Cap 3 - Conhecendo meu Dono
Scarlett POV
Para um lobisomem ficar embriagada precisa beber muito, apesar que omegas não costumam ter a mesma resistência que um Alpha, só que eu tinha, então por mais que eu bebesse uma garrafa inteira de whisky não ia ficar bêbada, por isso enchi mais uma vez o copo com aquele líquido âmbar. Tudo isso para tentar acalmar meus nervos, afinal de contas eu não sei quem vai entrar por aquela porta. Que tipo de pessoa me comprou e por isso estou tentando me acalmar tomando quase uma garrafa de bebida.
Eu observei o ambiente ao meu redor novamente. Era um escritório pequeno, decorado no estilo medieval, com móveis em madeira escura e detalhes em dourado. No chão havia um tapete macio em tons de vermelho escuro e preto. Havia uma mesa, duas poltronas, um sofá e duas estantes. À esquerda, havia uma janela adornada com cortinas vermelhas e pretas.
Eu estou usando uma lingerie preta rendada por baixo de um vestido semi-transparente com nuances de roxo e azul. Nos pés, um par de saltos altos pretos complementava a produção, tudo a pedido do meu novo proprietário. Meu Deus! Será que um dia me acostumarei a chamá-lo de "dono"? É tão estranho que mal consigo falar essa palavra em voz alta.
Olhei pela janela e respirei fundo, parte de mim quer fugir e esquecer tudo o que aconteceu… Passei por tanta coisa para chegar até aqui, mas essa vontade de fugir é inata.
Meu coração bate acelerado e minha respiração fica mais ofegante. Eu caminho até a janela e encosto minha cabeça no vidro, fechando os olhos e respirando profundamente algumas vezes. Eu preciso me recompor, afinal, foi minha escolha estar aqui... Agora, eu tenho que seguir em frente até o fim.
Depois de algum tempo a porta se abriu e virei o rosto para ver quem estava entrando. Agora eu vou conhecer quem me comprou, quem deu o lance final. Respirei fundo uma última vez e coloquei o meu melhor sorriso nos lábios, tentando passar confiança e segurança, só que ao invés de duas pessoas entrarem, foram três.
Oliver Higgins é o primeiro a entrar, sua aura e sua postura sempre foram um tanto intimidadoras, mas foi isso que me ajudou no leilão, ele era o homem que havia feito a cena na hora da venda. Ele é o responsável por todo o processo, desde avaliar os possíveis compradores, fazer o contrato e fazer as visitas e eu confio nele.
Dois homens entraram atrás de Oliver, um de cabelos negros muito bem cortados, olhos de um tom caramelo intenso, lábios finos e um queixo mais quadrado, vestindo um terno cinza com um corte perfeito; o outro de cabelos castanhos claros que chegam até os ombros, olhos de um tom azul escuro, lábios mais grossos e um queixo menos quadrado, vestindo uma roupa mais casual composta por calça social, camisa preta e tênis preto.
Dois homens bem diferentes, mas suas auras são parecidas, dois Alphas, geralmente Omegas costumam se curvar diante de tais pessoas, mas eu não tive isso e mantive minha cabeça erguida, mantendo meu sorriso meio irônico. Sou avaliada de cima a baixo, esses dois estão vendo se realmente valeu a compra é óbvio que noto a luxúria nos olhos deles, mas o que mais chama a atenção é aquele sorriso superior. Se fosse eu em outro momento sequer teria aparecido na frente de pessoas assim.
“Senhorita 662, o que achou dos valores alcançados?” Oliver me perguntou, enquanto caminhava até a ponta da mesa de trabalho e se sentava.
“Não fiquei desapontada.” Respondi simplesmente, ainda sem desviar o olhar daqueles dois Alphas à minha frente.
“Que bom, estes são seus compradores.” Oliver abriu a tela do notebook e começou a completar as informações do contrato, para as partes assinarem.
“Vai ser uma honra servi-los.” Sorri de canto, fazendo uma breve reverência.
"Tem certeza que vai conseguir chegar até o final dos cinco dias?” Escutei o homem de cabelos castanhos perguntar.
“E por que não conseguiria?” Arqueei a sobrancelha esquerda e me segurei para não revirar os olhos.
“Porque você está encarando eles, sendo que o contrato informa que você está disposta a fazer o papel de sub.” Oliver respondeu.
Dei uma risada baixa, quase sem som.
“O contrato ainda não foi assinado, a partir do segundo em que ele for assinado vou cumprir com meu papel.” Encostei na janela, estou começando a ficar com um pouco de sono já.
“De qualquer forma senhores, se não ficarem satisfeitos, o contrato poderá ser rescindido a qualquer instante.” Oliver falou e logo o som da impressora se fez presente.
A sala ficou quieta e apenas o som dos papéis ecoavam, no final havia três pilhas do contrato, uma cópia minha, uma cópia da casa e uma cópia dos compradores. Peguei a cópia que Oliver me entregou e passei a ler as informações.
Por motivos de segurança os dados pessoais de cada envolvido tinha sido substituído pelos codinomes, mas ele ainda seria válido. Li cada página com cuidado, não sou nenhuma inocente e sei o que esperam de mim e o que eu espero, a parte dos fetiches permitidos não havia sido modificada, ao que indicava meus compradores estavam felizes com minhas condições.
Pronto, se eu fosse desistir esse era o momento, daqui para frente eu não poderia desistir, senão perderia tudo. Eu queria desistir? Ao que indicava meus donos não eram pessoas desagradáveis, não por uma questão de aparência, apesar que a aparência conta bastante, mas não que fosse especialista em avaliar as pessoas, mas esses dois não me pareciam tão ruins assim.
Respirei fundo e peguei a caneta, assinando nos lugares indicados, em todas as três vias e no momento em que a última assinatura foi feita, abaixei o olhar e mudei minha postura, a partir de agora eu sei qual o papel que devo desempenhar. As aulas de teatro vão servir para alguma coisa.
“Hum…” Escutei a voz do segundo homem bem próxima a mim e logo depois o toque do lado esquerdo do rosto.
Mantive o olhar baixo, sem me esquivar, percebo que o outro homem dá a volta e fica atrás de mim afasta meus cabelos e então uma coleira é colocada em meu pescoço. Continuo sem me mexer, afinal de contas não havia sido ordenada a falar ou a me mexer.
Eu havia estudado bastante sobre esse mundo, sobre o que esperavam de mim. Como é a postura de uma submissa, de uma escrava, de uma brat, entre outras posições de subs e no caso, havia acabado de assinar um contrato de submissa/escrava, o que significava que estava a mercê das ordens deles.
“Interessante… Muito interessante…”
Pela primeira vez escutei a voz do homem de cabelos negros, ela tem um tom rouco, mais forte, mais intenso. Resisto a vontade de estremecer, de virar a cabeça para encará-lo, de sorrir ironicamente e jogar na cara dele que ele tinha me subestimado, mas não posso, não ainda, não por enquanto.
“Vamos, pet.” O homem de cabelos castanhos falou e então puxou a coleira para frente, comecei a andar, olhando para o chão.