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1

Barbara Souza Narrando

Abro os olhos um pouco devagar, a claridade invade o quarto, os raios do sol passam

através das cortinas, á 15 anos esse dia amanhecia ainda mais lindo, até porque era

aniversário do nosso filho, ainda deitada coloco minha mão para o lado para encostar em

Paulo, mas encontro a cama vazia. Eu me sento na cama e olho para o meu lado esquerdo

não o encontrando e acho tudo aquilo estranho, Paulo nunca acorda antes de mim e se isso

acontece, ele sempre me acorda, ainda mais hoje que era um dia tão especial para nós. Eu

olho para o criado mudo ao lado da cama e vou até ele e pego um bilhete que era de Paulo.

“Bom dia meu amor, voltarei apenas para o horário do jantar. Não se preocupe, estou

resolvendo alguns problemas com um amigo. Te amo”

Sem acreditar no que eu acabei de ler, vou até o closet para colocar uma roupa, Paulo

não era de sair sem avisar, ele nunca tinha feito isso,

Eu tento ligar para o seu celular, mas está caindo na caixa postal, deixo algumas

mensagens e fico olhando para ver se ele as visualizava e nada, aonde que ele foi? Com

quem? E por que não me falou nada? Ele nunca foi de fazer isso.

Saio do meu quarto com o celular no bolso, se caso Paulo me mandar mensagens,

saberei.

— Bom dia meu amor — eu falo batendo na porta de Pedro que está encostada.

—Bom dia mamãe — ele fala.

—Parabéns meu filho — eu falo me aproximando dele e o abraçando — Eu amo

muito você, saiba que te ter, foi o meu sonho realizado e desejo as melhores coisas do

mundo para você.

— Obrigado mãe — ele fala — Amo muito a senhora. Vamos descer para tomar café?

— ele pergunta.

—Você já não tomou com seu pai? — eu questiono

— Não, mãe — ele fala — O meu pai não passou no meu quarto hoje — eu o encaro

arqueando a sobrancelha — ele não disse aonde ia? Que estranho! — ele fala indo até a

janela — o carro dele está aí.

— Está? — eu falo indo até a janela e paro ao lado de Pedro .

— Quem sabe ele está caminhando?! — Pedro fala.

— Não! — eu respondo — O bilhete que ele deixou, está escrito que só vai voltar

para o jantar do seu aniversário — Pedro me encara.

— Nossa! — ele fala — estranho.

— Muito — eu respondo para ele. — Seu pai não é de fazer isso, sumir dessa forma,

ainda mais hoje no dia do seu aniversário. — vejo que Pedro fica preocupado e tento

amenizar a situação — Seu pai deve estar preparando alguma surpresa, deve ser isso para

ele sumir assim — sorrio e ele me olha — Vamos descer e tomar nosso café especial de

aniversário? — ele sorri.

— Vamos! — ele fala e eu coloco minha mão em seu ombro e depois abraço ele,

descemos as escadas abraçados um ao outro.

Paulo não era de sumir assim, ele nunca tinha feito isso, tento passar para Pedro que

não estava muito preocupada com esse sumiço do pai dele e além disso, ainda tem essa

mudança de comportamento repentinamente. Eu sei que Paulo iria ter uma boa explicação

depois, até porque ele nunca fez nada de errado, ele era um homem perfeito e em toda a

minha vida, nunca imaginei que iria encontrar um parceiro de vida que nem o Paulo, não

somos um casal perfeito, existia todos os conflitos de uma vida a dois, brigas, reconciliação

e tudo mais, mas a gente sonhou com cada pedacinho da nossa vida e conforme fomos

realizando, deixamos algumas besteiras de lado.

Eu e Pedro tomamos um café da manhã delicioso, só eu e ele. Gosto da conexão que

criei com meu filho, antes de ser sua mãe, me tornei sua melhor amiga, ele dividia tudo

comigo.

— Eu vou subir — Pedro fala.

— Eu vou tentar falar com seu pai — eu respondo para ele.

— Ele ainda não respondeu? — Pedro pergunta.

— Não! — eu respondo — Mas logo ele atende ou responde às mensagens — ele

assente com a cabeça — Arruma as suas malas Pedro, deixe tudo pronto para a gente passar

o final de semana na casa de praia — ele apenas faz um joia com a mão e sobe as escadas

Eu pego o meu celular para ligar para ele de novo e Liliane que era nossa funcionária,

se aproxima para retirar a mesa do café da manhã.

—Liliane, você viu quando Paulo saiu hoje de manhã? — eu pergunto para ela.

— Ele saiu bem cedo, eram umas 7h da manhã — ela fala — não quis nem tomar

café da manhã, até achei estranho.

— Você viu se ele saiu acompanhado? — eu digo a ela. — Pergunto por que o carro

dele está aí fora.

— Ele saiu sim — ela fala — Um carro azul o buscou, estava indo buscar os pães

quando eu o vi entrar em um carro azul no carona, mas não vi quem dirigia.

—Obrigada — eu falo para ela.

Eu me afasto da mesa do café, indo para a varanda da sala e tento ligar diversas vezes,

mas nem completa a chamada. Ele nunca tinha feito isso, nunca saía sem me avisar, nem

mesmo sem tomar café da manhã com a gente. Tomar o café da manhã juntos, era uma

tradição da nossa família e em 15 anos ele nunca tinha falhado nisso. Eu tento ligar e dessa

vez a chamada completa e fico na ansiedade esperando ele me atender, mas não atende e a

chamada vai para a caixa postal.

—Ele não me atende! — falo olhando para o jardim — Um carro azul? — eu

questiono, falando comigo mesma — O que está acontecendo com meu marido? — seguro

o celular perto do rosto e suspiro tentando imaginar o que poderia estar acontecendo.

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