Capítulo 6
Sabrina Becker
Chegamos na garagem do prédio, e já vejo um homem de terno parado enfrente a vaga do mestre.
-Oi Afonso!
Ele o cumprimenta com um aperto de mão. Da a volta no carro e abre a porta para mim, me ajudando a descer.
-Sabrina este é Afonso, seu segurança. Ele que te levará para todos os lugares.
Ele estende a mão para mim, olho para o mestre e ele confirma com a cabeça, deixando eu apertar sua mão.
-É um prazer Afonso.
-Estou a sua disposição Senhora.
Ele é bem alto, branco e careca. Um homem desse chamará a atenção da recepção do Internato. Muitas meninas vão querer passear por lá.
-Afonso, me ajude a pegar as malas dela e por no elevador.
Mestre Paulo pega uma mala, e ele pega a outra.
Vou atrás deles para o elevador. Afonso deixa a mala lá e volta para seu posto.
E nós subimos para o apartamento.
Ao chegarmos no corredor, pego uma mala e ele a outra. Digita o código e diz:
-Depois vou te passar o código.
Entramos no apartamento e tiramos o sapato.
Uma senhora japonesa, de cabelo grisalho num coque aparece em nossa frente.
-Sabrina, está é Zefa, nossa governanta. Sabrina é minha nova submissa Zefa.
-Prazer Senhora... Ela faz uma mesura como os japoneses.
E eu faço o mesmo em respeito. Sei que na cultura deles, eles cumprimentam desta forma. E eu pretendo me adaptar as suas origens.
-Vou levar suas malas para seu quarto hanī, fique a vontade.
-Sim mestre.
Queria muito saber o que significa Hanī. Não me é estranho, mais nunca ia imaginar que está expressão era japonesa.
-Gostou de sua nova casa senhora?
-Sim, estou gostando muito. Principalmente se eu puder enfeitar com um pouco de cor e flores.
-A Senhora Paula traz uma vez por mês uma ikebana, para por na sala. A senhora gosta de flores?
Quem será a Senhora Paula?
Deve ser a mãe do Paulo. Só pode...
-Sim, muito... Eu já tive vontade de aprender fazer ikebana. Mais nunca me dediquei.
-Posso ensinar a senhora...
-Seria fantástico Zefa. Quero me adaptar aos costumes, de meu mestre.
-Vou te ajudar nisso. Posso te amostrar nossa cozinha? Vem...
Ela sai na frente, me pedindo para eu acompanhar ela. Já gostei muito dela.
-Esta é a cozinha. Anotei os horários naquele quadro para a Senhora não se perder. O jantar de hoje já está pronto, só falta a Senhora fazer os bifes. Quis deixar pronto, já que a Senhora ainda está se adaptando. Sr. Paulo gosta de jantar as 20 h em ponto, isso só não acontece quando ele está no hospital. Mais ele costuma avisar sob mudanças de horários. O almoço e café da manhã, eu me encarrego. Apenas nos finais de semana que não. Os horários desses dias estão aí...
Confirmo com a cabeça.
-Senhor Paulo é muito organizado e metódico. Ele gosta de rotina, não gosta de sair dela.
-Eu também sou assim.
-Que bom! A adaptação vai ser mais fácil. Depois quero que a senhora me diga o que gosta de comer, e eu pus aqui... -ela me amostra o quadro. -às comidas preferidas dele.
Confirmo com a cabeça.
-Vc sempre comerá no balcão da cozinha, meia hora antes de servi-lo na mesa. Só se ele mudar de idéia.
Confirmo com a cabeça. Ela parece trabalhar muitos anos para ele, por causa da intimidade. Será que eu chegarei a esse estágio também? Eu espero que sim...
-A senhora trabalha muito tempo com ele?
-Vi ele crescer. Trabalhava na casa dos pais dele.
Eu sorrio.
-Senhor Paulo é muito generoso e carinhoso, mais gosta de ordem, organização, hierarquia. Para essas coisas ele parece muito com o pai. Mais a doçura e o carinho ele puxou da mãe.
-Equilibrio perfeito!
-Exatamente.
Continuamos conversando sobre as tarefas que serão minhas quando ela não estiver presente.
Logo depois subo para meu quarto e vou arrumar as coisas que já chegaram, antes que eu perca o horário de servir o jantar.
***
Paulo Niko Sankyo
Estou no meu quarto, enquanto escuto de longe a conversa das duas na cozinha.
