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Capítulo 3

Paulo Niko Sankyo

Chego no clube e me sento na mesa que sempre reservo, quando venho almoçar aqui. O mesmo garçom de sempre, vem até a mesa e me dá o cardápio.

-Boa tarde Senhor Niko.

-Boa tarde . Vou esperar minha convidada chegar Romeu.

-Sim Senhor! Deseja beber algo?

-Pode trazer whisky sem gelo.

Ele se retira e eu olho o lugar. É domingo, então o clube está cheio. Marquei esse almoço  aqui por ser impessoal. Não gosto desses encontros entre Dominadores e submissas, onde o Dom as avaliam, como se fosse um pedaço de carne.

Sei que a primeira vez é importante, é quando sentimos se as coisas vão combinar, mais gosto de marcar num local neutro, e só depois ir para outro lugar. Acho que elas precisam disso, para se sentir a vontade.

Os meninos costumam dizer que eu sou romântico, até nos primeiros encontros. Que geralmente submissas, não gostam dessas coisas.

Teve um tempo atrás que eu tentava ser igual a eles, levar as coisas por esse lado... mais era uma tortura ser assim. Então desta vez, seguindo o conselho dos dois, eu resolvi fazer diferente. Seguir meus instintos e procurar por algo que eu realmente quero, não por algo que Arthur ou Bernardo gostariam.

Porque eu sou diferente dos dois, e tudo bem ser assim...

Fomos criados juntos como irmãos, e dentro deste mundo chamado bdsm. Mais isso não nos modificou, tanto que cada um é diferente do outro. A nossa personalidade sempre prevalece.

Estamos acostumados a este mundo, fazemos parte dele, mais ele não nos domina. Graças a Deus!

Acho que a única coisa que nos une em gostos comuns,  é de gostar de relacionamentos 24/07. É cômodo ter alguém a nossa disposição, já que trabalhamos demais  e não gostamos de boates, com exceçao de Bernardo. Esse de vez em quando frequenta algumas boates, quando está sem um bottom.

Mais... contrariando todas as hipóteses... ele é o único que está a seis meses comprometido.

Arthur acabou de contratar uma menina. Ela é diferente de tudo que ele já experimentou. Espero que dê certo, gosto de ver meu irmão feliz.

Eu tomei um pé na bunda da minha última submissa.

Aliás, que pé na bunda!

Me trocou por um outro dominador! A desculpa dela, foi pq eu não a estimulava da forma, que tinha estimular.

Bom, não quero pensar nisso...

Passou... Águas bem passadas...

Agora tentaria com Sabrina... Não tinha contado para ninguém ainda sobre ela. Queria conversar e até combinar algumas coisas, antes de espalhar para todos. E também tinha um problema, ela foi submissa do Arthur, não sei como ele reagiria sobre isso.

Quando madame me deu ela como opção, achei uma ideia absurda no começo... Mais depois, lembrando de nosso encontro, das conversas que tínhamos quando saíamos em grupo, pensei: "porque não? Não custaria tentar..."

Quando joguei com ela foi gostoso e divertido, e olha que era num compartilhamento.

Como seria ela, sendo minha submissa?

Se Madame confirmou o almoço, é pq ela está interessada. Logo vejo ela vindo em minha direção com um terninho rosa, com saia nos joelhos, e scarpan branco alto.

Ela é mais linda do que me lembrava. Seus cabelos estavam bem mais longos, desde a última vez que a vi... eu amava cabelos longos. Pedi um carro para buscá-la no Internato.

Ela se aproxima e eu me levanto.

-Boa tarde Sabrina!

-Boa tarde Mestre Paulo!

Afasto a cadeira para ela sentar , e ela se senta sorrindo.

-Quer beber algo?

-Água, por favor. Chamo o garçom e peço a água dela.

-Ja vão pedir Senhor?

-Não Romeu, quando for a hora te chamo.

Ele deixa um cardápio na mesa e sai novamente.

-Algo que vc não coma Sabrina?

-Apenas frango.

-Ok! Ficou surpresa pelo meu interesse?

Ela sorri:

-Um pouco mestre, não esperava...

-Pra te dizer a verdade nem eu...

Ela fica um pouco vermelha.

-Eu pedi uma menina que não fosse masoquista, e ela me mostrou seu perfil. Eu achei que vc fosse masoquista.

Ela bebe um pouco da água que o garçom acabou de trazer,  e suspira.

-Eu sei que é estranho eu dizer isso aos 26 anos e depois de tanta bagagem, mais eu acho que eu não sou masoquista. Todos meus outros dominadores se estressavam com a minha fragilidade em sentir dor. E sempre, não me sentia satisfeita nas sessões.

-Mais vc e Arthur se davam bem...

