CAPÍTULO 6
Quando meu pai me disse que eu ia casar com Filippo para que nós tornássemos aliados e assim pudéssemos ganhar a guerra contra os russos, eu não discuti, aquela era a primeira vez que meu pai falava qualquer coisa sobre os assuntos da máfia comigo.
Mulheres não deveriam saber dessas coisas, não podíamos aprender a lutar, ou ir para a faculdade. Nossa função era apenas casar, ser uma esposa atenciosa e obediente, submissa a todos as vontades do marido.
Era isso que éramos ensinadas desde pequenas. Essa era a forma de garantirem que não nos envolveríamos nos negócios da famiglia, nos portaríamos como belas esposas submissas, criando outras mulheres obedientes.
Mas desde que eu tinha encontrado com Marco Falcone algo me impulsionava a fazer as perguntas que estavam em minha cabeça todos esses anos. Pela primeira vez eu não me sentia forçada a guardar meus pensamentos para mim mesma.
Ele me desafiava até mesmo com o olhar e as palavras dele não saíam da minha cabeça: Você pode ser a própria Diaba da Camorra ao meu lado. Aquelas palavras implicavam tanta coisa, eu sabia bem o que queria dizer “ao lado dele”, teria que me casar com Marco era a única forma. E por mais que eu tivesse noção de que meu pai odiaria isso, eu não pude evitar gostar da ideia de me tornar algo além de uma esposa troféu.
— E o que acontece se você conseguir provar isso, se você me mostrar que fui feita para o Demônio da Camorra? — o questionei, sentindo meu coração disparar com o medo da resposta dele.
Há poucos minutos atrás eu achei que ele me pegaria, me jogaria sobre a mesa e tomaria minha virgindade como disse, mas ele me perguntou se era o que eu queria e eu neguei, mesmo que meu corpo estivesse pegando fogo naquele momento e que no meio das minhas pernas eu sentisse uma pulsação que nunca havia sentido antes.
— Você e eu seremos rei e rainha de tudo, governaremos com punho de ferro e seremos o pesadelo de qualquer um que ousar nos olhar torto. — ele disse sem pestanejar e apesar de ter gostado da resposta dele, não era aquilo que eu queria saber.
— O que eu quero saber é que tipo de Rainha vai querer que eu seja?
Marco franziu a testa, mas logo um sorriso surgiu em seus lábios e ele apoiou os cotovelos na mesa, ficando mais próximo de mim. Meu corpo gritava para que eu me aproximasse dele, para que deixasse ele me tocar novamente com aquelas mãos grandes e fortes, mas minha mente me mandava ficar o mais longe possível.
— Quero que seja o que quiser, se for da sua vontade ser submissa, ficar em casa organizando bailes e eventos, fazendo compras, ou pode desejar sujar suas mãos, matando e torturando nossos inimigos, já disse que seria um prazer ensiná-la tudo o que sei. — ele falou com os olhos escuros com um brilho sombrio, assim como o sorriso.
Seus olhos desceram por meu corpo me lembrando que meu vestido estava aos trapos, eu estava suada e suja de sangue e poeira graças a ele, mas Marco não pareceu gostar menos do que via só por isso.
— Então eu vou poder aprender a lutar e atirar? Vou ter minhas próprias armas? — ele apenas assentiu enquanto eu falava, os olhos concentrados em meu busto. — E quanto a voz? Eu vou ter poder de voz nas decisões da Camorra? — minha última pergunta atraiu minha atenção.
— Se é o que quer, sim. Vou ensiná-la a conquistar o respeito dos nossos soldados e dos lideres, e então vai ser como uma de nós Angel. — eu detestava aquele apelido na boca dele, mesmo que estivesse me chamando de anjo ele fazia soar erótico. — Já disse que não vemos as mulheres como parideiras ou uma boceta para conseguir um contrato, minha irmã é o exemplo disso, aos vinte anos ela escolheu Frank, meu sub-chefe, e mesmo contra nossos desejos se casou com ele. Melissa sabe atirar e lutar, foi treinada com nossos melhores soldados, mas ela prefere o mundo da moda.
