● Capítulo 2
Entrei em um dos quartos e olhei ao redor, duas camas de solteiro, um frigobar não muito novo e um guarda roupas pequeno que sem dúvidas deveria não caber absolutamente nada faziam parte do quarto com paredes que não eram nem tão limpas assim . Também uma pequena televisão e uma porta que dava em um banheiro minúsculo . A minha casa em Winchester não era uma mansão, mas confortável e aconchegante nada comparado aquele lugar. Foi nesse momento que a lembrança do meu pai veio a tona e tinha certeza que se ele ainda estivesse ao meu lado não estaria passando por isso.
– Essa é a Ashley ...vai dividir quarto com você. E trate-se de se arrumar, em uma hora vocês entram...vista Isso aqui !– falou em tom de arrogância me desviando das boas recordações que estava tendo em silêncio.
Ele jogou uma algo como uma lingerie de renda preta um tanto transparente e saltos da mesma cor encima do colchão e eu entendi perfeitamente o recado, eu deveria vestir aquilo. Meu olhar direcionado a ele demonstrava que eu não iria obedecer o que dizia.
– Nada de gracinha tá ouvindo garota! Ou você vai saber como é morrer bem de devagar ! – Bateu a porta e se foi.
Senti um arrepio, os olhos cheios de lágrimas e a mente completamente perturbada. Era um pesadelo, só podia ser e eu deveria acordar a qualquer momento . Me sentei naquela cama e desabei a chorar, colocando as mãos no rosto mostrando o meu total desespero . Como fui parar ali, como me deixei levar pelo desespero, eu tenho certeza que eu não merecia passar por algo tão horrendo..
– Sei bem como é isso...comigo foi igualzinho ! – A mulher falou , já estava sentada na cama de frente a mim .
– Não tem um jeito ? Não tem como ir embora ...fugir ? – Perguntei a soluçar.
Ela riu , um riso irônico mas cheio de amargura dentro de si saiu dos seus lábios e balançou a cabeça.
-– Acha que eu não tentei...mas eles me pegaram. Duas vezes...sabe por que não me mataram ? Por que eu era nova, todos me queriam e eu estava dando muito lucro. Mas agora...desisti , se eu fizer algo ...já era! – Ela levantou-se , tirou sua roupa ficando nua sem nenhum pudor e vestindo uma lingerie vermelha.
– Como você se chama ? – A garota chama Ashley perguntou.
– Sou Amy Carter...– Informei enquanto limpava as lágrimas.
– Seu sobrenome não importa aqui...a partir de agora e só Amy ou o que você escolher . – Ela colocou os saltos. – Estou indo pra o salão...melhor ser rápida. Eles odeiam que se atrasem ! E coloque alguma maquiagem ...pode pegar as minhas que estão no banheiro. – Um sorriso de canto apareceu em seu rosto.
Fiquei sozinha sem saber o que fazer. Olhei ao redor observando o quarto ainda sem acreditar naquela situação. Lembrei do meu pai, da minha casa que ja estava morrendo de saudades . Prometi pra ele realizar muitos sonhos e olha onde fui parar.
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Tomei um banho afim de relaxar um pouco da longa viagem que tive, o meu corpo doía e queria apenas descansar isso seria impossível no momento. Coloquei aquela roupa, se é que podia considerar assim pois cobria dez por cento do meu corpo e os saltos. Quando terminei olhei no pequeno espelho de parede e me senti estranha, suja , estava morrendo de vergonha em expor meu corpo para homens que olhavam com intensão de me tocar . Nunca tinha colocado algo daquele jeito, eu não sabia ao menos como agir tanto que não fiz praticamente nada de maquiagem, não via motivos pra me arrumar naquele lugar asqueroso.
Respirei fundo e sai do quarto. Tinha demorado uma hora e meia para me arrumar e quando andava no corredor em direção a porta que outras meninas passavam senti uma mão pegar no meu braço com tanta força que chegou a doer bastante.
