TRÊS
"A gente viu o Silas beijando uma garota!"
Assim que ouvi o que as meninas falaram, troquei de roupa imediatamente e fui na festa com as meninas, vesti minha roupa mais curta e coloquei uma maquiagem bem pesada, porque até com isso o Silas estava implicando ultimamente.
Enquanto a Bruna dirigia seu carro de luxo e conversava com a Mila sobre algum assunto qualquer, eu estava com a testa colada no vidro janela, olhando para as luzes da cidade e me perguntando se era normal as pessoas mudarem tanto assim depois de um certo tempo de namoro.
O Silas passou de príncipe encantado a sapo em poucas semanas, ele me sufocava, fazia questão de mostrar para os amigos que estava comigo, era como se eu fosse um troféu pra ele.
"O garoto mais popular, com a namorada mais bonita!"
E eu me perguntava se relacionamentos assim, era o que eu teria durante toda a minha vida, uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha enquanto minha mente vagava com esses pensamentos.
Ser portadora de uma beleza descomunal não é tão bom quanto todos pensam! Pra mim mais parecia uma maldição do que uma benção, como minha mãe queria me fazer acreditar.
— Amiga não fica assim! Logo você vai resolver essa situação. - a Bruna disse percebendo a minha tristeza.
— Se você quiser ajuda pra quebrar a cara dele pode contar comigo! - a Mila disse me fazendo sorrir.
— Obrigada meninas! Vocês são as melhores!
— As amigas se ajudam! E é isso o que nós somos! - Bruna respondeu sorrindo.
Se tem uma coisa que eu aprendi com a faculdade é que assim como o amor, amizade é um laço que não se quebra facilmente, mas somente quando a mesma é sincera e verdadeira, e naquele momento eu me considerava bem sortuda por ter a Mila e a Bruna como amigas.
(….)
Assim que chegamos na festa dei de cara com o Silas agarrado com duas garotas, naquele momento senti um ódio inexplicável e fui de encontro ao mesmo.
— Amor deixa eu te apresentar! Essas são... - ele começa a me dizer e eu dei um tapa enorme no rosto dele e subi as escadas, não sabia bem pra onde ia, só queria me afastar do Silas imediatamente.
— E isso aí amiga! Arrasou! - As meninas me alcançaram, e nós ficamos conversando encostadas no corrimão da escada, eu estava me sentindo leve, como a muito tempo não me sentia.
— Mas que filho da puta! Estava com duas! - a Bruna disse e a Mila concordou.
— Nem quero mais falar disso! - eu respondi com raiva. — Bruna cadê o Dudu? - pergunto mudando de assunto.
— Ele é um completo imbecil assim como o seu ex-namorado! E eu mandei ele ir passear!
— É por isso que eu não perco meu tempo com esses garotos imaturos! Meu namoro com o Carlos está de vento em polpa! - Mila disse se achando.
— Então são essas duas vadias que estão enchendo a sua cabeça de merda? - Senti o hálito quente com um cheiro forte de bebida do Silas por trás do meu pescoço, e em seguida a mão dele apertando o meu pulso com força, ele me puxou pra um dos quartos, ignorando os gritos e reclamações das minhas amigas, e assim que entramos ele bateu a porta com força e a trancou.
— O que você pensa que está faze... - A mão grande e pesada dele atingiu em cheio o meu rosto causando uma enorme queimação na minha bochecha, involuntariamente eu coloquei a mão em cima da dor e comecei a massagear.
— Desculpa! Mas só estou retribuindo a gentileza! - ele disse sorrindo.
— FILHO DA PUTA! - gritei sentindo o meu rosto arder.
— Eu sou filho da puta? Você chega na festa parecendo uma vadia arrancando os olhares de todo mundo, e já vem me tacando o tapa, sem nem me deixar apresentar minhas amigas.
— Aquelas vadias são bem próximas de você não é mesmo?
— Sim! Aquelas são a Soraya e a Karin!
— E.... Elas são as primas que...
— Não são bem primas! A Karin é sobrinha da minha madrasta! Nós crescemos juntos, e a Soraya sempre foi colada na gente! Como eu já havia falado pra você diversas vezes! - disse revirando os olhos.
