Seis
A notícia sobre meu suposto acidente, correu rápido pelo palácio e fugiu das paredes dali como água em um rio corrente. Quando me dei conta, já havia ultrapassado a estrada, chegado aos súditos do Imperador e com isso cada cidadão fez questão de me enviar presentes para uma boa recuperação. Tanto de fora quanto de dentro do palácio. O quarto ao lado do meu já estava abarrotado de coisas enquanto ainda chegavam mais.
As pessoas em Chogo eram extremamente cordiais e supersticiosas, pois acreditavam piamente que tudo poderia se resolver com boas vibrações e presentes, muitos presentes.
Moho me revelou que todos já falavam de mim pelas ruas. Diziam que eu era uma boa escolha, alguns já se referiam a mim como sua imperatriz e a maioria lia sobre a história de minha família nas bibliotecas em busca de detalhes para nunca me deixarem insatisfeita com meu povo. Os habitantes do império eram detalhistas e tinham sempre de prezar pela honra, pois para cada um ali aquilo era o primordial. Ainda assim, tinham aqueles que não me queriam ali. E esses me preocupava, pois esbravejavam que eu era o caos e não uma salvação. Mas eu não queria ser vista como uma salvadora ou uma fraqueza, eu queria apenas que eles me vissem como igual.
Por mais que tivesse uma vida diferente, toda minha infância meu pai me levou a ter um bom contato com o povo para sempre entender suas dificuldades. Poderíamos não ter passado fome, não ter dormido na chuva ou não estarmos desesperados por trabalho, mas sempre estávamos nas ruas escutando e auxiliando o máximo de súditos que pudéssemos.
Os tronos de todos os filhos do rei Otto, estavam na tribuna junto ao dele. Essa área ficava bem no centro da cidade de Lonth, dentro de uma extensa estrutura antiga de apenas quatro paredes. Nos sentávamos na ouvidoria uma vez a cada 15 dias, para escutar os membros de nossa população e os auxiliamos com seus problemas. Ouvir tantas reclamações ao decorrer dos anos, nos tornou pessoas mais humanas e nos permitiu ver na visão do povo e as dificuldades reais. Mesmo que alguns dos filhos do rei não tenham entendido o propósito de estarmos lá.
Era exatamente isso o que eu queria levar às pessoas do império, uma forma diferente de se expor para que os resultados chegassem mais rápido. Queria que eles entendessem que eu não estava lá para ser uma heroína, que eu estava lá apenas para ajudar, que eu não queria levar o caos e queria apenas que eles parassem para me ouvir, pois não tinha a intenção de fazer as coisas de qualquer jeito. Mas eu deveria ser paciente, as pessoas não entenderiam tão cedo meu propósito ali e algumas não aceitariam que eu passasse adiante minha opinião no futuro. Aquilo iria ser algo difícil e eu tinha que estar preparada para isso.
Eu estava presa em meu quarto há dois dias. O mestre Hao havia deixado claro que eu precisava manter a perna para cima e minhas damas pareciam enlouquecer quando eu tentava fazer algo que me tirasse da cama. No entanto, nunca gostei de ficar presa tanto tempo se não estivesse fugindo de algo e depois de receber tanta informação sobre como era vista pelo povo, resolvi descontrair a mente e ajudar minhas damas com alguns afazeres. Mesmo que elas me implorassem para ficar no quarto.
Meu pé havia sido enfaixado em tecidos medicinais, então não era possível ver a situação em que estava, contudo eu já me sentia muito bem e não conseguia mais ver aquelas mesmas paredes. Eu iria enlouquecer trancada ali dentro e precisava ver partes do palácio que ainda não havia tido acesso, como a cozinha, por exemplo. Onde boa parte dos criados ficavam quando não havia tarefas para fazer.
Muitos tinham receio de perambular à toa pelos corredores e se depararem com o mestre do império. Os homens Amino havia criado um medo na mente de cada habitante, para que realmente acreditassem que os seus senhores eram divindades intocáveis e eu sabia que essa era uma das coisas que o novo imperador queria mudar. As pessoas tinham que ver alguém ali que lhes desse conforto e paz. Que passasse a sensação de bem estar e não que as intimidassem.
Eu adorava a cozinha de Gogh e o nosso cozinheiro Sojah. Ele havia ido para nosso pequeno reino, após fugir das ilhas de Quennyn depois de se deitar com a filha de um ferreiro. O pai da garota queria que Sojah se casasse com ela de qualquer forma, sem saber que o cozinheiro não havia sido o primeiro homem que se deitara com a garota. Ela tinha uma fama pelos arredores de frequentar os prostíbulos da cidade em troca de jóias, mas o pai não aceitava os rumores. Então para não se casar com uma meretriz e não perder a cabeça, Sojah entrou no primeiro navio que conseguiu se esgueirar para fugir de Quennyn. O que ele não esperava era que aquele fosse o Tigre negro, navio que o império havia dado ao rei de Gogh.
