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Capítulo 1

Quando acordei pela manhã, logo lembrei-me de que não seria um dia comum. O dia do meu casamento, finalmente, havia chegado. Me sentia nas nuvens por estar realizando um dos meus maiores sonhos. A ansiedade mal havia me deixado dormir durante a noite, por várias vezes rolei na cama pensando no quanto era sortuda.

Finn era um homem maravilho, educado e encantador, qualquer mulher ficaria de quatro por ele, mas eu fui a escolhida e nossa união iria se concretizar.

Estava deitada na minha cama, olhando para o teto do meu quarto e imaginando como seria nossa noite de núpcias, a noite que toda mulher sonha, ainda mais quando casamos com o homem que amamos tanto.

Conhecia Finn já fazia quatro anos, ele havia sido a melhor coisa que me aconteceu na vida. Quando pediu minha mão em casamento, fiquei tão surpresa e emocionada que cheguei a passar mal. Agora, o tão esperado dia tinha chegado!

— Rubya, você ainda não levantou? — perguntou Kiara, minha irmã mais nova ao entrar no quarto. — Você esqueceu que tem um dia de noiva hoje? Vamos, levanta dessa cama preguiçosa.

— Calma, Kiara, ainda é cedo e eu só estou curtindo meus últimos momentos no meu quarto. Tenho muitas lembranças aqui.

— Eu sei que tem, mas mamãe já está te esperando no carro, você sabe que ela não tolera atrasos. Vai, veste logo essa roupa. — disse jogando um vestido sobre mim.

— Ok, vou me trocar, pode me esperar no carro, desço em cinco minutos.

— Tá certo, mas não fique enrolando. Temos hora marcada — avisou-me e saiu do quarto.

Peguei o vestido e fui me trocar no banheiro, passei uma água no rosto para despertar e sai em seguida.

— Como prometi, não demorei nada. — Falei ao entrar no carro.

— Finalmente apareceu, o que estava fazendo filha? — disse minha mãe ligando o carro.

— Ah dona Daisy, mãezinha linda, só queria ficar um pouco mais no meu quarto, afinal amanhã vou estar bem longe daqui — sorri ao passar a mão em seu cabelo.

— Entendo filha, só não precisava bagunçar meu cabelo — resmungou arrumando as mechas com umas das mãos. Sentiria falta disso tudo. Nós três sempre fomos muito unidas, só meu pai que era de pouca conversa.

Enquanto o carro seguia pelas ruas tão conhecidas da minha cidade, me permitir divagar sobre como seria minha vida depois de casada.— Chegamos meninas, agora é a hora de ficarmos lindas — disse minha mãe animada, estacionando o carro em frente ao spa para noivas e madrinhas que havíamos escolhido.

Descemos do carro e entramos por uma porta de vidro que abriu na hora. Uma senhora muito simpática e elegante se aproximou de nós.

— Meu Deus, vocês estão atrasadas, temos massagem para fazer, bronzeamento, banho de sais, unha, cabelo e maquiagem. Vocês sabem que a hora voa, e seu casamento é as seis horas da tarde. Vamos, vamos logo para a sala de massagem. Suely e as outras meninas estão esperando vocês. — Dizia a senhora toda afobada. — Suas toalhas estão aqui, prendam o cabelo em um coque, deixem suas roupas nesse armário e sejam rápidas — ao terminar de falar, nos deixou sozinhas e trancou a porta.

— Que mulher agitada.

— Também Rubya, você nos atrasou bastante.

— Desculpa, não fiz por mal Kiara.

— Ainda assim nos atrasou, filha. Vamos logo para a sala de massagem, se não aquela mulher vai ter um treco. — disse abrindo a porta.

Nosso dia foi assim, ficamos quase uma hora na sala de massagem, sai dela bem relaxada. Depois fizemos um bronzeamento e uma hora depois fizemos o banho de sais em uma banheira de hidromassagem. Me sentia uma princesa toda perfumada. O SPA nos serviu almoço, café da tarde e logo depois fomos fazer as unhas. Em seguida, nos levaram para fazer o cabelo. Escolhi um coque solto com cachos caídos, mas o penteado da minha mãe e da minha irmã não pude ver qual seria, fomos separadas para os preparativos finais.

Logo depois já estavam me maquiando, isso queria dizer que o momento tão esperado estava chegando e eu sentia até um desconforto na barriga de tão ansiosa que estava.

— Rubya, pode abrir os olhos, você está pronta e é a noiva mais linda que passou por aqui — Paty, uma das cabeleireiras, falou.

— Obrigada — agradeci e me levantei para olhar no espelho, quase não me reconheci, o meu cabelo ruivo estava perfeito e a maquiagem um arraso. Me senti muito linda e diferente, não tinha o costume de usar maquiagem.

— Vamos Rubya, agora é a hora de colocar o vestido. — Avisou Paty, guiando-me por uma escada enorme, entramos em um quarto todo espelhado.

Paty, junto de suas funcionárias, me vestiram e quando finalmente estava pronta, olhei minha imagem refletida nos espelhos e quase não me reconheci. Estava tudo perfeito, me sentia uma princesa saída de um conto de fadas. Meu vestido era todo rodado com muitos tules, com um decote canoa, e nas costas tinha uma renda transparente que fazia o formato de uma rosa. Era maravilhoso!

