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Capítulo 6

-Se você estivesse comigo na parede de escalada e o tivesse visto escalando sem camisa, garanto que você não pensaria assim.-

“E o que você estava fazendo na parede de escalada?” perguntei abruptamente.

-Na sua opinião?- Mônica perguntou me encarando e mordendo a maçã.

-Um mês antes da corrida. Você foi escalar e correu o risco de se machucar um mês antes do campeonato. - A raiva estava me afogando.

-Risco de se machucar... Como você é exagerado! Estive escalando toda a minha vida, o que você quer que aconteça comigo... -

Fui até ela e me agachei para que ela pudesse me dar uma boa olhada e não perder uma palavra do que eu estava prestes a dizer. Fiquei realmente furioso.

-Ouse ir lá mais uma vez e você estará fora. Já tenho que substituir dois...de dois para três não há muita diferença.-

O olhar que ele me lançou foi duro, ficou claro que ele não gostou dessa imposição, mas não tinha intenção de ceder. Essa carreira era importante demais para deixá-la fazer o que queria.

As outras meninas também chegaram na sala e assistiram a cena em silêncio, esperando para ver qual das duas cederia. Se eles esperassem que eu fizesse isso, teriam que esperar muito tempo.

-Então? Eu tenho sua palavra? -Eu simplesmente perguntei.

Mônica bufou. -Está tudo bem... Claro que você é chato e exagerado quando entra nisso!-

- Ok meninas, problema resolvido. Agora ouça o que consegui descobrir sobre a misteriosa Beta Gamma... - Amber interveio para iluminar um pouco o ambiente. -Acho que é o momento certo para te contar, mesmo que tenhamos pouco tempo.-

A atenção de todos foi imediatamente desviada para a ruiva magrinha que, completamente satisfeita em ser o centro das atenções, sentou-se no sofá e começou a falar em voz baixa, como se fosse contar o mais indescritível dos segredos.

Até eu tive que admitir que estava bastante curioso para saber quem ele era.

-Então... O nome dele parece ser Matthew Hawthorne e...-

“Hawthorne?” exclamei, incapaz de conter minha surpresa. -De Boston? Será que aquele verde faria parte de uma das famílias mais antigas daquela cidade? Impossível.-

-Eu realmente acredito nisso, no entanto. Ele é originalmente de lá. Mas há mais...-

Um zumbido pontuou suas palavras. Amber estava se divertindo muito com todos nós pendurados em seus lábios, era óbvio. Em circunstâncias normais isso teria me incomodado, mas agora a curiosidade tomou conta de mim.

-Pelo que pude saber, ele tem vinte e três anos, foi matriculado em Harvard, mas saiu antes de se formar e... Ouça, ouça... Parece que ele passou mais de um ano na África como um professor. Voluntário para apoiar os operadores de alguma organização humanitária, não me lembro qual. Depois ele voltou e se matriculou aqui para terminar seus estudos em direito internacional, eu acho.-

Um zumbido de surpresa percorreu a sala. Essa história era absurda.

-Você saiu de Harvard? Ir para a África? Ele deve ter queimado boa parte do cérebro com algum ácido, não tem outra explicação.- comentei com desprezo.

-Espere um momento.- Monica disse se levantando do chão. -Há quantos anos tudo isso aconteceu?-

"Três, eu acho", respondeu Amber. -Porque?-

-Lembram-se daquela notícia que foi filmada...- Mónica olhou-nos com ar conspiratório, -me parece que o período coincide...-

- Temos pouco tempo, Mônica. O que há de novo? - interrompo.

-Aquele estudante de Harvard que cometeu suicídio, aparentemente por bullying... Você se lembra?-

Exclamações de surpresa pontuaram as palavras de Mônica. Lembrei-me: aquela notícia já estava forte há meses, será que esse cara tinha alguma relação com isso?

"Amber", eu disse secamente, silenciando os outros, "Veja o que você pode descobrir, pode ser grande." E agora não vamos mais conversar, temos que ir. Nenhuma líder de torcida precisa se atrasar. Qualquer pessoa que tenha direito penal na primeira hora pode vir comigo.-

Imediatamente Vic e Rebecca se juntaram a mim alegremente.

Saímos da residência, eu em silêncio e os dois sussurrando entusiasmados enquanto tentavam me seguir. Logo fomos seguidos pelos demais, que continuaram a comentar as notícias extraordinárias trazidas por Amber.

-Finalmente esse tormento de aulas acabou, pelo menos por enquanto!- Vic exclamou, espreguiçando-se assim que saiu da sala de Patologia Forense.

"Tome atitude, Vic", eu sibilei, dando-lhe um olhar gelado. -Você bocejou tanto que suas amígdalas podiam ser vistas a metros de distância... e nem levou a mão à boca. “Que tipo” eu suspirei. Eu estava farto daqueles dois, fiquei olhando para eles a manhã toda e minha paciência estava se esgotando. Ele não podia mais ser visto perto de pessoas que nem remotamente conheciam o significado da palavra “elegância”.

"Vou parar por aqui, vejo você por aí", interrompi, parando na frente do meu armário. -Lembre-se do treino das cinco horas. Pontual ao máximo.-

"Claro, Ana. Seremos pontuais como sempre", Vic disse calmamente, claramente ainda um pouco mortificado por ter sido filmado mais cedo. Certamente ela teria dado qualquer coisa para receber de mim uma palavra de gratidão, mas era quase impossível: nenhuma delas, exceto talvez Mônica ou Sandra, jamais havia conseguido isso; muito longe de qualquer tipo de recuperação possível.

"Bom almoço", concluiu, talvez na vaga esperança de receber um convite para se juntar à nossa mesa. É evidente que isto estava fora de questão: se eles tivessem vindo, todos os outros estudantes teriam pensado que almoçar connosco se tornaria algo que qualquer um poderia fazer. Ficção cientifica.

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