Por sorte, meu pai era uma pessoa carismática, divertida e que adorava fazer amigos. Ele acabou se apegando ao intruso do navio e ambos fizeram uma amizade no caminho. Sojah havia cozinhado verdadeiras iguarias durante o trajeto e deixou o rei tão satisfeito que lhe entregou o cargo de chefe da cozinha do palácio Folks já que até então, não tínhamos um chefe desde a morte do velho Crunth.
Sojah era uma das melhores companhias que já havia existido, ele gostava de brincar com crianças e deixava eu e Perrie corrermos pela cozinha livremente, praticamente cuidando de nós dois enquanto o enlouquecíamos com espadas de mentira feitas de galhos improvisados. O cozinheiro foi o homem que me disse para tomar cuidado com todos ao nosso redor, dava o exemplo de si mesmo dizendo: Veja eu! Estou aqui por não querer me casar com uma puta. Realmente os homens não prestam!
Me lembrar daquele amigo, fez-me pensar que os criados do palácio imperial poderiam ter histórias bem divertidas por ali também. Por isso deixei meu quarto para explorar esse lado do império de Chogo e minhas pobres damas que ajudavam na locomoção, ainda tentavam me fazer voltar para cama.
— Senhora, se Tadaki souber que a deixamos sair...
— Pelos céus, Moho! — Eu a calei, retirando o braço de seu pescoço e me sentando na cadeira da cozinha quando finalmente chegamos. — Eu não tenho três anos e ele não irá se importar se eu estiver bem.
— Não adianta, ela sempre irá saber o que dizer para nos contrariar. — Disse Anika, já acostumada com cada coisinha que eu fazia.
Moho revirou seus olhos e balançou as mãos no ar, vencida. Estalei a língua nos dentes e dei um sorriso empolgado a ela.
— Me ajude, pegue aquela cadeira também.
Apontei para o objeto ao seu lado e observei a mulher bater seus pés de forma indignada enquanto puxava a madeira até mim e Anika me ajudava a erguer a perna machucada.
Durante minha entrada, as pessoas que estavam ali trabalhando se viraram para nós com as expressões de perplexidade em face, o que não me deixou de achar graça enquanto eles acompanhavam cada movimento meu. Eu não estava acostumada em ser vista com tanto horror daquela forma, os habitantes do Selo me cumprimentavam como se tivessem vendo apenas uma moradora simples dali e o máximo que faziam para recordar-me da realeza era dizer: Bom dia, alteza.
Claro que todos sabiam fazer suas reverências e sempre tomarem cuidado com a família real, mas nada absurdo e enorme como era em Chogo. Eu poderia jurar que conhecia todos os moradores de Gogh mesmo que a ilha não fosse tão pequena assim, mas tinha certeza que jamais teria esse privilégio no império, por ser três vezes maior. Ainda assim, ser vista como alguém intocável era engraçado e terrível ao mesmo tempo.
Pigarreei para assumir uma postura amigável e deixei um sorriso doce surgir em minha face. Virei-me para Moho, pois acreditei ser quem iria traduzir o que eu dissesse se aquilo fosse preciso.
— Eles falam minha língua?
— Sim, para trabalhar no palácio imperial, somos instruídos em pelo menos quatro línguas e como Gogh utiliza a linguagem mãe, o oglineo, então temos um bom domínio dele. — Explicou-me a dama.
— Tudo bem então — voltei-me aos curiosos do outro lado da enorme mesa e abrir novamente o sorriso mais sincero que poderia. — Parparadi! — Após um instante de espantos e olhares amedrontados, alguns iniciaram seus gestos para reverenciar-me, mas ergui as mãos impedindo-os. — Não, por favor! Não tem mais ninguém por aqui, somos iguais por hora.
Os olhares dos criados eram de completa confusão. Seria difícil me enturmar ali, mas eu precisava conversar com as pessoas e não queria ser tratada como se andasse com um chicote na cintura.
Respirei fundo e tamborilei os dedos contra a mesa para pensar em como iniciar a conversa.
Havia um menino cortando alguns legumes no canto da sala. Anika tinha seus olhos focados no mesmo, pois seus cabelos vermelhos como fogo provavelmente a levaram para uma época terrível. Mesmo que ela fosse muito pequena para entender, ainda tinha lembranças de seus pais sendo chicoteados, me recordo que quando ela foi designada ser minha dama, me implorou para ficar próxima de seus pais e não dormir no quarto ligado ao meu. Pensei que fosse apenas insegurança, mas dias depois descobri que a ruiva tinha pesadelos terríveis com as coisas que vira durante a infância.
Moho, pareceu perceber também a tenção de minha dama, pois colocou sua mão no ombro da garota para dizer:
— Não se preocupe, o império não admite escravos. Todos somos pagos aqui e Klein, é filho de um Buxiu. Ele apenas gosta de ficar na cozinha. — Anika pareceu mais aliviada com aquela informação. — Muitos Didens vem trabalhar em Chogo, pois o palácio paga absurdamente bem.
