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6

Cris

À noite...

Chego no meu apartamento pouco mais das oito da noite e cansado, largo a minha pasta em cima do divã ao pé da minha cama, e deixo o capacete ao lado. Começo a me desfazer das roupas largando-as dentro de um cesto e ligo o chuveiro. Contudo, antes de mergulhar de cabeça na água verifico a sua temperatura.

Esse é o pior momento da minha existência e chego a acreditar que sou um tanto masoquista, porque é nesse momento que passo horas debaixo d'água, voltando para um passado que eu deveria apagar de uma vez da minha vida. Ainda consigo sentir o seu gosto no meu paladar e os seus gemidos de prazer preenchem os meus ouvidos.

Por que eu faço isso comigo mesmo? Me pergunto, fechando os meus olhos projetando o seu lindo sorriso na minha frente.

Linda, gostosa e perfeita, mas ela não é minha e nunca será. Respiro fundo. Pensar que ela me usou me deixa consternado.

Longos minutos se passaram e finalmente desligo o chuveiro, envolvendo a minha cintura com uma toalha. Os meus planos para hoje essa noite? Comer algo e apagar na minha cama. Amanhã estarei de folga e será como todos os outros dias de folga. A porra de um martírio. Resmungo mentalmente, entrando no meu quarto iluminado apenas por dois abajures no canto da parede. Então percebo o meu celular piscando em cima da minha cama. Seguro o objeto, puxando uma respiração pesada ao ver que é uma ligação de Renê, um dos meus colegas de faculdade e de trabalho.

Suspiro porque eu sei o que vem por aí.

— Fala, safadão! — ralho tentando mesclar o meu humor e escuto o som da sua risada do outro lado da linha.

— Onde você está, Cris? Estamos todos te esperando aqui no Pub, cara.

— Hoje não, cara. Eu estou muito cansado...

— Nem vem com essa, Ávila! — Ele me corta rudemente. — É sexta e está de noite. Você não vai ficar trancado nessa porra de apartamento, não é? — bufo em resposta. — Você vem, ou eu vou ter que ir te buscar? — Faço silêncio por alguns segundos.

— Pedindo assim com jeitinho! — retruco irônico. — Vou pôr uma roupa e chego aí em vinte minutos.

— É assim que se fala, Ávila! — Ele comemora e a ligação é encerrada. Imediatamente vou para dentro do closet.

Talvez seja melhor um pouco de álcool e de diversão. Quem sabe assim mantenho a minha mente ocupada?

?

Meia hora depois...

— Olha você! — Renê fala animado assim que me aproximo da mesa, onde já tem uma galera reunida.

— Que bom que veio, doutor Ávila! — Uma enfermeira sibila deslizando uma mão pela lateral do meu braço. Apenas aceno para ela me afastando um pouco. A garota parece perceber o meu incomodo e me lança um sorriso sem graça.

— Um uísque por favor! — peço erguendo um dedo em riste para o homem atrás do balcão e me viro para passar os olhos de um canto a outro do lugar movimentado de médicos e residentes do hospital onde trabalho. A final, aqui é o ponto de encontro de todos após uma semana inteira puxada de trabalho.

— Sua bebida, Senhor! — O barman avisa e no mesmo instante bebo um gole. A música alta faz o chão debaixo dos meus pés estremecer e eu continuo com a minha inspeção. Uma garota no meio da pista de dança me chama a atenção.

Baixinha, magrinha e usando um vestido negro colado ao seu corpo. O jeito como ela se mexe não me passa despercebido. Uma mão sua desliza pelo seu corpo, enquanto a outra segura os fios longos dos seus cabelos. Os seus olhos estão fechados e ela parece flutuar pelas ondas sonoras da música agitada.

— Ela é muito gata não acha, Cris? — Adam fala sentando-se do meu lado e desperto, acompanhando o seu olhar. O meu coração para uma batida quando ela se vira de frente e percebo ser a minha residente dançando ali. No entanto, ela sai animada da pista, pega um copo, bebe algo e ri enquanto conversa com outra garota. — Eu vou te contar, essa garota fora do uniforme de hospital é uma perdição. — Ele sibila me fazendo apertar o meu copo entre os meus dedos.

Mas ele não está errado. Jennifer Reinhold é realmente um desastre ambulante, mas ela é sexy também. Meus olhos passeiam ávidos pela porra do tubinho negro de alcinhas que tem o cumprimento na altura dos seus joelhos e a droga do tecido escuro desenha cada uma das suas curvas, que deixa pouco para a imaginação masculina.

Melhor dizer, não deixa nada para imaginação.

— Se ela me desse um pouquinho de atenção, juro que a pregaria de jeito. — Ele continua, dessa vez cheio de malícia e eu entorno a minha bebida de uma vez.

— Outro, por favor! — peço para o garçom. — Ela é minha residente — falo. Ele apenas me olha assentindo.

— Era. — Agora sou eu quem o encara.

— Como assim, era? — Ele dá de ombros.

— John disse que você a solicitou por trinta dias e semana que vem ela ficará com a doutora Corona. Ou seja, estará na minha equipe e eu vou poder investir mais nela.

Nem fodendo! Grito internamente.

— Eu preciso pegar uma garrafa — aviso, levantando-me do banco.

— Vai com calma, doutor! — Ele ralha, porém, me afasto sem lhe dar explicações.

Eu não preciso ouvir as suas asneiras.

Sem noção!

Após mais dois copos, assistindo a minha residente sensualizar em sua dança na companhia de outra morena, resolvo ir para casa. No entanto, paro no meio do caminho no exato momento que ela desce o seu corpo de uma forma...

Porra, ela quer foder com a minha cabeça, é isso?

Observo as suas mãos deslizarem pelas laterais do corpo esguio, enquanto ela sobe e desce lentamente, seguindo o ritmo da música. Seus olhos permanecem fechados, provavelmente apreciando o ritmo e a sua boca... droga, ela está entreaberta. Observo alguns homens ao redor praticamente a devorarem com os olhos e me pego fechando as mãos em punho.

Que merda! Rosno enfurecido e saio da danceteria pisando duro.

?

No dia seguinte...

— Ah, merda! — resmungo quando sinto que a minha cabeça vai explodir a qualquer momento. Entretanto, me viro na cama, contorcendo-me com o incomodo.

Cacete, como pude exagerar dessa maneira com a bebida?

A claridade invade o meu quarto e eu forço os meus olhos a se abrirem. Com uma respiração profunda dou de cara com o teto branco do meu quarto e me sento no colchão, esfregando o meu rosto. O lençol desliza do meu corpo e se aninha na minha cintura. Me pergunto como cheguei até aqui? Sério, não me lembro de porra nenhuma e para a minha surpresa estou usando apenas uma cueca boxe branca.

Que merda você fez dessa vez Christopher Ávila?

Forço a memória, mas não. Não lembro sequer de ter saído do Pub, tão pouco de como cheguei em minha casa, ou até mesmo de ter tirado a minha roupa. Isso é muito fodido. Contudo, um gemido feminino do meu lado chama a minha atenção e a garota se mexe na minha cama. O lençol branco se arrasta pela pele bronzeada quando ela se espreguiça e... puta que pariu!

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