Não é ela!
CAPÍTULO 4
Maicon Prass Fernandes
Acabei indo até a casa do Don com os familiares da Maria Eduarda. O pai dela explicou tudo o que aconteceu, e pelo olhar do Don pra mim, eu lhe respondi antes que perguntasse algo, já o conheço bem.
— Se foi feito um acordo vantajoso, penso que deveria ser cumprido. Primeiramente eles quebraram, então se pensam em rejeitar algum membro da família Kim, organizaremos os soldados e iremos imediatamente atrás deles, até estarem todos mortos! — todos me olharam espantados.
— Você é bem direto... — Hélio comentou, olhei para o Don que servia um whisky para os visitantes, mas puxei um copo extra pra mim, que me olhou de forma rude.
— Bom... se o importante for manter o acordo, para ficarmos tranquilos no futuro, Maria Eduarda deve parar de ser irresponsável e se casar de uma vez, seja lá qual, seja o noivo. Ou vai ficar escolhendo rosto bonito ao invés de pensar com a razão? Afinal cresceu nesse meio, não é? — todos pareciam respirar forte, ficou um silêncio, mas eu não estava entendendo... se ela me rejeitou sem pestanejar quando eu era apenas “um soldado estrangeiro”, como comentou há quase quatro anos, qual o problema agora de fazer o que mandaram, porra?
— Não vou forçar Maria Eduarda, se ela não quer Anton, está no seu direito. Vamos marcar uma reunião amanhã no reduto e desfazer o acordo por enquanto. Eles vão aceitar, afinal a culpa não é nossa! — o Don falou e todos concordaram... bom, eu não! Pra mim já deveria ter noivado e pronto! Só que a escolha é sempre do Don, e pra mim a escolha dele é uma ordem.
A família da moça discutiu mais alguns assuntos e então foram pra casa.
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— Algo me diz que os russos causarão problemas! Pense bem, se não prefere que a gente acabe com eles. — comentei com o Don, que balançou a cabeça.
— A Rússia é imensa, prefiro tê-los como aliados. E você não deveria beber, sabe disso! — puxou o meu copo para seu lado, mas não me impediu de alcançar.
— Por isso deveria forçar sua prima a se casar, negócios são negócios. — voltei ao assunto.
— Você se sacrificaria pela máfia Strondda, Maicon? — me perguntou.
— Sem dúvida, Don! Não sou irresponsável e inconsequente como Maria Eduarda! — ele balançou a cabeça enquanto me analisava, então segurei o copo com a dose de Whisky e virei de uma vez, o Don sorriu.
— Sabe o quanto me preocupo com você, não sabe? Aposto que ainda não encontrou um coração compatível, não sei porque abusa com bebidas alcoólicas. — respirei fundo ao encarar o Don.
— Não se preocupe, estou mantendo o combinado. Só não deixe que ninguém saiba, esse ainda continuará sendo um assunto só nosso. Além da fila no banco de órgãos para um coração, estou averiguando cada inimigo digno de morte, mas nenhum foi compatível... bem, até agora! — ele balançou a cabeça, parecia pensar longe.
— Continue tentando, quero você vivo por muitos anos. — assenti.
Não falamos mais nada, então fui para minha casa e guardei muito bem o Maserati, não gosto de usá-lo assim, durante o dia, como usei hoje. Já era bem tarde e meus pais dormiam.
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No outro dia:
Como quase não dormi, antes que o dia clareasse eu já estava no reduto. A primeira ligação recebida fui eu quem atendeu, e para meu espanto, Maria Eduarda havia desaparecido, seu pai estava atordoado.
— Estou indo pra aí! — sorri ao imaginar seu semblante de travessa antes de sumir, e fiquei ainda mais confortável ao me lembrar do tal noivo que está tentando substituir o irmão...
“Idiota... ela não quer você!“
Avisei a família dela, peguei um dos carros da máfia, e com nossos soldados fomos parar lá em questão de minutos.
Ajeitei a minha arma e em alerta entrei na residência Duarte.
— O que aconteceu? — perguntei, notando que outros carros começaram a chegar.
— Eu não sei, ela sumiu! Levou os documentos, mas quase nada de roupa, e isso é estranho. — sua mãe falou aos prantos, e me assustei com a irmã dela, que saiu correndo e subiu as escadas, então a mulher foi atrás.
De repente o celular do pai dela tocou, e ele colocou no viva-voz:
— É o celular da Duda! — exclamou, fazendo sinal de silêncio e imediatamente observei. — Filha? Onde você está?
— Bom dia, senhor Duarte, aqui é o senhor Kim! Sua filha nos ligou bem cedo, disse que já havia decidido, manteria o acordo para beneficiar ambas as famílias. Pediu ao Anton para que viesse buscá-la, e já estamos no avião vamos decolar. — virei de costas, puxei a minha arma, e apertei repetidamente, com os dedos coçando para apertar o gatilho.
“Não acredito que aquele infeliz a levou!“ — Pensei ao olhar para as paredes e andar de um lado para outro... que merda!
— Ela nunca faria isso, o que está acontecendo? Eu quero falar com ela. — Hélio disse ao telefone e claro que aquilo estava errado, não fazia sentido.
— Bom, está descansando no quarto com meu filho Anton, mas vou pedir a ela que envie um áudio, deve ser mais responsável para ser a dama da máfia Rússia! — me segurei para não destruir a mesa de centro, aquele velho estava me irritando. Com o pouco que conheço da Maria Eduarda, duvido que tenha ido atrás dele.
— Se ela não falar comigo, não me culpem por tomar medidas diferentes, senhor Kim! — Hélio, o pai dela, ameaçou, respirei fundo, tentando focar na solução.
— Fique tranquilo, vou resolver. A ligação pode cair, já estamos decolando... — de repente a ligação caiu, e Hélio se desesperou.
— Ela não faria isso, vamos atrás dela! Soldado, verifique a localização da pulseira da minha filha! — ele disse e então depois de alguns minutos, chegou um áudio:
— Pai, eu estou bem! Vim com Anton para realizar o casamento, quero uma festa grandiosa aqui na Rússia, vocês vêm? — nos olhamos e dissemos juntos:
— Não é ela! — não consegui ficar lá dentro, saí daquela sala e descarreguei a arma num ponto específico, onde poderia aliviar a minha raiva.