— Tem mais Didens por aqui? — Perguntou a ruiva com total empolgação e Moho afirmou, dando-lhe mais alegrias.
Didens, eram habitantes das ilhas de Dafhit. Depois da primeira guerra entre Chogo e Rindell, eles foram escravizados por serem uma das menores potências que já se viu. Naquela época ainda não existia um império e os reinos de Chogo mal sabiam se auxiliar, então perderam batalha e começaram as desavenças entre si enquanto Rindell escravizava as ilhas ao seu redor. Dafhit, foi a que mais saiu prejudicada.
Foram mais de cem anos para os Didens se livrarem da vida escrava e Anika nasceu bem no fim desse ciclo, quando compradores mandados pelo império sem o conhecimento de Rindell, acabaram adquirindo 70% dos escravos. Nenhum deles acreditou no dia que foram libertados nas ruas, pois o império quis mostrar ao seu rival que havia acabado de construir uma enorme potência.
Enquanto alguns escravos se aliavam ao império por pura gratidão, a família de Anika acabou indo parar nas ruas de Lonth após esse evento, pois seu pai não sabia para onde ir ou o que deveria fazer. Por sorte, em Gogh os forasteiros podem pedir abrigo na casa de aluía, onde a rainha costuma visitar para ajudar com comida e tecidos.
Anika, tinha 15 anos quando conheceu minha mãe, eu era uma criança travessa, então a rainha acreditou que a adolescente comportada e meiga que conhecera poderia me tornar uma mulher recatada e ajustada. Para o azar de Gaya, Anika se apaixonou pela criança travessa e acabou se tornando sua cúmplice piorando ainda mais a situação para a rainha.
Anika havia se tornado tão querida que bastava dizer: Me desculpe, majestade. A culpa foi toda minha. Para amolecer o coração da carrasca.
Pela expressão nos olhos de minha dama, saber que seu povo estava sendo pago por seus trabalhos era gratificante ao seu ver.
Tive interesse em saber sobre a vida daquele garoto e o motivo de estar ajudando ali já Moho havia dito que seu pai era buxiu e a palavra martelava em minha mente.
— O que é um buxiu? — Perguntei por fim, vendo os olhos de Anika brilharem totalmente interessados também.
— Oh! Como se traduz? — Moho perguntou para si mesma coçando a cabeça. — São cuidadores? Não, não... Os homens fortes.
— Soldados, senhora. — Falou-me um dos cozinheiros. As duas palavras ditas pelo rapaz, já me deram um pouco de seu sotaque, outro que, assim como Moho, não sabia esconder bem. — Buxiu significou bravura em uma época, mas as crianças diziam tanto que se tornariam buxiu para proteger o imperador que a palavra passou a ser usada para definir os soldados.
Ouvir aquilo foi ainda melhor, pois Anika pareceu inflar seu orgulho como se ouvisse um grande feito de alguém da sua própria família.
— Gasai, Yao Khan. — Disse Moho ao rapaz que lhe fez um cumprimento breve com a cabeça.
— Gasai seria: obrigada. — Concluí e a dama assentiu.
Resolvi que passaria a tarde aprendendo o máximo que pudesse de cada um que estivesse ali tentando pegar também algumas palavras para decorar.
Já que ali seria minha casa, eu tinha que ao menos saber cumprimentar os súditos.
Horas mais tarde, Panay — a chefe de cozinha — já estava completamente à vontade comigo ali. Até levei diversas broncas por levantar e me oferecer para ajudar com o jantar, mas ela desistiu quando eu disse que não iria sair dali até ensinar um dos pratos de Sojah.
Cortávamos as verduras enquanto jogávamos conversa fora divertidamente. Acredito que era possível ouvir nossa excitação pelos corredores, pois as gargalhadas altas vinham de todos dali e até a própria Moho já estava mais alegre e menos preocupada. Foi uma ótima ideia sair para conhecê-los.
— Eu me lembro que quando era pequena, Sojah estava... — Todos que me observavam falar, se focaram nas portas da cozinha. Pude notar a tensão em seus corpos e o mais rápido que conseguiram, eles se curvaram inteiros para se ajoelharem reverenciando a pessoa que entrara.
O rapaz vestia um traje muito semelhante ao de Sasato, o tecido preto e grosso que se alongava pelo corpo fechado por um laço bem apertado, tinha um contorno em dourado. Sua bainha estava sustentando a espada enorme e os braços cruzados de maneira dura assim como o rosto com a aparência amedrontadora. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, eram longos o suficiente para estarem jogados por cima do ombro esquerdo e alguns fios acariciavam as diversas medalhas em seu peito.
Se Tadaki me dava medo com sua postura imperial, aquele rapaz me causou arrepios terríveis.
— Mestre Yin. — Moho disse com voz trêmula e o homem a encarou completamente enfurecido.
Uma mão tocou o ombro do mestre e ele fez seu primeiro movimento menos rude, dando-me visão ao homem que estava logo atrás.
