e me segurou pelo braço e caímos os dois no chão.
- Aí, doeu, - falei me sentando no chão, massageando o meu braço.
Ele sentou-se atrás de mim e me abraçou entre as suas pernas. Fiquei em silêncio, encostada no peito dele, até que virei o meu rosto para trás e comecei a beijá-lo. Ele envolveu-me ainda mais em seus braços e quando me dei conta eu já estava em seu colo de frente pra ele. Na verdade eu não me dava conta de nada, tudo o que eu queria era avançar nesse sentimento diferente que me queimava de uma forma agradável e me fazia querer me unir à ele. As nossas respirações já estavam aceleradas e o ar nos faltando.
- Eu quero tanto você - Gustavo disse com a voz rouca enquanto arrastava a sua mão direita para baixo da minha blusinha.
- Eu quero ser sua, - sussurrei colocando a minha mão em cima da sua, encorajando-o a apertar o meu seio e sentindo o meio das minhas pernas latejando com esses movimentos.
- Tem certeza? Eu posso?
- Sim, eu quero muito.
Não sei onde estávamos com a cabeça, mas aconteceu aqui no pomar da casa da minha avó. A minha primeira vez, a nossa primeira vez juntos. E foi perfeito. Um pouco desconfortável o lugar e a primeira penetração, mas o resultado foi maravilhoso e eu experimentei o paraiso na terra.
- Ana, não era assim que eu estava planejando a nossa primeira vez - Gustavo disse quando estavamos em silêncio e sujos de poeira.
- Foi perfeita, espontânea e nós dois queríamos, vou me lembrar disso eternamente - falei e ele sorriu beijando a minha testa.
- Ana, então eu consegui o meu objetivo final.
- Que objetivo é esse?
- De fazer com que você nunca se esqueça de mim.
- E por que eu iria me esquecer de você? Por acaso já planeja me deixar?
- Não seja louca, agora piorou que eu nunca quero me afastar de você, agora descobri que você é ainda mais doce do que eu pensava.
- Eu... Eu acho que eu te amo, Gustavo - falei pela primeira vez desde que nos conhecemos.
Falei receosa de estar sendo muito pegajosa e grudenta, mas eu sentia que podia ser sincera.
- Eu também te amo, Ana, juro, eu já tinha as minhas suspeitas, mas a cada dia que passa, a cada minuto ao seu lado eu tenho mais certeza de que você é a mulher da minha vida, única e se eu não tiver você junto comigo eu estarei perdido e sem saber o que fazer... Se um dia a gente brigar por algum motivo, tenha a certeza de que estarei sofrendo horrores... Se um dia você me deixar, tenha certeza que eu vou estar te esperando de coração vazio, eu acho que eu perderia a mim mesmo se eu perdesse você... - disse e em seguida me apertou contra si como se fosse pra me segurar e não me deixar escapar.
Senti uma ternura forte emanando dele que cheguei a perceber algumas lágrimas descerem pela minha face.
- Não fala uma coisa assim... Você nunca vai me perder... - assegurei sorrindo emocionada.
(...)
Amados, confessados e felizes, subimos de volta para junto da minha avó. Ela estava cozinhando a janta e não fez perguntas quanto ao nosso sumiço. Gustavo foi tomar um banho e a minha vontade era de entrar junto com ele, mas eu não vou ser tão escandalosa na casa da minha avó. Eu sei que ela é uma senhora respeitável que ainda é antiquada e preza pelos bons costumes, assim como sempre me ensinou e eu desobediente acabei de não ouvi-la.
No outro dia a minha avó fez um almoço para a vizinhança e eu e o Gustavo ajudamos em tudo.
Passamos dois dias com a minha vó, conversamos, passeamos, abraçamos e tenho certeza de que esse feriado ficará em nossas memórias para sempre. Me aperta o coração em saber que logo terei que ir embora outra vez e vou demorar pra ver a minha avó de novo.
- Vão com Deus, meus filhos, dirijam devagar - ela disse ao se despedir.
- Avó, vamos com a gente - pedi chorando.
- Não comece, Ana, seja forte e corajosa.
- Tá bom, vó, desculpa.
Beijei o rosto dela e entrei no carro sentindo o coração pesado. É a mesma sensação que senti quando fui embora. Odeio sentir isso, é como se eu estivesse deixando um pedaço de mim mesma aqui. Mas ela está certa, preciso ser corajosa.