Capítulo 8: Talvez sejam vocês que deveriam sair
O rosto delicado de Nora ficou extremamente vermelho, seus olhos enfurecidos, quase como se quisesse esmagar o bracelete.
- Veja, isso nem é seu, e mesmo que o usasse, só faria você se envergonhar. - Cheyenne zombou dela.
Malaya ficou preocupada ao ver a pele do pulso de sua filha vermelha e delicada. Ela segurou a mão da filha e disse:
- Minha querida, essas mãos são feitas para tocar piano e pintar, o que faremos se você se machucar?
Ao ouvir isso, George também ficou com o rosto escuro.
- Cheyenne, você não poderia ser mais generosa e apenas dar o bracelete a Nora? Por que fazer um grande problema disso? Ela é sua irmã!
- Irmã? Minha mãe só me deu à luz! - Cheyenne exclamou. - E Nora, que roubou minhas coisas e transformou meu quarto, que tipo de irmã é ela?
Que tipo de irmã como aquela ninguém precisava.
Cheyenne era tão arrogante e dominadora quanto sempre foi, o que explicava por que Kelvin a rejeitou.
- Eu tirei, então aqui está o seu maldito bracelete de volta! - Nora disse, respirando fundo. Com esforço, ela finalmente conseguiu retirá-lo do pulso e o empurrou para Cheyenne.
Cheyenne olhou para ela, seus olhos estreitos e frios.
- É apenas o bracelete? Vocês me devem muito mais do que isso!
- O que mais você quer?
- Meu quarto de volta, com todos os meus pertences. Se vocês não se lembram, posso sempre pedir ao meu avô o inventário do dote.
Família Edwards, embora caída em desgraça, ainda mantinha sua reputação.
O avô materno de Cheyenne, Layne Edwards, era uma figura notável, não apenas como empresário, mas também como um renomado conhecedor de arte.
Os objetos antigos que Selah trouxe para o casamento foram selecionados por ele e havia um inventário detalhado.
Na próxima semana, Nora participaria de um prestigioso concurso de pintura. O vencedor receberia um convite para a Real Faculdade de Artes em Briyra, uma instituição de renome mundial. Nora estava determinada a ganhar uma vaga lá.
Sr. Layne era um dos juízes do concurso. Se ele descobrisse que ela havia usado as coisas de Cheyenne, ela teria sérios problemas.
Nora imaginou o constrangimento que enfrentaria e seu rosto ficou sombrio. Ela olhou ansiosamente para Malaya, cujo coração estava quase despedaçado.
Será que ela realmente teria que pagar essa grande quantia a Cheyenne?
- Bem... Cheyenne, você sabe que esteve fora por mais de um ano. - Malaya começou a tentar explicar. - Isso é muito repentino, me dar um tempo para organizar as coisas seria ótimo.
- Uma semana. Eu só lhe dou uma semana para resolver isso. Começando agora, comece limpando meu quarto! - Cheyenne permaneceu com os braços cruzados na entrada, apreciando a expressão aflita de Nora.
Porra, aquela sensasão era realmente divertida..
George soltou um suspiro. Isso já estava se tornando um grande problema. Ele estava cada vez mais descontente com Cheyenne, sua filha que se tornava cada vez mais difícil de lidar.
- Está bem, vou chamar alguém para te ajudar com isso. - Malaya respondeu em voz baixa.
Enquanto lá em cima todos faziam barulho, o jovem que havia acabado de voltar para casa ficou irritado com o barulho.
- Mãe, o que está acontecendo? Por que tanto barulho?
No sofá, Nora estava soluçando baixinho.
A atmosfera na casa estava extremamente tensa, o ar parecia congelado.
Em contraste, uma mulher usando um longo vestido preto estava sentada de pernas cruzadas, exibindo uma postura preguiçosa e elegante. Seus cabelos castanhos eram cacheados e espalhados atrás da cabeça, com apenas um laço de cabelo vermelho vinho, que reluzia sob a luz, conferindo-lhe uma aparência sedosa.
Ela parecia uma fada, capaz de hipnotizar qualquer um que a visse.
Esta era Cheyenne?
Havia muito tempo que não a via, e ela parecia ter mudado drasticamente.
- Sean, você voltou? - Malaya percebeu a chegada dele e rapidamente reprimiu o sorriso amargo de seu rosto, forçando uma aparência gentil.
Ele era o filho de Malaya e George. Ele era três anos mais novo que Nora, tinha dezoito anos e cursava o último ano na Escola de Ensino Médio Solar. Seu desempenho acadêmico... Bem, deixava a desejar.
Ele era conhecido por ser um pequeno valentão. Com dezessete anos, ele já tinha um metro e setenta e cinco de altura, um rosto delicado que lembrava personagens de mangá, mas, infelizmente, ele costumava se envolver em confusões e agir de forma egoísta.
Cheyenne não gostava nem um pouco dele, e o sentimento era mútuo. Um ódio recíproco.
Assim que viu sua mãe parecendo triste e ouviu os soluços de Nora, Sean rapidamente percebeu o que estava acontecendo.
Ele deu um passo à frente e gritou com Cheyenne:
- Cheyenne, você está intimidando minha mãe e minha irmã de novo?
Sua voz era alta o suficiente para machucar os ouvidos.
Cheyenne estendeu a mão de forma preguiçosa e massageou seus ouvidos doloridos.
Seus olhos se estreitaram quando olhou para Sean.
- Eu não sou surda e posso ouvir. Você não precisa gritar comigo. Se sua mãe e sua irmã têm coceira no pescoço e estão fazendo barulho, por que deveriam me culpar?
Nora, que estava chorando, parou de imediato.
Ela a olhou com raiva, percebendo que, se chorasse mais, seria a “comichão no pescoço” mencionada por Cheyenne.
Ela apertou os punhos, e suas unhas cavaram em suas palmas, causando-lhe uma dor intensa. Nora deu um arrepio e retirou as unhas das palmas, ofegando com a dor.
Sean, por outro lado, agora estava ainda mais convencido de sua suspeita. Ao ver as molduras dos quadros no corredor, sua raiva se intensificou.
- Cheyenne, sua... Sua vagabunda! Como você ousa jogar fora as pinturas da minha irmã? Você precisa sair daqui! Você não é bem-vinda!
A reação de Sean estava furiosa. Ele estava prestes a explodir. As pinturas de Nora, que ela havia pintado até tarde da noite, eram de alta qualidade e valiam muito.
No entanto, agora pareciam ter sido jogadas de qualquer maneira, como lixo.
Cheyenne manteve seu semblante impassível. Ela esticou a mão para mexer em seus cabelos e riu suavemente.
- Me fazer sair? Quem precisa sair daqui são vocês!
- O que você quer dizer? - Sean franzia a testa, relutante em aceitar sua provocação.
- Isso, você precisa perguntar ao seu pai. - Cheyenne disse, e a expressão de George mudou ligeiramente, com uma pitada de desconforto em seus olhos.
- Esse...
- O quê? Pai, você esqueceu que essa casa foi dada a você e à mamãe pelo vovô quando vocês se casaram? A casa está no nome da minha mãe. Ela faleceu, e a casa foi herdada por mim. Sean, você me diz, quem realmente precisa sair?
Quando Cheyenne terminou de falar, eles ficaram parados, sem saber o que responder.
Especialmente Nora, ela não fazia ideia de que a mansão era propriedade da Família Edwards. Ela percebeu que, na Cidade A, onde o espaço era valioso, esta mansão com mais de 800 metros quadrados valeria pelo menos... Cinquenta milhões de reais em um leilão!
