CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
Quando Anelise voltou, já era muito tarde. Ela estacionou o carro e entrou pelo portão comunitário, Anelise estava se encolhendo ainda mais, com aquele clima louco de Curitiba.
— Anelise? — ela ouviu a voz conhecida do porteiro do prédio. Um sorriso leve do homem e a figura fofa do gato dele, Anelise tentou sorrir normalmente. — Boa noite, Edgar!
— Boa noite, Anelise! Teve problemas, outra vez? Parece que agora foi um pouco diferente, né? — Edgar olhou para as marcas no rosto de Anelise com uma expressão preocupada no rosto.
— Não se preocupe, logo as coisas se resolverão! — Anelise tirou outro pequeno sorriso, cumprimentou o gato com um afago. — não é Romeu, todas as coisas se resolverão!
O vento de Curitiba estava mais forte...
De repente...
Um carro vinha em alta velocidade, fazendo zigue-zague pela rua.
— ANELISE, CUIDADO! — Edgar tentou avisá-la para tomar cuidado, Anelise rapidamente se escondeu no gramado, agarrou o gato em seus braços, notando que o carro agora estava tão perto. O motorista estava bêbado!
— VOCÊ ESTÁ LOUCA? — o homem que dirigia o carro, desceu cambaleando e gritando. — EU PODERIA TER TE ATROPELADO, VOCÊ PODERIA TER MORRIDO, ENTENDEU? — ele cuspia ao falar, estava visivelmente bêbado, e apontava o dedo para Anelise, que se encolheu um pouco.
— Vem Anelise! Ainda bem que ficou tudo bem! — Edgar se aproximou tentando trazer Anelise para a beirada da rua, ali era perigoso.
Porém, uma mulher desceu do banco do passageiro do carro, ela tinha um cabelo loiro descolorido e com raiz escura, usava um vestido vermelho e vulgar, de longe não era um modelo de grife, estava com um salto pontudo e prateado e uma bolsa muito pequena parecendo um dourado... qualquer um que a visse diria que era uma prostituta.
— VOLTA AQUI, VADIA! SUA ORDINÁRIA, ESTÚPIDA! POR SUA CULPA EU BATI A TESTA NO VIDRO, AGORA VOU FICAR COM ESSA MARCA HORROROSA E NÃO VOU TE DEIXAR SAIR ASSIM, ILESA! — moveu a cintura, irritada, mas Anelise nem conseguia ver se realmente havia uma marca ali. A mulher procurava briga, bateu a porta do carro com força, e enrolou a bolsinha na mão, então o porteiro tentou ajudar:
— Ei, não há necessidade de confusão, ok? Já está tarde, mas está tudo bem. Agora cada um vai para a sua casa e pronto! — colocou a mão sobre o ombro de Anelise, mas a mulher cuspiu um chiclete que mascava no asfalto, e chegou mais perto, ameaçando atacar a bolsa na jovem.
— FOI ESSA VADIA QUE COMEÇOU, EU NÃO VOU EMBORA ASSIM! — a mulher disse e deu mais um passo, enquanto Anelise deu um para trás, embora ainda estava bem perto e iria atacar, mas Anelise se antecipou e a empurrou com força, não permitiria que ela a atacasse dessa maneira.
— NÃO SE APROXIMA DE MIM! — Anelise falou e a outra se desequilibrou com o salto que estava sem taco e caiu parcialmente em cima do homem, que agora também foi para cima de Anelise.
— ENTÃO QUER CONFUSÃO, É? POIS, VAMOS FAZER CONFUSÃO! — ele colocou a loira encostada no carro.
Anelise lançou um olhar preocupada para o Edgar, que estava de olhos arregalados. Ele ainda segurava o gato, também tentou se aproximar, mas o cara do carro estava furioso, olhava para eles com olhos matadores, Anelise temeu não conseguir se defender dele, e não deu mais nenhum passo, não sabia o que fazer.
Mas, de repente, sentiu aquele cheiro que ela conhecia bem...
Anelise sentiu um pequeno calor pelo seu corpo, quando Vicente quase a encostou. Ele segurou o pulso do homem por trás dela, e praticamente o entortou com a raiva que estava.
— Se ninguém te ensinou que não se deve bater em uma mulher, eu vou te ensinar! — as palavras saíram baixas da boca de Vicente, mas por dentro ele estava cheio de ódio.
Vicente foi saindo de trás de Anelise e o homem começou a sentir dor com a força exercida sobre ele.
A mulher se encolheu no capô do carro, foi dando a volta, pensando em entrar sem que a vissem, mas parou no percurso.
— Anelise, pode entrar! Já está tarde, vai descansar que eu já subirei! — ele falou pra ela sem desviar os olhos do homem que estava agora imobilizado na sua frente e mal se mexia, sem dizer uma palavra.
Após Anelise foi embora, um sorriso estranho apareceu no rosto de Vicente — Agora a conversa é com você!
[Pow]
Vicente desferiu um belo soco no homem.
— Vamos, levante-se! Se eu não chegasse bateria numa mulher? — o cara lançou um olhar furioso e tentou acertar um soco em Vicente, que sem dificuldades se esquivou, e o jogou contra o carro fazendo um barulho alto.
— HAAA! — a mulher gritou. Com as duas mãos na lataria do carro foi se esquivando mais, e terminando a volta correu para dentro do veículo e trancou a porta.
Com o homem de costas, Vicente lhe deu um mata-leão, mostrando que facilmente o mataria se quisesse, então o homem implorou:
— Por favor...
— Por favor, o quê? Não é o machão?
— Me solte, estou sem ar! Eu não sabia que aquela mulher era sua, eu... — Vicente apertou ainda mais, as palavras do homem o irritou.
— Não importa quem seja a mulher, será que é tão idiota?
— Aiiii, tudo bem, tudo bem, eu já entendi! Por favor, me deixe ir! Eu não farei mais isso! — Vicente ainda terminou de apertar mais um pouco antes de soltá-lo.
— Espero que tenha entendido, e eu não volte a vê-lo por aqui! Da próxima vez não serei tão cordial! — empurrou o homem contra o carro, que levou as duas mãos no pescoço, e agora tinha um olhar assustado, observando todas as direções. Logo em seguida o homem se apressou em bater no vidro, então a mulher destravou as portas e como louco ele sumiu por aquela rua.
Vicente entrou no prédio, e após uma conversa curta, ele conheceu o que aconteceu lá fora.
— Se voltar a ver essas pessoas, por favor me avise, ok? — pediu.
— Claro! — Edgar respondeu e Vicente foi pelo elevador.
Porém, quando chegou no apartamento, viu que Anelise demorava no banheiro que estava aberto, e se assustou ao olhar para ela.
— O que aconteceu no seu rosto?