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Capítulo 2

— Rubya, sinto muito por isso, nunca imaginei que Finn teria essa atitude, ele é tão apaixonado por você que não dá para acreditar que te deixou plantada. Vou te levar para a casa, você vai ficar bem? — perguntou Joe me ouvindo chorar.

— Joe, não quero ir pra casa, me leva para qualquer lugar, menos para lá. — Solucei, eu não queria chegar nesse estado na minha casa. Meus pais e minha irmã já estavam nervosos de mais para me verem assim.

— Você está com fome?

— Sim, estou com muita fome. — Respondi ainda chorando.

— Vou te levar para um lugar legal e que nunca está lotado. Ninguém vai se importar de ver uma noiva tão linda comendo ali.

— Você me acha linda?

— Sim, sempre falei para o Finn que ele era um cara de sorte. —Ofereceu um lenço e logo em seguida notei que pegou a estrada.

— Joe, você acha que o Finn fez de propósito?

— Rubya, jamais ele faria isso com você de propósito.

— Eu também sinto isso, acho que devemos ir à polícia, pois pode ter acontecido alguma coisa com ele. Falei com ele antes de entrar na igreja e disse que estava a caminho. Meu Deus, ele pode ter sofrido um acidente. —Chorei mais ainda só de pensar nessa hipótese.

— Calma Rubya, vamos esperar até amanhã e aí se ele não aparecer, vamos a polícia e aos hospitais. Vamos achar ele, dou minha palavra. — Estacionou o carro em frente a um restaurante de estrada, bem afastado da cidade.

— Joe, você sempre foi um bom amigo. — falei assim que ele abriu a porta para eu descer.

— Gosto muito de vocês e conheço Finn quase a minha vida toda, o tenho como um irmão. — Disse abrindo a porta do restaurante para mim.

O lugar até que não era tão ruim assim, parecia novo, inaugurado há pouco tempo. Talvez por isso não fosse tão frequentado.

Poços de Caldas é uma cidade linda, nasci e cresci aqui. O turismo nessa cidade é fantástico, tem vários lugares para passear e muitas opções para se comer bem. Sempre passei por essa estrada que fica entre poços e Águas da Prata, mas nunca havia visto esse restaurante, deveria ser novo.

— Vamos sentar naquela mesa no fundo — Joe apontou o lugar, mas notei que a meia dúzia de pessoas que se encontravam ali, me olhavam de um jeito estranho, mas não me importei, estava arrasada de mais para me importar com os olhares curiosos. Uma mocinha muito simpática e sorridente, nos levou o cardápio.

— Joe, você trouxe o celular? Preciso avisar meus pais que estou bem, para não deixá-los mais preocupados — falei olhando o cardápio. Pedi à garçonete uma bebida que tinha um nome diferente, mas não pedi nada para comer, pois apesar da fome, com a tristeza que estava sentindo, não conseguiria comer nada. Joe apenas pediu uma cerveja.

— Sim! Pode usar. — Me entregou seu celular. Então liguei para meus pais, disse que estava bem, que Joe estava comigo e que logo estaria em casa. Eles agradeceram por eu ter avisado e em seguida desliguei.

— Prontinho, já avisei meus pais. Obrigada — agradeci entregando o celular a ele no momento em que nossas bebidas chegaram. Estava tão nervosa com o sumiço do Finn que virei o copo de uma vez e pedi outro.

— Rubya, vai com calma aí, sei que não está acostumada a beber muito e você está sem comer nada até agora — disse Joe, parecendo preocupado.

— Joe, por favor, me deixe beber. Fui abandonada no altar, eu preciso disso. — Minha vontade era afogar a decepção em um porre.

— Rubya eu sei que precisa, só que eu dei minha palavra, nós vamos achar ele amanhã. Vou pedir uns dias de folga no jornal e prometo que vou ficar a sua disposição para achá-lo, mas para isso você precisa estar bem.

— Joe, você entende que hoje era para ser o dia mais especial da minha vida? Eu iria me casar com o homem que amo, mas ao invés disso, fui abandonada e estou aqui em um restaurante de beira de estrada que, por mais que seja muito aconchegante, não era para eu estar aqui, e sim na minha festa de casamento. Sinceramente, não dá para ficar bem, eu não estou bem, estou arrasada. Com mil coisas passando pela minha cabeça. Então — olhei para a garçonete parada ao lado da nossa mesa. — Moça, por favor, traz outra bebida igual a essa?

— Pelo menos pede algo para comer, assim não vai passar mal. — Disse bebendo seu último gole de cerveja, ele ainda estava no primeiro copo, eu estava indo para o meu quarto. De repente, uma música que eu amo começou a tocar, pois o restaurante também tinha som ao vivo.

— Quero dançar — Tentei me levantar da cadeira, mas o vestido de noiva tinha tantos saiotes e tules que eu me enrosquei neles e quase caí no chão. Se não fosse pelo Joe, tinha me esborrachado ali. Estava com muita dificuldade em me manter em pé, me sentia tonta de mais. Então agarrei no pescoço de Joe e praticamente o arrastei comigo.

Tonta do jeito que estava, os sapatos altos em nada ajudavam a manter o equilíbrio e para piorar, os saiotes do vestido embolando nas minhas pernas foi demais. Ali mesmo na pista, sapatos para um lado e saiotes para outro e continuei dançando agarrada ao pescoço de Joe. Só que a música agitada acabou e uma música lenta, que me fez lembrar do Finn, começou a tocar e eu caí em um choro intenso.

