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Capítulo 2 Conflitos internos

Como uma Alpha no topo da pirâmide humana, minha diferenciação não foi nada bem-sucedida. Não sei se é porque há muitos Omegas na minha família, mas não só não tenho muita força, como também sou pequena e frágil. E o pior de tudo? Não consigo controlar meus feromônios. Isso significa que, quando ando pela rua, é como se estivesse convidando todos os Omegas a se jogarem em cima de mim.

Para não me tornar um monstro que entra no cio a qualquer hora e em qualquer lugar, tive que me apoiar nos inibidores para viver. Mas, no fim das contas, eles só funcionam por um tempo. Usá-los em excesso não só cria resistência, mas também encurta a vida. Minha prima não acreditou nisso e não chegou nem aos trinta anos.

Se você me perguntar qual é a solução, na verdade, é bem simples, basta sentir que está vindo e encontrar alguém para ir para a cama. Mas eu sou uma mulher fiel, não saio por aí transando com qualquer um. Então, ainda na época de esdudante, aceitei a declaração de amor do Lucas e, quando tive meu primeiro cio na fase adulta, fizemos sexo. Achei que tinha uma boa compatibilidade com ele e que a gente ia continuar vivendo numa boa.

Mas quem diria que aquele cara, com suas sobrancelhas marcadas e jeito de bonzinho, acabaria me traindo?

Eu dei um chute forte na porta e fiquei cara a cara com Lucas, que parecia completamente confuso.

— Não precisa pensar muito, vamos terminar — declarei, jogando a caixa de presente com força em cima da mesa. — Aceitar casar comigo foi um grande sacrifício pra você, né?!

— Você... você ouviu tudo...? — Lucas arregalou os olhos, incrédulo.

— Deixa eu te falar uma coisa, se você não tivesse insistido tanto naquela época, eu nem teria topado me juntar com você! — eu disse, cheia de raiva. — E para de aparecer na minha frente. Me dá nojo!

Saí furiosa, com a cabeça rodando de tanta raiva. Antes de sair de vez, ainda ouvi Lucas reclamando.

— Gilberto, eu juro que não queria que a coisa toda chegasse a esse ponto. — Lucas disse com voz choroso.

— Tá, certo, entendi, amigo. Agora preciso ir, tenho uns assuntos pra resolver. — Gilberto falou com pressa.

A voz de Gilberto soava indiferente, e em poucos passos ele me alcançou, segurando meu pulso.

— Katarina, espera aí! — disse ele, com a voz apressada.

Como promotor, Gilberto não estava nem um pouco formal. Era aquele tipo clássico de Alpha: bonito, inteligente, de família rica e, como malha demais, os botões da camisa quase não conseguiam segurar seu peito. Desde a primeira vez que Lucas me apresentou a ele, comecei a me sentir inferior por causa do meu corpo magro.

— O que foi, Dr. Gilberto? Não bastou me ridicularizar lá dentro e agora quer continuar? — Afastei sua mão bruscamente, tentando manter a frieza na voz.

Os olhos marcantes de Gilberto se estreitaram enquanto ele se inclinava mais perto de mim, com os cabelos tingidos de um tom exagerado de branco quase encostando no meu rosto.

— Você tá realmente brava? — ele perguntou, com uma expressão séria. — Ele já tá com outra pessoa. Não vou ficar pedindo pra ele voltar pra você, né?

Dei uma risada irônica e me virei para ir embora, sem querer mais conversa. Mas Gilberto não desistiu, me seguindo como um cachorro animado.

— Ele foi um canalha, hein? Que tal a gente tomar uma hoje à noite? Fica tranquila, pode xingar ele à vontade, eu não conto nada! — ele disse, brincando. — Katarina, Katarina! Você tá me ouvindo?

A essa altura, já estávamos caminhando pela rua. Ele, que sempre chamava a atenção, parecia um labrador dourado pulando ao meu redor, atraindo todos os olhares.

— Gilberto! Fica quieto... — não aguentei e gritei.

Mal terminei de falar e senti uma onda de calor invadir meu corpo.

“Droga! Já vai começar?!”, pensei, nervosa.

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