● Capitulo 1
•Amy Carter•
" Livre arbítrio, quanta responsabilidade exige para essa ação. Nos temos inúmeros caminhos que podemos escolher em nossas vidas, um leque de escolhas de variados tipos , devemos sempre ter muita calma e destreza para saber o que é bom e o que é ruim. Antes de que você faça qualquer escolha, pense, analise e respire. Depois que estiver certa que o que escolheu lhe fará progredir então siga em frente .Nunca tome decisões importantes para sua vida enquanto o desespero lhe domina, espere ! Com serenidade você conseguirá saber o que é bom para você. "
Uma vida normal, era assim a minha. Uma casa bem pequena e confortável com um gramado verde e macio onde cresci correndo de um lado para o outro. A cidade de Winchester tem poucos habitantes e aquele ar de cidade pequena, a calmaria onde boa parte das pessoas se conhecem. Morava apenas meu pai e eu, minha mãe se foi quando eu tinha 8 anos. Eu era apenas uma criança e aquilo foi diferente, eu não entendia muito bem o que tinha acontecido, apenas senti a sua falta em seguida e muita. Por sorte eu tinha um pai que se esforçou ao máximo para suprir aquele vazio, eu sei que era impossível mas se tornava menos doloroso.
Aos meus vinte anos, meu pai descobre um câncer avançado e mesmo que nunca tivesse nos faltado nada não teria todo esse capital para investir em seus tratamentos por inteiro, fizemos todo o possível mesmo assim mas não demorou muito para ele vir a falecer e tudo que eu não senti por falta de maturidade na época da minha mãe, estava sentindo dez vezes mais naquele momento, ou melhor, mil vezes mais. O vazio que ficou depois que ele se foi era imensurável, não sei onde encontrei forças para voltar para a minha casa e olhar a velha garagem onde ele consertava carros, o sofá onde ele assistia seus olhos com uma garrafa de cerveja em mão e muito menos o seu quarto onde tinha suas roupas e objetos pessoais. O silencio tomou conta daqueles cômodos.
Logo passaram-se quatro meses após a morte do meu pai, nos três primeiros tinha conseguido me virar com o que restava más depois tive que me virar de alguma forma. Depois de procurar bastante por emprego a única coisa que eu encontrei foi uma pequena cafeteria a algumas quadras de onde eu morava, não era muita coisa mas era um começo. Já estava com quinze dias trabalhando lá, tinha que fazer de um tudo para ganhar poucos dólares que já era para a minha alimentação. Era cedo, estava saindo de casa para ir ao trabalho quando a minha vizinha corria em minha direção.
– Amy...Amy...– Ela chamou.
– Sim Senhora Parker?! – fiquei intrigada.
– Ontem tentaram lhe entregar esses papéis, mas como você não estava. Recebi para lhe entregar.– Ela estende a mão entregando-me.
– Obrigada ! –
Ela voltou em direção a sua casa e eu olho o papel em mãos, meu coração apertou quando vi o que se tratava. Meu pai fez um empréstimo para o seu tratamento colocando a nossa casa como garantia pois não tinha outra saída, como não conseguimos pagar estava reivindicando a casa. Não abri ele, comecei a fazer o caminho para a cafeteria pois já deveria estar atrasada.
Depois que cheguei no lugar, fui até uma despensa e abri os papéis para ler com mais atenção e lá dizia claramente que em dois meses se não quitasse todas as parcelas que estavam em atraso iria perder definitivamente o imóvel. Eu iria ficar literalmente sem teto.
Chorei copiosamente por minutos, a casa onde eu preservo toda a minha história, onde podia sentir um pouco dos meus pais e assim não me sentir tão sozinha. A família do meu pai morava em outro país e não tínhamos contato e da minha mãe que era filha única, seus pais já se foram também a muito tempo. Eu não tinha a quem recorrer e naquele momento a única coisa que me restou era limpar o chão e arrumar tudo ali pois esqueceria um pouco da minha desgraça.
