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Você vai morrer

CAPÍTULO 3

Maria Eduarda Duarte

Não sou do tipo quietinha, não consigo aceitar tudo que me impõem e também não pretendo mudar. Principalmente quando percebo que me passam para trás como nesse instante.

Aquele consigliere do diavolo me colocou no chão e disfarcei meus movimentos, mas sorriu limpando os ombros, só para deixar claro que percebeu meus movimentos. Praticamente corri até meu irmão sem olhar pra trás.

— Você soube o motivo? O combinado era eu me casar com Alexei, e agora aquele nojento do Anton, quer ficar no lugar dele, e eu não quero! — meu irmão me apontou o dedo.

— Maria Eduarda Duarte, não é você quem escolhe! Todos nós sabemos que acordos são necessários, droga! Eu acho que deveria se esforçar mais, o Don não irá te poupar de novo, você nem se esforçou, como sempre mandou tudo para o espaço, só pensou em você. — ele falou e o infeliz do consigliere tossiu dando risada, depois ficou de costas, então o ignorei, mudei a estratégia, já aprendi a lidar com meu irmão.

— Irmão tenha pena de mim. Me deixe escolher meu marido, aquele cara não vale nada, me ameaçou em cinco minutos ao meu lado! Fale com o papai, fale com o Don. — coloquei a mão sobre o peito do Enzo.

— Caramba, Maria Eduarda! Você acha o quê? Ninguém passará a vida, consertando a sua. Acha que fugindo, escapando por uma passagem secreta, sacando uma arma, vai resolver alguma coisa? É claro que não, as coisas não são do seu jeito! Você sabe como foi difícil resolver o problema que criou? Estamos lidando com a máfia russa, não com gangues de adolescentes, já parou pra pensar? — meu pai me repreendeu com a voz alterada, enquanto andava de um lado para outro, e comecei a preocupar.

“Consigliere miserável, estrangeiro do diavolo... tinha que aparecer para estragar meus planos?“ — Resmunguei comigo mesma, mas o consigliere do diavolo ouviu, deu aquele sorriso debochado outra vez, me fazendo comprimir os dentes, querendo enganá-lo, até que me surpreendi:

— Pai, eu posso fazer isso, se quiser! — minha gêmea se ofereceu para ficar no meu lugar, mas todos negaram, já que ela está fazendo um tratamento médico.

— Você não pode, não agora. Deixe que Maria Eduarda cresça e encare as coisas como adulta. — meu pai falou e olhou para mim, fixando os olhos na minha mão. — Cadê sua pulseira?

— Ficou no quarto.

— Então coloque-a novamente! Suba com sua mãe e sua irmã, que vou imediatamente até a casa do Don com seu irmão, vamos resolver isso! — olhou para o consigliere do diavolo — Obrigado por trazer Maria Eduarda novamente, estou te devendo uma.

— Sei lidar com pessoas como ela, se voltar a vê-la, trarei para sua casa imediatamente. — fiz cara feia e mostrei o dedo do meio para aquele infeliz sem que ninguém visse.

— Gosto do teu estilo, segue perfeitamente às regras! — meu pai o elogiou, não aguentei aquela chatice, situação mais estranha, virei as costas e corri pelas escadas, fechando a porta do quarto com força e me trancando lá dentro.

Do jeito que estava entrei no banheiro, liguei o chuveiro ainda vestida, e deixei a água escorrer, enquanto ouvia batidas na porta, mas mandei sumirem.

— EU QUERO FICAR SOZINHA! ENQUANTO VOCÊS DECIDEM A MINHA VIDA, NO MÍNIMO TENHO DIREITO DE UM POUCO DE PAZ! — gritei, e então os barulhos pararam.

Comecei a lembrar de tudo o que aconteceu e me senti horrível. Aquele homem não me engana, ele vai destruir a minha vida se eu me casar com ele. Como viverei na Rússia com alguém que de cara não confio? Ficar longe da minha família? Ele vai tentar me bater, me forçar a ser sua mulher, e eu farei o quê?

A água escorria pelo meu corpo, mas eu não iria chorar, não sou frágil como minha irmã, sou Maria Eduarda Duarte, dou o exemplo. Tenho vinte e seis anos, dinheiro guardado... sou formada em administração, graduada em Gestão Financeira, porque me preocupar, não é?

Quando me lembrei de tudo isso, arranquei a roupa molhada, me apressei no banho, saí e me vesti novamente.

Arrumei uma pequena mochila, com duas roupas extras, meus documentos, cartões e dinheiro. Certamente minha família não queira decepcionar o Don, então é melhor que não saibam onde estou até que eu me organize e encontre um bom trabalho.

Tenho uma amiga em Tivoli, irei para sua casa até que a poeira abaixe e a família Kim desista do acordo.

Esperei as horas passarem, quase de manhã pedi um carro no aplicativo. Olhei para a pulseira na penteadeira e encaixei rapidamente mesmo meio solta. Desci cuidadosamente pelas escadas, coloquei a mochila nas costas e apenas avisei os seguranças que iria até a casa do meu irmão.

Quando entrei no carro segui tranquila, embora acostumada a ficar esperta com tudo ao meu redor, observei que um carro parecia nos seguir.

— Moço, é impressão minha ou aquele carro de luxo está nos seguindo? — o homem deu uma olhada no retrovisor.

— Não, acho que é impressão sua! — fiquei de olho, incomodada e apreensiva, até que mudei de ideia.

— Vire à direita rapidamente! — falei apressada.

— Mas sairemos do trajeto, senhorita!

— AGORA! EU PAGO, NÃO TEM PROBLEMA! — o homem virou depressa, então vi quando seus olhos se arregalaram e acelerou o carro do nada.

— Merda! Realmente estão nos seguindo, no que a senhorita está envolvida?

— Nada, apenas ande depressa, não os deixe nos alcançar! — eu falei isso e ele começou a dirigir feito louco, mas o carro nos alcançou, e vendo que o motorista diminuiu a velocidade e iria parar por medo, eu simplesmente abri a porta e saltei, rolando pelo gramado e machucando o quadril no chão.

As minhas coisas ficaram no carro, eu precisava correr mesmo assim. Tanto poderia ser uma máfia rival, quanto poderia ser aquele consigliere tapado, e eu não voltaria pra lá agora.

Entre galhos e buracos eu corri sem olhar pra trás, “não posso tropeçar, não posso escorregar!“ — Pensei enquanto corria sem fôlego, até que alguém me alcançou e senti algo pontudo entrar na minha carne pelo ombro.

Caí no chão com a cabeça que ficou pesada, e senti quando Anton Kim, caiu sobre mim.

— Sua estúpida! Por que precisou dificultar tanto as coisas? Eu até poderia ter feito um papel de bonzinho pra você ficar feliz, mas agora perdi a paciência. Com essa injeção só vai acordar na hora do nosso casamento, e resolverei tudo por você. Seus pais pensarão que estava ansiosa por nosso acordo! — senti náuseas, tentei empurrar aquele idiota de cima de mim, dizer a ele que minha família me conhece, saberiam muito bem que não o queria, e não estava com ele por vontade própria, mas fiquei com muito sono, a minha boca amoleceu, a voz ficou extremamente baixa.

— Você vai morrer... — foi a única coisa que consegui dizer, antes de tudo ficar escuro.

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