Encontrei Tadaki parado na entrada observando seus criados com seu olhar de imperador indecifrável. Me pareceu uma mistura de ira e questionamento.
— O que está acontecendo aqui? E, qual a razão de Norman não estar em sua cama? — Seu olhar se cravou na pobre Moho, toda curvada ao chão ainda demonstrando seu medo.
Ela disse algo na língua deles, uma súplica de desculpas, talvez. Era horrível ver como as pessoas respeitavam seu líder, apenas por sentir medo, isso não era um respeito real.
— Eu precisei andar um pouco. — Tentei trazer o olhar do imperador para mim, porém ele tinha seu alvo.
O homem que havia invadido o local antes do imperador, passou a caminhar pela cozinha de maneira ameaçadora enquanto os outros súditos se mantinham duros no chão.
Me segurei na pia para poder virar melhor meu corpo por completo, assim seria melhor para me posicionar, porém quase perdi o controle de mim mesma. Para minha sorte havia dez pessoas preocupadas ao meu redor que se esqueceram de tudo naquele instante para correrem e me auxiliarem.
O imperador chegou primeiro que todos, segurou em meus antebraços fixando o olhar no meu, estava tão rude que pela primeira vez me senti intimidada.
— Norman...
— Desculpe-me — o interrompi, vendo seus olhos se fecharem ao sentir o toque de minhas mãos em suas bochechas. Me lembrei de suas reações com o calor de meu corpo e agi como se aquilo fosse a salvação das broncas que poderia levar. Tive certeza então que aquela havia se tornado sua fraqueza e eu estava começando a gostar do efeito que tinha sobre ele.
— Eu me preocupei tanto quando não a encontrei. — Deslizei meus dedos por seu rosto pousando-os no pescoço do rapaz que se arrepiou por completo, porém tentou manter o controle de si. — O que está fazendo aqui?
— O jantar. — O mestre Yin pareceu achar graça das palavras, havia parado no cesto de frutas para pegar umas das maçãs e mordê-la.
Tadaki abriu os olhos para encontrar os meus, a confusão o havia tomado. Ele tentou olhar para os criados já de pé, mas segurei seu rosto mantendo-o focado em mim. Não iria deixar ninguém levar uma culpa que era minha.
— Você poderia me ajudar.
Por um instante o imperador olhou para o homem comendo sua fruta do outro lado da cozinha, ele não parecia intimidado com o mestre do império em nenhum momento. Tanto que deu de ombros a conversa de olhares que ambos estavam tendo e tornou a caminhar.
— Norman, já deveria se considerar uma imperatriz. Não pode ficar na cozinha, essa não é sua função. — Disse Tadaki então, ao tornar seu olhar para mim.
— Por que não? — Sorri para ele me lembrando das palavras de meu pai, quando minha mãe dizia algo semelhante. Pessoas egoístas precisam aprender a viver. — Se um dia eu vier a perder tudo, precisarei usar as mãos para sobreviver. Assim como um deles pode conhecer alguém de nome e não precisará mais usá-las. O mundo dá voltas, Tadaki e temos de estar preparados para tudo.
— Isso não iria acontecer. — O mestre Yin disse com uma convicção enorme em suas palavras. A voz tinha uma entonação de pura arrogância enquanto ele caminhava com uma postura de autoconfiança, dando leves batidas nas costelas de cada súdito curvado para que todos se levantassem.
— Bom, eu prefiro acreditar que somos todos iguais e que posso ensinar para eles, aprendendo também. — Segurei na mão do imperador para poder me endireitar na pia. Tadaki permanecia com seu corpo duro tentando me entender de alguma forma.
Levei seus dedos até a faca que antes eu estava segurando, seu corpo se colocou atrás de mim e sua outra mão, coloquei sobre a batata cortada pela metade.
— Me disse sobre a navegação, algo que adora. Então, está na hora de saber o que gosto de fazer também.
— Gosta de cozinhar? — Soprou ele em meus ouvidos. Aquilo disparou meu peito arrepiando cada pelo de meu corpo e tudo o que consegui fazer foi assentir. Ele deu um sorriso abafado, o mesmo que fazia quando era vencido pelo cansaço.
— Olha, isso é estranho vindo de uma garota tão... — O rapaz iniciou, mas Tadaki direcionou-lhe um olhar de repreensão e logo o mestre Yin se calou com as mãos erguidas em rendimento.
O imperador voltou-se para mim com um sorriso sutil.
— Tudo bem. Então...
Senti o percorrer de suas mãos pela pele de meus braços enquanto os criados se espalhavam pela cozinha para voltarem às tarefas anteriores. Panay, saiu rapidamente do nosso corredor para nos dar privacidade. Tadaki suspirou em minhas costas parecendo intrigado com algo, depois se colocou ao meu lado para apoiar o cotovelo na bancada. Seus cabelos caíram do ombro esquerdo com a inclinação.