De fato! O Silas já havia me falado bastante sobre essas garotas que foram criadas com ele como se fossem irmãos, as mães são amigas, e parece que tem uma que é prima ou algo assim, ele sempre me falou muito pouco sobre a família, e sempre quando eu falava em conhece-los ele desconversa, dizia que a madastra iria me desprezar por eu ser pobre, que ela era uma completa megera, e que ainda era muito cedo para o pai dele me conhecer, o que me fazia que ele só estava mesmo comigo para mostrar aos amigos que tem uma namorada bonita.
— Pronto! Podemos voltar para a festa agora? - ele chama como se nada tivesse acontecido.
— Eu soube que você beijou uma garota na sexta passada!
— Isso é coisa das suas amigas não é? - Silas perguntou com a voz alterada, e eu dei uns passos para trás, além de bêbado ele estava com os olhos vermelhos, como se estivesse usado algo mais forte do que bebida. — Eu apenas dei um selinho na Karin! Não foi nada demais! A gente sempre faz isso! Agora deixa de bobagem e vamos voltar pra festa!
— Eu quero terminar Silas! - digo decidida.
— O quê? Tá brincando né? - A expressão dele era de incredulidade, quase até esboçando um sorriso, como se eu estivesse dizendo uma piada sem nenhum sentido. — Eu não quero mais namorar Silas! Eu quero terminar!
— Onde você acha que vai encontrar alguém melhor que eu? Você é gostosa, mas ninguém vai querer te assumir! Só vão querer te usar e jogar fora!
— Eu tô me lixando pra você e pra todos os garotos dessa faculdade! A gente não está mais namorando e ponto final!
Destranquei a porta e saí praticamente correndo do quarto! Eu não queria demorar o suficiente para que meu ex-namorado me puxasse de volta pra aquele quarto, ele já estava começando a me deixar com medo dele.
Saí da festa as pressas! Peguei um táxi! Mandei uma mensagem para as meninas avisando que já tinha voltado para o dormitório e que a partir daquele momento era novamente uma garota solteira, elas ficaram tristes por eu já ter saído da festa, mas comemoraram o término do meu namoro.
Assim que cheguei no dormitório tranquei a porta e a janela! Tirei a roupa colada da festa e vesti uma camisola, desliguei meu celular pois não parava de chegar ligação e mensagens do Silas, deitei na minha cama, e finalmente pude respirar.
E assim foi o meu término com o Silas! Sem choro, sem tristeza, apenas vazio, um sentimento inane e nada mais.
(.....)
Durante toda a semana que se sucedeu eu praticamente voltei a minha rotina antiga de quando comecei a estudar, eram apenas livros, estudos, lógico que alguns garotos sempre davam suas investidas, que eu cortava no mesmo instante, não queria saber de garotos, apenas focar na faculdade, minha experiência com namoro não havia dado certo e eu não queria perder o imo novamente.
E por falar em namorado, eu praticamente andava me escondendo dele, eu sempre via ele passando pelos corredores com a Soaraya e a Karin, sempre o via também com a sua turma de garotos ricos, populares e idiotas, e ele sempre estava feliz e demonstrando que havia me superado mas as mensagens que ele me mandava sempre me mostravam o contrário, por isso eu achava melhor evitá-lo.
Já era tarde da noite e eu já me preparava para dormir. Logo, logo a semana de provas iria começar e mais do que nunca, eu tinha que tirar notas boas. Passei a tarde livre estudando, revisando matéria, fazendo simulados... e quando eu dei por mim, já era quase meia noite.
Tomei um banho longo, vesti uma roupa confortável e me deitei pronta para dormir quando meu celular tocou, avisando que havia chegado mensagem. Ao olhar para o visor, senti um vento gélido percorrer a minha espinha, meu coração começou a acelerar, a respiração a falhar e eu comecei a tremer. Sim, eu estava tendo um ataque de pânico em apenas reconhecer o número daquele que um dia eu gostei.
Abri a mensagem que ele havia enviado e confesso que eu não acreditei no que estava escrito...