Eu ainda estou matutando como vou contar para Arthur. Será que o Bê me dá alguma idéia? Não custa tentar.
Pego o telefone e espero ele atender.
-Fala...
-A submissa que está comigo é Sabrina...
Ele fica em silêncio do outro lado, e logo depois escuto um assovio.
-Entendi pq o suspense...
-Acontece que não sei como contar para o Arthur...
-Porque?
-Jura que vc me perguntou isso?
-Porque? Arthur já terminou com Sabrina a mais de uma ano. Vc não percebeu que ele está em outra? Aliás, acho até que já está apaixonado...
-Como assim?
-Tive uma conversa com ele hoje, depois que saiu do centro cirúrgico. Parece que a menina tá mexendo com a cabeça dele...
-Mais já?
-Pois é... Estou tão embasbacado quanto vc...
Eu percebi que ele estava possessivo no sábado, mais não achei que seria tanto assim! Só espero que ela seja uma boa menina...
-Sobre Sabrina... Estou com medo de ele achar, que naquela época eu já estava interessado nela.
-Claro que não... Se vc acha isso, é pq não conhece Arthur.
-E agora eu fiquei sabendo que Sabrina e Eduarda são amigas do internato.
-Melhor ainda, quer dizer que Sabrina não é mais apaixonada por ele.
-Ontem ela só falava dele Bernardo... Tenho dúvidas...
-Olha... Vc está tendo a chance de construir uma história com ela. Acho que vcs combinam, então para de merda e conta logo para o Arthur. Para com esse mistério. Ele nem vai se importar.
-Pq acha que ela combina comigo?
-Numa de nossas conversas, ele disse que ela era fraca pra dor. Não lembra disso?
-Não lembro Bernardo. Mais eu odeio que vcs fiquem falando pra mim que eu não provoco dor. Pq não é verdade... Eu também sinto prazer com dor...
-Não do meu jeito Paulo. Não leve a mau, mais os seus jogos são diferentes. Mais ninguém está dizendo que vc não é um dominador. Porra! Assuma a sua personalidade!
- Está bem... sexta é a reunião mensal do acionistas, vou aproveitar e contar.
-Faça isso. Arthur está querendo fazer um jogo esse final de semana...
-O que? Mais já? Não tem nem uma semana que eles estão juntos. Não há cumplicidade para isso.
-Não estou falando que as coisas estão fora de controle com ele? Ele quer saber o que sente quando ela estiver com um de nós.
-Eu não vou Bernardo! Eu preciso de um tempo sozinho com Sabrina. Eu nem transei com ela ainda pra fazer jogos.
-Eu tbm acho que não vou levar Camila. Já que ele quer saber o que sente, só basta eu ir. Se levar Camila, ele vai se distrair.
-É uma boa idéia.
- Agora posso voltar para minha pequena Camila?
-Tchau Bernardo.
-Tchau Paulo.
Besta!
***
Desço as escadas e sinto cheiro de comida caseira.
Quase nunca consigo almoçar em casa, mais o jantar eu faço questão. Apenas não dá quando estou no hospital.
Deixei Sabrina a vontade depois que chegamos, pq queria que Zefa lhe passasse suas tarefas domésticas.
Ao contrário do Arthur, que não deixa suas submissas fazerem nada, eu gosto de ser servido por elas.
Desci na hora exata do jantar para ver como ela se sairia.
Ao chegar na sala vejo a mesa posta apenas para uma pessoa com muito capricho e a vejo na cozinha lavando a louça.
Inclusive ela pôs um jarro com flores, certamente colhidas do jardim suspenso, em cima da mesa.
Sorrio... Uma delicadeza que me ganhou. Me sento na cabeceira da mesa.
-Boa noite mestre. Já posso servir seu jantar?
-Sim hanī...
Ela anda até a minha frente com um prato com arroz, legumes cozidos no vapor e bife. Bota na minha frente e eu a olho.
Eu acho interessante a forma que ela anda descalço. Devido ao costume que ao entrar no apartamento devemos retirar o sapato, ela está descalço. Preciso providenciar um chinelo para ela, ela não precisa andar descalço o tempo todo. Apesar de eu ter gostado da forma que ela se locomove. Ela sempre está na ponta dos pés. Parece que é natural e ela nem perceba o que está fazendo, mais ao andar, ela sempre firma a parte da frente dos pés no chão e as vezes, nem toca o restante do pé.