-Arthur era uma exceção, gostava do cuidado dele. Era apaixonada, pelo jeito que ele se dedicava a mim. Quando ele me castigava ou quando exigia de mim nas sessões, aquilo não era prazeroso como é para as outras meninas. Eu fazia pq eu queria a segunda parte.

-O aftercare...

-Exatamente... Era maravilhoso o jeito que ele cuidava de mim...

Hummm... Sinto uma paixão pelo meu melhor amigo?

-Posso te fazer uma pergunta indiscreta? - pergunto já com medo da resposta.

Madame já havia comentado da paixonite dela pelo Arthur, mais não custa dar a oportunidade a ela, de me dizer a verdade.

-Claro mestre!

-Vc é apaixonada pelo Arthur?

Ela abre a boca e fecha, fica vermelha.

Cuidado com o que vc vai dizer Sabrina...

-Já fui... Hoje não mais... Porque vi que não daria certo. Posso dizer que depois dele, eu compreendi muitas coisas na minha vida.

-O que por exemplo?

-Que não sou uma masoquista. Que quero um homem que cuide de mim, como ele cuidava. Que eu mereço isso, que eu mereço cuidar do meu equilíbrio emocional, cuidar de mim... Por isso que eu preso muito pelo meu trabalho e é uma das minhas condições. Estou gostando de exercitar minha mente para outras coisas.

-É... Mais esse trabalho não precisa ser no Internato. Pode ser em qualquer outro lugar...

-Sim, concordo...

Falo isso, pq não me agrada ela trabalhar no internato e ter ela tão longe de mim uma parte do dia. Eu também sou possessivo, quero atenção o tempo todo.

-Num primeiro contrato Sabrina, não vou encrencar com isso, mais se isso der certo não abrirei mão de ter vc o tempo todo.

-Ok! Se isso acontecer, voltamos a conversar.

Concordo com a cabeça, chamando o garçom.

Ele chega logo e digo.

-Queremos o salmão grelhado com ervas e de acompanhamento a salada campestre.

-Sim Senhor, algo para beber?

-Pode ser suco de laranja.

-Sim Senhor!

Ele sai de perto e eu volto a falar.

-Ja combinou seus horários se caso aceitar o contrato.

-Pensei em trabalhar na parte da manhã. -eu confirmo com a cabeça.

-Esta ideal para mim. Alguma dúvida sobre o contrato?

-Não... Seu contrato é parecido com o do Arthur.

-Foi elaborado pelo mesmo advogado. Algum problema sobre o compartilhamento?

-Não da minha parte, mais eu não sei se terá algum problema com Arthur.

Arthur... Arthur... Arthur...

Será que ela não tem outro nome nesta cabecinha?

Que porra!

-Deixa que isso eu me preocupo Sabrina.

-Desculpa Mestre!

-E em relação as práticas? Algo que vc queira acrescentar ou tirar?

-Não... Acredita? Isso é novidade pra mim, pq quase em todos os outros contratos me dava vontade de tirar algumas coisas. Mais no seu, eu me identifiquei.

Eu sorrio... Não lembrava que Sabrina, era tão espontânea.

-Vc da aula de que no internato?

-De etiqueta.

-Combina com vc. E a dor Sabrina, sei que vc não é masoquista, mais quero saber o quanto disposta a dor vc está.

-Gosto de algo mais duro, mais hardcore. Gosto de um pouco de dor, mais nada acima disso. Se a dor fosse um número de um a cinco, eu escolheria dois.

-Ok, posso lidar com isso.

-Em relação as roupas, o Mestre é igual Arthur?

-Não, deixo a seu critério. Minhas preferências são muitas rendas. Gosto de lingerie e também gosto de vestidos, mais não tenho nada contra calças e shorts. Essas coisas com o tempo nós vamos descobrindo um do outro. E sobre fetiches? Gosta de ser observada?

-Sim Mestre. Concordei com tudo que o senhor marcou, no contrato.

-Até o pet play?

-Sim...

-Vai ter dias que eu vou querer brincar assim. Tipo um dia de fantasias. Me excito com esse tipo de coisa. Também gosto de observar...

-O senhor é igual Arthur?

Olha ele aí mais uma vez, em nossa conversa...

-Tipo câmeras para todos os lados? Não... E também não tenho uma ala só para vc. Moro numa cobertura, então seria inviável. Tenho apenas uma governanta e uma arrumadeira. Então sem babá o tempo todo. Não sou controlador como ele Sabrina, gosto de ser surpreendido por minha submissa. Com um vestido sem calcinha, ou uma lingerie que ela comprou num shopping e lembrou de mim, com uma maquiagem que preparou apenas para mim. Ou um penteado. Só não abro mão de pequenos detalhes, que serão explicados quando vc aceitar o contrato. Outra coisa que não abro mão, é que vc esteja o tempo todo com um segurança e que peça permissão para fazer algo fora de sua rotina. De resto será uma relação normal, como qualquer outra.

