Capítulo Dois - 3
Parte 3...
Joane ela eram amigas há muito tempo, antes mesmo de tudo cair de forma tão louca em volta dela, mudando toda sua vida. E no momento em que ela se sentiu só, Joane estava lá.
— Outra coisa, você tem que ligar para a clínica.
Dominique parou de empurrar o carrinho.
— O que foi? Eles ligaram para a agência? Eu não recebi nenhuma chamada hoje de manhã - se preocupou, sentindo um bolo na garganta.
— Calma, eles não disseram nada fora do comum - não queria que a amiga ficasse preocupada — Só pediram que você ligasse para eles quando fosse possível.
Não tinha como ela não se preocupar de imediato quando recebia um chamado da clínica. Logo seu coração batia forte.
— Mas não disseram nada sobre a Dani?
— Eu perguntei, mas a mulher que ligou disse apenas que seria bom que você passasse lá na clínica para ver a Dani, mas que não era nada grave.
Ela até suspirou um pouco aliviada. Saber que a irmã poderia ter tido uma piora a deixava muito nervosa.
— Está bem, eu vou ligar quando acabar aqui e dependendo vou para a clínica antes.
— Ok, mas fica tranquila. Se fosse mesmo algo grave, ela teria ligado direto para você.
— Tem razão - coçou a bochecha pensativa — Eu te aviso se precisar de algo.
— Fico ligada. E pode terminar suas compras com calma, eu já vou começar agora mesmo a entrar em contato com as candidatas que me disse e dar uma olhada em outras possíveis.
— Valeu, amiga. Obrigada!
Ela desligou e continuou as compras, um pouco menos animada agora, depois de receber essa notícia. Ela não gostava nem um pouco de receber chamadas avulsas da clínica. Geralmente não traziam boas notícias.
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A fila não estava grande, apenas três pessoas estavam na frente dela, mas Dominique não estava se importando com isso agora. Sua mente estava em outro lugar.
Ela se preocupava muito com a irmã mais nova, Daniele. Era sua única parente agora e era sua obrigação como irmã mais velha, fazer de tudo para que ela ficasse bem, mesmo em situações difíceis.
Mas para ela isso não era uma obrigação. Fazia o que podia por amor. Se fosse por ela, Daniele estaria em casa e não internada em uma clínica.
Ela puxou o ar fundo e suspirou. Era impressionante como a vida dela havia mudado de um dia para o outro. Talvez se vendesse sua história isso daria um bom livro de drama.
Passou as compras e ajudou a moça do caixa a guardar tudo nas sacolas. Pagou a compra que apesar de nem ter sido tanta coisa, ainda assim, o valor foi alto.
Era por isso que ela precisava encontrar mais clientes e se fossem como Nicolau, ajudaria ainda mais. A clínica era excelente, mas esse serviço de primeira linha custava muito por mês e no final do ano, passava de trezentos mil, o que era difícil de manter, mas necessário.
Se ela fosse trocar a irmã de clínica, acabaria diminuindo os cuidados e nem pensar em colocá-la em uma clínica pública, onde os serviços deixavam a desejar.
Além disso, ela sabia que Daniele já estava habituada com a equipe que cuidava dela e gostava do lugar, que tinha um ambiente claro e adequado. Ela sabia que a irmã estava segura.
Aos poucos as coisas foram melhorando, depois do período mais pesado, mas ainda assim estava difícil fazer tudo do modo certo.
Estava em atraso com as contas normais, sempre pagava com um mês de atraso e a mensalidade da clínica ela sempre pagava com uns quinze a vinte dias de atraso, o que lhe rendia juros para o mês seguinte.
Por duas vezes ela teve sua energia cortada e ficou três dias usando velas em casa até poder pagar as contas. Outra vez sua água foi cortada e ela ficou uma semana sem água em casa, economizando cada gota até poder quitar a dívida.
Ficou devendo a algumas pessoas no começo e foi pagando de pouco a pouco, sempre deixando claro os motivos por não poder pagar o que devia e isso a fez passar por alguns momentos constrangedores, o que a levou para a cama com insônia e choros pela madrugada.
A pressão emocional e financeira era enorme e teve dias que ela achou que não conseguiria passar por isso sozinha, mas nada como um dia após o outro e uma mente forte.
Autora Ninha Cardoso
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