Capítulo 1
Julho 2022
Morro do alemão
Erick:
Por muito tempo, eu negava os sentimentos que eu sentia pelo meu pai, rejeição talvez. O que faria um menino de 6 anos, vendo as brigas constantes de seus pais? E anos depois, entender que nem todos aceitariam a vida que ele leva hoje. E foi assim com meu pai.
Na vida perdemos o controle de tudo. E quando chega o último segundo do segundo tempo, encontramos a solução para algo que antes parecia não ter um fim. E por muito pouco não jogamos tudo pro alto, por não termos paciência e querer tudo pra ontem.
Hoje poderia ser um dia feliz como qualquer outro. É seu aniversário.
Mas como ele nos abandonou, quem sou eu pra ficar magoado?
Levanto da cama, tomo um banho rápido e coloco roupas pretas. Uma calça jeans e blusa. Como hoje é dia de buscar mercadoria nova, não tem porque me arrumar tanto. Verifico a minha arma, checando as munições, e coloco na cintura. Saio de casa, dando de encontro à minha mãe na porta.
— Bom dia filho, os meninos estão te esperando lá fora — disse, me dando um beijo na testa.
— Bom dia, mais tarde estou aí, blz? Fui! — Aceno.
Hoje é um dia típico. Já cedo, o sol está intenso no céu. Os vapores pipoca e ventania me acompanham até a boca.
— Bom dia chefe. Sub tá nos esperando — diz ventania, sentando na moto.
— Bora, bora, bora ! — agiliza Pipoca — Mais tarde tenho compromisso com a patroa.
Quem está no cargo de sub é o Enzo. Ele é um amigo de infância, em quem confio de olhos fechados.
— Fala, brother — Damos um aperto de mão — bora buscar aquela carga logo, estão nos esperando.
— Droga nova? —pergunta Pipoca, curioso.
— Acho que sim, quem sabe é o Erick — Enzo responde, apontando pra mim.
Assinto.
— Sim, no caminho te explico o que é — pego a chave e vamos pro caminhão.
Como ainda é cedo, chegamos ao local rápido. O trânsito está tranquilo e o galpão é perto, um prédio antigo. O doutor libera nossa entrada.
— Preciso ir embora, por aqui já acabamos —aceno com as mãos, os chamando.
— Foi muito bom fazer negócio com você, sempre será meu cliente vip — Doutor aperta minha mão.
— Continuaremos com essa parceira por uns bons anos — digo — Temos que ir, o morro não pode ficar sem vigia.
— Tudo bem. Hoje não vai dar, mas amanhã mandarei uma representante minha pra te explicar como funciona a substância no ambiente. Que dia você está disponível?
— Pode ser hoje — respondo — Vamos fazer um baile pra colocar essa mercadoria logo nas ruas.
— Perfeito, irei avisá-la. O nome dela é Diana.
— Fechado. Até mais. — me despeço e vamos embora.
No caminho, paramos no sinal em frente a praia de Copacabana. Ouço um barulho de discussão ao lado e tento prestar atenção.
—Você nao é porra nenhuma aqui. — grita a mulher com o homem. Começa a formar um círculo em volta do casal.
— Ainda voltará para mim, rastejando — diz um homem com superioridade.
— Vai se fuder, porra. Acabou. O que tínhamos acabou. — ela pega suas coisas e vai embora.
O sinal abre e volto minha atenção pra estrada.
— O que tava rolando? — Pipoca pergunta, sem tirar os olhos na estrada.
— Sei lá, uma discussão de casal — dou de ombros.
Já são quase 22h da noite, e estou me arrumando. No morro, já está tudo pronto para o baile. Visto uma calça preta, uma blusa branca da Nike, e coloco meu chinelo de Adidas, meu cordão de ouro, e meu anel no polegar. Minha irmã entra no quarto, sem bater.
— Maninho, eu vou depois tá? Te encontro no vip — ela diz, praticamente já saindo do quarto.
— Por que, Micaela? Custa você ir comigo? Sabe que não é bom andar por aí sozinha, se arruma logo que eu espero — Sei que ela tá tramando algo, mas não posso deixá-la ir. Hoje é dia de apresentação da mercadoria nova, a rua estará lotada de drogados.
Ela bufa.
— Tá, me espera então — diz, batendo a porta.
Chegamos no auge da festa. Música alta, as piranhas dançando. Quando chego no ambiente, todos abrem espaço pra eu passar. Micaela vai atrás de suas amigas. O baile está sendo numa quadra que fica no alto do morro do alemão.
O baile está sendo numa quadra que fica no alto do morro do alemão, a melhor que tem aqui por ter sido reformada e ser perto da boca. No fundo da parede há uma arquibancada, com degraus feitos de cimento. Assim, conseguiram fechar como área vip. O lugar é pintado com as cores preto e amarelo, dando um contraste perfeito com as barracas espalhadas pela pelas laterais. O palco é bem no meio, dando uma visibilidade melhor aos que estão na área vip.
