Capítulo 2
– Atrasada querida, atrasada. – Liam disse quando entrei na sua sala.
– Pai, não começa. – Sentei em sua frente.
Eu não estava atrasada, mas ele deve imaginar aonde passei a noite. Então vai ficar implicando até não querer mais é sempre assim. Como eu tenho esperança de que as coisas possam mudar, ele tem esperança de que eu e Drake termine. Liam ficou me olhando com ternura e pensei até ter visto seus olhos marejados.
– Você sabe que te amo, não é?
– Pai…
– Só quero teu bem, querida. Seu bem e do seu irmão. Vocês são os meus bens mais preciosos…
– Não quero brigar, por favor. – Pedi.
Liam respirou fundo se ajeitando na sua cadeira giratória e olhou para o porta-retratos em cima da sua mesa na foto estávamos eu, ele, Jack e minha mãe. A gente estava na praça fazendo piquenique e nesse dia meu irmão deixou entornar sorvete no meu lindo vestido branco, éramos crianças na foto e Jack me deixava de cabelo branco de tanto que era atentado. Sinto saudades daquela época, todos sentimos.
– Sinto saudades dela. – Sussurrei.
Liam sorriu.
– Também.
Laura, minha mãe, morreu em um acidente de carro. Ela era médica e nesse dia teve que fica até mais tarde no hospital na volta para casa era de madrugada e chovia muito. Eu tinha dezenove anos quando tudo isso aconteceu, Jack ficou arrasado, mas juntos tentamos superar. Porém mãe é mãe e nos deixou saudades. Talvez as coisas fossem diferentes agora, ela sabia do meu relacionamento com Drake. Mas em questão do Jack, eu acho que ele ficou desse jeito depois da morte de nossa mãe.
– Vamos voltar ao trabalho. – Liam ficou sério. – Archy, fugiu na cadeia.
– Louis Archy? – Perguntei surpresa.
– Sim, ele mesmo.
– Ele não estava em Londres?
– Estava e resolveu fazer Atlanta a sua nova moradia. – Liam debochou. – Coisa que não vamos deixar.
E acreditei que poderia ter um dia tranquilo, mas estava enganada. Louis Archy é um gangster que saiu correndo de New York depois que seu grupo foi pego, dizem que ele é perigoso e sua fixa não mente. O cara mata sem piedade e ama torturar as pessoas isso até me lembra o… Drake. Tento não levar meus pensamentos para esse lado. Louis fez o seu nome através dessas torturas e cresceu na vida do crime. Foi difícil pegar ele e agora esse homem foge. Espero que esse caso possa ser resolvido o mais rápido possível.
– Já temos problemas com os nossos. – Revirei os olhos. – Vamos ter que ficar de olho nesse também.
– A vida não é fácil, filha.
Revirei os olhos novamente.
– Espero que esse Archy não dificulte muito as coisas.
[…]
– Boa tarde, donzela de Atlanta.
Eu ri.
– Larga de ser idiota, Paulo!
Abri a porta do carro e sentei no banco de carona, pronta para mais uma rotina. O dia está bem bonito hoje. Paulo entrou logo em seguida.
– Poxa, não gosta quando te chamo de donzela, princesa, rainha…
– São palavras muito delicadas para minha.
E era mesmo. Não sou delicada como pareço ser.
– Mas é verdade…
– Me chama de Mandy.
Ele ligou o carro e seguimos pelas ruas de Atlanta.
– Ah, não! É muito comum e somos íntimos o suficiente para temos apelidos. – Paulo falou sorrindo.
Não tão íntimos assim.
– Mesmo assim, você sabe que não gosto dessas frescuras de apelidos. E estamos trabalhando. Fim de papo. – Dei um fim nessa conversa.
Não tem porque ele me chamar assim. Ajeitei minha roupa e fiz um rabo de cavalo no cabelo para não me atrapalhar. Depois de algumas horas nas ruas Paulo parou o carro em frente a lanchonete Clayton’S e foi pegar nossos lanches para comermos, sair do carro e me escorei no capo esperando Paulo. Sentir meu celular vibrar e olhei para os lados para ver se não tinha nada suspeito, antes de pegar meu celular.
“Não gosto de ver você perto desse idiota!” – Drake.
Eu ri. Humm, meu ciumento deve estar por perto.
“Onde você está?”
“Por que quer saber? Quer me prender?” – Drake.
“É o sonho dos policiais de Atlanta, mas no meu caso só se for para prender na minha cama.”
“Eles são iludidos… Gostei dessa parte de prender na cama. Você com essa farda de policial é uma delícia! Podemos tentar, hein?” – Drake.
