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Meu coração se agita em tensão

Meu coração se agita em tensão quando percebo que ele olhava a minha boca como se fosse a coisa mais interessante que ele já tinha visto. Corri a mão pelo meu cabelo e olhei ao redor constrangida por seu olhar.

—Você tem algum namorado? Alguém que você se relaciona? —Eu quase engasguei com a água por causa da natureza de sua pergunta.

Eu olho para ele.

—Não. — Ergo meu queixo me sentindo corajosa. —Por quê?

Ele sorri de forma apreciativa.

—Ótimo. Esse cargo que você ocupará não permitirá que você tenha compromissos fora, nem com ninguém.

Eu respiro fundo tentando entender aonde ele quer chegar com tudo isso. O que ele vai me propor?

—Você tem parentes? —Uma nova pergunta.

Com o coração agitado respondo:

—Não, sou só eu.

Ele me olha pensativamente.

—Eu andei te investigando. Descobri que tem uma grande dívida no São Marcos.

O quê? Meu coração dá um salto no peito e minhas mãos tremem.

Por que me investigar? Por que diabos ele precisava saber disso?

—Sei que está confusa, mas tive que entrar na sua vida para saber com quem eu estava lidando.

—Então deve saber tudo sobre mim. Por que me perguntou se tenho namorado ou parentes?

—Para você entender que se aceitar o que eu vou te propor, sua vida sentimental será zero. Amigos, parentes, tudo deve sumir nesse momento. Você se dedicará exclusivamente ao seu cargo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Ele está completamente à vontade, enquanto ele olha curiosamente para mim; e eu estou à beira de perder minha mente.

Que proposta é essa? Por Allah!

Ele continua:

—O que tenho a propor a você é algo inusitado. Diferente de tudo que você já ouviu, por isso eu preciso de sua total discrição. Primeiro você terá que me prometer que esse assunto não sairá daqui!

Meu coração se agita no peito, eu me sinto dentro de um plano sórdido ou diabólico.

—Tudo bem. Nunca ninguém saberá dessa conversa.

—Você entende que se sair esse assunto dessa sala, sou poderoso o suficiente para fazer da sua vida um inferno?

O tom de sua voz não é amigável, e as palavras não fazem com que eu me sinta melhor. Eu coloco a garrafa em cima da mesa disposta em frente ao sofá e o encaro.

—Você está me ameaçando?

Nada na expressão fria de Rashid muda.

—Estou sendo prático. Só quero que entenda que precisará cumprir sua palavra, senão terá consequências.

Eu estou cansada, com fome e não vejo a hora de ouvir o que ele tem para me dizer e sair dali.

—Eu prometo. Pode ficar tranquilo.

—Ótimo. Preste atenção. Ouça primeiro uma história que eu vou te contar. Eu pertenço a uma família tradicional americana. Embora meus avós fossem libaneses, não carregamos os costumes. Todos meus irmãos se casaram, só sobrou eu, o solteirão da casa. Eu tenho sido um desgosto para meu pai. Ultimamente ele tem tido muitos desgostos, principalmente quando meu irmão largou tudo para ser professor numa cidade pequena. Por eu dar continuidade nos negócios da família, sou o mais cobrado também. Ele não vê a hora que eu me case. Só que o sonho dele é que ela seja uma mulher de nossas origens e aí que você entra.

Hã? O quê? Por quê? Onde? Como?

—Como eu poderei ajudar? Eu não conheço ninguém das minhas origens de alto poder aquisitivo para te ajudar?

Rashid soltou o ar com angústia.

—Meu pai está morrendo. Ninguém sabe. Nem meu irmão, nem minha irmã. Só eu. E eu sei porque ele me contou, porque no fundo ele quer que eu me mexa, resolva a minha vida antes que ele morra.

Eu solto o ar também angustiada e ao mesmo tempo muito nervosa.

—Desculpe-me, Rashid. Mas aonde eu entro nisso tudo?

—Eu quero que você seja a minha namorada de mentira e futura noiva.

—O quê? —Eu arregalo os olhos e pergunto alto, como se não tivesse escutado direito. Meu coração bate erraticamente.

Rashid se inclina, seus lábios curvando-se em um sorriso pela minha reação.

—Eu preciso de alguém para bancar a minha futura noiva, e você vai servir.

Eu estou perplexa com esse tipo de proposta. Só alguém frio como ele para propor algo assim.

—Você quer enganar seu pai?

Rashid parece irado com a minha pergunta.

—Eu quero vê-lo feliz. Quero que ele se sinta realizado nesses últimos momentos. É só isso que precisa saber. Eu estou fazendo o melhor para ele. Quero que ele pare de se preocupar comigo.

Eu me levanto, me sentindo nervosa.

—Não sei.

—Sente-se e me ouça. —Eu o encaro indecisa e me sento novamente. Olho para ele com a respiração difícil. — Para começar, você não está em condições de rejeitar. Eu vi onde você mora, eu sei o quanto deve. Eu pretendo pagar tudo, todos os gastos que você teve com seu irmão no hospital e pretendo te tirar daquela espelunca. Vou te ajudar com uma boa quantia em dinheiro quando seus serviços terminarem. E todas as joias que receber serão suas.

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