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QUATRO - 2ª parte

A noite já havia caído quando finalmente saí da mansão e não pude ir ao mercado como havia previsto, mas fui até a farmácia e comprei os medicamentos que a minha mãe precisava, e em uma mercearia comprei algo para comermos essa noite. Aproveitei para comprar uma deliciosa fatia de torta para a minha mãe também. Apenas um mimo para alegrá-la. Caminho rapidamente pela calçada, pois tenho pressa de chegar em casa e de saber como ela está e como foi o seu dia. Um carro muito luxuoso parou ao meu lado e eu senti o meu coração disparar forte no peito, quando vi quem era o motorista atrás do volante. Ele saiu do carro e veio ao meu encontro.

— Boa noite, Sara!

— Gael? — Suspirei ao cumprimentá-lo, mas não foi um suspiro sonhador. Tava mais para um suspiro frustrado. Estava claro que ele não pertencia ao meu mundo. Gael anda sempre arrumado demais, com roupas caras e galantes e agora esse carro, diz muito sobre ele.

— Está indo para casa?

— Sim.

— Posso te levar? — Aponta para o carro e eu olho para o objeto receosa.

— Desculpe, mas eu não posso!

— Por que não?

— Gael, essa é uma cidade pequena e todos vão falar — explico. Ele olha ao nosso redor e assente concordando comigo. Inesperadamente ele se aproxima e pega as sacolas das minhas mãos.

— Então vamos caminhado. — Santo Deus, isso não pode estar acontecendo comigo! Pensei, mas não contestei e me pus a andar ao seu lado. 

Conversar com ele era algo bem natural. Com Gael, eu não me sinto constrangida e consigo até sorri das suas sandices, mas o que me incomoda é esse poder que ele tem de me atrair e sinto que esse não é um caminho bom para mim. Deus, eu me sinto como uma mosca sendo atraída para a sua teia e não escaparei de ser destruída. — Pronto, entregue sã e salva!

— Obrigada, Gael, mas sério, não precisava. — Penso em pegar minhas sacolas de suas mãos e entrar em casa, mas o que ele me diz em seguida me deixa completamente sem ação.

— Não consigo parar de pensar no nosso beijo, Sara.

— Gael, eu não acho uma boa ideia falarmos sobre isso aqui.

— Por que não? Você não gostou?

— Sim, mas… — Ele sorriu e eu me perdi no seu sorriso.

— Quero sair com você para te conhecer melhor.

— Eu não posso! É que trabalho o dia inteiro e minha mãe está muito doente. Ela fica sozinha o dia todo e…

— Uma hora da sua presença já me satisfaz, Sara. Nada de mais, um passeio, um jantar. Por favor?

— Uma hora, Gael, nem um minuto a mais. — Mais um sorriso surge em seus lábios e logo em seguida um beijo pequeno e calmo em minha boca.

— Te encontro aqui, amanhã — avisa sem se afastar de mim. Concordo com um aceno de cabeça e ele torna a me beijar e esse beijo é mais demorado, e Deus do céu, é arrebatador também! — Boa noite, princesa! — sussurra.

— Boa noite! — falei quase sem voz e entrei.

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O dia mal amanheceu e eu já havia pulado para fora da cama. Estava ansiosa demais para ficar deitada esperando o dia começar. Observei minha mãe ainda dormindo no seu cantinho e sai nas pontas dos pés para o banheiro. Encarei-me diante do pequeno espelho do pequeno móvel na parede e suspirei. Pela primeira vez me vi de uma forma diferente. Havia um brilho diferente em minha pele e um sorriso bobo em meus lábios. Até o meu coração batia diferente. Isso é assustador, pois sei que o meu mundo nada tem a ver com o seu. Gael com certeza deve ser o filho de um desses coronéis, donos de enormes fazendas, que jamais me aceitaria na vida do filho dele. Então, porque meu coração não quer entender isso? Termino a minha higiene pessoal e acabo por ir ao mercado antes de ir para o trabalho. Ponho um vestido de alcinhas, com uma saia pinçada, que tem um comprimento a cima dos meus joelhos e uma rasteirinha. Ponho o dinheiro na bolsa a tira colo e abro a porta, parando abruptamente, encontrando Gael com uma mão erguida e fechada em punho, pronta para bater na madeira.

— Bom dia, Sara!

— Por Deus, o que você faz aqui? — questiono preocupada e tenho o cuidado de olhar para os lados, para ter certeza de que ninguém o veria.

— Desculpe! Estava morrendo de saudades e quando vi, já estava aqui. — Permaneço séria, o encarando, mas a verdade é que o meu bobo coração estava em festa. — Vai sair?

— E… eu preciso ir ao mercado — gaguejo uma resposta.

— Hoje é o seu dia de sorte, senhorita, vem, eu te levo — fala apontando a caminhonete luxuosa e suspiro. — Ah, vai! Ainda é cedo e ninguém verá. — Suspiro mais uma vez, dando uma olhada em volta e forço um sorriso.

— Está bem! — Gael vai até o carro, abre a porta e me dá passagem. É a primeira vez que entro em um carro assim tão confortável e com um cheiro especial. Ele se acomoda ao meu lado e em seguida o som do motor ronca suave e logo estamos em movimento. A essa hora o mercado está tranquilo e a maior parte das pessoas que transitam por ele, são os comerciantes, montando suas barracas com frutas, verduras e muitas outras coisas. Enquanto tento me concentrar nas compras, Gael faz algumas gracinhas que faz os feirantes rirem e claro que eu não sou imune ao seu humor. — Pronto, terminei! — avisei após receber alguns centavos de troco.

— Como assim, vai levar só isso?

— Sim, Gael e tenho pressa, pois preciso ir trabalhar.

— Calma, prometo que chegará a tempo. Vem. — Ele segura as poucas sacolas em uma mão e com a outra, segura uma mão minha, e vamos para o outro lado da feira. Observo o rapaz elegante comprar tudo que ver pela frente: bolo, queijo, pão, iogurtes e uma infinidade de coisas que eu jamais imaginei levar para casa e logo depois, vamos para o seu carro, com as mãos cheias. Não demora muito para voltarmos ao vilarejo e ele me ajuda a levar tudo para dentro de casa. Dona Sara o olha com curiosidade, dentro do nosso humilde lar e segundos depois, os observo em uma conversa animada, enquanto arrumo as compras dentro de uma dispensa e na geladeira também.

— Vá fazer companhia ao seu amigo, filha e deixe que eu faça o café. — Ela pede e eu concordo com ela.

— Mas, não se esforce muito — peço baixinho e vou até à sala, onde o meu suposto amigo se encontra. 

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