Como o lugar era pequeno, eram apenas dois funcionários para dar conta de tudo. Naquele dia a garota que trabalhava comigo não tinha ido e eu fiquei responsável por todas as tarefas desde lavar toda a louça, limpar o local e servir os clientes. Como eu dava conta ? Não me perguntem, eu apenas tentava dar o meu melhor. E quando estava no balcão escutei a porta abrir, virei-me e vi um homem alto de cabelos loiros e uma roupa extravagante entrar, caminhando em minha direção. Ele sentou em um dos bancos ali a frente e ficou me olhando demoradamente.
– Deseja alguma coisa ? –
– Um capuccino e panquecas, por favor ! – Ele ja fez seu pedido.
Eu o atendi de imediato, fazendo o seu pedido e depois de alguns minutos o servindo. Eu notei o olhar dele atento sobre mim, não chegava a ser como um assédio mas sim analítico.
– Já pensou em trabalhar como modelo ? Você tem um perfil para isso ! –
Quando ele perguntou aquilo eu parei imediatamente e fixei por alguns segundos, seguindo de uma risada baixa. Isso nunca passou pela minha cabeça e muito menos imaginaria que um cliente naquela cafeteria pequena iria pergunta tal coisa.
– Eu ? Não tenho nem perfil para ser modelo. – Afirmei com convicção.
Minha altura era 1,65, meu corpo era relativamente normal para as pessoas dessa altura, tinha os cabelos longos e castanhos, olhos azuis e os lábios levemente carnudos, minha pele era parda eu me considerava definitivamente uma pessoa com traços físicos totalmente fora do padrão exigido em modelos, altas e magras.
– Por que não ? Existe modelo passarela e modelo fotográfica e sua beleza sem dúvida iria se dar muito bem na segunda opção. – Ele tentava explicar. – Eu trabalho em uma agência de modelos em Nova Iorque , a maioria das meninas que agencio são modelos fotográficas e são assim como você...só um minuto! –
Ele estava com uma maleta da cor preta, quando abriu tirou algum papéis com letras impressas e depois algumas fotos de garotas muito bonitas pousando para as câmeras, as fotos eram profissionais e os papéis que ele mostrou afirmou que seria os contratos fechados com todas elas e que ele tirava apenas dez por cento do valor do trabalho e a agência oferecia hospedagem os 3 primeiros meses até a modelo começar a se estabilizar , perguntou minha idade e sobre minha família e eu estava em um momento tão triste que poderia desabafar até com as paredes. Aquilo estava me deixando curiosa, poderia ser uma luz no fim do túnel para sair daquela situação, ele falo com veemência que os contratos eram de valores consideráveis e eu imaginei que poderia quitar as parcelas que estavam pendentes do empréstimo e consequentemente recuperar a minha casa, isso era minha prioridade.
– Eu preciso ir, se mudar de ideia...– Ele me entrega um cartão. –... esse é o meu contato ! –
Ele saiu de lá e reparei que o carro que estava era um bem luxuoso, suas roupas mesmo que extravagantes e bregas aparentavam ser de grife. Tinha ficado verdadeiramente balançada com aquela proposta, eu não tinha a quem recorrer e poderia ser uma boa oportunidade, mas ainda queria pensar um pouco sobre isso.
Quando cheguei em casa fiquei assistindo TV até o sono dar sinal mas aquilo que tinha acontecido mais cedo não saia da minha mente e no dia seguinte quando acordei olhei para os cômodos da casa imaginando que ali poderia não me pertencer mais em alguns meses não pensei duas vezes e liguei para o homem que no cartão tinha o nome de Dylan, atendendo no segundo toque com um alô.
– Dylan ? É esse seu nome ? Sou Amy da cafeteria, eu aceito sua proposta ! –
Alguns segundos de silêncio foram dados por ele, depois começou a passar informações avisando que iria sair de Winchester em uma semana, era o tempo para que eu organizasse tudo para a viagem.
