Capítulo 3
Pelo resto do dia até a tarde, permaneci dormindo. Ao acordar lá pelas 16 horas, vou até a cozinha tomar água e vejo um post-it de Julian colado na geladeira, avisando que sua mãe deixou minha comida na geladeira. Dona Julia me trata como um filho e sempre traz comida para nós.
Pra entenderem melhor minha amizade com Julian, é bom começar do começo.
Quando fiz 18 anos de idade, pedi a meus pais para deixarem viajar para Ibiza, meu sonho de adolescente. Inicialmente, eles ficaram preocupados pois eu estava estudando para entrar na faculdade de Medicina, contudo, como meu amigo Romeo iria comigo e seus amigos, ficaram de boa e permitiram.
Tres dias depois, cheguei aquele paraiso espanhol e pude me sentir como um passarinho fora da gaiola. A liberdade era palpavél e me deixou deslumbrado. Conheci várias pessoas, fodi várias mulheres gostosas, fui a várias festas extremamente loucas, bebi, usei até algumas coisinhas ilicitas e conheci Julian, um cara de que estava dançando numa casa noturna onde eu e Romeo tinhamos ido com umas garotas espanholas. Uma das amigas dessas meninas, ficava com Julian e nos apresentou para ele, de lá em diante, nos tornamos amigos.
Um certo dia, Julian estava fazendo seu show nesse mesmo clube e me viu com um chapéu de cowboy. O safado teve uma ideia maluca e me chamou para o palco, para dançar stripptease! Eu estava muito animado e não contei conversa, fui para o local e comecei a dançar. Na minha família a dança é muito presente, a minha avó Dayanna é brasileira e ama dançar, tanto que mamãe e eu também pegamos esse gosto por remexer os quadris.
Depois de subir ao palco e dar um show, ficando quase nu, Julian ficou impressionado e me convidou para dançar num clube que ele tinha aberto recentemente na Austrália, mas eu achei que era brincadeira, no entanto, ele insistiu e eu disse que ia pensar, pois tinha uma faculdade de medicina para iniciar.
Confesso que só decidi escolher esse curso para impressionar meus pais e o resto de minha familia. Mamãe prezava que eu e meus irmãos estudássemos muito e tivéssemos uma boa profissão, mesmo minha família sendo rica. Então eu decidi optar por Medicina. É um curso foda, que te dá um status alto e lhe garante um bom futuro.
Ao voltar para a América, toda aquela loucura de ser livre e viver a vida como se fosse o último dia fizeram minha cabeça. Eu queria ser livre, viver na farra, transando, gastando grana com as coisas mais prazerosas que a vida pudesse me dar e é claro, dançando naquele clube do Julian! Então, decidi fazer a maior loucura de minha vida> menti para meus pais e disse que gostaria de fazer um curso de medicina na Austrália, numa faculdade particular.
Meus pais não gostaram da ideia de que eu morasse em outro continente, mas eu insisti, demonstrando que era a oportunidade da minha vida.
Algumas semanas depois, consegui uma vaga na faculdade e meus meus pais foram comigo para Sydney, fazer a matrícula e pagar algumas parcelas adiantadas. No inicio, comecei a frequentar de fato o dito curso, por uns 3 anos, enquanto intercalava a vida de stripper nos palcos do clube de meu amigo. Contudo, fui vendo que aquilo não era pra mim e larguei a faculdade. Meus pais continuaram mandando somas de dinheiro gigantescas para que eu pagasse o curso e minha mantença, mas fui gastando o dinheiro do jeito que eu desejava, com festas, mulheres e viagens internacionais.
Para não deixar meus pais desconfiarem, criei um instagram so com fotos frequentando a faculdade, fotos antigas e usava outro para postar minha vida bandida, mas nessa conta, eu bloqueei todos da minha família.
Eu era um safado, egoista e mentiroso.
Meu amigo Julian sempre me deu conselhos para voltar a faculdade e contar a verdade sobre minha vida de stripper a minha familia, mas nunca lhe dei ouvidos. Essa vida bandida era como uma verdadeira droga para mim, um ópio viciante e eu não estava disposto a largar tudo isso.
Minha fama de stripper disparou quando comecei a usar o apelido de Cowboy Viking. Como minha família por parte de mãe é descendente de vikings, decidi juntar esse termo a minha paixão na vida da fazenda. Eu sempre amei o mato, os animais, o feno e as fazendas da minha família. Desde muito pequeno, mamãe e vovo Taylor fizeram com que eu gostasse desse mundo e me deram meu primeiro chapéu aos 3 anos de idade.
Meu chapéu de cowboy é minha marca registrada e eu faço sucesso sempre que me apresento. As mulheres vão ao delírio com minhas danças e também na minha cama. Eu adoro que elas me adorem e sejam loucas por mim, me sinto um verdadeiro Deus.
No entanto, essa fase extasiante e louca da minha vida estava prestes a acabar.