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Capitulo 1

Parabéns pra você,

Nesta data querida,

Muitas felicidades,

Muitos anos de vida…

É pique , é pique,

É pique, é pique, é pique, é pique,

É hora, é hora,

É hora, é hora, é hora

Rá- ti- bum!

Helena, Helena, Helena!! - cantam animados os funcionários do restaurante árabe acompanhados pelos familiares da tímida aniversariante diante de seu bolo de chocolate com as velas que mais pareciam fogos de artifícios.

A celebração chama atenção das outras mesas, inclusive por Bruno que até poucos minutos discava pela vigésima vez o mesmo número em seu telefone. Ele sorri enquanto admira a jovem de cabelos loiros soprar suas velas.

— Com quem será...? - puxa um dos convidados ficando de pé.

— Ah não, Marcelo, por favor… - pede a aniversariante segurando no braço de seu convidado.

— Com quem será, com quem será, Com quem será que a Helena vai se casar…? - continua o rapaz sem se importar com as súplicas de Helena, sendo acompanhado pelos demais — vai depender, vai depender , vai depender se o…

Então os convidados pararam e se entreolharam, confusos. O rapaz da outra mesa observa as bochechas de Helena serem tomadas por um tom róseo, enquanto suas mãos exploram seus cabelos, colocando os fios atrás das orelhas. Ao que tudo indica , a aniversariante não tinha nenhum pretendente , o que causou uma estranha sensação de satisfação ao observador.

— Ei, você! - chama Marcelo atraindo atenção do rapaz.

—Eu? - questiona o jovem de cabelos castanhos, sem jeito.

—Sim, você mesmo. Venha aqui. - pergunta Marcelo.

—O que está fazendo? - questiona Helena, nervosa puxando o braço de Marcelo.

— Arranjando um pretendente para você, maninha. - respondeu sorridente.

— Marcelo! - repreende a senhora sentada ao seu lado puxando sua camiseta em vão.— Por favor, não faça com a sua irmã.

—Qual o seu nome? – Pergunta Marcelo.

— Bruno.

—Quer ser namorado de alguém por um “parabéns”? – Pergunta Marcelo a Bruno.

—Aceito. – Responde Bruno surpreendendo a todos da mesa.

Bruno se levanta cauteloso, nem ele mesmo acredita que aceitou fazer parte da loucura do outro rapaz. Os convidados se ajeitam nas cadeiras para dar passagem a Bruno que se aproxima da aniversariante que o encara com os olhos castanhos mais intensos que já vira em sua vida. Os olhos do rapaz não conseguem parar de analisar cada detalhe da jovem, desde as mãos se apertando nervosamente até os lábios entreabertos como se esperassem um beijo, algo que ele sente vontade controlável de fazer. Ele senta ao lado de Helena que automaticamente prende sua respiração ao ver o braço dele percorrer pelas suas costas até sua mão alcançar sua cintura. Seus cabelos entregam o tremor que percorria seu corpo naquele momento, pois algo em Bruno mexeu com ela de forma tão intensa... como se eles finalmente tivessem se encontrado.

— Prosseguindo... – Fala Marcelo atraindo atenção de todos, incluindo do “casal” — Com que será, com quem será que Helena vai casar? Vai depender, vai depender, vai depender se o Bruno vai querer ...Ele aceitou, ele aceitou... Lá na lua de mel, lá na lua de mel, tiveram um filhinho que se chamava Isabel.

Lá no carrossel, lá no carrossel, tiveram dois filhinhos que se chamavam Antônio e Emanoel.

Mas antes na roda gigante, lá na rosa gigante, ele teve um filhinho que se chamavam Dante.

Depois desse filhinho ele se separou...

Passou um mês, passou um mês, e se casaram outra vez!

— E chega! – Fala a mãe de Helena para Marcelo — Ou vamos ficar aqui cantando a vida fictícia de sua irmã a noite toda.

— Okay... – Resmunga Marcelo sentando novamente.

— Essa é a minha deixa. – Fala Bruno se levantando. —Obrigado pelo convite e parabéns. – Finaliza apontando para Helena.

Sem esperar qualquer resposta, Bruno se vira e caminha para fora do restaurante. Ele sentia que precisava se afastar o mais rápido possível deles, mas não conseguia explicar o motivo. Nunca havia se sentindo tão confuso assim. Ele já caminhava pela calçada admirando a noite estrelada que fazia quando:

— Bruno!

Bruno se vira e encontra Helena parada na porta com um embrulho nas mãos. Ela se aproxima devagar , ou talvez fosse apenas a sensação que o rapaz tinha ao observá-la.

— Desculpas pelo meu irmão. – Pede Helena encarando Bruno. Ela estende o pedaço de bolo em direção ao rapaz e continua: — Eu separei um pedaço de bolo para você... como forma de agradecimento por ter sido meu namorado durante cinco minutos.

— Obrigado. – Agradece Bruno segurando o embrulho e assim tocando levemente na mão de Helena.

Ele sente um leve choque com o toque e ela também, pois praticamente joga o pedaço de bolo na mão de Bruno dando dois passos para trás.

—Desculpa! – pedem os dois ao mesmo tempo que sorriem sem graça com a sintonia.

Seus olhos se encontram mais uma vez... Uma força percorria todo corpo de Bruno o fazendo dar dois passos para frente e se aproximar de Helena que dessa vez também não consegue se afastar. Seus corpos estão próximos a ponto da respiração de Bruno balançar a franja do cabelo de Helena que não consegue parar de olhar para ele enquanto seus lábios se entreabrem... A mão de Bruno se direciona para o rosto de Helena sendo acompanhada pelos lábios dele que se atrai como imã em direção aos dela que agora fecha os olhos esperando o desfecho natural.

— Oi, desculpa o atraso. – diz a voz atrás de Bruno que paralisa.

O rapaz se afasta de Helena e então se vira em direção a mulher de cabelos loiros atrás dele que observa os dois com certo interesse.

— Suzana! – Fala Bruno se aproximando dela. — Você veio...

— Pois é, tive um contratempo com o pessoal lá de casa. Sabe, fizeram uma despedida surpresa. Enfim... – explica Suzana analisando Helena de cima até embaixo. — Você não perdeu tempo...

— Pois é, como achei que você tivesse me dado um bolo, arranjei uma namorada por cinco minutos... Helena. – Fala Bruno apontando para Helena que dá um sorriso amarelo em direção a Suzana. — Helena, essa é a Suzana...

— A namorada de fato. – Completa Suzana estendendo a mão em direção a Helena que segura levemente.

— Prazer... – sussurra Helena totalmente desconfortável. — Bom, eu vou entrar... Ah... boa noite e divirtam-se.

Helena então se vira caminhando a passos largos para dentro do estabelecimento deixando o casal sozinhos. Ela volta para mesa pálida igual papel, algo que não passou despercebido por ninguém, muito menos por Marcelo que se aproxima dela, dizendo:

— E aí, conseguiu o número dele?

—Você é um imbecil, sabia? – Solta Helena, irritada.

— O quê? O que foi que eu fiz?

— Ele tem namorada. – Responde Helena tomando um gole generoso de refrigerante. — Você não deveria tê-lo convidado para se juntar a nós.

— Como é que eu ia saber que ele tinha namorada? Sabe , mana, nem todo mundo vem com uma placa na testa com o estado civil...

— De qualquer forma, já foi. Ele tem namorada e duvido que o verei novamente.

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