— Rubya está na hora! Sua mãe e sua irmã já foram para a igreja, sua limusine acaba de chegar. Vai, que seu noivo te espera e que Deus abençoe vocês — sorriu enquanto me ajudava a entrar no carro, agradeci por tudo e parti. O caminho para igreja me deixou com o coração acelerada, então, abri o vidro do carro e tentei me distrair olhando o movimento da cidade.

O motorista parou em frente à igreja e ficamos esperando por algum sinal indicando que eu poderia entrar, mas nada aconteceu. Comecei a ficar preocupada, pois ninguém tinha ido me dizer o que estava acontecendo. Então resolvi descer do carro e ir até a porta da igreja para tentar falar com alguém e saber o que estava errado.

— Rubya o que faz aqui? — perguntou meu pai parecendo surpreso e nervoso. Mas porque ele agia assim? O que estaria acontecendo?

— Pai, porque está tão nervoso?

— Filha é seu casamento, que pai não ficaria nervoso — Não acreditei muito no que disse. Ele deveria estar feliz e não nervoso.

— Rubya o que faz aqui? — minha irmã fez a mesma pergunta ao me ver, isso estava ficando estranho.

— Kiara, você bebeu, estou no meu casamento, já se passaram vinte minutos, eu preciso entrar. Não quero deixar Finn me esperando no Altar.

— Eu sei que é seu casamento, mas não era para estar aqui ainda.

— Kiara você não me engana, o que está acontecendo?

— Não está acontecendo nada.

— Se é assim, então vou entrar. — Me aproximei do meu pai e peguei em seu braço. — Pai, vamos entrar.

— O Quê? Não podemos entrar. — Respondeu com uma expressão triste.

— Porque não? Qual é o problema? Porque não me contam logo o que está acontecendo? — Falei alterada, já estava ficando muito nervosa com aquela situação.

— Calma filha, não fique nervosa. — Minha mãe tentou me acalmar, mas isso apenas serviu para me deixar ainda mais preocupada.

— Mãe, por favor, me conta o que está acontecendo.

— Mãe, eu acho melhor contar logo para ela. — disse minha irmã

— Contar o que? Pelo amor de Deus, me diz logo, por favor.

— Rubya, o Finn não chegou ainda. — Mamãe revelou e percebi em sua expressão tristeza e mágoa.

— Nossa! É só isso? meu Deus, pensei que alguém tivesse morrido. Finn deve estar atrasado, me empresta o celular Pai, vou ligar para ele.

Assim que peguei o celular do meu pai, disquei o número do meu noivo e o esperei atender.

— Finn, cadê você? Porque não chegou ainda?

— Oi meu amor, desculpe, me atrasei um pouco, creio que em dez minutos estarei aí. Faz o seguinte, entra e me espera no Altar que assim que eu chegar eu entro. Só para não deixar nossos convidados esperando. Combinado meu amor?

— Combinado amor, eu vou entrar então. — Respondi me despedindo e desligando em seguida. — Pai, Finn já está a caminho, só atrasou um pouco. Me pediu que entrasse para não deixar nossos convidados esperando. Então vamos entrar?

— Filha, isso não tá certo, temos que esperar o noivo chegar. Ele tem quem entrar primeiro e você que entra depois.

— Mãe, eu sei que o tradicional é o noivo esperar pela noiva. Só que não vejo mal nenhum em a noiva esperar pelo noivo. Acho até que ficará diferente.

— Você quem sabe filha — disse minha mãe um pouco decepcionada.

Avisei a cerimonialista que eu entraria primeiro, ela me olhou assustada e questionou sobre o noivo e porque não tinha chegado ainda, então apenas disse que ele já estava a caminho e que eu iria espera-lo no altar. A senhora mesmo estranhando minha atitude, preparou para que todos entrassem. Primeiro foram os pais e padrinhos e por último eu e meu pai.

Quando entrei na igreja, notei que todos me olharam assustados. Talvez se perguntando cadê o noivo. Foi um cochicho só até eu chegar no altar. Então resolvi avisar os convidados que Finn já estava a caminho e não demoraria em chegar, pois até sua mãe e seu pai estavam inquietos sobre o atraso do filho, mas deixei ciente que estava chegando. A igreja ficou alvoroçada e um murmurinho se espalhou pela igreja feito pólvora, enquanto eu esperava por ele.

No entanto, minutos se transformaram em horas e os convidados já estavam nervosos de tanto esperar por um noivo que não aparecia e eu comecei a passar mal, pois não conseguia entender porque estava demorando tanto. Pedi o celular novamente ao meu pai e do altar mesmo comecei a ligar para meu noivo, mas só dava caixa postal e às vezes fora de serviço.

Já fazia mais ou menos uma hora que eu o esperava no altar, os convidados já estavam irritados, alguns se levantaram e foram embora. Quando vi a igreja esvaziando, entrei em pânico e desmaiei.

Acordei sendo carregado pelo padrinho, o melhor amigo do Finn, Joe. Estava me sentindo tão mal, que não tinha forças para falar. Minhas mãos estavam geladas e suavam, meu coração palpitava e gotas de suor brotavam na minha testa.

Senti meu corpo ser colocado sobre o estofado de um carro e podia ouvir ao longe meus pais gritando e meus sogros chorando.

Foi então que me dei conta... Finn tinha me deixado no altar, ele me abandonou. Na mesma hora senti meu coração se quebrar e uma dor horrível tomou conta do meu peito. Sem conseguir me controlar comecei a chorar desesperadamente.

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