Ela enrrubece mais uma vez. Não lembrava que ela ficava tão linda fazendo isso.

- Em relação as tarefas. Algo que queira me passar agora?

Ela bebe um pouco mais de sua água.

-Eu gosto que minha submissa esteja disponível todas as vezes que a chamar. Gosto de chegar em casa e ver ela preparada para mim, mais para que dê certo isso, te ligarei avisando. Ao contrário do Arthur, passo uma boa parte do dia no hospital, então vai ter dias que vou querer vc lá comigo. Gosto que sempre esteja preparada para mim. Cheirosa, macia e pronta, isso me agrada muito. Em relação ao cuidado, sou bem cuidadoso com minhas submissas. Gosto de as servir, e em troca quero obediência e disponibilidade e cumplicidade. Acho que nós vamos nos dar bem Sabrina.

-Também acho Mestre

Nosso almoço chega, e começamos a comer.

-O Senhor sempre traz suas pretendentes para cá?

-Sim... Podendo acabar em meu apartamento, se a conversa for boa e proveitosa. Existe aquela parte chata do primeiro encontro...

Ela sorri e diz:

-Pq chata Senhor?

-Pq  parece um açougueiro, escolhendo o pedaço de carne que vai ser da vez.

Ela solta uma gargalhada. Logo depois ver o que fez, olha em sua volta e diz:

-Desculpe Mestre! Eu me empolguei.

-Tudo bem, gostei de ver sua espontaneidade... Quer dizer que está a vontade comigo.

Ela sorri novamente, comendo a sua comida e soltando um gemido ao apreciar o peixe.

Ela é uma delícia!

Acho que por causa do Arthur, eu nunca prestei atenção nela. Acho não, tenho certeza.

Os compartilhamento são frios, e não nos atentamos a pequenos detalhes, mesmo pq o que realmente importa é o prazer que proporcionaremos um ao outro, não quem está jogando com vc.

É só pra ser assim ... Não podemos nos interessar demais pela submissa de nossos irmãos. A lealdade está acima de tudo.

Por isso que estou me surpreendendo positivamente com Sabrina. Há coisas que eu não havia percebido anteriormente.

Esses olhos verdes, são cheios de pontinhos escuros. Algo que nunca havia observado antes.

Ela enrrubece fácil. É tímida, e bem espontânea ao mesmo tempo.

Muito feminina! Me enlouquece uma mulher feminina e delicada.

Esse queixinho pontudo, como se implorasse para ser mordido.

É fofo!

Imagino ela com uma fantasia de gatinha, e um plug imitando um rabinho... Vai ficar linda!

Tomo um pouco do meu suco, e sinto meu pau querendo armar barraca.

Se concentra Paulo!

-Esta gostando do salmão?

Minha voz sai grossa por causa da excitação.

-Sim Mestre. Está uma delícia! Nunca tinha experimentado este prato aqui.

-É o meu preferido!

-Bom saber Mestre.

-O que gosta de fazer?

-Gosto de cozinhar... Também gosto de ler um bom romance, de malhar...

-Qual é o prato preferido que vc gosta de fazer, e que recebe elogios?

-Hummm... Minha lasanha é uma delícia. Quando faço no internato, tenho que fazer bastante coisa, pq vai tudo.

Eu sorrio para ela.

-Então será a primeira coisa que vc fará se aceitar o contrato. Gosto de comer bem, e sou meio enjoado para comida. Vamos ver se eu gosto de seu tempero.

-Nossa, agora fiquei insegura...

-Não precisa!!! É bom saber que terei uma cozinheira nas horas vagas. As vezes eu enjôo da comida da Zefa.

-Quem é Zefa? -ela pergunta curiosa.

-Minha governanta.

Ela confirma com a cabeça e continua comendo.

Apesar de ser magra, é boa de garfo. E eu gosto disso numa mulher. Comer definitivamente é um prazer. E saber que ela não é cheia de frescuras, me alivia um pouco.

Terminamos de almoçar, pergunto a ela se quer sobremesa e ela recusa. Peço a conta ao garçom.

-Gostou do almoço? - pergunto a ela...

-Sim, foi muito agradável a sua companhia.

-Me acompanhará até meu apartamento?

-Sim Mestre.

Sorrio, pago a conta e a ajudo a se levantar da mesa, segurando a sua cintura, enquanto nos encaminhamos para o meu carro seguido de longe pelo meu segurança.

Não gosto de segurança fungando no meu cangote, como Bernardo e Arthur.

Tenho consciência que preciso de seguranças, mais deve ser feito de uma forma que eu não perceba, e nem tropece em ninguém.

Abri a porta para ela entrar no banco de carona, arrumando seu cinto e fechando em seguida.

Vou para o volante, arrumo meu sinto e digo:

-Preparada para o proximo passo?

-Sim Mestre.

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