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05

Valéria voltou para casa e encontrou uma bagunça, descobrindo que seu pai tinha ido embora depois de saber da infidelidade de sua mãe. Apesar de se sentir em conflito sobre o que fazer, ela decidiu dar a si mesma algum tempo e espaço para si mesma no final do dia. Ela ficou sozinha em seu quarto, ainda pensando na situação enquanto lutava para dormir.

Um novo dia havia chegado, o sol estava entrando pela janela e ela não queria sair da cama. Ela decidiu ficar na cama um pouco mais, pois não se sentia descansada, apesar de ter dormido por várias horas. O motivo foi que ela não conseguiu pegar no sono porque sua mente estava preocupada com a discussão dos pais. Ela se sentou na cama, pensando em tudo o que havia acontecido, e se lembrou da discussão que havia ouvido na noite anterior.

Ela estava convencida de que sua mãe ainda estava trancada no quarto, sem intenção de sair ou comer, mas antes de verificar, decidiu tomar um banho. Tomou um banho rápido, procurou roupas confortáveis no guarda-roupa e se dirigiu ao quarto da mãe, percebendo o silêncio crescente na casa. Antes de entrar, bateu na porta, mas não obteve resposta. Ao abrir a porta, encontrou sua mãe deitada no chão ao lado de um frasco de comprimidos. A cena foi aterrorizante e a deixou paralisada.

O desespero tomou conta dela quando percebeu que sua mãe não tinha mais pulso. Chorando, ela abraçou a mãe e implorou para que acordasse, embora no fundo soubesse que ela nunca mais voltaria. Ela se recusava a aceitar a trágica realidade. Gritou para que a mãe abrisse os olhos, mas sem sucesso.

- Mamãe, por favor, acorde, por favor! - ela gritava desconsoladamente, agarrada à mãe.

Ela procurou incansavelmente por algum sinal de vida em sua mãe, mas sabia que não o encontraria. Ela estava angustiada e não conseguia entender por que sua mãe havia tomado uma decisão tão drástica. Embora as coisas não estivessem bem entre ela e o pai, ela não esperava que as coisas terminassem dessa forma.

Apesar de sua negação, ela sabia que tinha de informar as autoridades e discar o número de emergência. Com a voz trêmula, ela conseguiu explicar o que havia acontecido e pedir ajuda. O choque a manteve em um estado de confusão.

- Ora, mãe, você não deveria ter feito isso, não é justo", murmurou entre soluços.

Com o coração partido, ela pegou o frasco e leu o nome dos comprimidos que sua mãe havia tomado em excesso. A tristeza e a raiva a dominaram.

- Você conseguiu o que queria? Por quê?! - gritou ela, jogando objetos no chão na tentativa de liberar sua raiva e tristeza.

Finalmente, ela pegou o número do telefone do pai e discou, sentindo-se incapaz de contar a ele a terrível notícia. A ligação se transformou em um turbilhão de emoções, incapaz de aceitar a cruel realidade diante dele.

***

Ela olhou para o céu e percebeu que ele estava envolto em tristeza, a mesma tristeza que assustava sua alma e a prendia em um sofrimento eterno, enquanto seus cabelos eram balançados pela brisa e as folhas caídas sopravam ao seu redor. Agarrada ao braço do pai, ela observou a separação se aproximar e um futuro sem a mãe se desenhou diante dela; seu coração estava partido e a ideia de que a mãe a havia deixado a paralisava.

Ela ainda estava lutando para se conformar com a perda, sabendo que as coisas nunca mais seriam as mesmas. Com o pai ao seu lado, ela se deparava com pensamentos negativos que a atormentavam. A vida estava se tornando mais difícil do que já era; infelizmente, não havia nada que ela pudesse fazer para recuperar o tempo perdido, e isso a atormentava. Ela teve que se despedir quando não era seu desejo.

A injustiça da vida a atingiu sem piedade. Ela não merecia estar passando por isso.