— Como e quando? — Perguntou. Olhei-o de canto tentando manter o ritmo do corte. — Sobre cozinhar.
— Provavelmente como castigo.
— Wang. — Sem tirar os olhos de mim, Tadaki repreendeu o rapaz que havia tentado parecer discreto ao cochichar aquilo. — Saia.
— Mas mestre.
— Agora.
O rapaz limpou os dentes de maneira nervosa e bateu a maçã na mesa com raiva da ordem que havia recebido, mas não tornou a questionar seu mestre. Apenas ajeitou sua postura e se retirou balançando suas roupas com indignação ao caminhar.
Quando coloquei meus olhos de volta em Tadaki, ele parecia não estar nenhum pouco preocupado com a audácia de seu subordinada e por mais que aquilo fosse bom, era estranho ver alguém agir daquela forma perto de alguém tão poderoso. Eu recordava vagamente daquele rosto, era como se já o tivesse visto em um momento recente, mas não conseguia saber exatamente quando.
Tadaki arqueou as sobrancelhas para me recordar que ainda estava no aguardo de uma resposta e tratei de apagar o evento para seguir contando aquilo.
— Ah! Essa é uma história incrível! — Me animei, voltando a falar alto do que iria contar antes de ser interrompida. — Eu e Perrie adorávamos brincar na cozinha, ficávamos correndo em volta da mesa e às vezes Sojah, nosso cozinheiro, participava das brincadeiras. — Tadaki arqueou a sobrancelha, seu sorriso sutil se mantinha no canto de seus lábios e um brilho em seu olhar. Fugi daquilo voltando a cortar os legumes. — Um dia estávamos gritando verdadeiramente alto e o pobre Sojah tinha dores de cabeça terríveis. Então ele se irritou conosco, mas ao invés de nos expulsar ele teve uma ideia. Disse que os inimigos havia colocado uma camada fina de veneno nos legumes e que precisava muito da ajuda de dois cavaleiros destemidos.
Passei os olhos rapidamente ao imperador e pude perceber que seus olhos estavam ainda mais interessados naquela história. Como se a cada palavra que se soltasse de mim, ele tivesse se prendendo mais aquilo.
— Ficamos extasiados, pois era nossa chance de mostrar bravura e quando nos voluntariamos. — Continuei e o ouvi soltar um risinho. — Então ele nos explicou como deveria ser tirada a camada de veneno e que tínhamos de colocar tudo na água para que a fervura eliminasse os resíduos. Depois desse dia, passamos a frequentar mais a cozinha para ajudá-lo a salvar o jantar."
Disse aquilo com tanto orgulho quanto senti na época em que auxiliava o homem em seu trabalho. Sorri ao voltar no tempo para um momento tão maravilhoso e percebi que o imperador, ainda tinha o olhar todo para mim. Ruborizei com a sensação e respirei para contê-la.
— Anos depois descobrimos que estávamos só descascando batatas. Mas eu tinha gostado tanto que pedi para aprender mais e ele começou a nos ensinar um monte de coisa sobre alimentação e cozimento. — O imperador deixou um riso escapar, ainda preso em mim. Lutei contra o constrangimento para manter o olhar. — Veja só.
Andei um pouco para o lado, não deixei que meu pé vacilasse naquela hora mesmo que ainda doesse ligeiramente e peguei o pedaço de queijo dentro do cesto passando um deles para o imperador e segurando o outro firme nas mãos.
— Ele dizia que para sentirmos realmente o gosto de algo, precisamos apreciar a comida e se fizer isso já estará completamente satisfeito. Não pense que é apenas um pedaço de queijo. Pense que o gosto é crucial para sua vida. — Aproximei o pedaço aos lábios do rapaz que segurou meu pulso com ternura enquanto abria sua boca ligeiramente. Ele tinha os olhos tão focados nos meus que poderia morder meus dedos se não tomasse cuidado, mas seus dentes encontraram o alimento sem esforço algum e o imperador fechou os olhos quando sentiu o queijo dançar em sua boca. — A diferença é incrível não?
Deixei as palavras saírem de maneira nervosa. O sorriso de Tadaki se intensificou, ainda que ele não quisesse mostrar aos outros, não conseguiu esconder tanto. Seus olhos se abriram novamente para se cravarem aos meus. Então o rapaz deu uma nova mordida no queijo, dessa vez mantendo o contato visual em mim ao mastigar.
— Sim. — Sussurrou ao engolir. — Incrível.
Sua voz poderia ser confundida facilmente com uma seda de tão delicada, fez um arrepio percorrer todo meu braço que ainda era sustentado por seus dedos em torno de meu pulso e tive certeza que ele conseguiu ouvir o descompassar de minha respiração.
— O ganso! — Esbravejou um dos ajudantes de Panay, devolvendo-nos a realidade dali. O rapaz correu na direção do fogo para jogar água no buraco onde era feito o assado e Tadaki recobrou os sentidos de si no mesmo instante, pois soltou-me ao se lembrar dos demais ao nosso redor.
