Capítulo 4
De uns dias para cá, percebi meu amigo Julian muito preocupado e decidi questioná-lo acerca disso.
— Julian, você está estranho, parece preocupado a todo momento! O que houve, Scorpion?
— Taylor Neto, o banco vai tomar o clube, estou devendo 300 mil paus, cara! To fodido! — meu amigo pôs as mãos na cabeça e fechou os olhos, extremamente preocupado.
— Cara, eu posso te ajudar! Posso arranjar um emprestimo com meus pais, a gente dá um jeito!
— Não, Taylor! Já basta suas mentiras para sua família, não quero te causar mais problemas, entende? Vou me virar, dar um jeito, mas não posso perder este clube!
— Entendi,amigo, mas saiba que se precisar eu estou aqui! — tentei confortá-lo e sentei ao seu lado, passando a mão em seu ombro.
— Valeu, Cowboy, vou dar meu jeito!
Depois disso, fomos nos arrumar para ir ao clube.
A noite de apresentações começou bastante animada e no fim da madrugada fizemos mais uma vez um menage com Anika, uma stripper de uma boate vizinha. A safada sempre ficava com Julian e quando me conheceu ficou louca. Como era muito gulosa, sempre gostou que nos dois usássemos e abusassemos de seu corpo deliciosamente.
Alguns dias se passaram e minhas apresentações sempre ocorriam 3 a 4 vezes na semana, dependendo da escala, pois sempre apareciam novos dançarinos ou apresentações especiais, e aí tínhamos que ver quem se apresentaria a cada dia, além de ter que aprender as coreografias novas ou ensinar aos novatos. Eu nunca quis aceitar o dinheiro de Julian, apesar dele sempre depositar em minha conta.
Na sexta feira, eu iria ser o primeiro a dançar e pela parte da manhã, mamãe Valentina ficou me ligando direito. Como tínhamos brigado no dia anterior, eu decidi não atender suas ligações, mas eu já imaginava como ela estava. Mamãe está ficando cada vez mais cismada comigo e ontem ela me deu provas contundentes disso, quando enviou-me um vídeo que mandaram para ela, onde eu dançava na boate de Julian. Ela começou a discutir comigo, perguntando se eu não estava estudando corretamente e o porquê de eu estar dançando na boate de meu amigo stripper. Dei-lhe uma desculpa esfarrapada e disse que foi só por diversão, num dia de folga da faculdade, no entanto, sinto que ela não ficou convencida.
A noite chegou e lá fui eu dar o meu show! Meu figurino consistia numa camisa branca colada, uma calça jeans e um colete de couro, botas com esporas e é claro, meu chapéu de cowboy! Minhas coreografias exalavam sensualidade e eu sempre chamava uma ou duas mulheres para que eu dançasse em cima delas. Terminado o show, fui direto para meu camarim quando de repente escutei uma batida na porta e a voz do segurança:
— Cowboy, tem uma coroa gostosa pra cacete querendo te ver! Ela pode entrar?
— Rsrs, claro!
Quando me virei ainda nu para olhar para a tal mulher, tomei um susto do caralho!
— PORRA! MAMÃE?
Minha mãe estava chocada, olhando meu corpo cheio de marcas de batom, balançando a cabeça, encarando-me um tanto furiosa
Minha mãe estava chocada, olhando meu corpo cheio de marcas de batom, balançando a cabeça, encarando-me um tanto furiosa.
— SEU CACHORRO! — gritou enraivecida e partiu para cima de mim, estapeando minha cara e meu rosto. — VOCE É UM DESGOSTO PARA MIM E PARA SEU PAI, SEU MENTIROSO! EU VOU TE DESERDAR, TAYLOR NETO!
— MÃE, PARA DE ME BATER!!!! — bradei, tentando me desvencilhar mas falhei miseravelmente. Minha mãe quando está furiosa é pior que o cão.
— AHHHHHHH! EU ACHEI QUE VOCE ESTAVA ESTUDANDO MEDICINA, TAYLOR!, MAS VOCE ESTAVA DANÇANDO NU, ESSE TEMPO TODO! SEU SAFADOOOOOO!!!!!!!!!! — mamãe gritou irada, as lágrimas escorrendo pelos seus olhos azuis claros e me empurrou, fazendo-me cair no sofá.
Imediatamente peguei um calção qualquer e vesti. Minha mãe estava com as mãos tampando os olhos, chorando sofregamente, decepcionada, de costas para mim.
