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Capitulo 2

— Vem comigo para o Rio de Janeiro - sussurra Suzana antes de tomar os lábios de Bruno, pressionando o corpo do rapaz contra a cama, onde há pouco fizeram amor. Ela continua distribuindo beijos pelo rosto dele até chegar em sua orelha, onde mordisca o lóbulo sedutoramente, antes de sussurras mais uma vez: —Vem comigo... Você não vai se arrepender.

—Você sabe que eu não posso. - Fala Bruno acariciando os fios curtos de Suzana, conduzindo com seus dedos para atrás da orelha da moça. — Já conversamos sobre isso, meus pais precisam de mim aqui em Parati. Você sabe da situação da minha mãe... e o meu pai...

— Mas são apenas algumas horas daqui... São apenas seis horas... Você pode vir no final de semana... - Sugere Suzana intercalando suas palavras com beijos leves nos lábios de Bruno. — Passa o final de semana com eles...

— Da mesma forma que são apenas seis horas para você vir do Rio e passar o final de semana comigo aqui em Parati. - Rebate Bruno observando a insatisfação tomar conta do rosto de Suzana. — Não é tão simples né?

— Não disse isso, mas se é o que você deseja, eu faço. - Responde Suzana segurando o rosto. — Se você disser, eu fico. Só você pedir...

Bruno segura as mãos de Suzana , afastando de seu rosto e então força seu corpo, fazendo com que Suzana jogue seu corpo nú para o lado de Bruno,respirando fundo. Ela tenta se aconchegar nos braços de seu amado que a afasta delicadamente e então se levanta em direção ao banheiro. A loira fica escutando o barulho da ducha ser ligada e então se levanta com a ideia de tomar banho com ele. Ela se aproxima , beijando as costas de Bruno que se vira afastando Suzana mais uma vez. Ela bufa e então diz:

— Qual é o problema?

—Como assim? Problema? Estou tomando banho... – Fala Bruno se virando para a ducha.

— Não sei se você reparou, mas tem uma mulher nua dentro da ducha com você...

—Sim, reparei...

— E então? Não vai fazer nada?

—Suzana, nós acabamos de transar... – Argumenta Bruno desligando a ducha.

— E isso nunca o impediu de me dar um repeteco...

— Estou cansado. – Limita Bruno a responder antes de voltar para o quarto.

— Está cansado, ou já sou carta fora do baralho? – Pergunta Suzana caminhando atrás dele.

— Quê? Que história é essa agora? – Pergunta Bruno erguendo a sobrancelha.

—Isso mesmo. Eu nem fui embora e você já está colocando outra no meu lugar.

— Que lugar? Suzana, não temos nada. – Fala Bruno colocando sua bermuda.

—Como é? A gente está nessa há mais de um ano e você está me dizendo que não temos nada? – Questiona Suzana , irritada se vestindo.

— Suzana, eu sempre deixei claro que a nossa relação é pura e simplesmente casual e não evoluirá mais do que isso. Nada, além disso... – Reforça Bruno, sério. — Sinto muito se você criou expectativa com relação a nós.

— Sabe, eu aqui achando que você ia ficar mal por eu ter escolhido meu trabalho a ficar aqui com você... Que tola, eu sou!

— Eu torço pelo seu melhor, Suzana. Você sabe que tenho um carinho por você, mas é só isso... Acredite, eu não ficarei mal até porque eu não tenho nada a oferecer para você , nem para ninguém. – Explica Bruno. — Você merece alguém melhor do que eu. Merece alguém livre de qualquer obrigação e que vai trilhar o mesmo caminho que você. Só que essa pessoa não sou eu... Eu não posso me mudar para o Rio de Janeiro. Eu não posso te oferecer mais do que isso aqui. - Finaliza Bruno apontando para o seu próprio quarto minúsculo.

— Peça, Bruno. Peça que eu fique e eu fico. - Fala Suzana se aproximando de Bruno. — Fico aqui com você.

— Eu não pedirei, Suzana. - Recusa Bruno. — Na verdade , eu peço que você vá embora. Vá, aceite o emprego e seja feliz.

— Bruno, eu te amo. - Declara Suzana. — Não me afaste de você.

— Justamente por isso , Suzana, que você deve ir embora. - Fala Bruno caminhando em direção a porta. — Você está apaixonada por mim, mas eu não estou... Eu não sinto o mesmo que você.

— Você está sendo muito cruel agora. – Fala Suzana pegando suas coisas. Ela o encara e então diz: — Um dia você vai se arrepender do que está fazendo...

— Talvez, mas é melhor é assim. - Fala Bruno encarando Suzana enquanto abre a porta. — Acredite.

Ela se aproxima de Bruno e toma um beijo dele que não se esquiva. Suzana se afasta e então sai pela porta do quarto de Bruno que fecha com toda força, antes de voltar a se deitar em sua cama, respirando, aliviado... Essa foi por pouco.

***

As cortinas do quarto se abrem abruptamente deixando os raios solares invadirem cada canto do cômodo e tocarem o rosto de Bruno como um soco quente. Ele pisca os olhos rapidamente sem entender o que estava acontecendo, até associar a silhueta parada próxima a sua cama com o seu velho pai.

— Bom dia, meu filho . - Fala o pai de Bruno sorrindo em direção ao rapaz. — Vai ficar o dia todo na cama? Já passa das oito horas, daqui a pouco a loja vai lotar de turista.

— Bom dia para o senhor também, Seu Nilton. - Fala Bruno se espreguiçando.