O cheiro da carne bem passada subiu infestando a cozinha, mesclando-se ao odor de lenha molhada. O ajudante da cozinheira respirou aliviado e gritou
— Está tudo bem!
Ao perceber que não havia queimado a carne. Levou todos ao riso, mesmo que o imperador não tirasse seus olhos de mim e seu humor parecesse neutro. Eu não conseguia manter contato daquela forma.
Com um simples gesto agradeci ao rapaz que fizera aquele escarcéu por conta de algo que sabíamos não ter problema algum e ele retribuiu o cumprimento. Havia sido uma forma de tirar a atenção de todos ali, pois deveriam estar perplexos com a cena de seu senhor tocando em sua noiva.
— Agora derrame um pouco de manteiga, vai ficar maravilhoso! — Disse para descontrair ainda mais, vendo-o se locomover pela cozinha seguindo minhas instruções. Novamente enfrentei o rubor para olhar nos olhos do imperador e franzir as sobrancelhas. — O que foi?
A pergunta o fez despertar, balançar a cabeça e sorrir discretamente. Algo se passava em sua mente antes, pois ele parecia tão perdido ali dentro.
— Nada. — Mordeu o lábio e respirou fundo. — Me desculpe se pareceu grosseiro dizer que não era apropriado você estar aqui. Eu não...
— Tudo bem, Tadaki. — Eu sabia que ele tinha tido uma infância rigorosa, não esperava que fosse entender no início. Não esperava nem que fosse tentar depois, mas por estar ali me observando ajudar já era um começo. Tínhamos que mudar algumas coisas e a forma de aprendizado era a primeira delas. Só poderíamos ajudar o povo, se convivêssemos com eles. — Você foi criado para pensar assim e acaba sendo normal, eu não vou crucificá-lo por isso.
Aquilo pareceu algo dito de mim para mim mesma e que também pôde ser usado na situação em questão.
— Eu quero aprender mesmo a ser tão articulado assim.
— Acredito que você seja um pouco maior do que isso.
O homem tinha sua costumeira admiração no olhar. Era fato que Tadaki deixava claro seu encanto, como Sasato havia dito.
Minha mente aproveitou sua presença ali para lembrar de um assunto que já deveria ter sido tratado, era bom resolver antes que eu enlouquecesse com a mesma pergunta que os loucos por casamentos faziam. Então me atrevi a dizer antes que ele se retirasse às pressas.
— Precisamos marcar a data. — Como já havia percebido antes, o imperador tinha uma tensão que percorria toda a extensão de seu corpo, causando vibrações horripilantes e suspiros de exaustão. Tudo me dizendo que ele estava com angústia daquele assunto. — O que está acontecendo? Se te conhecesse bem, diria que está com medo dessa conversa.
— É que... Estipular uma data... — Sussurrou para que ninguém além de mim lhe ouvisse. — Irá encurtar meu tempo de conquista-la.
Pensar em suas palavras me fez relembrar do nosso acordo, levando-me a promessa do imperador de que se eu não estivesse apaixonada no dia casamento, ele não tentaria mais aquilo. Cheguei à conclusão então que o tempo todo ele estava fugindo disso para prorrogar suas chances. Todo aquele sentimento era de fato importante para o imperador. Principalmente se fosse levar em consideração o casamento terrível de sua mãe.
Tadaki nunca quis forçar um relacionamento com alguém. Sua carência era tão grande que ele precisava de uma pessoa para mimá-lo também e talvez fosse por essa razão que me dava tanto. Tudo o que ele acreditava me deixar contente era me entregue de mão beijada sem nenhuma argumentação contrária. Ele estava enfrentando a política de seu próprio governo para que eu pudesse ver a felicidade de meu irmão e para dar o que a própria herdeira de Chogo queria. O imperador fazia de tudo por quem amava de verdade.
Então era isso... ele me amava de verdade.
Sorri com aquele pensamento. O tempo todo eu estava preocupada em ser rebaixada pelo casamento, mas ele estava ali se rebaixando para me ter. Deixando sua criação e orgulho de lado para me dar tudo o que estivesse ao seu alcance, porém o problema de ter um imperador apaixonado por você, é que basicamente todo o mundo estava ao seu alcance.
Olhei em direção aos empregados papeando pela cozinha e pedi com um pequeno gesto que nos deixassem a sós.
A princípio Anika relutou. Por mais que me conhecesse bem, minha mãe provavelmente a persuadiu a estar sempre grudada em mim e se tinha algo que a dama detestava era desobedecer a rainha tantas vezes, já que passava a maior parte do tempo acobertando minhas travessuras. Mas bastava um arqueio de sobrancelhas meu em forma de súplica para ela se deixar levar. Vencida, ela puxou sua companheira para seguirem rumo a saída, acompanhada dos demais funcionários daquela cozinha.
Quando o último deles saiu, o imperador olhou ao seu redor tentando entender o que ocorria, depois me analisou com cautela esperando-me esclarecer a situação, pois notara que eu havia pedido privacidade a todos ali.
