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Capítulo 8 Entre o desespero e a salvação

Era realmente Antonio!

Através do espelho, pude ver nitidamente sua silhueta no corredor. Seria ele um dos acompanhantes que trabalhavam ali? Minha confusão logo cedeu lugar ao alívio e à emoção de reconhecê-lo. Havia uma chance de salvação, uma possibilidade de fuga.

— Antonio! Pare! Antonio, espere, não feche a porta... — tentei correr em sua direção, tropeçando nos destroços no chão, mas o segurança, obedecendo ao gesto do homem obeso, fechou a porta violentamente, e Antonio desapareceu sem responder aos meus apelos desesperados.

O homem obeso me empurrou de volta ao chão do banheiro, enquanto minha saia minúscula mal cobria meu corpo. Seus olhos percorreram meus seios com lascívia mal disfarçada, sua deglutição audível no silêncio tenso.

— Você é realmente deslumbrante, querida — murmurou ele, a voz pastosa.

Num impulso de repulsa, descarreguei um tapa violento em seu rosto. Ele cobriu a bochecha avermelhada, seus olhos cinzentos cheios de fúria e malícia. A resposta veio imediata. Um golpe que ressoou em meus ouvidos, deixando-me atordoada enquanto ele me sufocava e me prensava contra a parede.

A dor aguda fez com que eu me debatesse desesperadamente. Ele aproximou a boca de meu ouvido, cuspindo palavras venenosas:

— Vagabunda imunda, como ousa me agredir? Posso te possuir agora mesmo, hein? Posso te possuir aqui e agora!

Impulsionada pelo instinto de sobrevivência, agarrei sua cabeça e a arremessei contra o espelho. A força do impacto o pegou desprevenido, esmagando seu crânio contra a superfície refletora que tremeu violentamente, mas não se quebrou. Aproveitei seu momento de atordoamento para golpeá-lo novamente.

O espelho finalmente se estilhaçou, fragmentos cortantes dilacerando a parte posterior de sua cabeça, o sangue manchando a parede em padrões grotescos.

— Cadela maldita! — berrou ele, pressionando o ferimento enquanto avançava com expressão assassina. — Vou acabar com você!

Num movimento rápido, agarrei um pedaço afiado do espelho quebrado e o cravei em sua coxa. O vidro também cortou minha palma, mas consegui ferir sua perna profundamente. Ele urrou de dor, as bochechas flácidas tremendo de agonia.

A comoção alertou os seguranças postados do lado de fora, que invadiram o banheiro, chocados com a cena sangrenta, e tentaram nos separar apressadamente.

— Fodam essa vadia! Fodam ela agora mesmo! — vociferou o homem ferido, agarrando seu ferimento ensanguentado.

Nesse instante, a porta do quarto foi violentamente arrombada. O homem obeso, se voltando para o intruso, emudeceu ao se deparar com a arma apontada para ele. Não percebi imediatamente que era Antonio quem havia entrado; só ouvi o estrondo ensurdecedor do disparo!

A bala atravessou o crânio do segurança que me imobilizava, espalhando fragmentos de cérebro e sangue pelo meu rosto. Observei, paralisada de horror, enquanto metade de sua cabeça se desintegrava, e o pesadelo em minha mente ganhou contornos nítidos e aterradores.

Me esqueci de gritar, me esqueci até de sentir medo, mas não pude ignorar o olhar de Antonio quando ele cobriu meu corpo exposto com seu casaco. Era um olhar feroz, implacável e estranhamente carregado de dor.

— Feche os olhos — ordenou ele, a voz baixa e áspera, mas inexplicavelmente reconfortante.

Apoiei-me contra seu peito, minha visão escurecida, mas meu coração estranhamente aquecido. Os braços fortes de Antonio me ergueram com facilidade, me carregando para longe enquanto os seguranças restantes ofegavam de pavor e o homem obeso continuava a praguejar.

