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cap. 1

Permita-se ser mal vista, afinal, você não agradará todo mundo!

19 DIAS PARA O DIA DOS NAMORADOS

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Olhei na direção do meu telefone que mais uma vez acendeu a tela com uma chamada insistente da minha mãe. Deixei que caísse na caixa postal e tornou a ligar.

— O que ela quer, agora? — desanimada peguei o aparelho e constatei 29 chamadas perdidas — Dever se algo sério ou não me ligaria desse jeito.

Arrastei o dedo na tela e temerosa levei ao ouvido.

— Mãe?

— O que que aconteceu? — meu coração acelerou e pensei nos meus avós, principalmente na Abi que não anda muito bem.

— Que eu saiba nada, se for sobre minha avó, fala logo! — exigi sentindo minha pele formigar.

— Não sei nada sobre ela, digo por você! Porque não atendeu minhas ligações? — revirei os olhos sabendo que foi uma péssima ideia atender — Seja ao menos filha, não precisa ser boa! Atenda sempre que eu ligar.

— Tenho um trabalho! Não posso ficar conversando! Como estar tudo bem e ninguém morreu, passar bem. — estava preste a desligar quando berrou:

— Você não é maluca, Anastácia! Liguei por um motivo e vamos falar sobre ele.

— O que a senhora deseja? — escutei o ranger dos dentes e ignorei — Ainda estou no meu horário de trabalho, mãe!

— Estou me preparando para ir a sua casa com Ethan, passarei uns dias aí em Nova York, ele não conhece a bela cidade e ficaremos na sua casa.

— Meu apartamento não é um hotel! — afirmei e disposta a não permitir que isso aconteça resolvi dar um basta nessa conversa — Estou namorando e quero curtir em privacidade, não sei quem é seu namorado da vez e nem quero saber! Por favor, não venha e tenha um ótimo fim de tarde.

Desliguei e fiz o mesmo com o celular. Tentando não pirar com essa breve conversa voltei a ler meus últimos e-mails do dia. Trinta minutos se passaram quando decidi tomar um ar.

Sai da minha sala louca por um chá. Recentemente comprei com meu suado dinheiro uma expresso para deixar aqui no trabalho, pois estou na onda de tomar chá com leite e fui toda animada até a copa .

— Amora! — revirei os olhos para minha chefe que parece sentir meu cheiro a cada vez que coloco os pés para fora do meu humilde escritório — Por que não responde aos meus e-mails?

— Não farei nada de dia dos namorados, minha sensação na revista é voltada para mulheres que sofrem com o amor, como vou relatar algo fictício exaltando essa data? — questionei ao entrar na copa vendo minha expresso sendo usada para fazer café — Outra coisa, quero fazer uma reclamação.

Me virei para a loira de um e sessenta de altura, corpo esbelto e cílios incrivelmente exagerados no rímel que julgo que mal consiga segurá-los nos olhos.

— Que cara é essa? — apontei para os pobres tufinhos melados de cosméticos — O que?

Correu para um espelho de modo a ver o que tem em sua cara de modelo que parece estar com diarreia

— Esse rímel demasiado vai causar a escassez dos seus cílios naturais, Babi — sua face furiosa indicava que não gostou muito da minha preocupação para com seus cílios.

— Você fará 15 dias de material para o dia dos namorados ou pode pegar suas coisas e olho da rua! — gritou assustando a todos no andar — Lembre-se que é a funcionária, e como tal, faz o que lhe mandam, no caso, o que eu mandar!

Virei as costas e voltei para minha sala com minha reclamação da máquina de chá entalada na minha garganta. Estava fechando a porta quando a ponta do seu scarpin vinho impediu o processo.

— Não estou brincando Amora, vai começar na próxima segunda! — peguei minha bolsa e olhei as horas sabendo que se eu sair 10 minutos antes de terminar meu expediente não renderá uma demissão por justa causa — Segunda terá a primeira matéria de 15, finalizando no dia dos namorados.

— Água micelar nesse rosto, se não sofrerá calvície nos cílios e cuidado com o excesso de contorno labial, fica exagerado e te dá uma aparência de modelo que sofre com candidíase! — passei por ela e fui para as escadas.

Estava chegando no segundo andar quando uma porta foi escancarada com força seguido da advertência dela:

— Quero a matéria no domingo até 23:59 ou nem precisa voltar. — ignorei como sempre e fui para as ruas agitadas da Times Square.

Caminhei até o bicicletário e peguei a belinda, minha bicicleta, coloquei meu capacete e todos os parâmetros de segurança e sai sentindo meu lar, doce lar.

No caminho, passei na farmácia para comprar os remédios da Abi, sei que volto com a ideia de alugar o apartamento que não consegui finalizar a reforma e julgo que a grana esteja pouca, meu avô andou reclamando dela viver cansada e tonta.

— Ela fica com essa mania de não cobrar o aluguel dos inquilinos por serem amigos dela e dá nisso — murmurei pagando pela quantidade exagerada de medicamentos — fica sem o dinheiro dos remédios da pressão entre outros.

Minha música favorita começou a tocar no meu fone e antes de subir na bicicleta apertei o loop e coloquei no último volume de modo a esquecer essa pressão para iniciar uma maratona de post de tudo que não acredito.

