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Capítulo 3 Encontros inesperados

Gilberto percebeu rapidamente que algo não estava certo comigo e, sem hesitar, me puxou para um bosque próximo, pressionando o dorso da mão contra minha testa.

— Katarina, seu cio chegou — ele falou em voz baixa.

— Não preciso que você me lembre disso... — Minha garganta estava tão seca que mal conseguia falar, e meu corpo quase não se mantinha em pé. Pensei que, após a última vez que tive relações sexuais com Lucas, meu corpo ficaria estável por pelo menos um mês. Mas agora, menos de uma semana depois, lá estava eu, novamente tomada pelo cio.

— Katarina, deixa eu te ajudar. — No meio dessa confusão, ouvi a voz de Gilberto sussurrar em meu ouvido.

Em uma sociedade onde a norma é Alpha e Omega se relacionarem, sua oferta me deixou em choque.

— Pera aí... Gilberto, você é um Alpha gay? — pergunei com curiosidade.

Surpreendentemente, ele não pareceu ofendido com a pergunta. Ao contrário, seu rosto assumiu uma expressão séria e sincera, algo raro de se ver.

— Antes de te conhecer, eu sempre gostei de Omegas — disse ele. — Sei que você provavelmente não vai aceitar, mas eu... eu estou disposto a ser o passivo.

Eu mal acreditava no que estava ouvindo.

— Pode confiar em mim, Katarina. Eu já perguntei discretamente ao Lucas. Sei a posição que você gosta — ele continuou.

Suas palavras poderiam ter sido comoventes, mas eu sou uma Alpha tradicional, e só a ideia de estar com outro Alpha já me deixava desconfortável. Como se não bastasse, ele começou a liberar sua própria feromona, um perfume gélido de cedro, espalhando-se ao meu redor e deixando meu estômago revirado. Minhas palavras ficaram presas na garganta, e meu corpo foi ficando cada vez mais fraco.

Vendo minha condição, Gilberto se agachou na minha frente, como se estivesse prestes a abrir o zíper da minha calça. Em um último esforço de força, eu o empurrei com um chute no ombro e saí correndo.

Corri sem parar, até que minha visão começou a ficar turva. Eventualmente, meu corpo cedeu e eu caí à beira de uma estrada. A última coisa que vi antes de perder a consciência foi um carro parando ao meu lado.

Quando acordei, estava em um lugar completamente desconhecido. Antes que eu pudesse processar tudo, alguém que eu conhecia muito bem entrou pela porta.

— Você acordou? — Era Raul, vestindo um hábito negro de padre, com o símbolo da igreja pendurado no pescoço e aquele sorriso acolhedor no rosto. Ele tinha sido o orientador de Lucas durante sua tese e era um dos poucos Betas que haviam conseguido um doutorado.

— Prof. Raul? O que o senhor está fazendo aqui? — perguntei, desconfiada.

Eu o conhecia de uma festa na faculdade de Lucas, então me acostumei a chamá-lo assim.

— Eu estava a caminho da cerimônia de noivado e te encontrei desmaiada na estrada. Achei melhor trazer você para a igreja — disse ele, se aproximando e sentando-se ao meu lado. — O que aconteceu? Você está muito vermelha.

A luz do sol banhava suas feições definidas, enquanto ele me observava com uma expressão preocupada. Só um Beta seria insensível ao caos hormonal que eu estava exalando naquele momento.

— Prof. Raul, você poderia me trazer uma injeção de inibidor, por favor? — perguntei, quase sem forças.

Ele pareceu relaxar com o pedido, como se finalmente tivesse entendido a situação.

— Claro, espere um momento — disse ele, dando um leve afago na minha cabeça antes de sair do quarto. Não demorou muito até que ele voltasse com a injeção.

Tentei me levantar para aplicá-la, mas Raul gentilmente me empurrou de volta para a cama.

— Deixe que eu faço. Apenas relaxa — disse ele.

Sentir a agulha penetrar minha pele foi um alívio imediato. Aos poucos, o calor febril que tomava conta de mim foi diminuindo, e com suor frio nas minhas costas. Eu puxei a gola da blusa, desconfortável com o tecido molhado.

Raul me olhou, e percebi seu pomo de Adão se mexer sutilmente enquanto ele engolia em seco. Depois de deixar a injeção de lado, ele se inclinou um pouco mais perto.

— Ouvi dizer que você terminou com Lucas? — ele mencionou o assunto casualmente, mas isso só fez minha raiva aumentar novamente. As palavras de Lucas ecoaram na minha cabeça.

“Prof. Raul e Luiz acham que eu deveria escolher minha chefa.”

Então, por que Raul estava fingindo não saber de nada? Mas, por ele ser um padre e ter me ajudado, me contive e disfarcei minha irritação.

— Sim, terminamos. Obrigada por hoje, Prof. Raul. Vou descansar um pouco e logo irei embora.

— Não precisa ter pressa — disse ele, abaixando o olhar para mim. Seu cabelo castanho-escuro caía suavemente sobre a testa, e o som das contas do seu rosário ecoava pela sala, acelerando aos poucos. — Lucas me falou sobre sua condição. Katarina, deve ser difícil viver assim, não é?

Minhas bochechas arderam de vergonha.

“O Lucas realmente contou tudo a ele? Ele não tem limites, é doido!”, pensei.

— Não é tão ruim assim. Eu me viro — tentei desviar o assunto, mas Raul interrompeu.

— Já pensou que o casamento não é a única solução? — ele colocou suas mãos sobre as minhas. — Eu admiro sua lealdade nos relacionamentos. — Sua mão deslizou lentamente pela minha perna. — E admiro você...

De repente, o corpo dele se pressionou contra o meu, e o metal frio do colar tocou minha pele, causando um arrepio.

— Quando você estiver sofrendo, me deixe cuidar de você, tá bom?

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