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Capítulo 4

— Você está bem, Rubya? — perguntou a mocinha me olhando assustada, pois fiquei parada feito estátua tentando assimilar tudo o que tinha ouvido.

— Eu estou.... Meu Deus, isso quer dizer que não posso cancelar, mas ainda há uma passagem livre — falei, finalmente, conseguindo responder e sair do choque em que estava percebendo que Finn preferiu viajar sem mim.

— Sim, não tem como cancelar, mas você ainda pode viajar, só que terá que ser outro dia ou em outro horário.

— Me dê um minuto por favor — pedi. — Joe, eu preciso fazer essa viagem, mas não quero ir sozinha, você vem comigo? Preciso descobrir porque Finn viajou sozinho — expliquei baixinho.

— Vou com você Rubya, não vou te deixar sozinha em uma hora como essa. Só precisamos ver a disponibilidade de uma passagem para mim. — respondeu me deixando feliz.

— Desculpa, não consigo guardar seu nome. — Olhei para a mocinha pedindo desculpas.

— Meu nome é Renata.

— Renata, você tem algum horário para hoje?

— Sim, às 22h00 sai um voo para Espanha, mas não para a mesma cidade Barcelona que você escolheu, no entanto fica próximo, é em Tarragona

— Ta ótimo, reserva para mim. Você consegue reservar também uma passagem para ele?

— Só um minuto vou verificar se ainda há assentos disponíveis para o mesmo voo— disse consultando no site da companhia aérea. — Você está com seus documentos aí? — perguntou olhando para o Joe.

— Sim, estão aqui — respondeu Joe entregando os documentos a ela. — Ainda tem lugar disponível no mesmo voo. Posso fazer a reserva?

— É claro! — Respondi antes mesmo de Joe pensar em responder.

— Pode me passar o cartão de credito, por favor? — Solicitou Renata. — Está confirmada a reserva, só fazer o check in quando chegarem ao aeroporto ou pela internet. Aqui estão seus documentos e o cartão de credito. Tenham uma boa viagem.

Enquanto nos despedíamos de Renata e saíamos da agencia, Joe se virou para mim.

— Você está preparada para descobrir porque seu noivo não apareceu na igreja e ainda viajou sozinho? — perguntou Joe entrando no carro.

— Sim, estou. Preciso descobrir o porquê de ele ter me abandonado. Então vamos embora, pois já são cinco horas da tarde e preciso avisar minha família que vou viajar.

— E eu preciso fazer minha mala — Disse ele ligando o carro.

Algumas horas depois, já estava me despedindo da minha família. Meus pais não gostaram muito da ideia, mas também não me impediram de ir atrás do meu noivo. Minha irmã me desejou boa sorte e Naty ficou louca para viajar comigo, só que por causa do seu trabalho, ela não podia ir, mas disse que queria que eu a deixasse informada das novidades. Logo depois, Joe e eu já estávamos a caminho do aeroporto.

Meu coração estava aos pulos e meu estômago revirando, eu estava muito nervosa, mil coisas passavam pela minha cabeça. Será que Finn conheceu outra mulher e resolveu fugir com ela? Entretanto, não sei se Finn seria capaz disso, eu fui a única mulher que ele namorou e parecia tão louco por mim.

Encostei minha cabeça no vidro do carro e deixei as lagrimas escorrerem pelo meu rosto, meu coração estava triste de mais. Fiquei o caminho todo em silêncio, observando o movimento da cidade. Eu adorava Poços de Caldas, mas guardava tantas lembranças boas que só de pensar sentia um nó na boca do estômago, pois desfrutei cada lugar lindo dessa cidade com o meu noivo, tenho muitas fotos e vídeos. Como tudo isso, de um dia para o outro, podia acabar?

— Você está bem? Quer mesmo seguir em frente com essa viagem? Ainda dá tempo de voltar atrás.

— Quero seguir em frente, preciso descobrir porque fui abandonada.

— Tudo bem, estou com você no que precisar. — disse ao estacionar o carro no aeroporto. — Chegamos, não sei o que vai descobrir com essa viagem, mas quero que saiba que estarei o tempo todo ao seu lado. — falou segurando minha mão de uma maneira muito carinhosa e isso até acalmou meu coração.

— Obrigada, não sei o que eu faria sem você — agradeci descendo do carro e fui ajudá-lo a pegar as malas e em seguida entramos no aeroporto.

O voo foi tranquilo, dormi quase a viagem toda. Com toda a confusão e o stress causado no meu não casamento, não consegui relaxar o suficiente para conseguir descansar. Joe alugou um carro assim que saímos do aeroporto e com o GPS ligado partimos para nosso hotel conversando sobre a paisagem e sem tocar no assunto que nos levou até ali. Achei melhor assim, esquecer um pouco, com certeza me faria bem.

— Chegamos — avisou notando que eu estava com os pensamentos longe.

— Nossa, estava tão distraída que nem percebi que estacionou. — falei olhando para o lindo hotel que paramos em frente.

— Percebi mesmo — respondeu indo tirar a mala do carro.

— Joe, que hotel lindo! — admirei sem tirar os olhos da fachada, pois era um amarelo bem clarinho, com sacadas nas janelas. O lugar era encantador.

— Também achei lindo. Vamos entrar — disse, me entregando a mala menor.

— Buenas tardes. — Cumprimentou uma mocinha muito simpática da recepção ao nos ver entrar.

— Buenas tardes. — Respondemos juntos. — usted habla portugués? — perguntei em espanhol. Eu e Finn fizemos umas aulas básicas de Espanhol para passar nossa lua de mel.

— Sim, claro que falo — nos olhou com um sorriso carinhoso. — Vocês têm reservas?

— Sim, temos sim. Está no nome de Rubya Miller e Joe kuzuhara. — Respondi informando o nome da agência que fez as reservas. — Solo un minuto — Verificou no computador e demorou um pouco para confirmar nossa reserva.

— Só tem um problema, temos apenas um quarto de casal desocupado. Tudo bem para vocês? — perguntou digitando no teclado.

— Mas reservamos dois — falei indignada.

— Sim, eu sei, só que na hora da reserva alguém fez confusão, pois só tinha um quarto de casal sobrando, o outro já estava reservado para outra pessoa, mas o recepcionista que estava antes de mim esqueceu de marcar a reserva dessa outra pessoa, fazendo assim pensar que haviam dois quartos. Esse rapaz foi até despedido por causa do transtorno que nos causou. — explicou.

— Sendo assim, não me importo. Tudo bem para você, Joe? — perguntei olhando para ele um pouco sem graça com a situação.

— Por mim, tudo bem —sorriu sem jeito ao passar a mão em seus cabelos.

Então, assinamos alguns papéis e ela nos entregou o cartão do quarto avisando sobre o wi-fi gratuito, os horários do café da manhã e da tarde, do horário do funcionamento da piscina, da biblioteca e do ponto turístico próximo ao hotel, o Lago Banyoles. Agradecemos por tudo e subimos para nosso quarto de elevador, ficava no quarto andar, número quarenta e cinco.

Só que ao entrar no quarto e ver aquele lugar lindo e aconchegante, uma angústia tomou conta de mim, e mais uma vez não consegui controlar as lágrimas.

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