Capítulo 2
- Isso significa... - Tentei fazer com que minhas células cerebrais funcionassem o mais rápido possível e meus olhos pousaram em Sam, que os mantinha bem abertos e com as mãos no rosto.
- Ele não está aqui. - Ela disse. – Porra, porra. – ele exclamou novamente. – Eu sei onde ele está, eu sei onde diabos ele está. – Ele gritou enquanto meu coração dava mil cambalhotas. - Vem comigo. – Ele nos convidou a segui-lo entrando no carro e enquanto ele derrapava para fora do parque, manteve os punhos cerrados no volante e pisou forte no acelerador. – Está no meu jardim. – exclamou ele, socando o volante. – Droga, ela sempre esteve no meu jardim, nunca saiu, droga, droga, droga! –
- Ei - Kat colocou a mão em seu joelho e apertou-o com força, convidando-o a olhar para ela. Ele olhou para ela: seus olhos brilhavam, suas pálpebras tremiam e sua expressão era vazia, perdida. – Vai ficar tudo bem, ele vai ficar bem. –
Eu realmente não conseguia entender que tipo de vínculo os dois tinham, mas estava claro que havia um sentimento muito forte em ambas as partes. Carter os observava muito, provavelmente porque conhecia Katherine e sabia que tipo de garota ela tendia a ser, então ele sabia que ela não gostava de rótulos como ele pensava que Sam gostava. Victoria disse que esteve com algumas garotas, mas nunca se referiu a elas como namoradas, ela saía com elas e saía com elas. Por isso não entendi: eles estavam juntos? Eles foram definidos como empregados? Para ser sincero, pensei que eles também não soubessem.
Sam estacionou aleatoriamente na rua de sua casa e puxou o freio de mão, desligando o carro, de modo que quase ninguém percebeu que ele já havia saído para o portão.
A casa do Sam era grande, assim como o quintal dele, então nós quatro fomos para os quatro cantos da casa para encurtar a busca. Procurei por muito tempo, mas estava claro que não era visível a olho nu em nenhum lugar, caso contrário Sam teria notado. Por isso entendi que, na realidade, tinha que estar escondido. Então me ajoelhei e deixei meu olhar vagar por toda a parede.
Foi nesse momento, num canto remoto do jardim, que o encontrei. Ela estava se abraçando, a cabeça apoiada nos joelhos e as mãos em volta das pernas. Corri até ela, ajoelhando-me ao lado de sua cama, minha respiração presa na garganta e meu coração partido. Eu estava vestindo minha camiseta, um par de meias de lã e nada mais. Ele estava visivelmente tremendo e chorando. Coloquei minha mão na cabeça dela e ela gritou, gritou como nunca tinha gritado antes. – Me deixe em paz – Ele gritou. – Por favor, deixe-me ir, deixe-me – Ela soluçou desesperadamente.
- Victoria sou eu – eu disse, trazendo-a para mais perto de mim e segurando-a em meus braços. Ela se contorcia, gritava e chorava constantemente, enquanto eu a segurava com força tentando acalmá-la, até que ela abriu os olhos, abriu-os de verdade, e eu olhei para o meu rosto pálido, de olhos vermelhos, nublados pelas lágrimas. – Sou eu – apoiei minha testa na dela e fechei os olhos enquanto ela tentava se acalmar e voltar a respirar normalmente. Ao abraçá-la com força senti seu coração bater forte, batia tão rápido que suspeitei que ela estivesse tendo um ataque cardíaco. Coloquei minha mão em sua cabeça enquanto ela se enrolava em meus braços e chorava sem parar. – Sh – eu disse acariciando seus cabelos e beijando sua cabeça. – Estou aqui – Ela fechou os punhos em volta da minha camisa e eu senti suas lágrimas me molhando, enquanto eu não fazia nada além de embalá-la, embalá-la e embalá-la novamente. – Está tudo bem meu amor, estou aqui com você. Você viu? Te encontrei -
Eu a ouvi assentir e fungar, ela levantou o rosto e me olhou nos olhos depois de vários minutos. Eu havia indicado aos três filhos que cuidaria dela, então eles entraram em casa e me deixaram sozinho com ela. Quando ela se acalmou o suficiente, coloquei minha testa na dela e deixei que ela colocasse os braços em volta do meu pescoço, permanecendo de joelhos entre minhas pernas, entrelaçados como se fôssemos um quebra-cabeça perfeito que só poderia se encaixar se ficássemos abraçados assim. - Eu não queria te assustar. – ele sussurrou enquanto aos poucos voltava a respirar normalmente. - Com licença. – Ele colocou a mão no meu rosto e me apertou daquela vez, pois minha preocupação havia se transformado em lágrimas. Fui eu que chorei enquanto a abraçava, porque me quebrou vê-la naquele estado e saber que não podia fazer nada.