Eventos inesperados se abateram sobre ela, mergulhando-a na tristeza. As lágrimas continuavam a escorrer por seu rosto, sem nenhum sinal de parar. A morte de sua mãe a deixou desolada, refletindo sobre como seria sua vida sem ela, uma vida marcada pela ausência. A dor era avassaladora, e a sensação de vazio era insuportável.

-Vamos para casa, querida", disse seu pai com uma voz angustiada, mas Valéria queria ficar ali um pouco mais. Ela sabia que voltar para casa seria doloroso, reacendendo lembranças que a fariam chorar incessantemente, prolongando sua dor.

-Pai, deixe-me ficar um pouco mais. Prometo que voltarei para casa mais tarde. Não precisa me esperar, vá descansar. Você precisa disso", Valéria garantiu ao pai.

Ele assentiu e deixou um beijo em sua testa antes de se afastar, ciente de que sua filha precisava ficar sozinha por mais algum tempo. Embora ele também lamentasse a perda de sua esposa, ele desejava que toda a dor fosse somente dele, querendo proteger sua filha do fardo. Mas as circunstâncias não perdoavam, e todos compartilhavam o sofrimento da partida de um ente querido.

Ele suspirou profundamente antes de entrar no carro e ir embora. Ele não tinha certeza, mas sabia que sua filha precisava daquele espaço. A imagem do coração partido de Valéria estava gravada em sua mente, lembrando-o de que o luto não fazia distinção entre idades ou papéis familiares.

Valéria percebeu que seu pai havia se afastado, deixando-a sozinha naquele lugar, e caiu de joelhos no chão. Ela sentia como se seu coração estivesse sendo arrancado de sua própria casa, e não era suficiente chorar por uma noite ou até mesmo por toda a vida. Tudo parecia ter perdido o sentido para ela, embora ela soubesse que era normal se sentir assim em uma situação tão dolorosa. No entanto, ela se sentia culpada por acreditar que tudo estava perdido quando seu pai precisava tanto dela, e se culpava ainda mais por isso.

-Vim assim que soube, sinto muito", disse Amanda. -disse Amanda, aparecendo e chamando a atenção de Valéria, que rapidamente se levantou do chão para abraçá-la, recebendo um abraço ainda mais apertado de Amanda, que sabia o quanto ela precisava dele naquele momento.

-Deus, está doendo tanto, não consigo acreditar que minha mãe se foi. Há tantas coisas que não pudemos vivenciar juntas. Eu me sinto mal, muito mal... -Valéria chorou.

Amanda, com os olhos também cheios de lágrimas, sentiu a dor latejante de Valéria e se juntou às lágrimas, comovida com o sofrimento da amiga.

***

Sua mãe havia lhe deixado uma carta dobrada, que só então ela descobriu. A primeira coisa que ela quis fazer foi jogá-la fora, sem sequer olhar para ela. Embora já tivesse feito uma bola de papel com a folha e pretendesse jogá-la na lixeira, ela não o fez. A carta estava deitada na beirada da cama e ela decidiu lê-la, uma decisão que a levaria a uma profunda tristeza.

A mãe havia aberto seu coração na carta, expondo seu motivo, que para a jovem parecia absurdo. Não havia justificativa e cada linha estava cercada pelas lágrimas da jovem.

A carta dizia: “Filha, vou começar dizendo o quanto a amo e pedindo desculpas. Sei que neste momento você está com raiva, frustrada e triste, e acha que não há sentido em viver. Mas quero que saiba que tudo isso está longe de ser verdade, você não deveria se sentir assim. Eu fracassei como mãe e esposa, sinto-me uma pessoa miserável e suja por ter feito algo tão horrível como apunhalar pelas costas a pessoa com quem criei uma família e belas lembranças. Por favor, siga em frente, avance e não olhe para trás. Você se machucará se voltar atrás, você é forte e é a coisa mais linda que eu tive. Carrego você em meu coração e continuarei no seu”.

Depois de ler a carta, a jovem quase se arrastou para o corredor e, ao abrir a porta do quarto, viu seu pai com um pedaço de papel na mão. Sua mãe também havia lhe deixado uma carta de despedida.

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