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Capítulo 6

-Se você quiser se livrar disso, você tem que se comprometer a viver e verá que com o tempo tudo ficará bem.-

-Eu tentei...- reclamo.

-Enfrente mais, lute consigo mesma se for preciso, mas deixe pra lá, Carla... chegou a hora.-

Como sempre, as suas palavras obrigam-me a enfrentar a realidade e a levantar novas questões. Posso realmente não esquecê-lo porque inconscientemente sou eu quem não quer esquecê-lo? Se sim, como posso mudar isso, visto que pensei que já tinha feito tudo o que podia? E aí uma parte de mim odeia... não sei, ainda não entendo, mas evito mais me atormentar, preciso descansar, então dou boa noite para Ana e vou para a cama, onde fico me aconchegar. Nas mantas como um rolinho primavera e na inquietação dessas incertezas, deixei-me embalar pelos braços de Morfeu.

Ontem à tarde ambos adormecemos profundamente, eu exausto pelo dia ruim, ela pelos preparativos para a partida e esta manhã não ouvimos o despertador. Se não fossem os insistentes telefonemas dos franceses, teríamos dormido até tarde e ela teria perdido o voo. Quando percebemos a hora, o caos se instalou. Ana corria de um lado para outro do apartamento para não esquecer nada, enquanto eu lia e relia a lista das últimas coisas que acrescentaria na mala, gritando nomes de objetos aleatórios como: -secador de cabelo!-, ou, -carregador. !- . Sem falar nas piruetas que fazíamos na rua para chegar a tempo ao aeroporto. Obviamente chamamos a atenção dos transeuntes, parecíamos dois malucos fugindo de um asilo, mas ei, isso é normal para nós. De qualquer forma, deixando de lado a bobagem e a loucura, conseguimos alcançar os franceses no último segundo. A essa altura eles estavam convencidos de que isso nunca mais aconteceria e ficaram com medo. Sem Ana, eles duvidaram do sucesso do evento e quando a viram chegando de longe, não conseguiram conter o entusiasmo e correram em sua direção, soltando gritos estridentes de alegria, e então literalmente a agarraram e a carregaram para dentro do avião.

- Não se preocupe bebê! “Nós cuidaremos dela, ela está em boas mãos!”, gritou um deles para mim. Basicamente eles nem me deram tempo de me despedir e talvez tenha sido melhor assim, porque só de ver ela partir me abalou muito. Pode parecer um exagero, especialmente porque terminamos no passado, mas desta vez, saber que ela esteve tão distante por quase um mês me faz sentir incompleto. Estou muito acostumado a tê-la sempre por perto, não vê-la em casa fazendo uma de suas coisas será estranho e com certeza será muito tranquilo, mas pelo menos terei um pouco de calma e se Curry vier, nós teremos o apartamento só para nós e não terei que me preocupar com minha cama enferrujada fazendo muito barulho. Talvez esta seja a ocasião certa para tentar seguir em frente, afinal até a Ana percebeu que estou preso e não posso continuar assim, aliás, não quero. Tenho que tentar me desbloquear e assim me abrir para algo novo... porque não, talvez a partir de hoje. Assim que me passa pela cabeça a ideia de ligar para Curry, lembro que ainda não tenho celular, resolvo cuidar do assunto imediatamente e vou até a central. Lá encontro uma garota muito simpática e prestativa que me acolhe e assim que explico o problema para ela, ela imediatamente começa a trabalhar para resolvê-lo. Ela foi muito gentil e quando descobriu que eu perdi meu celular, que meu melhor amigo havia sumido e que o dinheiro estava escasso, ela me deu um desconto e me deu um celular velho, muito velho, verde ácido, um daqueles que tem uma tela pequena. em preto e branco, cuja única função é enviar mensagens de texto e claro receber e fazer ligações. Para ser claro, ele nem tem Snake! Mas por um mês você pode ir. Assim que ligo esse pequeno, mas interessante objeto vintage do qual estou quase começando a gostar, mando uma mensagem para Curry.

