Capítulo 05
Cheguei no trabalho mais cedo que todos. No vestiário troquei minhas roupa pela farda, Beatriz ainda não havia chegado, isso me deixava desconfortável, uma vez que ela
é a única pessoa que eu converso nesse lugar. Fui para trás da bancada e fiquei lá com as outras meninas, minutos depois chega Beatriz, estava com uma cara de ressaca.
— Foi atropelada por uma manada de búfalos? Procure arrumar essa cara amassada. — Digo rindo da situação.
— O, ontem eu não tive noite.
— Por que?
— Preciso dizer, Alice? — Ela revirou os olhos, eu lembrei que ontem ela tinha me dito que teria um encontro.
— Você é uma tarada, Beatriz!
Vanessa entra na empresa pelas portas da frente, o que aquela mulher tinha de elegância tinha de arrogância. Logo que me ver atrás da bancada com cara de humilhada, ela vem até mim.
— Meninas, me deem licença, quero falar com a minha querida Alice. Hoje eu tenho um trabalhinho especial para você queridinha. — Disse procurando algo em sua bolsa.
— Mas hoje eu nem cheguei atrasada, senhorita Vanessa. — Digo de mãos atadas.
— Eu não estou nem aí, meu bem. Tenho muita coisa para resolver, então hoje você irá buscar alguns ternos do Dante na lavanderia. — Logo após ela mostra um sorriso cínico. — Este é o endereço, busque e me entregue assim que me ver.
Ela me entrega um papel.
— Esse endereço... é muito longe. — Digo com os olhos arregalados. — Vai dar uma fortuna de táxi.
A ruiva revira os olhos.
— Pegue um táxi — ela abre a carteira e estende umas notas para mim —, está aqui o dinheiro. Quero que seja rápida, meu bem. — antes De sair ela abre um sorriso largo — não se preocupe, pode ficar com o troco.
Vanessa saí do salão e entra no elevador, eu olho para Beatriz que bufa atrás de mim.
— Essa mulher é tão... repugnante. — Disse quase sussurrando. Até mesmo ela tinha medo de Vanessa.
— Bem, vou logo, antes que ela fique com mais raiva de mim.
— Toma cuidado e tente ser rápida.
Pego um taxi e vou para a lavanderia. Até mesmo o local onde ele lavava as roupas era extremamente chique, meus olhos nunca tinham admirado tanta beleza em um simples lavador.
Me direcionei a uma senhora que estava falando ao telefone.
— Com licença eu vim pegar as roupas da senhorita Vanessa. — Digo sorrindo.
— Você diz a assistente do senhor Dante? — A mulher deliga o telefone. — Ela me avisou que você viria.
Fico observando a decoração do ambiente novamente enquanto ela vai buscar as roupas. A mesma mulher vem com várias roupas em cruzetas cobertas por um pano escuro.
— Cinco pares de ternos, lavagem a seco, engomadas perfeitamente. Tudo para o nosso melhor cliente.
Dou gargalhadas do que ela falou, foi de uma forma tão descontraída que me deixou mais feliz em ter vindo buscar as roupas. Mas de qualquer forma, ela olhou para mim com as sobrancelhas franzidas.
— Obrigada, moça. — Indago pegando as roupas.
Entro no táxi novamente e volto a empresa. Considerando que o tráfego estava calmo, cheguei rápido. Saio do taxi e corro, vejo o senhor Dante entrando na empresa. Minha única reação foi colocar as roupas na minha frente para que ele não me visse, seria meu fim, Vanessa acabaria comigo como se eu não fosse nada. Me atrapalho e escorrego no degrau, caio no chão como um saco de batatas. Tento não pensar em quantas pessoas estavam olhando para mim.
Sinto uma mão no meu braço.
— Você está bem? — Dante pergunta assim que me ver caída no chão.
— Estou bem, mas com muito vergonha. Eu sou um desastre!
Ele me ajuda a levantar segurando no meu cotovelo, meu corpo todo vibrou com seu toque aveludado.
— Venha. — Ele me puxa, eu nunca estive tão próxima dele como agora.
Sinto uma forte ardência no joelho, para completar minha desgraça, machuquei o joelho.
— Você se machucou, quer ir ao hospital? Eu a levo.
— Não, só quero entrar, estou com vergonha. — Olho em volta — as pessoas estão todas nos olhando.
— Está bem, venha. Vou fazer pelo menos um curativo. — Ele continua me segurando, mas agora passou seu braço ao redor de minha cintura. — Peguem essas roupas que estão no chão. — Ele diz aos seus seguranças.
Nós entramos e passamos pela recepção, eu queria afundar meu rosto no meu pescoço quando as meninas olham para mim boquiaberta.
— Aonde você está me levando? — Pergunto.
— Vou limpar sua ferida. Vamos aos fundos.
Caminhamos até a parte permitida aos funcionários, ele abre uma porta, eu nem fazia ideia de que tinha um lugar como este aqui. Ele faz um sinal para que eu me sentasse em cima da mesa que faziam refeição, me sento e olho o ferimento que ficou em meu joelho, se o meu chefe irresistível não estivesse procurando algodões para me ajudar, provavelmente estaria ardendo.
— Por que saiu em horário de trabalho? — Ele traz uma maleta de prontos-socorros.
Ele toca minha coxa buscando algum apoio, eu quase soltei um espasmo.
— A senhorita Vanessa me mandou buscar sua roupa — ele começa a passar algodão com algum líquido estranho no meu joelho, era algo verde, logo que ele passou ardeu muito. — Agora está doendo mais do que antes.
— Isso é para desinfetar, pare de ser tão reclamona. — Ele continua passando aquilo na minha perna — e por que a Vanessa lhe mandou buscar as minhas roupas, o que você fez?
Ele aperta minha coxa levemente, foi o suficiente para uma onda de calor passar pela minha espinha.
— Eu não sei, eu cheguei cedo, e ela me mandou buscar as roupas. — Viro minha cabeça para cima e fito o teto branco, mordo o lábio inferior tentando não focar na sua mão em mim.
— Eu vou resolver isso com ela. — Ele falou sério.
— Não, deixe isso para lá. Não quero que ela fique com mais raiva de mim, por favor senhor Dante.
Ele me encara, parecia estar pensando. Eu percebia seus dentes cerrando um no outro, fazendo com que seu maxilar ficasse ainda mais marcado.
— Tire o dia de folga, volte amanhã e essas coisas não irão mais acontecer. — Indagou em um tom compreensivo, me senti uma criança com a forma que ele me tratava.
— Eu posso continuar, foi apenas um arranhão. — Digo analisando o arranhão em meu joelho.
— Não, eu insisto. Vou pagar um taxi para você, descanse, Alice.
"Alice, Alice...", como eu gostava de ouvir meu nome em sua boca. Ele faz até um nome simples como o meu virar poesia.
— Já que o senhor insiste.
Tento descer da mesa, mas estou com dificuldades pois eu era baixa demais. Ele passa seus braços ao redor da minha cintura e me deixa no chão, nossas respirações se cruzaram. Nos encaramos, meu estômago revirou, aqueles olhos estavam devorando minha alma, sua expressão séria me causava calafrios, aflorava minha intimidade. Dante ainda estava com o braço ao redor da minha cintura quando seu celular vibrou nos trazendo a realidade. Ele voltou a piscar e me largou no chão, não sei como tive forças para ficar de pé.
— Tenho que atender. Vá para casa, Alice.
Ele saiu me deixando completamente envergonhada. Por que eu estava me sentindo assim perto dele? Dante era realmente tudo isso que as meninas falavam? O fato é: eu nunca tinha me sentido tão atraída por alguém.