CINCO
Assim que Laís e eu terminamos de arrumar a mala dela, nós já tratamos de passar a mesma pela janela, eu conversei com minha irmã, e contei exatamente tudo, contei que o Silas era um filho da puta, que a mamãe estava do lado dele, e também contei sobre as ameaças que ele estava fazendo em relação à ela
— Porque você guardou isso para si por tanto tempo? - minha irmã me pergunta.
— Laís não tinha outro jeito! Eu preferi juntar dinheiro para que você ficasse segura! Sem contar que você merece se divertir e ficar bem longe da mamãe. - eu falo pra ela.
— Então deixa eu terminar logo esse bilhete antes que a gente perca o horário do voo!
A Laís escreveu o bilhete que ela deixaria em cima da cama explicando para nossos pais pra onde estava indo, foi impossível não notar algumas lágrimas que deslizaram pelo seu rosto, enquanto ela registrava seus sentimentos em forma de palavras na singela folha de papel que eu havia lhe dado.
— Prontinho! Vê se tá bom!
"Mamãe! Estou indo passar um tempo na casa do meu tio! Não me pergunte como eu consegui o dinheiro, apenas tenha certeza de que foi de maneira honesta.
Eu não vou mais ficar aqui trabalhando que nem uma escrava pra você continuar enfeitando a Tais. Aliás! Eu não sei quem sofre mais nas suas mãos! Se sou eu, ou se é ela.
Enfim! Saiba que eu estou fugindo de você! E porfavor deixe a minha irmã em paz! E quanto ao papai! Que Deus lhe dê paciência para continuar vivendo ao seu lado!
Não sentirei saudades!
Laís
Eu não sabia se ria ou chorava! A Laís sempre foi muito afrontosa, e nunca teve medo de enfrentar a mamãe como eu tinha, e a verdade era que a minha irmã também havia sofrido tanto quanto eu, aliás, com certeza até mais do que eu por causa das insanidades da minha mãe.
— Laís me perdoa! Eu nunca quis que a mamãe te obrigasse a trabalhar...
Fui interrompida por um forte abraço da minha irmã.
— Taís você tem noção de que está me libertando né? E nenhuma de nós nunca tivemos como ir contra as vontades da mamãe! Mas agora isso tudo vai mudar! Você tem que me prometer que não vai mais abaixar a cabeça e acatar mais as ordens dela Taís! E se aquele filho da puta do Silas se a meter a besta com você, denuncie ele pra polícia!
— Eu te amo Laís!
— Eu também te amo mana!
— Agora vamos pro aeroporto! - Eu esperei cada segundo com a Laís até o momento do seu vôo! E só consegui respirar aliviada depois que o avião dela partiu, e então a tranquilidade veio para mim como uma amiga querida, minha irmã estava livre da minha mãe, e longe das garras do Silas.
Já era quase de manhã quando cheguei no campus, eu estava muito cansada, mesmo assim fui direto para o dormitório do Silas, o idiota tinha o seu próprio apartamento, mesmo assim nos últimos tempos ele havia ocupado um dos dormitórios da faculdade para ficar mais perto de mim e atazanar a minha vida, mas isso tudo estava perto de acabar, eu estava indo me libertar de vez daquele encosto.
Assim que cheguei na porta do quarto dele, comecei a ouvir uns gemidos estranhos, então eu girei a maçaneta da porta, que por sinal estava destrancada e me deparei com uma das cenas mais asquerosas da minha vida, e gritei, simplesmente gritei bem alto, quando vi o Silas na cama transando com a Soaraya e a Karin.
— Agora você entende porque todo mundo te chama de corna? - a Karin disseminado da minha cara.
— Amor! Não é o que você está pensando! - o Silas começou a dizer.
— É o que você está vendo! - a Soraya disse e As duas vadias começaram a rir de mim, e o Silas tentava se soltar delas desesperado.