— Fala, brother — Todos me cumprimentam. Algumas garotas com os seios quase à mostra se exibem querendo fama.
Não quero me envolver com ninguém hoje, tô preocupado se isso não der certo.
Fico na área vip, fumando, enquanto a tropa está espalhada por aí. Como sempre, vejo sub pegando uma novinha loira no escuro. Os vapores estão circulando pelo local, e os mano estão a todo vapor com as vendas.
— Chefe, chegou uma gatinha aí. Disse que você está a esperando — Ventania aparece.
— Nome? — Dou um gole na minha cerveja.
— Diana. Manda subir? — pergunta, arqueando as sobrancelhas.
Assinto, e ele sai atrás da garota. Assobio para Enzo, pra ver se ele toca.
— Já vou — ele responde movendo os lábios.
Pego minha cerveja e bebo, observo a galera dançando. Uma garota entra, vestindo um macacão preto com um salto alto. Seus longos cabelos pretos estão presos em um rabo de cavalo alto, e na sua boca um batom vermelho marcado. Linda.
— Chefe, essa é a mina que te falei — fala ventania.
— Sou a representante do doutor — ela estende a mão em um cumprimento.
— Ele me avisou de você — A olho de cima abaixo e me imagino com ela na cama, a possuindo de todas as posições.
— Podemos começar? — Ela arqueia a sobrancelha.
— Sim — respondo, dobrando meus braços.
Ela vai até a mesa da área vip, abre uma maleta pequena que tem as substâncias. Elas são meio translúcidas e estão num pote de vidro pequeno redondo.
— Ela se chama Ilusion — diz, me entregando a substância — Se jogar em ambiente aberto tem duração de 4 horas. Digamos que todos ficam alucinados e intensos — ela dá uma piscadela seguida de uma leve risada.
— E se não quisermos utilizar aqui, podemos usar sozinhos? — Faço uma pausa — Porque aqui tem muitos moradores que não usam drogas e amanhã cedo vão trabalhar.
— Claro. A pessoa se auto medicando tem um efeito de até 8 horas — ela coloca a cápsula contra a luz — Vocês que sabem. Eu tenho pouco tempo aqui, depois preciso ir nos outros clientes.
— Vamos fazer assim: Vou começar a venda e você aproveita um pouco o baile, o que acha? — ofereço uma cerveja.
— Geralmente não aceito esses convites, mas tô em um alto nível de estresse — ela se alonga e arruma o cabelo — Amanhã eu termino meu trabalho — dá de ombros, dando um gole na cerveja.
O baile continua tranquilo, com Diana dançando lá embaixo. Putas a encaram com nojo, cochichando no ouvido uma das outras. Ela é uma deusa, gostosa. A observo de longe. Não quero me apegar a ninguém, mas não custa nada tirar uma casquinha.
As vendas vão bem melhor do que o esperado e o lucro está altíssimo. De longe, vejo o Enzo a observando. Sai que ela é minha. Ela está envolvida com as batidas da música eletrônica, com um sorriso alegre no rosto. Apesar da roupa apertada, ela consegue dançar, e muito bem por sinal. Um cara chega até ela e fala algo em seu ouvido. Tudo acontece tão rapidamente que só a vejo girando o corpo, e dando um soco certeiro no seu nariz.
— Caralho — grito, impressionado com a agilidade.
— Adoro uma esquentadinha, dá pra somar — Sub aparece ao meu lado, observando Diana.
— Qual foi, você não estava pegando uma outra mina, uma loira? — arqueio minha sobrancelha o encarando.
— Ela deu pro gasto, mas agora quero essa daqui — aponta pra morena.
— Ela é a representante do doutor, não veio pra farra não. Provavelmente já deve estar de saída — dou um gole na minha cerveja e jogo fora ao perceber que está quente.
— Ah, que pena — dá de ombros.
A morena sobe as escadas, furiosa.
— Eu tenho que ir — ela comunica.
— Eu te levo, não posso deixá-la ir sozinha — Enzo começa seu jogo.
Não vai mesmo.
— Ué mano, você não tava com uma mina aí? Eu levo, não quero atrapalhar seu romance — dou uma risada.
— Nathalia? A puta, já foi. Tô sozinho — ele me encara, os punhos cerrados. Olhando para ela, completa: — É perigoso você ir sozinha, os drogados estão soltos por aí.
— Eu aceito, obrigada. Se eu for sozinha é bem capaz de eu cometer um assassinato — ela dá um risada, e Enzo a acompanha pra fora, me dando um tchauzinho.
Esse aí me paga.
Finalizo a noite com um sexo, do jeito que eu gosto, jogo as notas no peito dela e vou pra casa. Tomo uma ducha e deito, apagando na mesma hora.