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No dia marcado, estava esperando ele no horário combinado na pequena varanda da minha casa e não demorou muito. Seguimos viajando por horas e horas, estava exausta mas ele se mostrava até certo momento prestativo parando em alguns lugares e comendo fazendo algumas refeições. A ansiedade aumentava a medida que se aproximava do destino : Nova Iorque!
Quando fim estávamos chegando fiquei deslumbrada com a diferença do meu lugar de origem na qual eu nunca sai pois mesmo meu pai sendo maravilhoso ele era bastante rígido e cuidadoso, nunca tinha saído tão distante assim. Os prédios espelhados de vários andares, o trânsito e tudo que uma cidade grande tinha como característica estavam me deixando encantada. Era um mundo novo em minha vida e da janela do carro eu não perdia nem um detalhe.
Depois de pouco mais de uma hora ele parou o carro em um lugar diferente, tinha um letreiro gigante com o nome escrito " Dream Place " (Lugar dos sonhos), naquele momento eu estava confusa e aérea com tanta informação nova ao mesmo tempo. Ele desceu do carro estendendo a mão para que eu a pegasse.
– Vamos princesa ! Chegamos ao seu novo lar, seja bem vinda. –
Depois que o acompanhei o seu comportamento mudou completamente. Desde que o conheci na cafeteria ele independente daquele estilo excêntrico mas se dirigia a mim de forma um pouco mais cordial e séria ao mesmo tempo. Quando enfim estava dentro do lugar vi que parecia um bar, com mesas estofadas e um palco no meio com uma barra de ferro brilhante, era relativamente grande e tinham algumas portas em alguns cantos daquele salão. Eu parei onde estava imediatamente, tinham alguns homens com correntes enormes de ouro no pescoço e camisas com estampas ridículas, alguns funcionários com camisetas estampadas com o nome do letreiro organizando o lugar. Onde eu tinha parado ?! Foi naquele exato momento eu percebi que tinha feito a maior besteira da minha vida.
– Eu quero ir para casa ! – Dei as costas numa tentativa inútil de sair de lá e um homem alto tomou a frente com braços cruzados.
– Opa...lamento princesinha, mas essa é sua nova casa e é melhor colaborar ! – Ele gargalhava .
O homem alto e cheio de músculos, aparentemente um segurança me puxou pelo braço em direção a uma das portas do lugar e ali soltou como um saco de lixo enquanto Dylan seguia logo atrás .
– Entra...– Dylan ordenou .
Eu fiquei parada, sem querer entrar . Estava trêmula e não sabia o que fazer, correr eu ja via que não adiantava pois tinham seguranças ali, eu estava apavorada. Já tinha visto inúmeras notícias de tráfico de mulheres e achava aquilo um completo absurdo e quanto elas sofriam. Eu fui uma verdadeira idiota, tomada pelo desespero de recuperar a casa e ter uma vida melhor daqui para a frente, eu não passaria por aquilo se não estivesse tão sozinha.
– Eu mandei entrar porra!! – Ele gritou.
Eu me assustei com sua agressividade entrando rapidamente no local onde ele ordenava, lá tinha uma mulher de cabelos preto , loiros, ruivos , corpo curvilíneos de todas as formas, seios fartos e pequenos, as roupas eram apenas lingerie que cobriam parcialmente suas intimidades, elas andavam de um lado para o outro em um enorme corredor com várias portas e a medida que fui andando olhava para alguma das portas abertas e via que eram quartos pequenos com duas camas de solteiro e muita bagunça. . Nesse momento já comecei a imaginar como seria a minha vida ali, logo eu que sempre estava com aquele Jeans confortável e uma camiseta branca regata que não decepciona nunca. Não precisava ter uma bola de cristal para saber que eu seria mais uma daquelas mulheres.