Capitulo 3

Helena se aproxima dos rapazes parados na calçada bem no lugar que ela havia reservado para aluguel de bicicleta e turismo sobre duas rodas. Estava distraída quando observa um dos rapazes se virar em sua direção e qual a sua surpresa ao se deparar com o rosto de Bruno.

A loira sente sua face arder, tem certeza que naquele momento seu rosto havia se transformado em pimentão. "Controle-se, Helena", pensa enquanto chega mais próximo deles. A situação só piora quando Bruno sorri em sua direção, dizendo:

— Oi, namorada.

— Namorada? - Questiona Lucas sem entender nada.

— Olá, Bruno. - Responde Helena sem graça ajeitando seu cabelo atrás da orelha, disfarçando sua timidez.— Tudo bem?

—Namorada? - Reforça Lucas encarando o amigo.

—Estou bem e você? Como está depois do seu aniversário de...

—Namorada? - Repete Lucas sendo ignorado.

— Vinte e dois anos. - Responde Helena.

— Eu também fiz... faço ... quer dizer, eu também tenho vinte e dois anos. - Gagueja Bruno.

—Legal...- Solta Helena, sem jeito.

—Legal...- Repete Bruno encarando.

— Então Bruno, você não vai apresentar a sua nova namorada? - Pergunta Lucas chamando atenção dos dois.

— Que grosseria da minha parte. Lucas, essa é a Helena, ontem ela foi minha namorada por cinco minutos durante seu aniversário. Helena , esse é o Lucas um dos meus melhores amigos e trabalha aqui comigo na loja.

— Prazer. - Fala Helena sorrindo em direção a Lucas.

— Prazer é todo meu. - Fala Lucas antes de desferir dois beijos em cada bochecha da jovem que se surpreende. — Costume local.

— Okay... - Solta Helena sem graça. Ela se vira em direção a Bruno e continua:— Que coincidência você trabalhar aqui. Eu tenho uma reserva aqui...

— Ótimo, me acompanhe. - Fala Bruno dando passagem para Helena que entra na loja. Ele já vai segui-la quando Lucas segura em seu braço. — O que foi?

— Esqueceu da promessa que fez?

— Não, não esqueci.

— Parece que esqueceu, ainda mais da forma como está olhando pra essa garota. Vai quebrar a promessa?

— Bom, na verdade eu a conheci ontem. - Explica Bruno com um sorriso malicioso. — Então, tecnicamente não conta.

— Sei... muito esperto você. - Fala Lucas estreitando os olhos para o amigo.

— Ei, eu não ia imaginar que ela viria hoje... Digamos que foi apenas um golpe do destino..

— Golpe do destino? Você é foda.

— Relaxa, Lucas. Ontem ela conheceu a Suzana, provavelmente ela não está nenhum pouco interessada em mim. - Finaliza Bruno antes de entrar na loja.

Ele se aproxima do balcão acompanhado de Lucas e fica observando Helena que agora conversa com Jonathan. Era incrível o magnetismo que Helena tinha sobre ele, ainda mais quando sorria mesmo não sendo em sua direção.

— Localizei seu pacote. - Fala Jonathan trazendo Bruno de volta a realidade. — Pacote de sete dias ... aluguel de duas bicicletas. Está esperando alguém chegar, ou deseja que eu libere apenas uma bicicleta, Senhora Albuquerque?

A Fala de Jonathan desestabiliza Bruno: Helena era casada? COmo assim? Ela não tinha jeito de ser casada, nem ao menos aliança, ou será que ele não reparou? Em todo caso ele se esforça para enxergar a mão esquerda da jovem que está completamente vermelha:

— Não sou senhora Albuquerque. -corrige Helena, nervosa encarando Bruno sem entender o motivo de ter feito isso. — Quer dizer, era para eu ser a Senhora Albuquerque nesse momento, mas... Ahmmm ... Não sou. - continua Helena mostrando a mão esquerda sem aliança. — Enfim, teria como eu trocar esse pacote que fiz para uma lua de mel que não aconteceu?

— Claro. - Fala Bruno, aliviado. — Jonathan veja um pacote melhor pra ela ... para compensar...

—Olha, podemos oferecer um pacote com guia turístico e aí acrescentamos uma diferença...

— Sei, mas aí eu vou pagar mais? É isso? - Pergunta Helena, séria. Já não bastava a humilhação de estar ali sozinha , ainda teria que pagar a mais por isso.

— Não, na verdade Jonathan pode conceder o serviço de guia grátis. Eu mesmo prestarei o serviço para você. -Finaliza Bruno encarando Helena.

— Tá bom . -Fala Jonathan, nenhum pouco surpreso. Oferecer desconto era a forma de Bruno dizer que estava interessado na cliente, então o fato dele ter deixado de cobrar , só podia significar que ele estava muito interessado na jovem.

— Obrigada. - Agradece Helena, nervosa diante do sorriso se Bruno.

—Disponha. - Responde Bruno admirando Helena. Ele se apoia no balcão e continua: — Você gostaria de começar o passeio qual horário?

—Agora, se possível. - Fala Helena oferecendo seu melhor sorriso em seguida.

—Ótimo, gosto desse entusiasmo. - Elogia Bruno se virando para Jonathan. — Deixa minha agenda de hoje fechada para ela, sim?

