Capítulo 11: Passando como estranhos
Jerome estava ignorando completamente os protestos da mulher com cabelo curto e mantinha seu olhar ardente em Cheyenne. Ela, por outro lado, estava com as bochechas coradas de raiva.
Num ato provocador, Cheyenne sorriu e retirou um maço de dinheiro de sua bolsa. Ela entregou o dinheiro a Jerome, enquanto seus dedos delicados percorriam o ombro do homem de maneira sugestiva.
- Cem mil. Que tal uma noite comigo? Você tem uma aparência melhor do que os homens em boate, afinal.
Jerome ficou chocado por ter sido comparado aos homens da boate. Sua expressão ficou sombria.
- Eles não podem se comparar a mim!
- É mesmo? - Cheyenne sorriu de maneira provocativa.
Eu consigo gozar sete vezes por noite. Quer experimentar? Não vai lhe custar nada. - De repente, ele agarrou a mão dela e deu um beijo em suas costas, enquanto Cheyenne deu um tapa no rosto dele.
O som alto de um tapa ecoou, fazendo todos ao redor ficarem surpresos. A mulher de cabelo curto estava indignada.
- Como você se atreve?
O rosto de Jerome apresentava claramente cinco marcas de dedos em sua bochecha. Era a primeira vez que alguém o atacava, e, para piorar, era uma mulher.
Ele sorriu e comentou:
- A palma da sua mão é tão suave, bater na minha cara é um deleite.
Cheyenne o encarou com descrença.
Jerome parecia gostar de ser agredido? Ela estava perplexa.
- Você é um maluco. Não vou perder tempo com você.
- O quê?
Jerome observou enquanto Cheyenne corria de volta para o carro e ia embora.
Enquanto Cheyenne ia embora com seu carro, Jerome se sentia de bom humor.
- Tom, anote o número da placa do carro e descubra quem é essa mulher.
Tom perguntou com cautela:
- Sr. Jerome, você está planejando se vingar dela?
Jerome riu e respondeu:
- Vingança? Não, eu não quero machucá-la.
Pela primeira vez em sua vida, uma mulher ousou lhe dar um tapa no rosto. Jerome se viu bastante atraído pelo espírito ardente dela. Era claro que ele pudesse acabar largando-a depois de conseguir o que queria.
"Você vai pagar por isso" pensou ele com raiva.
Por outro lado, Cheyenne tinha esquecido completamente de comprar o bolo para seu avô por causa do encontro com Jerome.
Quando estava prestes a chegar à casa de seu avô, ela viu uma vendedora de algodão doce na beira da estrada.
Lembrou-se dos dias em que seu avô costumava buscá-la na escola e comprar algodão doce para ela. Então, ela decidiu parar.
Cheyenne pediu dois algodões-doces à vendedora, mas enquanto a mulher estava ocupada preparando o doce, Cheyenne entregou discretamente cem reais para ela.
A vendedora tentava encontrar o troco quando Cheyenne partiu.
Cheyenne olhou para a esquina de onde seu avô costumava aparecer quando a buscava na escola. Enquanto saboreava o algodão doce, ela sentiu um toque de nostalgia e tristeza.
Ela não via seu avô há três anos. Kelvin só havia trazido amargura à sua vida durante esse tempo.
Enquanto ela estava perdida em pensamentos, Chris, que estava a observando, murmurou:
- Essa não é a senhora?
Kelvin se virou para olhar e viu a mulher vestindo um vestido preto enquanto desfrutava de seu algodão doce. Seu rosto estava corado, mas ela parecia contente.
Ele ficou surpreso e depois sua expressão ficou escura. O que ela estava fazendo ali? Será que estava procurando por ele? Será que sabia que ele iria a Cidade S hoje? Será que estava seguindo-o?
Essas dúvidas o preocupavam. A presença inesperada de Cheyenne em sua vida novamente o deixou chocado e com raiva.
Kelvin estava determinado a não permitir que Cheyenne o perturbasse e estava preparado para ignorá-la se ela continuasse tentando segui-lo.
No entanto, durante um breve momento em que se cruzaram na rua, Cheyenne fingiu que não o viu. Seu olhar permaneceu inabalável, e ela seguiu seu caminho sem sequer parar.
Ela usava seu salto alto, que ecoava de forma rítmica e metódica no pavimento enquanto se afastava. Ela se abaixou, entrou em seu carro e partiu sem dar-lhe a mínima atenção.
Ela estava agindo como se ele fosse invisível. Kelvin estava satisfeito. Cheyenne finalmente havia parado de persegui-lo.
Enquanto Kelvin estava ocupado com seus próprios pensamentos, Chris tentou chamar sua atenção.
- Sr. Kelvin, você me ouviu? - Chris disse baixinho.
- Estou ouvindo. Estou preocupado com a alocação de investimentos... - Kelvin respondeu, tentando se concentrar no trabalho.
Chris suspirou, percebendo que não conseguiria entender o relacionamento entre o Sr. Kelvin e a Sra. Cheyenne. Talvez fosse porque ele estava solteiro.
Por outro lado, Cheyenne estava mastigando seu algodão-doce com raiva. Ela precisava disfarçar sua vulnerabilidade na frente de Kelvin. O gosto do doce era doce e pegajoso, proporcionando algum conforto à sua alma.
Finalmente, ela chegou à porta de uma antiga casa de pátio, que era a residência ancestral da família Edwards. Ela olhou para a casa e sorriu, relembrando memórias felizes.
Ela tocou a aldrava da porta delicadamente três vezes.
Uma voz familiar respondeu de dentro da casa.
- Quem está aí?
As palavras a atingiram profundamente, e ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Ela engoliu em seco e respondeu:
- É a Cheyenne.
As portas se abriram abruptamente, deixando um vento fresco entrar e levantar as folhas caídas no chão. Lá estava ele, seu avô, usando um par de sapatos brancos feitos à mão, com tinta de pintura salpicada. Ele usava um terno tradicional, óculos com lentes grossas e cabelos brancos.
Ele parecia ser um homem simples e despretensioso, mas sua erudição era evidente.
- Cheyenne, você finalmente decidiu voltar. - Ele disse com a voz trêmula, mas com alegria.