Suas maldições foram abruptamente silenciadas por um chute certeiro de Antonio. A voz dele soou gélida como o aço:

— Como ousa tocar na minha mulher?

Alessia, alertada pelo tumulto no andar superior, apareceu cambaleante, agarrando-se ao batente da porta:

— Chefe, ela é a nova garota do clube!

O olhar de Antonio varreu Alessia como uma rajada de vento gelado, carregado de ameaças silenciosas. Ela mordeu o lábio, emudecida pelo terror.

Chefe? A constatação me atingiu como um raio – Antonio era o superior de Alessia, o proprietário da Pink Island e do cassino. Um membro do alto escalão da máfia!

Meu Deus! Meu encontro de uma noite não era apenas um prostituto de um bar qualquer, mas um mafioso poderoso! Em que pesadelo eu havia me metido?

Apesar de todos os meus esforços para controlar o medo e o pânico, meu corpo tremia incontrolavelmente nos braços de Antonio. Ele sentiu claramente minha agitação, e seu olhar glacial recaiu sobre o homem obeso.

Ao reconhecer a identidade de Antonio, o homem rapidamente se encolheu:

— Todos viemos ao clube apenas para nos divertir, não para causar problemas. Já que você gosta dessa garota, ela é toda sua, por favor.

Senti o peito de Antonio vibrar com uma risada contida e zombeteira, carregada de desprezo. Ele nem se dignou a olhar novamente para o homem, ordenando friamente a Alessia:

— Deixarei seu convidado sob seus cuidados.

— Compreendo perfeitamente, chefe.

Não conseguia ver a expressão de Alessia, mas sua voz destilava veneno. Seu olhar provavelmente não se desviava de mim, afiado como uma lâmina, desejando me dilacerar.

Antonio me carregou pelo corredor sombrio até o elevador, nos levando ao último andar. Assim que as portas se abriram, ele apressou o passo, conduzindo-me a um banheiro e depositando-me cuidadosamente na banheira.

— Você está com medo de mim? — indagou, me examinando atentamente.

Puxei o casaco ao redor do corpo, envolvida por seu aroma amadeirado intenso, como se o próprio Antonio me abraçasse, oferecendo uma estranha sensação de segurança. Contudo, ao encarar seus olhos inflamados, o medo e a timidez dominaram-me completamente.

Seu olhar era selvagem demais, como o de um predador que contempla sua presa.

Enrolei o casaco ainda mais firmemente ao meu redor.

— Por favor, deixa eu ir. O dinheiro... Prometo que pagarei.

Me lembrando da dívida astronômica de oitenta milhões, sabia que minha promessa era vazia, mas precisava sair dali o mais rápido possível. Não podia permanecer naquele lugar por mais tempo.

Antonio, impassível, acionou o registro da água quente acima de mim. A água escaldante começou a cair, encharcando a banheira e meu corpo. Escorreguei, caindo de volta na cerâmica fria, meu cotovelo batendo dolorosamente contra a superfície.

Uma risada contida lhe escapou enquanto segurava meu queixo com firmeza, me forçando a encará-lo. Seus olhos âmbar possuíam uma intensidade obscura e aterradora.

— Me pagar? Com o quê? Com o dinheiro que você deixou para trás esta manhã?

Ele enfatizou as palavras "esta manhã", seus dedos apertando meu queixo com força crescente. Gemi de dor quando seu polegar pressionou meus lábios inchados.

— Seus lábios estão inchados — observou com uma calma perturbadora que fez todos os pelos do meu corpo se eriçarem.

Eu sabia o motivo do inchaço. Aquele homem obeso!

Lutei para me libertar das garras de Antonio, utilizando mãos e pés para me arrastar para o outro lado da banheira, desesperada para escapar imediatamente.

Quando meus dedos estavam prestes a alcançar a borda, ouvi o som da água se movendo atrás de mim.

Antonio emergiu da água, pressionando meu corpo contra o seu, suas mãos quentes percorrendo a pele sensível da minha cintura.

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