- Acho melhor entrar, você é um pedaço de gelo - disse a ela, me afastando um pouco e me ajoelhando e depois pegando-a como uma princesa e trazendo-a de volta para casa.
Sam abriu a porta para mim e apontou para a lareira, onde me sentei com um cobertor sem largar. Ela parecia um cadáver em meus braços: era tão pequena, tão fria, tão inocente... Foi nesse momento, quando Carter e Katherine saíram de casa depois de dar um beijo na garota que ainda tramava como uma folha . , que eu me deixei levar. Sua respiração havia voltado à regularidade, ela havia parado de chorar, mas eu não conseguia entender o fato de ela estar naquele estado e eu não ter utilidade. Balancei-me em cima de mim, enquanto copiosas lágrimas molhavam meu rosto e o calor do fogo aquecia a ela e a mim também, embora ainda sentisse o frio no coração, enraizando-se firmemente na lembrança daquele grito que havia perfurado o silêncio. Ela adormeceu novamente em meus braços, me abraçando, enquanto eu beijava sua testa e sua respiração era embalada pela minha. – Me desculpe, me desculpe, me desculpe... - chorei abraçando-a. – Continuei beijando sua cabeça, como se tivesse certeza de que esse gesto havia lhe proporcionado bons sonhos quando na verdade não havia, porque nenhum de nós estava mais sonhando, nós três estávamos vivendo um pesadelo. – Me desculpe, me perdoe, me perdoe meu amor, me perdoe –
Eu não conseguia parar de chorar, era mais forte que eu. Não entendi porque reagi assim, provavelmente foi o sentimento de culpa, o desespero, o momento que não estava certo, o fato de não dormir há dias, a falta dele, a exasperação e minha sentimento de inutilidade.
- Javier – Sam enfiou a cabeça na sala com duas xícaras fumegantes de chá. – Coloque no sofá, venha tomar uma xícara de chá – Apontou para a xícara que segurava entre os dedos e colocou-a sobre a mesa no centro da sala.
Balancei a cabeça e a abracei com mais força, beijando sua testa enquanto ela relaxava em meus braços. - Tudo bem, deixa ela ir, no sofá, estamos os dois lá, se acontecer alguma coisa estamos aqui, ela não está sozinha. –
Continuei balançando a cabeça e soluçando, enquanto meus braços cobriam seu rosto também. Esperava que este gesto nos unisse numa só pessoa, que ao tornar-me parte de mim pudesse protegê-la, mas a verdade é que não foi possível. Meu coração batia com o dela: eu respirava quando ela respirava, sangrava quando ela sangrava, chorei quando ela chorava e ria quando ela ria. Se ela teve pesadelos, eu também tive; Se ela sonhou, eu sonhei também, agora éramos uma só pessoa, embora eu estivesse com ela há apenas alguns meses. Tornou-se muito em tão pouco. Fiquei me perguntando como era possível amar tão loucamente alguém que conhecia há tão pouco tempo. Nunca acreditei no amor, mas com ela foi diferente, porque senti o amor dela bem no fundo dos meus ossos e quando ela chorou, quando ficou doente, quando sofreu tanto quanto naquele momento, senti meus ossos quebrarem. , por causa da dor, senti como se minha alma estivesse se despedaçando e meu coração parasse de bater quando ela não estava por perto, quando ela estava doente.
O pai de Sam também foi muito gentil ao me receber naquela noite. Eu não tinha pregado o olho porque ainda estava pensando na expressão de Victoria quando a encontrei chorando debaixo da cerca viva de Sam. Ela parecia tão vazia, tão sem vida, que eu queria enchê-la com meu amor só para que ela soubesse que eu estava sentindo alguma coisa.
Virei-me para a janela e franzi o nariz, sentando-me direito. Eram oito horas da manhã do dia 26 de dezembro, o sol batia fracamente sem conseguir derreter a neve e eu sentia frio por toda parte. Embora a lareira estivesse acesa a noite toda, embora ele estivesse vestindo um terno de lã, ele ainda sentia frio. Eu me senti como um fantasma: eu sabia que algo estava errado, que Victoria tinha que me contar alguma coisa e que Sam sabia, mas eu não tinha ideia do que poderia ter feito ela desaparecer por dois dias. Fiquei um pouco preocupado, pensei que ele queria me deixar, mas depois da noite anterior eu havia descartado essa opção. Eu não sabia mais o que considerar, para ser sincero eu só sabia que estava com medo do que estava para acontecer.
- Bom dia Javier – Sean Mills era um homem fantástico, a julgar pela forma como se comportava connosco quase parecia um rapaz de vinte anos, não parecia ser vinte anos mais velho que nós. Na minha opinião, porém, ele e Sam não eram nada parecidos, exceto pela cor do cabelo e pelos maneirismos. Ambos eram amigáveis e tinham um grande senso de humor, o que me fez pensar no fato de que os dois e Vic não faziam nada além de zombar um do outro alegremente.