De: Carla Hoffman

R: Loira super rica

- Pizza em casa hoje à noite, cerveja à vontade e casa grátis. Está aí?-

Mal se passa um minuto quando recebo sua resposta e sorrio, satisfeita ao pensar que ele nunca perde a oportunidade de me ver. Embora tenha reiterado repetidamente que só quer uma amizade com benefícios, ele sempre esteve presente, seja qual for a ocasião. Ele não precisa fazer isso, é algo natural para ele, porque ele me ama. E isso me levou, com o tempo, a confiar nele e, se eu tivesse que decidir agora abrir meu coração para um homem, poderia me imaginar fazendo isso apenas com Curry; Só posso enfrentar as sombras do meu passado com ele. Respiro fundo, é estranho como as coisas, até mesmo crenças que se tem há anos, podem mudar assim, de repente.

De: Loira super rica

R: Carla Hoffman

-Casa livre? Oportunidade imperdível! Prepare-se, quero ouvir você gritar!-

Mmm... meu deus do sexo. Minha barriga reage só de pensar nisso.

Eu jogo junto e respondo maliciosamente.

De: Carla Hoffman

R: Loira super rica

-Cuidado, é assim que você alimenta minhas expectativas...-

De: Loira super rica

R: Carla Hoffman

-Continue fazendo isso por mim, querido. Eu quero você ávido de desejo esta noite!-

Xingamento! Eu odeio e adoro quando ele faz isso porque por um lado me excita, por outro me deixa impaciente e... terei que esperar até hoje à noite. O bom é que, ao alimentar o meu desejo, não haverá espaço para outros pensamentos, ou pelo menos assim espero!

***

É quase hora do jantar e Curry está a caminho. Tomei uma decisão importante e quando penso no passo que estou prestes a dar, a ansiedade toma conta de mim. Meu estômago aperta e sinto um nó na garganta, mas quero e tenho que ser positiva, então para me distrair fico na frente do espelho e dou os retoques finais em mim mesma. Resolvi usar algo simples mas sensual, vestido magenta, com manga três quartos e saia meio sino, batom efeito veludo no mesmo tom do vestido, meia preta vintage com fio nas costas e salto doze. Quando termino, olho para o relógio, diz:. Já se passaram cerca de doze horas desde que Ana saiu e ela já deve ter chegado, então estou mandando uma mensagem para ela para saber se está tudo bem.

De: Carla Hoffman

R: cachorro favorito

-Ei vadia! Como foi sua viagem? Como é o Havaí?

Atualização para você: eles me deram um histórico do telefone, você deveria ver isso! Espero mantê-lo por mais ou menos um mês, mas cuidado, não tem merda nenhuma! Ele nem tira fotos...

PS: Estou assistindo Curry esta noite. Vou propor ser um parceiro estável! Deseja-me sorte...-

Para minha surpresa, em vez de me mandar uma mensagem, ele me liga de volta.

-Ana?- eu respondo.

Do outro lado do telefone sua voz soa mais alta do que nunca: -O QUE VOCÊ QUER FAZER?-

Eu rio divertida e afasto levemente o telefone do ouvido.

-Fique calmo! Você também disse que em certo sentido eu tenho que me desbloquear... E não há pessoa melhor que Curry para fazer isso... -

-Sim, claro, mas assim, de repente? Você não acha que é um pouco arriscado?

Estas não são as palavras que eu queria ouvir, pensei que teria o seu apoio.

-Você está me dizendo que eu não deveria fazer isso?-

-Não, não, está ótimo! É que é um passo importante, gostaria que você pensasse sobre isso...-

Eu respiro um suspiro de alívio. -Eu sei que parece repentino, mas já pensei muito nisso. Eu quero pelo menos tentar.-

-Se sim, tudo bem, mas esteja preparado para qualquer coisa!-

-Que? Do que você esta falando?

-Bem, sim, você não achou que talvez...-

Eu a interrompo surpresa. -Você acha que posso recusar?-

-Céus, não! É impossível. Mas em parte é isso que me preocupa, ele já está apaixonado por você e você não. O que aconteceria se você percebesse que nunca poderia amá-lo do jeito que ele merece? Você não tem medo de perdê-lo como amigo ou de fazê-lo sofrer?

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