PROLOGO
Amarildo narrando
Eu me sento na mesa da cafeteria e fico esperando Adriele chegar. Abro meu celular e vejo notícias sobre a morte do meu tio Pierre, a gente até que conseguiu amenizar um pouco a mídia em cima, mesmo assim tinha saído bastante especulação em cima da sua morte.
Mas até agora ninguém tinha levantado a hipótese de que ele morreu dias depois de ir a mídia falar sobre o segredo que envolvia a nossa família e isso já era um ponto positivo para nós, porque se alguém fizesse isso, pode ter certeza que iriam vir para cima de mim, até por que ele falou meu nome e eu dei um baile de festa em cima disso e eles poderiam começar a especular a verdade, que eu dei o baile para amenizar a mídia em cima do segredo que meu tio disse tanto que queria revelar.
Além do meu pai, eles eram em três irmãos, três irmão designados a proteger o segredo, mas meu pai sempre foi o líder dos três por ser mais velho e antes dele morrer, ele passou esse bastão para mim, desde pequeno eu sabia sobre ele e tinha a consciência que um dia iria ter que dar a minha vida por esse segredo.
Eu me levanto assim que Adriele se aproxima.
- Desculpa pela demora, acabei encontrando a assistente do seu irmão e ela me tomou um pouco do tempo – ela sorri e eu vou até a sua direção deixando-a meio paralisada e puxo a cadeira para ela se sentar – obrigada. – Ela fala se sentando.
- A Gabriela gosta de falar mesmo – eu respondo para ela – mas é uma ótima funcionaria, mas se deixar ela fala o dia todo.
-É eu percebi, mas ela é muito legal – ela diz.
-Você aceita um café? – eu pergunto.
- Claro – ela diz dando um sorriso leve.
Eu chamo o garçom e faço o nosso pedido.
- O café daqui é maravilhoso – Eu falo para ela – ele vem direto da colômbia, um dos maiores produtores de café do mundo, seguido junto do Brasil.
- Sim, o escritório da Alemanha trabalhava em uma empresa de café na colômbia – ela fala – e a gente recebeu algumas amostras que usamos no escritório, era um café excelente.
-Sim, bem lembrado – eu respondo para ela. – Cafés Fend – ela assente – realmente um dos melhores cafés que eu já tomei.
- Agora que o escritório da Alemanha fechou, acho que seria interessante o senhor manter contatos com a empresa onde o escritório de lá exercia as funções – ela fala – sem querer me meter, mas são clientes com bastante potencial e que precisa muito dos serviços da empresa, acho que seria legal explorar esse ponto e trazer elas para cá, assim quem sabe você também não consegue pegar às sedes que elas têm aqui. – Ela me olha e faz uma careta – desculpa mais uma vez está me intrometendo em algo que não é da minha função.
- Nossa – eu falo – eu acho que nem mesmo os responsáveis por essa função pensaram em fazer algo parecido – ela sorri – Eu achei muito interessante o que você falou, será que você consegue me ajudar?
- Eu? – ela pergunta.
- Sim – eu respondo – você deveria tratar com eles o tempo todo, acho que você seria perfeita para isso, você conhece eles e eles te conhece. Você acha que você poderia fazer isso? – Ela me olha meio pensativa.
- Eu entendo que o senhor – eu a interrompo.
-Eu sei que não é sua função, mas eu só recebi elogios de você e por isso te chamei aqui para tomar esse café, seu antigo chef disse que você tem um potencial enorme, e não se preocupe você receberia por isso – eu falo.
-Não é pelo dinheiro – ela fala – Mas é que existe pessoas que estudam, treinam para isso, eu não sei se eu seria uma pessoa preparada para trazer os clientes, sabe – ela gesticula com as mãos – que teria lábia, algo desse tipo.
- Eu não acredito no que estou escutando – ele fala – Você acabou de me mostrar algo que quem deveria fazer não pensou, me mostrou bem dizer um plano de crescimento para empresa em poucas palavras, uma forma de não perder os clientes e sim manter eles, você acha que outra pessoa na sua função se daria o trabalho de pensar nisso? – ela me encara. – Faça no seu tempo, faça a lista dos clientes, vamos fazer o seguinte, um acordo.
-Um acordo? – ela pergunta.
- Vamos fazer isso juntos – eu falo para ela – acho que seria um grande crescimento para nós dois, já vi que você tem muita coisa para me ensinar.
-Obrigada pelo voto de confiança – ela fala.
- Eu percebi que não sou eu que devo te dar um voto de confiança e sim você que deve dar um voto de confiança a si mesmo – ela me olha.
- O café de vocês – O garçom fala – o açúcar e o adoçante para colocarem á gosto.
-Obrigada – Adriele fala.
-Obrigado – eu falo para o garçom.
- Então eu vou fazer á lista e assim que elas tiverem pronta, eu mostro para o senhor – ela fala.