A resposta dele me surpreendeu totalmente, tinha acabado de conhecer a irmã dele e ela parecia mesmo não se intimidar facilmente, mas eu só teria a certeza de tudo o que ele falava quando fosse comigo, quando começasse a me treinar.
— Então eu vou treinar com seus melhores soldados? Quando posso começar?
Ele deu a volta na mesa rapidamente, se abaixando na minha frente pegando minha perna sem nenhuma cerimonia.
— Ei! — tentei protestar quando meu vestido rasgado subiu mostrando minhas coxas, mas as mãos dele continuaram a se mover, me livrando dos sapatos.
— Antes de aprender a lutar vai ter que desinchar isso aqui. — mantive meus olhos focados nele, vendo seus dedos deslizarem em minha pele, subindo por minha panturrilha me arrepiando por inteiro. — E eu vou ser o único a ensiná-la a lutar, não quero nenhum homem te tocando.
— Tocando no que é seu. — murmurei com tom de deboche e bufei virando o rosto. — Já está me tratando como sua propriedade igual aos outros.
Senti um toque diferente em minha perna e voltei meu olhar para ele, apenas pra ver os lábios dele sobre minha pele. Engoli em seco quando nossos olhos se encontraram e ele subiu ainda mais a boca em minha perna, fazendo meu corpo todo entrar em combustão e a pulsação entre minhas pernas voltar.
— Você ainda não é minha, pequeno anjo. Não a ouvi gemendo e declarando que é minha. — Marco colocou a língua pra fora deslizando em mim e eu arfei quase me engasgando. — Mas eu detestaria que qualquer outro que não está a sua altura lhe ensinasse.
Aquilo era uma loucura, tudo aquilo era uma loucura. Eu nem sabia como estava minha família, o que tinha acontecido depois do ataque no casamento, eu tinha sido sequestrada e levada até ali, e certamente não deveria estar sentido aquelas coisas por ele.
Mas não estava conseguindo controlar minhas emoções e nem mesmo meu pensamento. Então antes que eu me desse conta estava fazendo uma pergunta ainda mais estúpida a ele.
— E se eu pedir para que me ensine a beijar? — as palavras saíram da minha boca sem controle.
Marco se afastou da minha perna e se ergueu chegando perto de mais de mim. Com a mão direita ele afastou meus cabelos e envolveu minha nuca me prendendo no lugar.
— Eu diria que é um prazer ensiná-la. — Estávamos tão próximos que a respiração dele bateu contra a meu rosto fazendo minha respiração acelerar.
— Então me ensine Marco, me ensine a beijar!
Ele não esperou por outro pedido antes de puxar meu rosto mais perto e grudar nossos lábios me arrancando um suspiro, os lábios macios mas firmes se moveram sobre minha boca com maestria, cobrindo meus lábios completamente antes de mordiscar meu lábio inferior me fazendo soltar um gemido baixinho.
— Abra a boca Angel, me deixe mostra como faz. — ele pediu com a voz ainda mais rouca e pânico me invadiu, junto com a lembrança de Filippo invadindo minha boca com aqueles dedos nojentos enquanto se esfregava em mim e tentava passar as mãos em meu corpo.
A bile voltou a subir em minha garganta enquanto aquele escroto tomava meus pensamentos e eu levei as mãos ao peito o empurrando.
— Para Filippo! Por favor. — as palavras saíram da minha boca sem que eu processasse o que estava dizendo.
Abri meus olhos dando de cara com Marco me encarando com uma expressão feroz, o cenho marcado e os lábios apertados em uma linha reta. A respiração dele estava descompassada, mas agora eu duvidava que fosse efeito do rápido beijo.
— O que aquele verme fez com você? — ele rosnou a pergunta, me arrepiando dos pés a cabeça.