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CAPÍTULO 7

Os lábios carnudos se moldaram aos meus se rendendo tão facilmente ao meu toque, eu segurava o rosto dela, mas queria mesmo estar tocando suas curvas. Maldita a hora em que prometi que me comportaria e ganharia sua confiança.

Mordi o lábio inferior de Angela, querendo que ela abrisse a boca e me deixasse deslizar minha língua ali, mostrando como logo faria por todo seu corpo. O gemido que ouvi escapar dela me deixou ainda mais excitado, meu pau se apertou dentro da calça social e eu me amaldiçoei por ser levado por tão pouco com aquela garota.

— Abra a boca Angel, me deixe mostra como faz. — meu pedido fez seu corpo inteiro endurecer.

Mas que porra? Eu estava tentando não assustá-la, mas já parecia que ela tinha sido aterrorizada.

— Para Filippo! Por favor.

O nome dele deixou os lábios dela com verdadeiro medo e as feições dela estavam tomadas por nojo, bem diferente da mulher que tinha me pedido para ensiná-la a beijar.

Mas agora meu pensamento estava correndo para outro lugar, imaginando vários cenários onde Filippo a tocava e a forçava a fazer algo.

— O que aquele verme fez com você? — a pergunta pulou da minha boca antes que pudesse pensar melhor. — Vamos Angel, o que ele fez?

Ela balançou a cabeça e se apoiou na mesa, parecendo desconcertada com minha pergunta. Mas eu não podia me importar menos com o que ela estava sentindo no momento, só havia espaço para pensamentos assassinos em minha mente.

— Na noite de noivado meu pai nos deixou a sós e ele me beijou... ou tentou. Não foi como o seu beijo, Filippo... — ela respirou fundo e eu mudei de lugar, indo para trás da mesa para poder olhá-la melhor, vendo nojo contorcendo os doces lábios.

— Fale de uma vez porra, ou vou ser obrigado a arrancar a pele do desgraçado até que ele fale, e isso começaria outra guerra. — rosnei sem me importar se a assustaria ou não.

Mas ao invés de medo, Angela ergueu os olhos surpresos com o que eu tinha acabado de falar.

— Ele forçou a língua em minha boca e quando não abri os lábios ele enfiou os dedos em minha boca, forçando e me dizendo que seria perfeita para engolir o seu... pau. — ela engoliu em seco e desviou os olhos do meu. — Depois ele enfiou a língua em minha boca enquanto agarrava minha bunda e tentava enfiar a mão em meus seios. Ele não se importou com meu incomodo porque eu logo seria dele e então poderia fazer o que quisesse comigo. — Angela passou a unha na madeira, parecendo uma garotinha abatida e eu detestei vê-la assim. — Eu deveria culpar o vestido de prostituta que meu pai me forçou a usar para me mostrar a ele e por terem me mandado deixar que ele fizesse o que queria, mas ele se divertiu com minha inexperiência e mais ainda quando me viu abalada.

— Me diga que ele não fez muito mais do que isso, pequeno anjo?

— Porque quer saber? Não tem que entrar em uma briga que não é sua, o que ele fez não é considerado nada pra vocês homens. Tenho certeza que até mesmo se ele tivesse me tocado em outros lugares ou me forçado a fazer outras coisas não seria levado em conta, afinal eu ainda seria virgem e ele era meu noivo.

Apesar do desconforto visível em seu olhar Angela me desafiou erguendo uma sobrancelha. Ela estava me testando para ver se eu iria mesmo me importar com o que aconteceu. Estava claro que ela não acreditava que não éramos como eles.

— Eu quero saber porque se ele fez apenas isso vou arrancar a língua dele e a pele das mãos, quem sabe dependendo da negação dele eu arranque as duas mãos também. — os olhos searregalaram ainda mais em choque e eu assisti ela engolir em seco. Aproveitei isso para baixar meu tom e usar um olhar assassino. — Agora, se fez mais alguma coisa com você as consequências serão ainda piores, vou arrancar cada pedaço do corpo dele que tocou em você.

Ela semicerrou os olhos em desconfiança e então abriu um sorriso pequeno. Angela poderia parecer uma garota inocente e submissa, mas a verdade é que ela nunca teve o espaço para fazer sua coragem e maldade crescer. Mas ela era astuta e eu podia ver claramente isso.

— Claro, se eu aceitar me casar com você vai querer fazer isso a ele para limpar a sua honra. — ela abanou a mão com desdém. — Então se eu espalhar o boato de ter sido abusada por soldados da 'Ndrangheta, você irá atrás de cada um deles?

— Onde quer chegar com isso? — questionei com os dentes trincados, não gostando nenhum pouco do que ela tinha acabado de falar.