Silas
Boa noite, meu amor! Como você está? Eu estou morrendo de saudades de você. Dei o tempo que você precisava, então já podemos voltar com nossas vidas normais. Confesso que tive que me segurar para não arrebentar a cara de um daqueles idiotas que deram em cima de você. Também não gostei de saber que aquelas vadias das suas amigas andam espalhando por aí que a gente terminou. Já te falei para ficar longe delas. Estou morrendo de saudades. Te amo!"
Sim, ele teve a cara de pau de falar que minhas amigas eram as culpadas pelo nosso término. Sendo que a única pessoa culpada foi ele. Coloquei o celular na cama e me preparei para dormir novamente, mas as mensagens não paravam de chegar.
Silas
Porra Taís! O que você está fazendo que não respondeu minhas mensagens? Você está me irritando. A última vez que você me deixou assim eu agi sem pensar e acabei te agredindo. Mas a culpa disso tudo foi sua. Se me escutasse e fizesse o que eu mando, não iríamos nos desentender! Você é a única culpada por tudo."
Silas
Então vai ser assim, não vai me responder mesmo? Então tá certo. A sua sorte é que eu te amo e quero você do meu lado. Mas saiba que se eu ver você novamente vestida igual uma puta e dando moral para outra pessoa que não seja eu, te garanto que você irá se arrepender. E só pra te lembrar, não quero ver você conversando com a Bruna e nem com a Mila. Elas são má influência para você. Elas estão te infectando com mentiras sobre mim. Aposto que elas queriam dar pra mim"
Eu lia tudo com um nó na garganta. Ele estava louco, só podia ser isso! Desliguei o celular, conferi novamente a porta e a janela para certificar-me que estavam trancadas, e finalmente, me permiti dormir.
Apesar desses desconfortos, a minha semana foi maravilhosa, eu estava cansada, mas também estava com o sentimento de dever cumprido, afinal eu tinha conseguido colocar todas as disciplinas em dias novamente.
Foi aí que na sexta a noite eu recebi uma ligação da minha mãe! Ela estava desesperada e pedia para eu ir em casa o mais rápido possível, e eu fui correndo, pois imaginei que alguma coisa ruim teria acontecido com o papai ou com a Laís.
Mas assim que cheguei e abri a porta de casa, me deparei com a cena mais inusitada que eu poderia imaginar.
O Silas sentado na mesa da nossa cozinha e conversando todo educado com a minha mãe.
— O que você tá fazendo aqui? - perguntei irritada para o meu ex.
— Isso é jeito de falar com seu namorado? - minha mãe se intrometeu na conversa.
— Nós terminamos! - Eu respondi firme para minha mãe! Mas a verdade é que eu estava desesperada e chorando por dentro, o Silas estava mesmo se provando mais louco do que eu imaginava.
— Você não pode terminar o seu namoro simplesmente por causa de fofocas feitas por amigas falsas! - minha mãe diz em defesa do Silas.
— Mãe você não sabe nem metade da história!
— Silas você poderia nos dar licença um instante?
— É claro! Te espero lá fora meu amor!
Ele disse pra mim todo sorridente e eu congelei por dentro com o seu olhar perverso! Aquilo tudo estava parecendo mais com um pesadelo! Um pesadelo que se confirmou no instante em que minha mãe deu um tapa forte na minha cara.
— Você enlouqueceu? Um rapaz bonito, rico, educado e inteligente louco por você, e você fica com essas birras idiotas!
— Mamãe eu....
— Cale-se! Eu ainda não terminei!
Minha mãe me empurrou bruscamente fazendo com que eu me sentasse no sofá, ela se aproximou de mim e colocou o dedo na minha cara.
— Sabe onde a Laís está agora? - ela perguntou.
— No, no cursinho?
— Ela está fazendo faxina! E vai ser assim até que as coisas melhorem! Você não pensa nela! Não pensa em nenhum de nós! Está com a faca e o queijo na mão! Estudando fazendo tudo o que sempre quis, e fica privando o futuro da sua irmã.
— Não! Eu quero que a Laís também estude. - Minhas palavras quase não saiam devido as lágrimas, a verdade era que a minha mãe sabia as palavras certas para me intimidar e me fazer se sentir culpada.