— Está bem... Don Juan. - Responde Jonathan para o amigo.

— Então, vamos escolher sua bicicleta? - Propõe Bruno.

— Claro. - Responde Helena acompanhando Bruno.

***

Depois de escolherem as bicicletas ideais , Bruno deu uma aula para Helena com orientações para pedalar em segurança por Parati, mesmo as ruas sendo planas de uma maneira em geral, as ladeiras que existem são íngremes. Bruno ajeitava os cadeados nas bikes, enquanto Helena ajustava seu capacete na cabeça, quando o rapaz se aproximou e começou a ajudá-la tocando em seu rosto, a fazendo prender a respiração. Ela buscava entender o motivo pelo qual um toque de Bruno a fazia arrepiar dos pés a cabeça e a situação se agravava ao notar que ele sempre deixava um sorriso bobo perdido nos lábios. Ele apertava o fecho do capacete embaixo do queixo de Helena que se controlava para não morder seus lábios na frente de Bruno enquanto repetia o mantra " ele tem namorada" em sua mente.

—Agora sim, está pronta. - Comenta Bruno encarando Helena. Ele se afasta e então monta em sua bicicleta. —Preparada para o melhor passeio de sua vida?

— Sem dúvida. - Responde Helena se acomodando em sua bicicleta.

Os dois saem pedalando em direção ao tour preparado por Bruno. Em poucos minutos, pegaram a estrada de asfalto e seguiram ganhando velocidade e com toda segurança e orientação necessária. Bruno acompanhava Helena em todo momento, sinalizando por onde iriam, a hora de parar, etc. Desceram em trilhas, caminhos de terra e com pedras, do jeito que Helena imaginava que seria. Eles então pegam uma curta e estreita rua pavimentada dá acesso a uma pequena capela, que marca também o início de outra trilha curta e então eles pedalam mais cinquenta metros até chegarem à uma praia.

— A primeira parada é a Praia do Corumbê. - Avisa Bruno parando sua bike sendo acompanhado por Helena que observa a paisagem, admirada. — Essa primeira parada te permite um banho e observar toda essa paisagem sem pressa.

Helena desce da bike, prendendo em uma das árvores junto com seu capacete e caminha em direção a praia que é linda e possui águas bem calmas. Logo na entrada há um bar bem aconchegante e também uma piscina formada pela água represada de alguma cachoeira que deve ser bem próxima dali. Ela coloca os pés na areia enquanto observa o mar e os barquinhos ancorados, agradecida pela vista privilegiada. Bruno vem logo atrás contemplando a forma como Helena caminhava pela areia e depois correu em direção ao mar, jogando a água salgada para cima, igual uma criança que vê o mar pela primeira vez. Os cabelos da jovem voavam no ritmo do vento, então ela se senta sem deixar de olhar em direção ao mar. O rapaz então se aproxima e senta ao lado de Helena que o encara com um enorme sorriso.

— O que foi? - Ela pergunta ao notar que ele analisa cada canto do seu rosto, deixando a loira tímida.

— Nada... - sussurra Bruno que então pigarreia tentando consertar sua voz. — Quer dizer, há muito tempo que eu não vejo alguém ter uma reação igual a sua.

— Eu fiz mal em agir assim? Foi ruim?

— Não, imagina. Foi... bonito de se observar. - Responde Bruno, sendo sincero algo raro, pois geralmente ele preferia esconder sua opinião para conquistar suas clientes. Ele então aproxima sua mão no rosto da jovem que o encara, assustada, e então tira os fios loiros que estavam próximos dos lábios rosados de Helena, os conduzindo em direção a orelha. — Quem é você, Helena?

—Como assim? Quem sou eu? - Pergunta Helena, sem graça.

— Bom, eu sei que você quase casou, mas não sei o motivo de não ter se concretizado. - Explica Bruno.

— Você pergunta da vida de todas as suas clientes? - Questiona Helena, rapidamente. — O que a sua namorada pensa?

—Ex- namorada. - Corrige Bruno recebendo um olhar supreso de Helena. — E só pergunto daquelas que eu acho interessante saber.

—Eu não sou interessante assim.

—Eu discordo, Helena quase Albuquerque.

— É complicado... - Fala Helena. — E demorado...

— Temos bastante tempo, aliás coloquei meus serviços gratuítos para você. - Argumenta Bruno. Ele toca o ombro da Helena com o seu e continua: — Vamos lá, namorada, me conte o que número um fez?

—Por que acha que foi ele quem me deixou? - Questiona Helena.

—Por quê? Foi você quem largou? Uau, então realmente preciso saber o que aconteceu. - Fala Bruno, sorrindo.

— Está bem. Eu conto você, se... - Começa Helena estreitando os olhos para Bruno. — Eu ganhar de brinde a semana toda de aluguel da bicicleta e do guia.

—Hummmm... você é difícil hein?

—Sou, já que você está tão interessado na minha história... é assim que vai ser. - Decide Helena encolhendo os ombros. — Pegar ou largar.

— Okay, uma semana de serviços da Nilton's Bike. - Aceita Bruno estendendo a mão em direção à Helena que aperta. — Pode começar, mocinha. Porém, quero saber tudo.