— Foda-se a magia do Dia dos namorados Nunca namorarei ninguém na vida! — exclamei convicta — Preciso me esforçar ou serei demitida.

Neguei com a cabeça para espantar esses pensamentos e focar no Luka, com sua voz magnífica cantando: 7 years. Comecei a pedalar e cantarolar a melodia, deixando a lembrança do meu pai me consumir.

Essa música diz muito sobre nós dois e no fundo acho que minha mãe nunca gostou de mim, pois não tem razão lógica para seu comportamento rude comigo.

Deixei de pensar em minha família para focar em um problema maior.

— Amo meu trabalho, mesmo que não tenha uma boa posição na revista, adoro trabalhar com meus míseros post, porque sou limitada a 500 palavras e no máximo 3.000 caracteres, porém, odeio a minha chefe, ela sim, me deixa triste e desapontada com certas pressões.

Faltando um quilômetro para chegar em casa, aquela vontade de fazer xixi se fez presente tirando-me dos meus pensamentos.

— Não acredito nisso! — grunhi por minha bexiga sempre me deixar na mão em situações inoportunas.

Estava pedalando com uma certa urgência quando lembrei que possivelmente esqueci minhas chaves.

— Merda! As chaves… esqueci, tenho certeza. — pensando em como convencer a Abi em liberar minha entrada sem que me xingue, fiz o meu melhor para não fazer xixi nas calças.

Mas algumas pedaladas e finalmente cheguei, parei na garagem, coloquei minha belinda em seu lugar na parede e fui às pressas para a porta. Procurei em minha bolsa as benditas, todavia, elas não estavam onde devia!

Apertei o número dois sem nenhum preparo, já que não consigo confabular uma boa mentira em cima da hora.

— Alô!

— Abi, deixe-me entrar… — ela desligou na minha cara — Velha rabugenta!

Apertei de novo, sentindo minha uretra arde louca para liberar meu xixizinho.

— Sabe que não vou abrir, de seu jeito! — desligou e me desesperei, porque preciso fazer xixi!

Voltei para a garagem e ia fazer lá mesmo quando um corpo másculo e muito cheiroso passou na frente da garagem me levando a ir até a porta só para admirá-lo se distância.

— Nossa, que homem cheiroso. — murmurei sentindo seu perfume.

Ele parou próximo ao interfone, olhou para o jornal e em seguida precisou um dos botões — Tomara que ela deixe-o entrar assim farei o mesmo.

Não posso ouvir a conversa deles, já que estou longe, mas a porta foi aberta e passei rapidamente por ela, percebendo que minha calcinha sexy de renda que comprei na Shein estava molhada de xixi, o que me fez praguejar.

Subi os lance de escada com muita rapidez que nem deu tempo da Abigail me ver entrar. Quando cheguei na minha porta já estava toda mijada, corri para o banheiro e sentei no vaso o que me deu um alívio tão grande que soltei um gemido.

— Minha avó só me faz passar vergonha! Nem tive tempo de ver o rosto do homem cheiroso. — choraminguei tirando minha roupa para tomar um banho.

Fui breve embaixo da ducha, coloquei a camisa do Eduardo que ficou perdida aqui.

— Odeio esse filho da puta, mas a camisa do kurt cobain com seus cabelos loiros sujo, que o deixava tão sexy antigamente, é meu pijama favorito. — larguei meus devaneios do meu pau amigo mais ruim de cama que já tive na vida e foquei em agradar minha avó.

Prendi meus cabelos e peguei os remédios dela. Vou entregá-la agora mesmo, já que o suposto inquilino é homem e sei que não aceitará a lugar para ele, porque o último tivemos sérios problemas com sua namorada louca e psicopata.

Calcei minhas sandálias e abri a porta despreocupada.

— Só tenho esse disponível e serei sincera, sua vizinha de porta, é uma folgada.

Não acredito que está falando isso para o rapaz, que se diga de passagem, é lindo.

— Não dê atenção a ela, se possível mantenha a porta fechada.

— Eu ouvi, Abi! — exclamei chateada.

— Vá pra dentro menina! Vejo tudo daqui — olhei para baixo me dando conta que esse blusão surrado tem um tecido fino — Viu, é disso que estou falando.

— Desculpa! — entrei apressada — Já volto para conhecer meu novo vizinho.

Gritei indo para meu quarto colocar calcinha e um sutiã.

— Que homem bonito… — murmurei fechando o sutiã e girando para colocar as alças — Aquela boca é a mais bonita que já vi na vida!

Ele tem uma barba por fazer e cabelos bem cortados. Veste um estilo business casual com sua camisa social branco azulado com alguns botões abertos e uma calça azul marinho que deixa seu porte masculido tão convidativo para ter pensamentos eróticos com ele se despindo ao som da maravilhosa Bey cantando Dance for you enquanto fica só de cueca na minha frente.

Comecei a rir me sentindo uma safada. Voltei para a sala com a sacola nas mãos e segui até seu apartamento, que se os anjos permitirem ele será meu novo vizinho, porque eu quero essa dança!

— Por Deus que seja solteiro, não quero problemas com namoradas surtadas. — murmurei abrindo a porta.

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