— Pense bem no que você vai fazer! Por acaso esqueceu tudo o que conversamos? Saia da minha frente.
Me levantei e peguei minha bolsa, caminhei até a porta, mas antes que eu pudesse abri-la, mas uma vez a voz dura da minha mãe me cortou-se
— “O seu namorado" ainda deve estar te esperando. - Assim que minha mãe disse isso eu entendi que eu não estava livre como eu imaginava, eu estava presa, acorrentada, e amordaçada.
Quando cheguei na rua, caminhei diretamente para onde o Silas estava montei na garupa da sua moto.
— Vamos no meu apartamento? - ele pediu se fazendo de desentendido.
— Pode ser. - Respondi em desamino.
— Antes vamos apenas passar em um local!
Ele passou por umas ruas estranhas, e seguiu rumo a um bairro bem esquisito de Teresina, e parou em um endereço que mais parecia uma boca de fumo.
Minha suspeitas foram confirmadas quando eu vi o Silas descendo da moto e indo conversar com uns homens mau encarados, que ficavam me olhando descaradamente, o que só fazia o moreno sorrir satisfeito e inflar ainda mais o seu ego.
Ele conversava com os caras como se fossem velhos amigos, até o momento em que eles lhe entregaram um pacote quadrado bem esquisito, depois ele se despediu deles e veio até mim, ele me puxou e me deu um beijo quase forçado, e depois que terminou o seu show, ele me mandou subir de novo na moto e nós seguimos para o seu apartamento.
— Agora sim! Eu vou matar toda a saudade que eu estava de você! - Ele veio pra cima de mim e começou a me abraçar e me encher de beijos, as mãos dele era gelada e todos os seus movimentos estavam me causando calafrios.
Terríveis calafrios!
— Silas não! Eu não tô no clima!
— Só um pouquinho vai! Eu tava morrendo de saudade! - ele continua insistindo.
— Eu tô cansada Silas!
— Deixa de frescura! Eu sei que você quer!
Ele insistia sem parar, e eu só queria sair de perto dele, então respirei fundo e deixei ele me penetrar, por sorte ele nunca demora o bastante, e em pouco tempo ele já havia alcançado o que queria e se retirou de dentro de mim.
— Você também gozou? - ele perguntou desinteressado.
— Sim! - Menti pra ele.
— Eu sou mesmo muito foda!
— Me deixa agora no meu dormitório?
— Pra quê? Para aquelas duas piranhas fazerem a sua cabeça? A partir de hoje eu não quero mais você andando com elas ou você vai se mudar literalmente para o meu apartamento!
Apenas o pensamento de morar com ele me causou extrema repugnância, tudo o que eu queria era sair dali o mais rápido possível, então concordei com tudo o que ele falou e logo depois ele me deixou no meu dormitório.
— Amiga não me diga que você voltou com aquele traste! Ele passou a semana toda ficando com tudo o que é garota! - a Bruna me abordou assim que entrei no quarto, o semblante dela era de pura decepção, o que me deixou ainda mais envergonhada.
— Silas e eu voltamos! E eu não vou mais acreditar em suas mentiras! Não se meta no nosso namoro. -
Disse de uma vez e evitei encarar a rosto triste da minha amiga, então fui direto para o banheiro, tranquei a porta e deixei as águas do chuveiro caírem junto com as minhas lágrimas.
Eu estava no fundo do poço! E sem a mínima condição de escapar dali.
(….)
Nos dias seguintes após a minha volta com o Silas, eu me sentia perdida, e mais sozinha do que nunca, a Bruna e a Mila me abandonaram completamente, e a Soaraya e a Karin estavam sempre coladas no Silas, o que não deixava de ser um favor pra mim, mas por causa disso eu acabei virando motivo de chacota na faculdade, todo mundo estava me chamando de "corna consciente" e mesmo que eu estivesse sendo forçada pela minha mãe a namorar alguém que eu não queria, ser motivo de piadas era muito ruim.
As notas também voltaram a diminuir! Pois o Silas queria sempre que eu estivesse com ele nas festas, em bares, ele era muito popular, e tinha amigos de todos os tipos, ele queria que eu me desse bem com as amigas dele, só que por mais que eu tentasse o meu santo não batia com os delas, e quando eu descobri que elas faziam fofoca sobre mim foi que eu não quis mesmo nenhum tipo de aproximação com elas.
