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Capítulo 2

Quando finalmente entro no prédio de Michelle, faltam apenas alguns minutos para o amanhecer. Perfeito.

Pego o elevador e subo até o último andar como a secretária me manda, mas hesito, não há ninguém nos corredores do prédio, e é assim que deveria ser.

Olho para o meu celular, é o lugar certo. Estou muito atrasado? Eu sei que demorei muito para tentar ajudar a garotinha que estava sofrendo bullying, tive que mentir que era amigo dela, seu advogado, e ameaçar aquelas crianças preguiçosas. Talvez eu tenha exagerado um pouco quando disse que se a menina sofresse bullying novamente eu prenderia os pais dela por não lhes ensinarem como o bullying é feio e ruim, e que eles nunca mais veriam a luz do dia e que eu estaria observando. Você os tem em todos os lugares, até debaixo da cama. Eles fugiram. Exagerei na ameaça e ainda assim foi ruim.

Ando pelos corredores, ando e ando sem saber para onde ir, abro algumas portas e ligo para um ser vivo, quando quase paro de vagar por aqui como uma alma perdida, e então ligo para o número que me ligaram. Ontem ouvi um toque vindo de uma das portas, mas ignorei, assustado, depois ouvi um barulho de algo caindo vindo de uma porta branca logo atrás da recepção. Tudo fica em silêncio.

Hesito, mas vou até lá.

O que você pode esperar de um prédio enorme, vazio e escuro? E o que você faz quando ouve um barulho estranho?

Mas não sei se ouvi um telemóvel a tocar numa das salas ou nos escritórios. Mas isso significa que alguém está aqui ou esqueceu o celular.

Caminho lentamente em direção à sala de onde veio o barulho. Olho para o corredor escuro e vazio ao meu lado.

Num impulso, ligo para Samy. Eu faço uma cara confusa quando Boombayah do BlackPink começa a tocar do nada e no meio do nada.

Paro em frente à porta e mais uma vez grito por um ser vivo. Qualquer coisa.

Empurro a maçaneta para baixo e abro a porta. Escuro e vazio. Mas de repente algumas luzes iluminam tudo. E então...

- SURPRESA!

Com o susto, acabo andando para trás, mas me choco com alguém atrás de mim, me viro, vejo o entregador de olhos arregalados olhando para o chão, sigo seu olhar a tempo de ver uma pizza de pepperone bem recheada e com bastante queijo caí no solo.

- Não não não. - gemo ao ver a linda e atraente pizza caída no chão. Eu até pegaria e tentaria consertar, mas não estou em casa e pisei naquele lugar e... pisei também em cocô...

Faço uma careta e me viro para todas aquelas pessoas que de repente emergiram do chão.

- Feliz aniversário, Érika! - Samy é o primeiro a dizer, me entregando um pacote de presente, me deixando confusa.

- Um aniversário? Que dia é...?

Oh.

Oh.

- a partir do mês de fevereiro! - Minha mãe também aparece para me dar um presente. - Eu não tinha esquecido do seu aniversário, né filha?

- Claro que não, mãe. - Obviamente sim. - Você não pode esquecer o seu tão esperado aniversário.

Fiquei tão animado com a entrevista e com a obtenção de um emprego que esqueci completamente que meu aniversário era no dia seguinte. Completamente.

- Então não há entrevista ou emprego? - pergunto e vejo Michelle, amiga da minha mãe que iria “me dar um emprego”. Ela balança a cabeça, negando.

- Parabéns querido. - Meu pai aparece ao meu lado com um presente quadrado também.

- Espero que seja o meu carro que está aqui. - digo sacudindo a caixa, ele ri.

Mas ele não estava brincando. Eu realmente preciso do meu carro de volta.

- Não filha, foi só uma armadilha trazer você aqui. - Minha mãe responde e me abraça. - Parabéns, filha.

Forço um sorriso quando vejo tantas pessoas na sala, pessoas que nunca vi na minha vida. A sala é decorada com luzes douradas e prateadas, no centro há uma grande mesa com bolos, doces e pizzas. Meu pai vai até o entregador atrás de mim para resolver o pequeno problema que causei a ele.

- Parabéns, Érika. Os anos não são feitos duas vezes. - Meu amigo se aproxima sorrindo.

- E qual é feito duas vezes? - digo pegando um pedaço de pizza. -Ei, de onde são todas essas pessoas?