— No fato de que você não faria nada por mim, apenas por você mesmo! — Angela cruzou os braços erguendo o queixo, como quem tinha acabado de ganhar uma batalha. — Não se importa com o que ele fez ou deixou de fazer comigo, apenas com a possibilidade de Filippo falar que beijou a sua mulher, que a tocou antes de você! Mas se você parar pra pensar não pode fazer nada quanto a isso, eu sou dele. — as palavras dela fizeram minha boca ser tomada por um gosto amargo e ela ergueu a mão com a aliança de noivado do desgraçado. — Você não pode culpá-lo por tocar no que lhe pertencia, na verdade nesse jogo você é o errado, me roubou dele, me colocou sentada em seu colo, me trouxe para sua casa, colocou sua boca em minhas pernas e me beijou.

Ela estava jogando, claramente me testando para ver se eu a deixaria ir. Se eu declarasse mesmo que era melhor do que Filippo e o pai dela, não poderia mantê-la ali contra sua vontade e ela estava dizendo com todas as palavras que era dele.

Não podia negar que ela era inteligente, uma pequena diaba, era assim que eu deveria chama-la, porque aquele ar angelical ficava apenas na aparência.

— Quer ser dele anjo? Você está se declarando pertencer ao homem que a jogou no chão enquanto estavam sendo atacados? Quer passar o resto de sua vida ao lado do verme que não a protegeu nem no dia do casamento?

O sorriso presunçoso dela morreu com minhas perguntas e o suspiro pesado deixou seu peito. Estávamos jogando baixo um com o outro, eu com o desejo dela de ser livre e ela brincando com a minha necessidade de tê-la comigo.

— Não. Quero pertencer a mim mesma! — Angela declarou se levantando. — Quando vai me ensinar a atirar?

— Amanhã. Agora vamos levá-la ao seu quarto para que possa tomar um banho e descansar. — estendi minha mão na direção dela e o seu olhar vacilou por um instante. — Aceitar o que eu estou oferecendo não é aceitar ser minha, anjo. Eu vou te provar que é foi feita pra ser minha lembra?

Ela deslizou a mão contra a minha, mas eu me curvei e a peguei no colo, a erguendo com facilidade e arrancando um arquejo surpreso.

— O que está fazendo? Não pode ficar me carregando por ai assim! — ela protestou quando deixei o escritório com ela em meus braços.

— Acho que é você quem não pode ficar andando com esse tornozelo torcido. O que me lembra que tenho que chamar o médico para examiná-la.

— Não precisa! Eu estou bem, não é nada que um gelo não resolva... — Angela continuou a reclamar enquanto subíamos as escadas para o segundo andar, mas acabamos dando de cara com minha irmã e Frank.

— Oh que bom encontrar vocês dois, deixei algumas roupas no quarto ao lado do seu, presumi que ela ficaria lá. — Melissa falou empolgada. — O doutor Hans está a caminho, não deve demorar para chegar e dona Giovana já vai subir com algo para seu almoço, deve estar faminta!

— Obrigada, mas não... não precisava.

— É claro que precisava querida, não pode andar por ai com esse vestido em farrapos e passar fome o resto do dia. — ela deu um tapinha na mão de Angela antes de voltar a se afastar. — Vou deixar meu irmão cuidar de você, está em boas mãos. Qualquer coisa é só me chamar!

Ela agarrou o braço de Frank e se viraram voltando a descer as escadas. Minha irmã tinha ficado mais do que feliz com a ideia desse casamento, ela sempre quis uma irmã, mas eu duvidava que ela fosse ganhar alguém para compras e futilidades, Angela não parecia estar ali interessada nisso.

Andei até o fim do corredor onde ficavam nossos quartos, os olhos dela pareciam concentrados nas paredes com os retratos dos meus ancestrais com suas famílias.

— Esse é o seu quarto, ao menos até decidir ir para o meu. — Angela virou o rosto e nossos olhares se encontraram. — Aquele é o meu quarto, caso queira saber.

Ela manteve os olhos castanhos focados nos meus, ignorando o meu quarto, então abri a porta e entrei no que seria dela, por pouco tempo eu tinha certeza.

Andei com Angel direto até o banheiro, a mulher nos meus braços não parecia se importar com o lugar onde estava, já que se mantinha focada em mim. Até que sua mão se ergueu e ela tocou um ponto especifico em minha testa. Travei minha mandíbula, mas Angela parecia alheia a minha reação, já que continuou com os dedos, traçando a cicatriz que seguia da altura dos meus cabelos até minha sobrancelha esquerda, me fazendo fechar os olhos com a carícia delicada.

— Como conseguiu essa cicatriz? — foi aquela pergunta que fez toda a minha escuridão vir a superfície, meu coração disparou e meu sangue ferveu em ódio.

Eu não podia contar isso a ela, não se quisesse que ela continuasse ao meu lado. Por isso apenas a coloquei no chão o mais rápido possível e sai de lá na mesma velocidade com que as lembranças me tomavam.

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