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Introdução

Quem vê ela por aí sorrindo não sabe o rombo que traz o coração. O tamanho do buraco causado pela falta que ele faz. Quem olha pra ela daquele jeitinho toda forte não imagina que por dentro tem um pedaço que falta nela, quem a vê, jamais poderá imaginar que todas as manhãs é uma luta pra levantar da cama e seguir adiante. Ninguém nunca poderia imaginar que ela tem um coração destruído. Com um sorriso desses, alguém imaginaria que ela sofre? Não, pois bem, é essa a intenção.

Quem vê ele todo atrapalhado, não sabe que tudo isso é porque ele não consegue manter os seus pensamentos consigo, quem vê ele andando com os pensamentos fixos, assim tão sério, jamais poderia imaginar que ele anda catando os pedaços do seu coração. Ninguém jamais poderia imaginar que ele todo duro, todo forte, chora lembrando da única que foi capaz de fazer seu coração sorrir.

E é assim, ninguém sabe, mas eles se amam, porém deixaram o orgulho, raiva, ciúmes, brigas, estragarem tudo. E eles acham que vão ser felizes assim, nessa vida que escolheram, um longe do outro. Mas não, eles não vão ser felizes separados.

O tempo que ficaram juntos, entre idas e vindas. Amores e desamores. Esse tempo que para ela pareceu eterno. Talvez ela se questione pra sempre "porque ele fez isso comigo? Porque me machucou tanto?" E por mais que ela saiba que não foi culpa dela, que não foi porque ela não era legal, bonita ou porque ela não se esforçou o suficiente, seu coração ainda palpita, essas perguntas, que nunca terão respostas, infelizmente. Foi muito difícil, finalmente criar coragem, para ela ir embora, deixar de lado aquela parte bem pequenininha, que acreditava que um dia ele iria mudar e lhe amar de verdade, embora essa parte fosse menor a cada atitude dele, ela me parecia gritar cada vez mais alto. E ela sempre vencia, ela sempre permanecia. E a alguns anos atrás ela decidi não permanecer mais. Se sentindo, pela primeira vez em muito tempo, livre. Livre das angústias, do ciúme que lhe consumia, e do medo de que a próxima vez que ele fosse lhe machucar estivesse próxima. Ela queria ter ido embora antes, antes que isso tivesse lhe destruído por completo. Sente como se ela tivesse bebendo varios goles de uma bebida muito forte, o primeiro você sente o gosto horrível que desce rasgando pela garganta, o segundo, tão ruim quanto, até que depois de alguns aquele sabor vai se tornando cada vez mais fraco, até que chega no final da garrafa, e você já se acostumou tanto com aquele gosto amargo que não sente mais nada, mas mesmo que aquilo não te cause mais a sensação do gosto ruim ao chegar no final da garrafa, você já não aguenta mais nada, nem mais um gole. E foi isso que aconteceu com ela, chegou no seu limite, no seu "final da garrafa". Ela se acostumou a ser machucada por ele. Das primeiras vezes doeu de uma forma inexplicável, até que ela chegou aqui, e enfim conseguiu-o se libertar desse amor que tanto lhe fez mal.

"O amor tudo perdoa" é uma frase muito bonita na teoria, mas na prática a coisa muda. Você não é obrigado a perdoar ninguém e nem deve perdoar tudo. Se uma pessoa te machuca mais de uma vez, por exemplo, está se acomodando e achando isso confortável. Quantas vezes você vai se sentir ferido em nome do amor? Que tipo de amor é esse que te faz chorar mais do que sorrir? Quem ama, consequentemente, muda para não ferir o outro. Melhora a postura. Se não faz isso não é amor.

Eu fiquei muito tempo ao lado dele em nome do amor, mal sabia eu que aquilo não tinha nada a ver com amor. Quando a gente fica em um lugar que nos machuca mais do que nos faz bem, não é amor, é a falta dele.

Todos temos aquele momento em que dizemos chega, não posso mais, não agüento mais, chega um dia que de tanto querer algo não o queremos mais, chega um dia que sentir demais nos machuca e não queremos mais sermos machucados, chega um dia que viver em busca de algo que nem mesmo sabemos cansa, chega uma dia que tudo que queremos é desfrutar a paz de uma trajetória tranqüila, chega um dia que o que mais queremos é poder deitar e dormir tranquilamente sem medos, sem angustias, chega um dia que correr riscos já não é mais uma opção, chega um dia que nos olhamos no espelho e dizemos a nós mesmas eu escolho você e nessa escolha você escolhe ser o melhor ser humano para você, ser seu melhor sorriso, seu maior amor e sua grande prioridade,chega o dia em que todos devemos escolher apenas viver. E eu me escolhi. Escolhi me amar em primeiro lugar. Escolhi viver em um lugar tranquilo e calmo. Eu precisava disso... Eu precisava de paz. Eu precisava poder dormir sem medo, acordar sem medo. Eu apenas precisava viver em paz com meus filhos. Eles são apenas crianças e não mereciam viver no inferno que é a vida do pai deles. Nós não podemos escolher como será a nossa vida, mas precisamos escolher como iremos vivê-la. O que se foi não volta. E o que está por vir deve ser decidido aqui e agora.

E é assim que a gente vai vivendo, sabe? Errando pra aprender. Se decepcionando pra se proteger. Se machucando pra crescer. Chorando pra sorrir. A gente cai uma vez, pra aprender a se levantar em outra. No fim, tudo que for bom, verdadeiro, tudo o que realmente nos fizer bem, permanece.

E eu continuo indo, seguindo meu caminho. Mudando, errando, mas principalmente, aprendendo com o que eu erro. Não me preocupo se minha evolução é lenta, contanto que ela seja pra melhor.

"Um conselho: tente não desmoronar o tempo todo ou então isso se torna um hábito."

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