– Você está surda Porra? Eu disse uma hora !!! Nem um minuto de atraso entendeu. – Dylan saiu me puxando até uma porta.
Quando eu passei na porta para onde ele saiu a me puxar fui ofuscada pelas luzes coloridas e extremamente claras do lugar além de uma música alta, eram músicas pop como uma balada normal , que de normal não tinha nada. Ele me empurrou e eu entrei no lugar me equilibrando ao máximo naqueles saltos enormes , esforçando-me para não cair. Algumas mulheres também de lingerie me olharam com raiva, outras com curiosidade e eu não estava entendendo o motivo daquilo. Olhei em volta e homens, velhos e novos bebiam , as mulheres se esfregavam e passavam a mão na calça deles deixando-os excitados, outra dançava nua na barra de ferro brilhante que eu tinha visto ao chegar. Eu andei sem saber pra onde ir, o que fazer. Todos me olhavam agora, me senti um pedaço de carne jogado aos leões. Velhos passando a língua nos lábios, um homem passou a mão nos meus seios e eu me assustei empurrando sua mão dele imediatamente.
– Eiii... Amy! – Ashley gritou , estava em um balcão a frente.
Eu me aproximei, desesperada sem saber o que fazer e com medo que tivesse que fazer algo ainda pior. Eu tentava planejar algo para que se algum homem chegasse a me tocar aquela noite, ao mesmo tempo tinha medo pois por mais que eu estiver sozinha lógico que não queria morrer. Mesmo assim eu não iria desistir e daria um jeito de tentar fugir dali de qualquer forma.
– Eu não sei o que fazer ...– Falei alto para ela escutar melhor por conta do barulho.
– Primeiro bebe...assim relaxa...não tem outro jeito. – Ela empurrou o copo de bebida.
Eu só tinha bebido uma vez na vida com amigas quando tinha completado 18 e foi uma péssima experiência pois fiquei uma bêbada desastrada e com uma ressaca infernal no dia seguinte. Mas, eu já estava em uma situação lamentável então peguei o copo e dei um gole, fiz uma careta horrorosa quando senti aquilo queimar em minha boca fazendo até sentir lágrimas em meus olhos. Ela gargalhava e eu dei um sorriso pequeno pela primeira vez no dia. E estava tudo relativamente bem até que Dylan se aproximou e pegou no meu braço com agressividade novamente e me arrastou para algum lugar.
– Já tem cliente princesa!! – Me levou até um velho nojento que estava sentado.
– Essa é fresquinha como você gosta Jones !– Me empurrou para os braços horrendos daquele velho.
Parei na frente do homem que pegou nos meus seios e eu afastei suas mãos cobrindo-os. Fiz muito esforço para tentar sair daqueles braços mas não tinha sucesso.
– Ela é meio arisca. Sei que você gosta de domar. – Dylan falava e o velho dava gargalhadas, satisfeito com a situação.
Eu não estava suportando, estava querendo correr dali ou até cogitei morrer nesse momento. Aquelas mãos grossas que chegava a arranhar minha pele e arrepiar de nojo. O cheiro era forte de cigarro e bebida. Foi nesse exato momento que um homem, usando um terno escuro alinhado, mas com os botões do blazer abertos assim como dois botões da sua camisa social branca, barba por fazer e olhos claros, o seu maxilar era másculo e o olhar penetrante. Ele segurava um copo de bebida, olhou para Dylan com cara de poucos amigos.
– Eu quero ela !– Ele foi direto.
Quem eu tinha me tornado para esses homens falarem desse jeito, cada minuto que passava tudo se tornava cada vez pior . Estava em pânico . Estava me sentindo um pedaço de carne sendo disputada e o pior minha voz não teria nenhuma força se quer, poder de escolha ? Livre arbítrio não existia de forma nenhuma,. Eu não queria, nem um velho fedido nem mesmo um homem tão...tão...lindo, cheiroso, charmoso, sexy...ahhhh não, não mesmo.