— Não sei dizer se é amor. — Iniciei, procurando formas de explicar exatamente o que queria passar ali. — Nem sei ao certo o que é isso... — Os olhos do rapaz brilharam com o início daquela frase. — Então não vejo problema se quiser continuar tentando depois do casamento. Quero dizer... eu queria entender melhor o que está acontecendo comigo.
— O que? — Ele se endireitou, como se aquilo fosse lhe fazer ouvir melhor o que eu estava dizendo. Eu me apoiei no móvel atrás de mim e respirei profundamente antes de reiniciar.
— Pode não ser apenas desejo. Talvez eu esteja suprindo algo mais forte por você e entender o que exatamente é isso me ajudaria a amá-lo. — Os olhos dele dilataram, não vi seu peito se mover puxando ar ou o liberando e suas feições se tornaram pálidas em milésimos de segundos. — Eu entendi que amor evolui com o tempo e que sempre começa com algo pequeno, então não me incomodaria se depois você ainda tentasse. Porque eu já adoro você, sei que não é o que realmente quer ouvir, mas é um começo.
Ele parecia ter visto um fantasma e me preocupei com aquilo, o vi adoecer em dois tempos, se tornar uma pedra em forma de gente.
— Tadaki? — Chamei-o, mas nada saiu de sua boca, não houve nem sequer um movimento de seu corpo. Ele estava completamente paralisado.
— Querido, me diga algo.
As palavras se soltaram de mim com naturalidade, causando um suspiro quase imperceptível na estátua em minha frente. Tadaki piscou quatro ou cinco vezes ao despertar de seu transe e passou a mão no rosto para talvez controlar a ansiedade.
— Do que me chamou? — Sua frase veio gaguejada para mim, ele parecia realmente nervoso com a situação.
Franzi a sobrancelha completamente perdida e ele deu um suspiro longo.
— Norman, não está dizendo essas coisas para que eu me sinta bem, está? — Deixei o sorriso escapar, ele parecia tão perdido em suas palavras e devaneios que não conseguia acreditar no que ocorria. Neguei, esperando-o digerir aquela situação. — Minha primavera... Tente descrever para mim o que sente.
— Você precisa parar de me dar esses apelidos. — Tentei descontrair a situação, mas eu sabia que ele iria ignorar aquilo. Seu olhar foi de repreensão e eu tudo o que consegui achar, foi graça.
Pensei brevemente em como deveria descrever aquilo. Dizer o que sentia estando em sua presença, sendo tocada e ouvida por ele era algo que ainda não havia feito nem em minha cabeça. Me vi nervosa, como uma criança ansiosa por seu presente. Era um bom momento para tentar dizer então, pois eu também queria entender e talvez dizer em voz alta pudesse esclarecer algo para mim mesma. Respirei profundamente enquanto procurava as palavras.
— Quando me beijou pela primeira vez eu senti uma sensação boa, disso você já sabe. Eu quis sentir novamente e na segunda vez foi inesperadamente melhor. Isso aconteceu nas vezes seguintes e a cada beijo eu me embaralhava mais nas sensações e sempre tinha perguntas que apareciam nos meus sonhos. — Os olhos do imperador estavam fixos nos meus, ainda dilatados e perdidos em um brilho novo, cheio de alegria. — Teve um momento que percebi o quanto você estava se esforçando pelo meu bem-estar e mesmo que não conseguisse entender sua paixão, eu me senti bem tendo alguém demonstrando algo real por mim... Quando disse que iria dar o casamento a Perrie eu te vi com outros olhos e ao invés de julgar minha irmã você está a trazendo para cá sob sua proteção. — Parei novamente para poder respirar fundo, pensando em toda minha vida até aquele momento e as coisas que já havia dito, ou feito para um pretendente. Mesmo tendo sido realmente inconveniente com Tadaki, ele era o único que ainda estava tentando, por me querer de verdade. — Sabe, eu perdi as contas de quantas vezes ri do destino ao me imaginar casada... Nunca quis ser de um homem, até conhecê-lo. Não sei se isso é exatamente o que quero, mas algo em mim se sente bem ao pensar em… ser-sua...
Abri a mão apontando em sua direção, para dar ênfase a minha frase dizendo calmamente o fim dela, isso o faz entender que tudo era dirigido a ele. Tadaki continuava sem reação ouvindo aquilo, mas suspirou com a última palavra como se eu tivesse lhe dado a melhor notícia dos tempos.
— Você está bem? — Perguntei ao rapaz que assentiu tornando a piscar para acender a mente.
— Sim... surpreso, mas bem.
— Sei que foi rápido demais dizer isso, estamos juntos há muito pouco tempo e tivemos apenas dois encontros descentes. — Recordei dos eventos e deixei um leve riso escapar. — Mas... isso que está acontecendo comigo...
— Está quase te enlouquecendo?