— Mãe, eu posso explicar tudo!
Ao se virar, fitou-me cheia de rancor e disparou duras palavras:
— Explicar? Chega de mentiras! Voce teve sorte que seu pai não veio te ver! Ele contratou um detetive a meses, depois de ver suas fotos rolando nas redes como stripper e descobriu que voce estava mentindo! Eu enfrentei o inferno para impedir o Connor de vir aqui! Voce sabe como seu pai é! — respirou fundo e continuou a falar — Eu decidi vir no lugar dele, pois ele teve que ir urgentemente para a Alemanha ver uns parentes idosos que estavam doentes, mas saiba que quando você voltar para Phoenix, garoto, o cabaré vai gemer! Seu pai vai te bater de cinto e eu não vou me meter! — aproximou-se mais um pouco e lamuriou-se. — Porque voce mentiu por todos esses anos? Tu não estava estudando porra nenhumaa! Eu passei naquela faculdade antes e fui informada que abandonaste o curso há quase 2 anos! Porra, Taylor Neto!!!!!!!! Nós estávamos mandando uma porrada de dinheiro para você torrar!
— Mãe, se acalmeeee!
— Se acalme um caceteeeee! O que voce fez com toda aquela grana, me fala! — exigiu raivosa, chorando copiosamente.
— Eu... eu gastei!!! — revelei e pus as mãos na cabeça, envergonhado, ao me virar para mamãe, decidi desabafar — Eu descobri que medicina não era o que eu queria para minha vida, eu só decidi cursar para agradá-los! E eu gastei o dinheiro com diversão! Sou jovem e queria curtir minha vida!
Mamãe bufou e estapeou mais uma vez minha cara.
— Cachorro! Egoistaaaa! Voce não presta, garoto! Estavamos acreditando cegamente em voce, Taylor! A vovó Meredith sempre diz que voce será o medico dela, coitada! Todos da família estavam cheios de orgulho de ti! E olha a merda que voce faz!
— Se o problema é grana, eu vou devolver! — gritei revoltado, massageando minha bochecha dolorida do tapa ardido.
— Eu não quero porra de grana! Voce vai arrumar as suas malas e amanha iremos embora para os EUA! — mamãe vociferou, encarando-me.
— Eu não vou! Estou muito feliz aqui sendo stripper! — afirmei todo atrevido, contudo minha mãe ficou mais revoltada.
— Escute aqui, seu pirralho! Voce não tem mais querer! Decidiu ser um moleque, um vagabundo, não é? Pois agora vai voltar para a fazenda de seu bisavo e vai trabalhar como peão! Porque aquela porra também é sua! Sua herança no dia que eu e seu pai se formos! Eu não vou ouvir um não como resposta! Já comprei as passagens e de adeus para este clube!!!!!!
— QUEEEE? Eu já disse que não vou! - retruquei inconformado.
— Ah é mesmo? — colocou as mãos nos quadris e começou a gritar — Voce vai sobreviver como, seu viking safado? Eu ja bloqueei todos os seus cartões e contas bancarias, voce está liso! Duvido que suas danças te sustentem! Eu sei das suas ostentações! Mas agora isso acabou ! Voce vai aprender a virar homem, seu filho da mãe|!
De repente outro seguranças bateram na porta, perguntando se eu queria que chamassem a polícia, mas os acalmei.
— Não precisa, caras! — voltei a olhar para mamãe que chorava com ódio, observando atentamente todo o meu camarim. — Mãe, eu não quero ir, sou muito feliz aqui, tente entender!
— Eu não vou entender porra nenhuma! Imagine o desgosto de seus avós e de vovó Meredith! Imagina largar todas as suas fazendas e deixá-las na mão de estranhos somente porque você não tem coragem de assumi-las, de cuidar, justamente porque deseja viver sua vida malandra! Você vai para a casa de Julian agora mesmo,vai arrumar suas malas e amanhã às 9 horas vamos embora! Se voce nã for, esqueça sua família!
Ao ouvir essas declarações cheias de decepção, meu coração apertou. Eu não tinha mais saída. Em seguida, mamãe jogou o cartão da localização do hotel que estava hospedada em minha cara e se virou, indo embora, batendo a porta com força.
Depois disso, desabei no sofá. Lágrimas discretas percorreram meu rosto e coloquei as mãos na cabeça, desesperado.
— Porra,eu to fodido!