– Já está comigo...essa delícia! – O velho me segurou na cintura.
Eu me esquivei, empurrei e fiz de um tudo para me afastar e nada.
– Dylan...Eu pago o triplo que ele vai pagar ! – O homem disse com o tom ainda mais forte.
Dylan deu uma gargalhada e bateu palmas. Ele estava conseguindo o que queria e isso estava tomando uma proporção absurda.
– Desculpa senhor Jones ... Mas ela é dele primeiro. Quando voltar ou amanhã será todinha do senhor. – Ele segurou meu braço e me direcionou ao homem. Eu quase cai.
– Fique a vontade Cleveland...– ele apontou para mim e sorria satisfeito.
Eu estava parada, em choque. Não estava entendendo o que deveria fazer agora nem o que ele seria capaz de fazer comigo. Um homem do balcão se aproximou e trocou algumas palavras com o meu "acompanhante", logo em seguida mostrou a máquina de cartão e ele passou o seu imediatamente . Eu não tinha nem ideia de quanto foi aquilo, nem queria saber pois era um absurdo completo se prestar a isso . Então nos acompanhou até um corredor vermelho, mulheres saiam abraçadas com homens , algumas davam risadas e alisavam as partes intimas deles. Meus braços cruzados afim de me sentir mais coberta e olhando para o chão com muito medo, cada passo que eu dava era trêmulo e estava tão nervosa pensando o que iria acontecer ali. O funcionário do lugar abre uma porta e indica o quarto para entrar e eu assim fiz, me virando imediatamente a frente do homem de terno, assim de me proteger seja lá do que for . O homem estava sério e em silêncio, ele trancou a porta e olhou-me.
Eu não sabia o que fazer, olhei de um lado para o outro observando o lugar que estava. Era um quarto com decoração vermelha e bem mais organizado que o que nós éramos hospedadas, uma cama redonda da cor vermelha e decorações da mesma cor, dei alguns passos para trás chegando a me encostar na parede como um animal acuado. E coloquei as mãos nos seios , na verdade de forma involuntária pois na verdade eu não fazia a menor ideia de como agir naquela situação na qual nunca imaginei passar em toda a minha vida . Estava com muita vergonha pois o olhar dele era muito intenso, olhando-me da cabeça aos pés, os seus olhos brilhavam e o maxilar estava rígido e se eu aparentava um animal acuado ele muito pelo contrário, como um animal faminto. Eu procurava não encarar e tinha certeza que estava completamente corada, sentia meus lábios trêmulos . Mas quando ele aproximou-se mais e notou a forma que eu estava me comportando parando um passo largo de distancia.
– O que houve ?– Ele abriu os braços sem entender.
Eu não disse nada, Dylan também proibiu de falar qualquer coisa do que se passou até chegar ali e muito menos o que acontecia . Se descobrisse já sabia o que aconteceria, eu tinha chegado hoje mas o que já tinha notado é que aqueles homens seriam capaz de qualquer coisa. Quanto tempo poderia durar até eu saber uma forma de fugir ? Era totalmente imprevisível.
Ele tirou algumas peças de roupa e ficou apenas com a calça do terno. Seu corpo era lindo, definido e forte , um verdadeiro conjunto completo . Sem dúvida em Winchester não tinha homens assim, ou ao menos não tinha visto nenhum. Voltei a realidade e quando vi minha respiração já estava ofegante e não tinha como eu ir mas para trás a não ser que eu quebrasse a parede.
– Não me diga que...– Ele deu um passo a frente e me olhava intrigado.
– Não me diga que você nunca fez sexo...– Ele deu uma risada debochada.
Fico surpresa com as suas palavras de forma inesperada, não tinha tratado desse assunto nem com alguma melhor amiga. Imagina só com um homem que nem ao menos conheço.