— Me perdoa princesa! Eu estava com raiva por causa dos ovos! E elas não significam nada pra mim! Elas só estão fazendo algumas coisas que você não faz minha princesa.
Eu olhava aquilo tudo calada, mas assim que ouvi as últimas palavras do Silas eu comecei a gargalhar, eu ri tanto que a minha barriga começou a doer.
— Advinha o que eu vim fazer aqui? Eu vim terminar com você! Então faça bom proveito com suas duas vadias! Porque vocês se merecem!
Sem conseguir ficar mais nenhum segundo naquele ambiente insalubre, eu me retirei e fui correndo feliz da vida para o meu quarto.
Mal cheguei no dormitório e o telefone começou a vibrar com uma mensagem do meu agora ex namorado.
Silas
Meu amor! Eu sei que você teve um surto inexplicável, e só por isso eu te perdoo, saiba que o nosso amor é forte e não é um simples equívoco que vai fazer ele diminuir! Continuamos firmes e fortes! Te amo muito minha princesa!
Era impressionante o poder que o Silas tinha de me enojar! Mas em vez de engolir suas palavras como eu sempre fazia, eu gargalhei forte, e continuei a trinar enquanto digitava minha resposta
Tais
Amor forte é o caralho! Eu não quero mais nada contigo! Você é mais podre que aqueles ovos que eu joguei em você! Estamos terminados e dessa vez não haverá volta!
Silas
Assim como eu te perdoo pelo evento dos ovos! Você também deve me perdoar pelo o que viu mais cedo! Pois amor é isso! Amor é perdão! Eu apenas procurei nelas o que não encontrava em você! Mas é você quem eu amo e quero como namorada oficial! Você deveria se sentir feliz por ocupar na minha vida o lugar que muita querem estar! E se você fizesse coisas mais gostosas na cama eu não precisaria procurá-las! Mas tudo bem eu também te desculpo por isso! Estamos bem de novo! Eu te amo!
Tais
Vai tomar no seu cu Silas! Eu não quero mais nada com você! Nós não vamos voltar nunca mais! Eu quero mesmo é que você morra e vá pro inferno!
Desliguei o celular e tranquei a porta e a janela! Eu estava decidida, eu jamais voltaria com aquele crápula sem escrúpulos, eu preferia a morte a ter que voltar com ele.
E foi com essa certeza que finalmente eu pude dormir, e só acordei mais tarde depois do meio dia, ignorei o meu celular e passei o resto da tarde estudando, sábado e domingo era meu dia de folga no restaurante e eu aproveitava para colocar os estudos da semana em dias.
Quanto mais o tempo ia acelerando mais ansiosa eu ficava para encontrar o João, afinal, eu agora estava solteira e pronta para estar ao lado dele.
Por isso sem mais demora, comecei a me arrumar, tomei um banho bem demorado, amaciei minha pele com um óleo aromático super caro que minha mãe comprou pra mim, ele deixava a pele cheirosa, macia e aveludada, coloquei um vestido simples e soltinho, mas que ao mesmo tempo destacava bem o meu corpo, e nos lábios passei apenas um brilho, me olhei no espelho e gostei do que vi, é aquela velha história de quando o menos é mais.
Eu estava tão feliz que acabei indo para a pracinha antes do horário que eu havia combinado com o João, eu não me importava de ficar lá sentada observando toda a beleza que era aquele lugar enquanto o esperava, pois ao contrário da outra vez, agora eu estava bem o suficiente para observar toda a paisagem linda à minha frente.
Mas ao chegar no local, tive uma linda surpresa! Ali em meio às pessoas que levavam seus filhos para brincar, ou passeavam com seus cachorros, e até mesmo os demais casais apaixonados que compunham a caterva na pracinha, estava o João sentado naquele mesmo banco, olhando para o mesmo lago e desenhando em seus papéis.
E foi com um grande sorriso no rosto que eu me aproximei dele.