— Joe, cadê meu Finn? — chorava enquanto chamava por ele. — Finn cadê você? Você viu meu Finn? — perguntei para um senhor que estava no balcão e ele apenas negava com a cabeça. E assim fui perguntando para todos que estavam ali. — Porque ninguém me diz onde ele está? — gritei caindo sentada no chão e com a mão enterrada no rosto, chorei igual a uma criança, quando cai e ralei o joelho. Lágrimas escorriam pelo meu rosto desfazendo toda a maquiagem que foi feita com tanto esmero. Sentada naquele chão, descalça, cabelos bagunçados, maquiagem toda borrada e o vestido que, antes era de noiva, agora mais parecia uma fantasia de carnaval, eu não era mais uma princesa...

— Ela está bem? Acho que precisa de ajuda?

— O que aconteceu com essa pobrezinha? — diziam as pessoas à minha volta, mas não pude responder ninguém.

— Vem Rubya, já paguei a conta, vou te levar pra casa. — Joe me pegou no colo e me tirou do meio daquele povo, que me olhavam com compaixão e pesar escrito nos olhos. É obvio que eles sabiam que eu havia sido abandonada no altar.

— Eu não posso ir pra casa assim — falei com um pouco dificuldade, por causa do porre que tomei e de tanto chorar.

— Vamos, vou te levar para um hotel e amanhã quando estiver bem, te levo pra casa. — Me colocou no carro, logo em seguida passou o cinto de segurança em mim. — Rubya, eu falei para você maneira na bebida, já que não está acostumada, mas é teimosa demais. — Joe falou ligando o carro.

— Eu estou bem... só queria que o Finn estivesse aqui. — falei muito mole e me sentindo enjoada. — Para o carro, estou passando mal. —gritei abrindo a porta fazendo ele brecar de repente, quase caí para fora, mas quando ele finalmente parou, corri para beira da calçada e coloquei tudo pra fora. Joe saiu feito um louco de dentro do carro e veio atrás de mim. Talvez queria ter certeza que estava bem. Sem dar muita atenção a ele voltei para o carro me sentindo fraca e entrou em seguida.

— Rubya, pelo amor de Deus, nunca mais abra a porta sem esperar eu parar o carro, você podia ter se machucado. — disse muito assustado ao entrar no carro.

— Desculpa, eu não consegui segurar, não queria sujar seu carro. — Expliquei deitando a cabeça para trás no banco e fechei os olhos em seguida, tudo parecia girar e por alguns segundos ficamos em silêncio.

— Chegamos no hotel — comunicou estacionando o carro. — Vou te ajudar a descer, espera. — Caminhou em minha direção quando percebeu que eu estava passando mal novamente.

— Quero vomitar — coloquei a mão na boca, mas em seguida, tudo que estava rodando em meu estômago saiu ali mesmo no estacionamento.

Logo depois, ele me pegou no colo e me levou para dentro do hotel. O recepcionista achando que éramos um casal recém-casado nos deu a chave do quarto nupcial. Joe nem questionou, e eu estava muito mal para falar qualquer coisa, apenas pagou o quarto, pegou a chave e entramos no elevador.

Quando finalmente chegamos no quarto, ele me colocou no chão e eu corri feito louca para o banheiro e mais uma vez passei mal e ao mesmo tempo que eu colocava tudo para fora, eu chorava em pensar que fui deixada no altar por quem eu mais amava.

— Rubya, levanta desse chão, vou te ajudar a tirar esse vestido e vai tomar um banho frio para dar uma despertada, está parecendo um trapo. — Joe tentou me fazer parar em pé, só que no mesmo instante o celular dele tocou e me colocou sentada no vaso para atender.

— Oi Naty. — Estou com ela sim, mas Rubya tomou um porre e está passando muito mal. — Me delatou para minha melhor amiga. — Não, não precisa, eu vou cuidar dela. Só diz aos pais dela que ela vai dormir com você. — Respirou fundo e prosseguiu: — Tenho sim, obrigada por fazer isso para mim. Rubya não pode voltar para a casa nesse estado. Obrigada por entender. Tchau, tenha uma boa noite.

Após desligar o celular, olhou em minha direção e sorriu de canto.

— Naty te mandou um beijo e disse que sente muito pelo o que aconteceu. Ela queria vir cuidar de você, mas eu disse que não precisava, pedi que avisasse seus pais que você vai dormir com ela, ok?

— Ok — confirmei com uma voz fraca.

Joe se aproximou novamente e tentou me colocar em pé, me apoiando no seu corpo para conseguiu tirar meu vestido. Sem tirar minha lingerie, me colocou debaixo do chuveiro, a água estava tão gelada que me fez gritar de susto.

— Joe, tá muito gelada, eu não quero tomar banho nessa água. — Gritei saindo de baixo do chuveiro, ele me pegou novamente no colo e me colocou de baixo daquela água horrível e me deu um banho rápido. Confesso que me senti um pouco melhor e acabei acostumando com a água.

— Vou pegar o roupão, não saia daí – disse ao sair, mas logo voltou trazendo o roupão me ajudou a me secar com a toalha, pediu que eu tirasse a lingerie depois que eu já estivesse com o roupão. Quando terminei, ouvi minha barriga roncar.

— Já pedi ovos mexidos com torradas e um café bem forte para você, logo estarão trazendo. — disse secando meu cabelo com o secador que tinha no quarto.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim Joe, mas eu preciso deitar um pouco, estou com muita dor de cabeça. — Agradeci me levantando da beirada da cama, indo me deitar.

— Espera um pouco, você precisar comer. Ficar de barriga vazia só vai piorar seu estado. Depois toma alguma coisa para dor de cabeça e enjoo. — Quando terminou de falar, bateram na porta.

Estava quase pegando no sono, quando Joe voltou com uma bandeja nas mãos e fez me sentar para comer. Comi com o estômago revirando, mas eu estava com muita fome. Depois tomei os remédios que ele me indicou, deitei novamente e adormeci rapidamente.

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