Acho intrigante isso!
Pensando seriamente em cancelar os chinelos para ela. Não é uma má idéia ficar observando isto.
Eu também gosto de pés, e quando eles são delicados como os dela e ainda por cima com esse trejeito, começa a mexer com algumas partes minhas.
Agora ela está com um vestido simples branco e avental na frente do vestido, provavelmente para não se sujar.
Ela sai da minha vista novamente, trazendo logo em seguida uma jarra de suco e me servindo em seguida.
-Ja jantou Hanī?
-Sim Mestre.
Ela termina de me servir, dá um passo atrás e para botando as mãos para trás de seu corpo. Eu olho sorrateiramente para seus pés novamente, e ela está com um deles apenas nas pontas.
Merda! Se eu era viciado em pés antes, imagine agora.
Suspiro e me concentro na comida.
- Vc trabalhará no internato de segunda a quarta não é? -corto um pedaço de carne e ponho na minha boca.
Sei que não foi ela que fez a comida. Eu pedi para Zefa adiantar tudo, pq hoje ela estaria atarefada arrumando suas coisas. Mais estou ansioso de experimentar seu tempero.
-Sim Mestre!
-Sua hora de acordar hanī será as sete. Acho que dá tempo de vc se arrumar quando tiver que trabalhar e tomar o café da manhã comigo, já que vc tem que está lá as 9 h. Eu malho a tarde, assim que saio do trabalho, então esse será seu horário também.
Ela concorda com a cabeça.
-Zefa te passou os horários do final de semana?
-Sim... Disse que o café da manhã é servido as 9, o almoço 12 h e o jantar as 20 h. Só muda, se o senhor resolver mudar as coisas.
-Exatamente. O que nos leva a questão da hora que vc irá acordar. Acha que consegue acordar às oito e preparar o café até às 9h, ou vc dá conta só se acordar às 7 h?
-Eu não tenho problema em acordar cedo. Eu já estou acostumada por causa do internato.
-Ok! Então continua as sete. Vamos jogar mais nos finais de semana do que dia de semana. Mais não abro mão da sua companhia quando sentir vontade. Estou querendo construir uma cumplicidade entre nós.
-Concordo Mestre.
-Como te pedi, não quero que vc ligue para Duda está primeira semana. Passando disso, se vc quiser contar a ela, pode contar.
-Sim, meu mestre.
"Meu mestre"... Isso soou como música para meus ouvidos.
Tomo um pouco de suco e volto a dizer.
-Na sua cômoda tem alguns cartões de telefones lá. De profissionais de beleza. Vc vai se programar, de acordo com seus horários para se cuidar toda semana. Não abro mão de uma pele hidratada, lisinha e sem pêlos. Cabelos bem tratados e bonitos, unhas feitas. Quero que vc vá nesses profissionais que deixei lá. Eu confio neles... Eles nunca cortariam seu cabelo curto, por exemplo, pq eles sabem que eu não quero.
-Sim mestre.
Não há nada mais bonito do que cabelos longos... Não há nada mais afrodisiaco do que puxar cabelos, do que ver um rabo de cavalo bem feito espondo a nuca. Eu poderia dizer que também sou viciado nisso... E os cabelos de Sabrina, são perfeitos para isso.
-Algum problema em transar sem camisinha? Nossos exames estão em dia, e sei que vc tem um implante no braço.
-Não mestre... Sem problema.
- Vc não está presa aqui Sabrina. Vc pode ir ao lugar que quiser, desde que me avise antes, peça permissão e saia com o segurança. Nunca só... Vai ter dias que vou estar em reunião e não vou poder estar com vc, então eu não vou te abrigar a ficar aqui dentro.
Ela confirma com a cabeça.
-Eu quero construir uma relação com vc, apesar do contrato de exclusividade que há. Então eu sei que não posso manter uma pessoa cativa a mim por muito tempo. E o nosso contrato são de seis meses. Então espero que haja confiança entre a a gente, acima de qualquer coisa. A regra de não se aproximar de homens sem minha permissão, tbm vale pra vc. Eu não sou tão possessivo, mais existe coisas que eu não abro mão.
Termino de jantar. Me levanto da mesa e digo.
-Depois que vc terminar de arrumar as coisas aqui, me espere em seu quarto na posição submissa. As 21 h irei te ver.
-Sim Mestre!
Saio da sala e vou direto para o escritório.
Vamos ver como vai ser a nossa primeira noite!