Ri alto, imaginando Drake mordendo os lábios e sorrindo malicioso. Sonho dele fazer isso. Não realizei até hoje e não pretendo.
– O assunto está bom, hein? – Paulo falou.
Olhei para ele tentando para de rir.
– Nada demais. – Peguei o café que ele me ofereceu.
– Vai querer rosquinhas?
– Não, obrigado.
Voltei a digitar uma mensagem para Drake.
“Uma delícia é? Hum. Cuidado! Meu marido, pode não gostar de saber disso.”
Enviei e logo tive resposta.
“A única coisa que seu marido não está gostando nesse momento é esse idiota do seu lado te olhando descaradamente” – Drake.
Paulo me olhava pensativo e sorrindo ao mesmo tempo. Ignorei voltando para as mensagens.
“Aonde você está?”
Demorei para ter minha resposta. Drake não ficaria estressado só porque Paulo estava me olhando, ficaria? Bem provável. Já brigamos por bem pouco.
“Depois a gente se fala. Se cuida!” – Drake.
Ah, não!
“Drake? Pode parando! E me fala aonde você está!”
Não tive resposta. Bufei e resolvi conversar com Paulo que já tinha parado de me olhar descaradamente e ficamos conversando por um tempo, voltamos para o carro. Paulo é um grande amigo e trabalhamos juntos há três anos, sei que posso contar com ele para o que precisar e o mesmo pode contar comigo. Começamos juntos na polícia e se fosse pelo meu pai, eu estaria casada com Paulo e não com Drake. Mesmo ele sendo meu amigo, posso até dizer melhor amigo, eu não poderia dizer a ele sobre o meu casamento com Drake.
Drake cisma que Paulo gosta de mim. Ok, as vezes parece. O jeito dele dá a entender que gosta de mim, mas é apenas o jeito caloroso que Paulo tem. Porém desde que Paulo entrou para polícia e trabalhamos juntos Drake tem vontade de esganar o Paulo. Acredito que ele só não fez isso por causa de mim.
– Câmbio patrulha 59, estão me ouvindo? – O rádio do carro apitou.
– Câmbio na escuta. – Falei segurando o rádio.
– A duas quadras daí a um suspeito que envolve Archy. O nome é Gregory. Vão até lá e qualquer coisa chamem reforço.
– Ok.
Coloquei o rádio no lugar e Paulo acelerou mais um pouco para chegamos logo. Paulo diminuiu um pouco o carro quando estávamos chegando perto de um grupo de homens. Olhei atentamente para eles atentamente. Saímos do carro e andamos até o grupo. Eles ficaram nos olhando e param de conversar entre eles.
– Jeito fácil ou jeito difícil? – Paulo perguntou.
Eles se entre olharam.
– Qual é, mano? Aqui só tem sangue bom, não queremos treta. – um deles falou.
O cara era alto, não muito magro, olhos castanhos. Olhei para cara de todos no total era cinco, dois parecia ser menor de idade e o que falou parecia ter uns vinte e poucos anos.
– Nem a gente, mas…
– Quem é Gregory? – Perguntei interrompendo Paulo.
Não estou nem um pouco a fim de papo furado. Se temos a chance de pegar esse cara, que seja logo. Archy pode fazer mais vítimas a qualquer momento. Depois que falei o nome todos me olharam com atenção, mas apenas um, deu um passo não muito grande para trás. E eu vi. O cara era moreno todo tatuado e usa correntes de prata no pescoço.
– Aqui não tem nenhum Gregory. – O mesmo cara falou.
Ignorei e continuei olhando para o meu alvo. Não importa o que eles disseram agora, eu já tinha achado Gregory.
– Acho bom vim por livre e espontânea vontade…
– Qual é moça, tá perdendo seu tempo…
Encarei o cara que continuava querendo falar por todos dali.
– A minha conversa não é com você. Então cala a boca e deixa eu fazer o meu trabalho. – Falei firme.
– Moça…
– Você mora nessa casa? – Apontei para casa atrás dele. Assentiu. – Aposto que se eu entrar aí dentro vou achar cocaína suficiente para colocar você na cadeia por dez anos. Quer isso? Será um prazer para mim.
O cara engoliu em seco e puxou o moreno pelo braço.
– Esse é o Gregory.
Sorrir. Os outros começaram a reclamar, chamando o cara que entregou o Gregory de dedo-duro e entre outras coisas. Mas ele iria cuidar dele, realmente teria muita coisa ali além das drogas, mas hoje não é o dia dele. Paulo se aproximou do Gregory e o levou para dentro do carro, em nenhum momento Gregory falou nada ou esboçou emoção. Não sei se isso é bom ou ruim.