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7

Cris

— COMO DIABOS VOCÊ VEIO PARAR AQUI?! — berro praticamente saltando para fora da cama e sentindo o meu coração saindo pela boca. Jennifer solta um grito agudo na sequência, se sacudindo toda e no ato, ela se desequilibra e cai da cama. Rolo os olhos.

Penso que não podia ser diferente percebendo que até acordando essa garota é um desastre.

— Do-doutor Christopher?! — Ela gagueja um tanto exasperada, franzindo em uma perfeita confusão. E para piorar, a porra do desastre está vestindo apenas calcinha e sutiã. Um conjunto sensual e rendado, branca que contrasta perfeitamente com o seu tom de pele.

Meu Deus, o que aconteceu na noite passada? Tomo o fôlego e tento me acalmar.

— Reinhold, você está bem? — Procuro saber, deixando de lado esse meu jeito grosseiro de ser e a ajudo a levantar-se do chão.

— Por Deus, acho que ainda estou viva! O Senhor quer me matar do coração? — A criatura ralha com uma respiração alterada, levando uma mão no peito.

— Só... me conte. O... o que aconteceu aqui? Por que você está na minha casa, na minha cama e pior, só de lingerie? — inquiro.

Eu preciso realmente saber o que aconteceu entre a gente.

— Nada. — Ela diz simplesmente. A encaro mudo por alguns instantes.

Como assim nada?

— Então me explique, por que você está assim... e eu... estou... nós... — ralho, apontando de mim para ela.

Minha aluna revira os olhos.

— É que o Senhor bebeu muito. — Confirmo com a cabeça e a espero continuar. — E eu só o trouxe para sua casa. Eu estava dançando, aí o Senhor apareceu na minha frente. Nós dançamos algumas músicas e... eu não sei. Então você disse que ia embora e a minha amiga notou que o Senhor não estava bem. Eu achei melhor trazê-lo para casa. — Arqueio as sobrancelhas.

— E como fez isso?

— Na verdade, não foi nada fácil. O Senhor é teimoso como uma mula e eu precisei falar muito sério com o Senhor. — Não consigo imaginar esse furacão desastroso falando sério, ainda mais comigo. Não mesmo, por mais que eu me esforce. — E quando chegamos aqui, o Senhor... —Ela hesita. Em minha cabeça mil e uma coisas obscenas se passam e eu engulo em seco.

— E eu?

— Não sei se devo falar. — Ela balbucia e eu começo a perder a paciência. — O Senhor pediu para não repetir nada do que aconteceu na noite passada. — Jennifer explica nitidamente nervosa e eu chego a suar frio.

— Pelo amor de Deus, Reinhold, nós...

— Ah, não! — Ela quase grita a resposta e eu respiro aliviado. — O Senhor me pediu.

— Eu sei o que eu te pedi, mas agora estou pedindo que me fale em nome de Deus, ou eu vou enlouquecer aqui. — A garota balança a cabeça em um sim e depois em um não, e faz sim e não o tempo todo. — Reinhold?! — A chamo impaciente e ela para, lançando-me um olhar nervoso e hesitante.

— Ok, mas depois não vá reclamar! — retruca e vencida, ela se senta na cama.

— O Senhor chorou.

O QUE?1

— O senhor chorou muito e disse...

— Eu falei?

— De... uma bailarina.

Porra, eu não fiz isso!

— Disse com muito desgosto que ela o usou, que foi a melhor transa da sua vida, e...

— Já chega!

— Mas foi o Senhor que...

— Agora estou dizendo que já chega, Reinhold! Só... não fale mais nada, ok? — exijo e a vejo engolir em seco. Contudo, ela assente.

Droga, ela parece um filhote de passarinho indefeso precisando de cuidados!

O que você está dizendo Christopher Ávila, a caso está ficando maluco?! Repreendo-me imediatamente. De repente me arrependo de ter gritado com ela, a final de contas, eu sou a porra de um fodido e ela não tem culpa de nada disso.

— Está com fome? — Mudo de assunto e outra vez ela parece confusa.

Muito foda mesmo! Ela é uma mistura maluca de menina inocente com uma mulher sexy e isso mexe muito comigo.

— O senhor muda muito rápido de assunto. — Um sorriso ingênuo se abre nos seus lábios e suspiro me sentindo a porra de pervertido.

Deus, dai-me paciência!

— Eu estou faminto, não comi nada na noite passada — ralho me afastando para ir vestir um short e claro, desviar os meus olhos de cima dela.

— Ah, eu estou com fome também.

— Ótimo! Eu posso fazer um café da manhã para nós dois. — Então vejo os olhos puxados crescerem absurdamente.

— O Senhor vai fazer o café da manhã?

Me pergunto por que o espanto.

— Por quê, não acredita que eu sei cozinhar? — retruco agora mais leve.

A garota sai animada da cama e inevitavelmente os meus olhos percorrem avidamente pelo seu corpo seminu.

Delicioso e moreno dentro dessa lingerie.

Respiro fundo.

Definitivamente você é a droga de um pervertido, Cris Ávila! Ralho comigo mesmo, entro no meu closet e pego duas camisas. Visto uma e lhe estendo a outra. Contudo, a minha aluna me lança um olhar aturdido.

— Você precisa se vestir, Reinhold — explico

— Ah tá! — Escuto falar assim que saio do cômodo e fecho a porta atrás de mim.

?

— Uau! — Escuto o som da sua voz e no ato ergo a minha cabeça para fitá-la.

CA RA LHO!

Se arrependimento matasse com certeza agora eu estaria a um palmo do inferno. Penso quando os meus olhos desbravam o corpo franzino usando a minha camisa. A peça chega até a metade de suas coxas e para piorar ela está descalça. Os seus cabelos estão soltos. Eles são compridos e estão úmidos.

Definitivamente esse é um convite para o pecado. Penso esquecendo-me de respirar.

Eu não sou a favor de envolvimentos com colegas de trabalho, menos ainda com os residentes e a Jennifer é uma residente. Penso recobrando a minha sanidade. Contudo, a observo enquanto ela olha para todos os lados da minha cozinha e os seus olhos brilham em expectativas.

— A sua cozinha é um show à parte, Doutor — comenta baixinho, passando a mão pelo balcão de porcelanato branco.

— Gosta de cozinhar, Reinhold?

— Na verdade, eu amo! — Ela responde rápido. — Quando o meu pai era vivo, ele costumava me ensinar os segredos da culinária mexicana — fala um pouco melancolia.

— Você é mexicana?

— Não. Eu nasci aqui mesmo. Acho que já te falei sobre isso. — Rio porque me lembro da sua tagarelice no primeiro dia de trabalho.

— É, você disse.

— O meu pai era mexicano. Ele conheceu minha mãe quando chegou aqui nos EUA. Ele me contava que foi amor à primeira vista e que eles se casaram um mês depois de se conhecerem.

— Uma história bem legal, mas eu não acredito muito nesse negócio de amor à primeira vista — confesso, porém, ela dá de ombros. Vou até a geladeira e pego um iogurte, suco de laranja e ponho sobre o balcão.

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