Certo dia eu estava aproveitando o horário do intervalo para estudar na pracinha da faculdade, quando de repente o Caio sentou do meu lado e pediu umas dicas sobre o trabalho que ele estava fazendo, o garoto fazia gastronomia junto comigo e algumas vezes nós fizemos alguns trabalhos de classe juntos.
— Então eu só preciso acrescentar mais calda de açúcar? - ele perguntou olhando minhas anotações.
— Sim! Simples assim! - Eu disse dando risada e ele me acompanhou, nesse momento as duas "amigas" do Silas passaram olhando sem nem disfarçar para a gente, e só com aquilo eu me dei conta que teria problemas com o Silas.
Depois de uns dez minutos ainda conversando sobre o tema, o Caio se despediu e só então eu lembrei de pegar meu celular da bolsa, me assustei com o tanto de ligações perdidas do meu namorado, ao fim tinha uma mensagem me avisando que ele estava na porta do meu dormitório, eu apenas me levantei e me dirigi imediatamente pra lá, e no momento em que o avistei no corredor já comecei a gelar, porque ele estava com aquela expressão no rosto, a mesma expressão do dia em que ele me deu um tapa, comecei a tremer de medo, mas forcei minhas pernas a caminhar até chegar perto dele.
— Entra princesa! - Ele disse com uma calma no qual os olhos dele não estavam transmitindo, o que me fez achar mais estranho, e quando eu destranquei a porta aconteceu um dos piores momentos da minha vida.
O Silas me empurrou para dentro do quarto e trancou a porta atrás de si, depois ele veio pra cima de mim e começou a me bater sem parar.
— Sua vadia! Vagabunda! Acha que você vai ficar rindo de mim pelas costas? Eu sou o "fodão" dessa faculdade, eu quem sou o pegador aqui e não você!
— Do que você está falando? Me solta porfavor! - eu pedia em desespero.
— Acha que não percebo o jeito que todo mundo olha pra você? Como todos te desejam, e querem você pra eles? Heim sua vagabunda?
Ele dizia tudo isso entre tapas, socos e chutes, a maioria dos golpes eram na barriga ou nas pernas, locais que ele saberia que os hematomas passariam despercebidos, mas também continuava a encher meu rosto de tapas.
Eu me debatia, tentava me soltar, mas apesar de magro, ele era forte e tinha a mão pesada, e eu estava sentindo todo aquele todo aquele peso na pele.
E então quando ele mesmo se cansou de me bater, levantou e pegou meu celular da minha bolsa.
— Isso vai ficar comigo a partir de agora! Você não precisa desse troço que só atrai homens! E pense duas vezes antes de ficar conversando e se jogando pra cima dos boiolas que estudam com você.
E dizendo isso ele saiu do quarto me deixando esparramada no chão, eu chorava tanto que nem sabia que existiam tantas lágrimas assim dentro de mim, eu queria gritar e pedir por socorro, mas não havia ninguém para me ajudar, não havia amigos, pois eu mesma havia me afastado por causa do namoro, não havia família, pois eles amavam o Silas e o colocavam em um pedestal, eu estava sozinha, perdida e imersa em uma total escuridão.
A casca seca do que restou de mim, se levantou e saiu caminhando campus a fora, comecei a vagar pelas ruas sem nenhum destino, a única coisa que eu queria naquele momento era desaparecer.
Caminhei tanto que minhas pernas começaram a doer, até o momento em que cheguei em uma pracinha, ela era muito bonita, mas a dor que havia em meus olhos não me permitia enxergar tal beleza.
Tudo em mim era desgosto, trevas e sofrimento!
Até o momento em que eu o avistei! E tudo mudou na minha vida! Foi como se o sol estivesse começando a nascer e seus raios clareassem a noite infindável que existia em minha alma.
Foi ali naquela pracinha! Sentado em um banquinho desenhando uma paisagem, que eu o encontrei.
A luz da minha vida!
João Melis!
E foi ali que começou a minha linda história de amor.