Capítulo 4
“Ash!” exclama um armário com portas coloridas, completo com sapateira e todo o conforto.
-Olá Travis. Nesse tempo? Você está bem esta noite?
- Casa cheia, como sempre. Mas hoje é noite de aula, todos estão animados.-
-Eu imagino. Então cara, você pode nos deixar entrar? Somos importantes demais para ficar na fila, nós.-
-Você realmente não é ninguém, mas considerando que já salvou minha pele algumas vezes, eu lhe devo. Entre.- Diz o homem, soltando a corda que segura o resto dos meninos na fila. Você provavelmente não conseguiria terminar metade com isso. Gritos e insultos vêm de alguns, mas não creio que estejam dispostos a descontar no goleiro. Caminhamos por um longo corredor vazio com paredes descascadas, iluminado apenas por algumas luzes penduradas desprotegidas, mas à medida que nos aproximamos, começamos a ouvir as notas de uma daquelas músicas amigas do strip-tease bombeando com uma força incrível. Ainda não descobri se isto é um pub ou uma boate, mas de qualquer forma, se são mulheres nuas, estou começando a me fazer cócegas.
-Se tivermos sorte, hoje também pegaremos a Barbie.- Ashton exclama daqui a pouco. Sim Ashton.
"Esse é realmente o seu nome?" Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas. Se fosse esse o caso, eu agora não teria dúvidas de que isto é um clube de strip e que esses dois me arrastaram até aqui só para me fazer chorar ainda mais pela minha perda. Pelo menos eu poderia desabafar esta noite e foder algumas garotas bonitas.
-Não.- Ele responde rindo, como se tivesse feito algum tipo de piada. Ele olha para minha cara séria e imediatamente se recompõe. –Ninguém sabe o nome dele. Esta é apenas a Barbie porque... caramba, ela é uma loira bombástica! Olhos azuis, peitos explosivos e uma bunda que faria até um nonagenário se levantar sem tomar nenhum comprimido azul.-
-Então eu tenho que te conhecer antes de ser acorrentado.-
- Cara, você não pode tocar nisso. Ela nunca namorou ninguém que frequenta este clube.-
-Porque você ainda não me conhece.- exclamo com convicção. Se tem uma garota difícil de conquistar, é a minha. Os sorrisos de Lucas não são suficientes para eles. –Na verdade, vamos fazer outro pacto. Está aí?-
-Um trato? Felex, acho que você já está ferrado, não piore a situação.- meu amigo exclama rindo. Você nem imagina como minha situação pode melhorar.
-Estou falando sério.- Eu o bloqueio pelo braço. –Se eu conseguir o número dessa loira impossível, você me livra da outra aposta.-
-E se ele não der para você?-
-Nos vemos.-
-Bom. Me sinto bem hoje, então se ele não der para você, não importa. Você não vai conseguir de qualquer maneira.- Ele diz convencido. Vejo esse desafio em seus olhos, mas também uma certa incerteza que me faz sorrir e me dá ainda mais energia. Quer dizer, só preciso cortejar essa linda garota até que ela concorde em me dar o número dela. E talvez, se tiver sorte, posso até levá-lo a algum lugar para um purê rápido. Vejo a sala no final do corredor, atrás de uma porta aberta. Caminhamos até a porta e entramos, abrindo caminho por entre as pessoas aglomeradas. “Gasolina” de Daddy Yankee sai dos alto-falantes em uma altura absurda e além da multidão, no que penso ser um palco, uma morena e uma ruiva atrás balançam seu lado b sem restrições, mas reconheço que estão muito disfarçado para ser um clube de strip. Não vejo o balcão para tomar uma bebida e sigo Ashton enquanto ele se dirige para uma mesa vazia.
- Vou ao balcão. O que você quer? - Ash nos pergunta. Esqueça! Eu tenho que ir buscar meus ganhos.
“Onde está a loira?” pergunto em resposta. Não tenho tempo a perder se quiser sair da confusão em que me meti.
-Normalmente serve no balcão.-
-Então vou embora.- Não deveria parecer inseguro. A primeira coisa que essas garotas entendem é se você está com vergonha ou em dúvida. Eu não deveria duvidar, senão esqueço o número dessa Barbie. Aceito as ordens dos meus amigos e abro caminho entre a multidão gritando e babando por volta das duas horas no palco. E eles realmente babam. Como Ashton me explicou, não se trata do palco, mas do balcão em si. Desde quando você dança em um balcão? Os oculos? Clientes? Como eles fizeram isso? Terei todas as minhas respostas em breve, só preciso chegar à maldita mesa. Um homem de 45 quilos excessivamente animado é empurrado e consigo encontrar um assento improvisado no que parece ser exatamente o que eu estava procurando. As sapatilhas ficam do outro lado, então posso fazer o pedido com facilidade, embora deva admitir que não teria me importado de estar lá para ver toda a bondade escondida sob aquelas saias minúsculas. Examino meus olhos atrás do balcão, procurando pela garota que tenho que seduzir, e não demoro muito para encontrá-la. Ela está por trás preparando alguma coisa, mas seu bumbum está coberto demais pela saia para entender se é tão lindo quanto dizem. Ela se vira e eu olho para ela com atenção. Ela deve ter mais ou menos a minha idade e admito que é muito bonita, mas pela forma como o menino a descreveu para mim, eu estava pensando em algo muito mais intrigante. Os olhos não são azuis, mas verdes, e os seios não me parecem tão “explosivos”. Apesar de tudo, porém, ela é uma bela presa e, para quem já flertou com a garçonete, é óbvio que a considera inatingível.
"Olá, loira", grito para chamar sua atenção. Vejo uma morena caminhar até o balcão e parar bem na minha frente.
-Diga-me querido.-
-Mas na verdade eu...- tento dizer sem ser muito rude.
-Piccolo, você não está aqui para flertar com os bartenders, você está aqui para beber e dançar então peça para entrar ou sair da boate.- Direto e sexy. Ele coloca seus longos cabelos atrás das costas e coloca as mãos no balcão, como se estivesse tentando me assustar com sua atitude de durão.
-Um whisky suave com gelo, uma cerveja e um Martini seco.- Ele pediu, ainda chocado com a atitude da garota. Pegue uma garrafa de uísque e comece a encher um copo.
“Boneca, faça um Martini seco para mim.” Ele grita para alguém que está atrás do canto do balcão e que não consigo ver. Enquanto isso, a loira atende os outros clientes sem sequer olhar para mim. O garçom que pedi sai e desaparece na esquina onde a ouviu gritar pedindo o Martini. Ela é bonita também. Seios bonitos, físico de modelo, mas sem bunda. Mesmo escondido pelas dobras da saia dava para entender que o bumbum não existia ali embaixo. Assim que retorna, ele coloca meus pedidos em uma bandeja e a coloca na minha frente.
-Devo trazer?-
-Parece que vou trazer para você?-