— Seu Nilton? Dormiu de calça Jeans? - Pergunta Nilton encarando o filho. — A menina não veio pra cá ontem não?

—A Suzana veio... - Fala Bruno levantando e indo em direção ao guarda-roupa procurando seu uniforme. Ele veste a blusa e então pega a calça, jogando por cima do ombro antes de ir para o banheiro. — A gente terminou.

— Mais uma? Deixa só sua mãe escutar isso...

— Se é que ela lembrará da Suzana. - Solta Bruno de dentro do banheiro.

Respira fundo e conta até três já esperando seu pai aparecer na porta do banheiro com cara de poucos amigo. Bruno sabia que havia tocado em um assunto delicado: alzheimer precoce de Loreta, sua mãe. Ela foi diagnosticada há mais ou menos dois anos quando começaram a surgir os primeiros sintomas e hoje, mesmo não tendo cura, Loreta faz um tratamento para retardar o progresso da doença. Bom, Nilton jura que o tratamento está até revertendo o quadro mental de Loreta, mas para Bruno a mãe está cada vez mais perdida em sua mente:

— Pois saiba que hoje sua mãe lembrou perfeitamente o percurso da nossa caminhada matinal. - Argumenta Nilton parado na porta confiante. — Eu a deixe nos conduzir e ela fez certinho.

— Fico muito feliz, pai. - Fala Bruno antes de enfiar a escova de dente na boca.

— Não perca fé na sua mãe. - Pede Nilton. — Estou esperando você lá na cozinha.

***

Em questão de minutos, Bruno desceu e encontrou sua mãe na copa tomando café, enquanto sue pai ajeitava alguma coisa na cozinha. Ele senta ao lado de sua mãe que comia calmamente uma banana cortada por Nilton:

—Bom dia, mãe. - Fala Bruno para Loreta antes de tentar dar um beijo no rosto de sua mãe que recua a assustada.

— Você não pode me beijar, Niltinho... - sussurra Loreta para o seu filho. — Meu pai está bem ali na cozinha, pode nos ver... Não sei como ele deixou dormir aqui hoje.

—É porque choveu muito ontem, Loreta. - Mente Bruno entrando na história de sua mãe. — Prometo que não tentarei mais na presença de Aroldo.

— O que foi , filho? - Pergunta Nilton. Ele observa sua esposa e então seu filho. Ele estende a bolsa térmica em direção a Bruno e pergunta — Aconteceu algo?

—Nada, só estou falando para sua filha, Seu Aroldo, que tenho a melhor intenções com ela. - Fala Bruno encarando o pai.

—Isso mesmo, papai. - Afirma Loreta encarando o marido. — Niltinho é muito bom pra mim.

—Obrigado pelo elogio, Loreta. - Fala Bruno segurando a mão de sua mãe e acariciando devagar enquanto observa sua expressão mudar.

—Você não é o Niltinho, né? - Pergunta Loreta segurando o rosto do rapaz.

—Não, sou o Bruno, seu filho. - Corrige Bruno antes de beijar a testa de sua mãe. Ele pega a sacola da mesa e diz para o seu pai. — Bom, tenho que ir pra loja. Bom dia para vocês.

Bruno dá passos largos em direção a garagem, onde pega sua bicicleta e sai pedalando pelas ruas de Parati até a loja de sua família. A loja é de aluguel de bicicletas e pedalinhos e fica no centro histórico da cidade. A ideia do aluguel de bicicletas foi de Nilton, que aluga por hora, diária e pacote com mais de uma diária e desconto progressivo.

Porém, Bruno sempre teve o desejo de expandir os negócios para o turismo, oferecendo experiência personalizada para os turistas , incluindo ele como guia por algumas horas, até um roteiro mais completo durante alguns dias. Burno guia para praia, cachoeira ou outro lugar de preferência, enquanto Loreta preparava os lanches, snacks, águas e isotônicos. Porém, com a nova condição de sua mãe, isso ficou de responsabilidade de Nilton. Para suprir a falta do pai, Bruno convidou seus amigos, Gabriel, Lucas e Jonathan. Jonathan ficou responsável por controlar os pacotes, a contabilidade, enquanto os outros três fazem a parte do turismo e do atendimento ao cliente. Foi em um desses pacotes personalizados que se envolveu com Suzana, mas não só com ela, como com todas as turistas com as quais sentía atração. Porém, com Suzana ele foi além e diante de como tudo aconteceu, essa é a única coisa da qual se arrepende: não deveria ter misturado negócios com prazer.

— Mas eu entendo. - Fala Lucas terminando de ajeitar as bicicletas do lado de fora junto com Bruno. — A Suzana era gata demais! Impossível não resistir e não querer curtir.

— Pois é, eu também achei que ela tava curtindo, mas pelo visto ela queria algo mais sério. - Fala Bruno terminando de prender a última bicicleta. Ele se vira para Lucas e fala: — Mas quer saber, isso é uma lição pra mim...

— É como diz minha finada avozinha que Deus a tenha: onde se ganha o pão não se come a carne. - Fala Lucas depois de fazer o sinal da cruz.

—Pois é. A partir de hoje eu nunca mais misturarei negócios com prazer. - Fala Bruno, sério.

— Jura? - Pergunta Lucas arqueando as sobrancelhas.

—Juro. - Afirma Bruno.

— Que bom, pra mim. - Comenta Lucas , animado olhando por cima do ombro de Bruno . —Pois aquela gata que está vindo ali tá pra mim.

Bruno encara o amigo e então se vira devagar dando de cara com Helena caminhando na calçada.

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