- Acho que os funcionários daqui e os amigos da sua mãe, não teve mais ninguém para quem ela ligou já que você só tem a mim como amigo. Você gostou da surpresa? Você suspeitou? -Seus olhos azuis brilham.

- Gostei e não, não desconfiei. - Eu realmente não desconfiei, Samantha nunca foi uma grande guardiã de segredos, mas dessa vez ela se superou. - Mas por que há tantos amigos dos meus pais aqui? É o aniversário de uma garota de dezoito anos, não de quarenta. - sussurro melancólico para meu amigo.

Naquele exato momento em que se aproximaram de nós, Cindy, amiga da minha mãe, me entregou uma caixinha com papel de embrulho rosa.

- Feliz aniversário, Érika! - Ele me abraça eminentemente e seus cabelos loiros claros entram na minha boca. Eu me afasto dela. Outros amigos dos meus pais me desejam feliz aniversário e me dão presentes. Pelo menos isso.

- Não há ninguém aqui da nossa idade. - observa Samy.

- Você jura? - Pego meu celular comendo a segunda fatia de pizza.

-Erika, você não vai...

- Sim eu vou. - Conecto meu celular no alto-falante e um segundo depois Believer by Imagine Dragons começa a tocar. Todos param e olham para mim. - É meu aniversário. - Dou de ombros.

- Dor!

Você me fez, você me fez um crente.

Dor!

Você me derruba e me edifica, crente, crente.

Dor! - Samy e eu cantamos alto ao som da música. Como outra fatia de pizza.

Não como bolos de manhã nem doces, porque fico doente rapidamente e ficar doente me deixa de mau humor. Mas não há tempo para comer pizza.

- Você não vai trabalhar hoje, certo? - pergunto, já de mau humor com tudo isso. Samy encolhe os ombros e come um doce vermelho-sangue.

Pelo menos eles acertaram a cor.

Eu não estava pensando que eles fariam alguma coisa por mim, eu não queria, depois de anos parei de me importar com grandes festas de aniversário e com todos os olhos voltados para mim, eles queriam me dar uma grande festa de aniversário e como eu preferia uma carro. Eles ficaram um pouco magoados, não demonstraram, mas eu entendi.

Hoje ia pedir apenas caixas de pizza, para mim e outra vegana para o Samy. Passávamos o dia assistindo e tomando sorvete. À noite talvez íamos a uma festa onde Samy e eu iríamos dormir e teríamos problemas para sair do tédio, voltaríamos para casa e eu subiria até o terraço do apartamento para olhar as estrelas e a cidade. .

- Filha, serão nove horas e temos que ir. Você vai ficar aqui ou quer que seu pai te leve para casa?

- Casa. - Respondo, pelos papéis do meu currículo, amasso e jogo na lata de lixo que está ao lado da porta.

- Gerald, leve Erika e Samy para casa.

Meu pai assente, faz uma reverência zombeteira e diz que também precisa pegar alguma coisa em casa. Meu pai é uma mistura de sarcasmo e teimosia. Uma característica que herdei.

Fazendo sinal para que o sigamos, Samy e eu caminhamos em direção ao estacionamento do prédio, agarrando o resto da pizza que ele estava comendo no caminho. Eles também abrirão agora.

Meu amigo me ajuda a carregar os presentes, colocamos no porta-malas e entramos no carro.

- Você vai trabalhar? - pergunto ao meu pai. Ele concorda.

- Querida, o que você está fazendo hoje? É seu aniversário, você vai a uma festa ou vai passar o dia no shopping, vai a um SPA, vai ao cinema, ao teatro...?

- Você sabe que não vou fazer nada disso, certo?

- Sim, eu sei. - Meu pai balança a cabeça, desapontado.

- Mas talvez eu e Samantha iremos ao SPA. - Digo.

- Sério? - Meu pai exclama incrédulo.

- Não. - rio - posso me arrumar em casa, sem precisar de muita gente para amassar e esticar meu corpo. - Meu pai me olha com desprezo.

E chegamos.

- Tchau querido, aproveite o seu dia. - Meu pai diz quando eu e Samy entramos no prédio.

- Adeus pai.

- Bom dia Sr. Herrero. – Samy cumprimenta o homem na recepção do prédio.

- Bom dia, Samy. Bom dia, Vy. - Diz o homem de cabeça branca e olhos ternos.

- E aí.

- Feliz aniversário. - Continua com um sorriso de prótese.

- Obrigado vovô. - Pisco para ele e ele ri com vontade.