— Não sei, talvez — iniciei. Tadaki arqueou a sobrancelha como se me incentivasse a tentar e outra vez respirei para conter o nervosismo em meu interior. Aquele assunto era tão desconfortável. — No navio, quando quase... eu queria aquilo. E todas as vezes que sou tocada por você, é uma sensação mais intensa que a vez anterior. Não posso dizer que te amo, mas você tem um grande efeito sobre mim e tudo que eu conseguia pensar antes era em ser tocada por você, mas agora é... você. Você por inteiro que vive me enchendo de dúvidas sobre tantas coisas e principalmente em relação a esse seu amor por mim que para mim não era possível e de repente ficou plausível.
Aquele foi o momento de vitória dele. Se antes seus olhos estavam grandes de tanta energia, naquele instante estavam maiores. Tadaki teve uma movimentação em seu corpo finalmente e deu um passo para chegar perto de mim, mas eu ainda tinha o reflexo contra aquela ação e me colei ainda mais a pia. As mãos do imperador se apoiaram ali também, cercando-me em seu meio enquanto o olhar me penetrava.
Senti o disparo do peito, a sensação que mencionara. Minha respiração se agitou, aquilo arrancou um sorriso abobado dos lábios avermelhados dele enquanto seu rosto se aproximava lentamente.
— Percebeu? — Perguntei fazendo-o assentir outra vez. — Eu não sei mais o que pensar.
— Então não pense. O que quer fazer?
Olhei fundo em seus olhos para encontrar o desejo, deslizei por seu rosto para alisar cada traço delicado de sua pele parando apenas em seus lábios molhados pela língua do rapaz. Nossas respirações se misturavam sem controle e o arrepio se alastrava por dentro de mim em vibrações calorosas.
"O que eu queria fazer...". Era sua pergunta e deixei que meu corpo mostrasse o que queria. Levei os dedos até seu rosto para lhe acariciar em ambas as bochechas, vendo-o fechar seus olhos e suspirar como havia feito da primeira vez que o toquei naquele dia, antes que brigasse com todos na cozinha. Meu peito palpitou com aquilo, eu realmente passei a adorar aquilo.
— Gosto da sua reação — ele abriu seus olhos para me mostrar o quanto estavam brilhantes, dominados por um desejo incontrolável. Foi sua vez olhar meus lábios, vindo de encontro a eles de maneira voraz.
Minhas mãos deslizaram para dentro de seus cabelos, bagunçado a parte amarrada que se entrelaçava em sua joia. Seus lábios degustavam dos meus com ainda mais fome do que seus beijos anteriores, todas às vezes aquilo se tornava mais forte e melhor.
Uma de suas mãos se prendeu em minha cintura, colando nossos corpos enquanto ele me empurrava contra o objeto atrás de mim. Senti sua língua abrir caminho por minha boca e tentei acompanhar aquele beijo demonstrando todo desejo dentro de mim também.
Minhas pernas estavam amolecendo com tanta energia distribuída de maneira ágil por toda parte de mim, mas ele tinha meu peso sob controle e sua boca me ensinava uma forma diferente de ser beijada. Era a primeira vez que não o via lutar contra seus instintos e poderíamos ser pegos por qualquer um naquele lugar. O perigo apenas me atiçou mais, fazendo-me apertar sua cabeça para intensificar o contato, eu precisava de mais dele.
O imperador cortou nosso beijo, apenas para atacar meu pescoço com suas mordidas arrepiantes. Cada uma delas causava espasmos em meu interior e eu poderia jurar que aquilo me tirava do chão, era quase uma tortura não poder ir além.
— Tadaki — Chamei-o. Minha voz saiu como um gaguejar e ele rosnou contra minha curva do pescoço, sem parar um segundo sequer. Eu revirava os olhos com tanto desejo e tentava me conter ao mesmo tempo. — Tadaki...
— Eu sei. — Disse o rapaz quando finalmente conseguiu parar. Seu rosto ainda estava afundado em meu pescoço, o corpo alto movia-se rapidamente com a respiração descompassada. — Eu sei, desculpe-me.
Aproveitei o momento para envolver meus braços em seu pescoço, abraçando-o. Senti também meu corpo pressionado contra o dele quando os seus me apertaram. Os lábios deslizaram suavemente por minha pele até parar em meu ouvido, onde ele soprou:
— Tenho um dia que queria torná-lo importante. — Uma de suas mãos alisou minha nuca enquanto ele prosseguia. — 14 de junho, estaria bom para você?
— Sim... Está ótimo. — Sussurrei em resposta.
— Esse sentimento forte se tornará amor, minha rening. Eu juro.
Mesmo que Tadaki não pudesse me ver, eu sorri para sua promessa. Era tudo o que me prometia desde o início e eu já estava acreditando plenamente nele. O senti me pressionar ainda mais contra si, ele encostou minha cabeça em seu peito me dando liberdade para ouvir o palpitar acelerado de seu coração. E consegui ouvir também um riso de felicidade se soltar de dentro do imperador.
Que sensação incrível.