Enzo:
Por muito tempo eu fiquei ao lado do Erick. Até nos momentos de crises, eu estava lá. Crescemos juntos, nossa ligação é de irmão. Se um de nós precisar, ajudaremos sem medir esforços. Ele sempre será meu irmão mais velho.
Hoje o dia foi normal, o Erick tá ganhando um lucro altíssimo com essa nova mercadoria, a clientela tá no auge. Sempre fui cachorro de rua, sem me prender a ninguém. E quando coloquei os olhos naquela morena linda, subiu um tesão. Ninguém é de ferro, não é? Depois que ligo o carro, a observo pelo retrovisor do carro. Ela está concentrada mexendo no celular.
— Alguém importante? — A olho de cima a baixo, observando suas curvas e o decote da roupa, marcando os seios fartos.
— Meu ex, coisa do passado — dá de ombros.
— Onde te deixo?
— Pode ser na praia, preciso de um tempo pra mim — ela me olha de relance.
Hoje tem!
— Posso te acompanhar? Não se importa? — Dou meu melhor sorriso a ela — Não posso deixar uma menina tão linda e frágil sozinha, não é mesmo?
Ela cerra os olhos, soltando uma respiração pesada, e fecha suas mãos firmes. Sua coxa fica balançando.
— Falei algo errado? — olho rapidamente para ela, tentando não tirar os olhos do trânsito.
— Porque vocês, homens, cismam em achar que uma mulher sempre está indefesa? — ela diz rápido, num tom baixo.
— Eu não disse isso! — Estaciono o carro numa vaga na praia.
— Disse sim — ela pega suas coisas e começa a sair do carro.
Saio tranco o carro e em seguida vou atrás dela.
— Calma morena, deixa eu ficar um tempo com você — seguro seu braço.
— Acho melhor me soltar se você não quiser levar um soco nessa sua cara bonita — olha furiosa pros meus dedos em seu braço.
— Desculpa! — Ergo as mãos em forma de rendição — Se quer ficar sozinha, não será eu que irei atrapalhar sua noite.
Mulher maluca. Gostosa, mas maluca.
— Espera… não vai — ela corre na minha direção.
Observo melhor seus traços. A boca carnuda com o tom vermelho do batom, marca sua beleza. Seu corpo, suas curvas, parece que treina.
— O que você quer? — caminho até perto de uma árvore meio caída e me encosto.
— Você — diz arqueando a sobrancelha e me dando um sorriso maroto.
Ela passa seus dedos pelas minhas tatuagens no meu braço direito, seu dedo circula meus lábios, a olho, observo os lábios carnudos marcados pelo batom, que a um tempo estava vermelho vivo.
— Você é rápida.
— Como eu disse, preciso me distrair. Está a fim ou não?
— Claro.
Seguro seus braços, puxando ela de encontro a mim. Nossas línguas dançam num ritmo lento, e suas mãos percorrem meu corpo, até chegar no pau, o acariciando em cima da bermuda. Dou uma risada rouca.
— Você é muito gostosa — aperto sua bunda.
Minha mão vai até seu pescoço e colo nossas bocas com rapidez. Nosso beijo é rápido e molhado, suas mãos agarraram meus cabelos, tentando intensificar mais o beijo. Passo minha mão pelo seu seio, e a outra mão aperta sua bunda firme.
— Quero você agora — ela sussura no meu ouvido.
— Vamos pro carro — dou um sorriso de lado.
Fecho a porta e ela sobre no meu colo.
Ainda bem que sempre deixo camisinha no carro.
— Tem certeza? - acaricio seus seios, seu bico está rígido ao meu toque.
— Vem logo — Ela diz manhosa.
A tomo em meus braços, sinto suas mãos percorrem por todo meu corpo, até chegar no meu membro, acariciando em cima da bermuda. Nossos lábios se encontram numa fúria, minhas mãos apertam firme sua bunda empinada. Ajudo ela tirar minha bermuda e lambe a cabeça do meu pau.
— Puta que pariu — digo baixo — que boca gostosa.
Seguro seus cabelos, ajudando no movimentos. Sua língua percorre por todo o comprimento, e chega na glande pincela. Seu olhar é puro desejo.
— Vem, senta aqui. É minha vez — puxo seu braço.
— Não, deixa eu terminar aqui! — abocanha meu pau novamente.
O ritmo fica frenético num vai e vem, e um tempo depois , eu saio da sua boca rápido e gozo na minha mão.
— Eu realmente preciso ir, vamos? — ela fala, terminando de arrumar o cabelo.
— Não vamos terminar? — coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha — vamos pra minha casa?
— Não, tenho que ir de verdade. Acho que obrigada pela… noite.
Dou de ombros, arrumo minha bermuda e me sento no banco da frente. Mulher maluca, boquete tava muito bom, mas eu desejava muito mais. Após deixar ela no seu apartamento, vou pra minha casa.
Preciso comer uma puta pra relaxar.
Essa mina me paga.