Nós dois entramos no elevador e logo chegamos ao apartamento dos meus pais.

Deito-me na cama, com Samy deitado ao meu lado.

- Abrimos os presentes?

- Vamos. - Me viro e abro a primeira caixa que vejo na minha frente, a rosa. Este é um par de brincos de prata em forma de gota d'água.

- Lindo. - diz Samy.

- Sim, mas a prata não combina comigo. - Quer dizer, mas eles são muito fofos. Samy revira os olhos.

-Érika. _

- O que aconteceu?

-Douglas me convidou para sair. De novo. - Samy diz me fazendo olhar para ela surpreso. Douglas é um estudante do ensino médio que sempre teve uma queda por Samy. Ele continua pedindo para ela sair com ele, mas ela nunca aceita. Até eu sinto pena dele.

- É a segunda vez só este ano.

Samy e eu continuamos abrindo presentes; roupas, acessórios, sapatos, perfumes e muito mais roupas.

- Por que você não dá comida? - digo franzindo a testa, abrindo outra caixa quadrada com pacotes de balões rosa e lilás voando no céu turquesa com arco-íris. Eu faço uma careta.

Eu não fiz apenas aniversário, não.

- Ah, que lindo papel de embrulho. Pode me dar? - Samy pergunta me olhando com expectativa.

- Leve embora. - Entrego para ele, deito na cama e olho para o teto claro. - Então, Samantha, você aceita o pedido de reunião do Douglas?

- Não, você sabe que não gosto disso. -Suas bochechas ficam rosadas.

- Ele é um cara legal. E ele é bonito: Douglas é moreno, tem cabelos lisos castanhos claros e olhos verdes, usa óculos, tem rosto quadrado, estatura mediana e queixo forte, e é um cara legal. Estudamos com ele por três anos. Ele até se ofereceu para fazer as atividades de Samy. Ela não aceitou. A maioria das vezes. Mas eu tive que fazer o meu também.

Samantha destrói corações por onde passa, mas não se deixe enganar por seu rosto dócil e delicado, ela constantemente engana seus diversos contatos.

Mas não é nada sério, ela é muito reservada. Está apenas preenchendo seu tédio.

Abro a caixa de presente do meu pai, é vermelho sangue com listras douradas. Garfos...

Suprimo um grito.

- Nunca amei meu pai tanto quanto agora. - digo olhando para a enorme caixa de quebra-cabeças.

- Erika e sua paixão por quebra-cabeças. - Samy faz um gesto com a mão de forma despreocupada.

Levo como último presente, da minha mãe, um par de brincos super delicados com pingente de estrela dourada vibrante.

É bonito.

Saio da cama e coloco em uma mini gaveta. Deixá-lo guardado é muito mais seguro, não duraria um segundo nos meus ouvidos. Samy pega meu telefone, marcadores coloridos, esmalte e glitter, deita-se e começa a escrever e colorir algo na minha capa de telefone azul pastel.

Assim que me deito na cama meu celular começa a vibrar na mão do meu amigo com uma ligação, eu atendo e atendo.

- Olá papa. Transmissão.

- Querido, me faça um favor, vá até a cozinha, pegue o número do telefone que está escrito em um pedaço de papel colado na geladeira, são dois pedaços de papel, pegue o da direita e mande a foto do seu desenho . de um arranha-céu, é para Robert, ele quer avaliar você.

Saio da cama de repente.

- Como é que isso acontece? Você falou sobre meu arranha-céu? Para Roberto? Esse cara é obcecado por dinheiro e atenção, agora vai cruzar o oceano para pegar meu desenho. - Explodo de horror.

- Querida, acabei de citar seu rascunho e ele só quer ver. Desculpe filha, eu não sabia que você não queria mostrar para ninguém. É um esboço verdadeiramente incrível, diferente e ousado, empresas de arquitetura viajariam por todo o mundo para realizar esta obra.

Expiro e caio na cama novamente, papel de embrulho voando ao meu redor.

- Tudo bem, tudo bem. Eu... vou te mandar a foto. Mas é apenas um rascunho mal feito. Mas preciso de dinheiro, já que você não me dá mais um dólar. - Faço uma voz dócil e melancólica, Samy ri baixinho, balançando a cabeça.

- Você já tem anos e...

- Acabei de fazer aniversário, como hoje.

- Querido, mande a foto para o número ao lado...

- Esquerda, eu entendo. Agora adeus, pai. - Desligo meu celular e volto para a cama.

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