Capítulo 03
Depois de um longo dia de trabalho exaustivo, fui para casa tarde da noite, eram 22 horas quando cheguei em casa. A noite parecia mais escura quando Sean estava em frente à minha casa, ele e os seus amigos costumavam ficar lá quando iam me cobrar. Dessa vez não foi diferente.
Procurei pelas minhas chaves na bolsa com as mãos trêmulas, assim que as peguei, elas caíram no chão. Abaixei para pegar, mas já era tarde, ele já estava a minha frente. Levantei, mas sem olhar para o rosto dele.
─ Meio tarde, não acha? ─ a voz rouca dele me dava náuseas.
─ Estava trabalhando.
─ Ótima notícia, assim você me paga o que deve.
Sean quebra a barreira entre nós, eu me afasto.
─ Alice, eu gosto de você, mas já tem dois meses que você não paga. ─ ele umedece os lábios e tira o cabelo que tinha no meu rosto com a ponta dos dedos ─ não esqueça que temos notícias a tratar.
Eu estremeci com o toque dele. Ele se aproxima mais vez, eu vou para trás, mas minhas costas já colidem com a porta de casa.
─ Anne está andando tarde da noite ultimamente... ─ ele fala com uma voz manhosa.
─ Eu vou pagar a droga do seu dinheiro!
Ele sorri.
─ Você tem até o final desse mês.
Sean some da minha varanda.
Eu abro a porta rapidamente e tranco com as mãos gélidas. Meu peito descia e subia com força, aquela fora a primeira vez que ele invadiu meu espaço pessoal e me ameaçou desta forma.
Engulo a seco.
Ele podia mexer comigo, mas com a minha irmã? Sean não era confiável, eu tinha que proteger minha irmã
.
─ Parece que Anne já está dormindo. ─ digo a minha mesma sussurrando.
Ainda bem que Anne não viu essa cena, ela não merece isso
Vou até a cozinha beber água, pego um copo tiro água do filtro e bebo, me vem umas lembranças do quase orgasmo que tive hoje apenas de olhar para meu chefe, ainda estou tentando me recuperar.
─ Chegou tarde. ─ Annie entra na cozinha me assustando.
─ Que susto! ─ digo com uma das mãos no peito.
Ela pula em minha direção com animação.
─ E como foi o primeiro dia?
─ Foi exaustivo, ficar de pé não é mais fácil. Meus pés estão me matando. ─ digo tirando meus sapatos.
─ Você quer uma massagem ou jantar?
─ Não, estou bem. Você já deveria estar dormindo, Annie.
─ Resolvi esperar por você. Estou contente!
─ Eu sei irmãzinha, agora vamos dormir.
Dou um beijo sua testa e subo para meu quarto. Tomo banho visto minha camisola de velha e durmo.
No dia seguinte o despertador toca às 5:00, não sou do tipo que fica enrolando na cama pra acordar. Me levanto de uma vez e vou direto para o banheiro, faço o básico e visto logo uma roupa social, arrumo os cabelos e faço a maquiagem cujo Beatriz mencionou. Desço e vou para para a cozinha, Anne estava sentada tomando café pronta para ir à escola.
─ Bom dia, fiz panquecas e ovos fritos.
Sento a mesa enquanto ela me serve um prato com ovos.
─ Hum, está aprendendo a se virar. Estou orgulhosa.
Ela sorrir.
─ Você faz tanto, queria lhe ajudar em algo.
Dou um beijo em sua cabeça.
─ Você já me ajuda mais do que deveria.
Saio de casa e vou para a estação, eu não sabia que demoraria tanto para o metrô finalmente passar. Observei o relógio e eu me atrasaria minutos, mas já seria algo ruim de se fazer no segundo dia de trabalho. Eu corri até a empresa, entrei pelos fundos e fui direto para os vestiários, vesti meu uniforme e andei até a bancada, mas durante o percurso fui apanhada.
─ Você, está atrasada! ─ a mesma mulher que estava com o meu chefe me intervém.
─ Me desculpe, o metrô atrasou...
─ Isso não é problema meu. ─ ela olha para mim com os olhos cerrados ─ Você não é a nova recepcionista?
─ Sim, sou eu mesma.
─ Está demitida! ─ disse sem pestanejar.
Meu olho enche de lágrima, mais uma vez, não podia ser.
─ Por favor, não faça isso, eu só me atrasei poucos minutinhos.
Ela me observa com um sorriso maldoso no rosto, ao mesmo tempo parecia me olhar de forma superior.
Eu seguro minhas lágrimas.
─ Esse empreguinho vale tanto assim para você?
─ Por favor, não faça isso. Eu faço o que quiser!
Der repente um brilho estranho surge em seus olhos azuis.
─ Isso é muito interessante... ─ ela diz me olhando da cabeça aos pés. ─ Eu tenho um serviço especial para você, qual seu nome?
─ Me chamo Alice, senhora.
Meu broche de funcionaria, segundo Beatriz, ainda estava sendo feito. Hoje eu o pegaria, se não fosse demitida.
─ Dante me pediu para limpar a sala dele. Esse serviço será especialmente seu, limpe corretamente e tudo antes de ele chegar. ─ antes de sair ela diz ─ não mexa em nada, caso contrário, custará sua vida.
─ Claro, senhora!
Saí em disparada para buscar os produtos de limpeza. Coloquei tudo dentro de um balde e fui para a escada de serviço. Eu já estava suada de subir tanto degraus. Entrei pela porta dos fundos. Adentro a sala, tudo era impecável. Na sua mesa, haviam vários papéis, uma cadeira grande estava do outro lado, um computador da Apple. Aquela sala valia mais que minha vida. Várias garrafas de vinho nas prateleiras, troféus e porta-retratos com fotos gigantescas. Ao lado de três senhores estava a foto de meu chefe, com uma expressão séria.
Abri meus lábios automaticamente quando olhei para as sobrancelhas escuras e bem preenchidas dele, os cabelos escuros davam um belo contraste com seus olhos verdes. Embaixo havia escrito seu nome em dourado: Dante Angnel de Castro, em alto-relevo. Então esse era seu nome?
Comecei a limpar, observo as prateleiras, as garrafas me chamam mais atenção, com toda certeza eu nunca tinha visto aquilo na minha frente, valiam fortunas. Eram todas de formas diferentes, mas sempre tinham escrito: Angnel's, também em alto-relevo. Passo a ponta dos dedos em uma delas, parecia que eu podia senti-lo.
Peguei o espanador e continuei tirando a poeira, não estava tão sujo quando eu imaginava. No fim, falta apenas tirar uma mancha do chão, peguei o pano úmido e me coloquei de joelhos no chão. A manchas era insistente, mesmo com eu usando toda minha força, ela continuava lá.
─ Quem é você? ─ uma voz masculina diz atrás de mim.
Eu me viro abruptamente, quando vejo Dante olhando para mim com o cenho franzido eu caio para trás. Ele vem me ajudar de imediato.
─ Perdoe-me se te assustei ─ ele estende a mão para mim, quando pego, sinto uma onde elétrica passando pelo meu corpo. ─ essa não foi minha intenção.
─ Senhor... Desculpas, eu... limpar. ─ fiquei tão nervosa que minha voz saiu trêmula, e tudo embaraçado.
Ele me olhou confuso.
─ Me desculpe, não entendi.
─ Desculpa, a senhorita Vanessa me mandou limpar sua sala. ─ digo de cabeça baixa.
─ Eu já entendi isso. ─ fala ele ainda com uma das sobrancelhas arqueadas. ─ isso não era para ser serviço seu, mas bem. Pode continuar o que estava fazendo.
Ele se aproxima de mim, o que vai fazer? Eu vou morrer.
─ Com licença, mas preciso da minha mesa para trabalhar. ─ ele sorri mostrando todas suas covinhas.
─ Ó, sim, perdão. ─ saio do seu caminho e tento continuar limpando com a presença dele na sala.
Não sei se estou ficando maluca pelo nervosismo, mas me pareceu que ele me olhava as vezes, seria estranho alguém como ele olhar para alguém como eu.
─ Senhor Dante, me chamou? ─ Vanessa entra na sala e me metralha com os olhos.
─ Sim, eu quero conversar com você sobre isso, mais tarde. ─ Ele falou tão sério que eu fiquei ainda mais desconcentrada.
─ Sim, senhor. ─ Vanessa diz.
─ Ótimo. Agora você, senhorita? ─ ele procura pelo meu broche, mas infelizmente eu ainda não estava com ele.
─ Alice, senhor. ─ digo.
─ Pode nos deixar a sós? E seu salário será aumentado esse mês por conta disso. Sinto muito.
─ Não precisa. ─ pego meus utensílios de limpeza, mas antes que eu saísse da sala, vi o olhar de reprovação vindo de Vanessa.
Ele apenas umedece os lábios e eu fecho a porta deixando os dois.