- Pode me chamar apenas de Amarildo – eu falo para ela – Me chamar de senhor me faz pensar que sou um idoso – ela sorri.
- Claro, irei chamar apenas de Amarildo – ela fala.
- Ótimo – eu respondo – Mas eu te chamei aqui porque quero uma ajuda em especial e sigilosa.
- Qual seria? – ela pergunta.
-São duas coisas na verdade – Eu falo – A primeira é que eu preciso que você pesquise a vida de todos ás convidadas da festa, entre idade de 20 a 30 anos – ela arregala os olhos – eu preciso nome, idade, cidade, a onde trabalha, parentesco e a foto da pessoa, várias fotos.
- Claro, eu consigo fazer isso – ela fala.
-Mas Vitor Hugo não pode nem pensar que você irá fazer isso para mim, até porque ele está pegando muito no meu pé – eu falo e ela me olha – eu sei que parece estranho eu querer ir atrás da identidade dessa mulher, mas não sei se você me entende ou se já aconteceu com você – ela me encara – quando você se sente atraído por alguém apenas pelo olhar e pelo sorriso, pelo toque, pelo beijo, eu já fui casado por anos mas nunca senti algo parecido pela minha ex esposa , mas por essa mulher do dia da festa parecia que a gente se conhecia á anos .
- Eu entendo – ela fala. – Eu vou te ajudar – ela sorri fraco.
- ótimo – eu falo – a segunda é que eu preciso que você descubra quem é os donos de alguns números de telefone, nome de registro e a onde mora, vou te passar por e-mail, mas também são informações sigilosas para uma investigação pessoal.
-Claro, só me passar que irei descobrir o quanto antes – ela diz.
-Perfeito – eu falo – Eu preciso ir porque tenho enterro do meu tio.
- Claro, eu também tenho várias coisas no escritório – eu assinto.
Adriele narrando
Eu tinha tirado o dia para fazer a lista dos clientes do escritório da Alemanha, a maioria deles tinha sede em Nova York e por incrível que pareça nenhum deles tinha contratado os serviços da empresa nas sedes, além dos escritórios na Alemanha. Eu não queria que Amarildo ache que eu sou intrometida, mas sou muito proativa e estava trabalhando um pouco isso, sempre achei a vida toda que às opiniões eram fracas e que ninguém iria gostar de ouvir e só agora estou me dando ideia de tanta coisa que eu deixei de fazer ou de colocar em prática por causa desse medo.
Imprimo á lista dos clientes e deixo em cima da mesa de Amarildo e quando saio da sala dele encontro Gabriela.
-Ainda está trabalhando – ela fala – já deu seu horário.
- Estava deixando uns papeis na mesa de Amarildo- eu falo para ela.
-Essa hora eles estão no enterro do tio – ela fala.
-Sim – eu respondo – imagina a barra que está sendo – ela sorri.
-Está nada, por dentro os dois deves está comemorando a morte do tio – ela fala.
-Que horror – eu respondo.
-É sério – ela fala – vamos tomar algo? Estou morrendo de fome também.
- Eu também estou – eu pego a minha bolsa e a gente vai em direção ao elevador.
-Tem uma pizzaria ótima aqui – ela fala – os donos são franceses, a melhor pizza que já comi, eles têm um restaurante na França e eu conheci a pizza deles comendo lá.
-Eu acho lindo a França, mas nunca fui – eu falo – ainda.
-Você vai ir – ela fala – quer dizer, a gente vai – eu a encaro.
-Como assim? Virou vidente – eu falo para ela e saímos do elevador.
- Existe um evento da empresa em Paris, Amarildo como Vitor Hugo vão e a gente também, assistente deles – ela fala.
- E por que vamos? – eu pergunto
-Para organizar agendas deles, já que são diversos compromissos – ela fala.
- Isso não tinha na Alemanha – Eu falo para ela rindo.
- Agora você é assistente do Ceo da empresa – ela fala – do fundador, pensa. Todos os luxos do mundo – ela diz rindo e chegamos no restaurante.
-Até parece – eu falo para ela.
-O cargo que você tem é muito importante – ela fala – você está ao lado do Ceo da empresa, tirando que Amarildo é uma pessoa muito boa e se você quiser você pode subir de cargo.
-Estou bem sendo assistente dele – eu falo para ela.
-Mas deveria pensar grande – ela fala.
-Hoje de tarde você disse que eles têm um segredo e agora fala para eu entrar fundo e subir na empresa – eu falo rindo.
- Mas ele tem sim – ela fala – Eu sou louca para saber o que é esse segredo.
-Nós temos uma investigadora da FBI aqui – eu falo rindo.
-Mas é coisa séria, eu já escutei Vitor Hugo e Amarildo discutindo sobre ele e falando que teriam problemas com o FBI – ela fala e eu arqueio a sobrancelha.
-Lavagem de dinheiro? – eu pergunto – é algo sério.
-Mas não seria caso de FBI – ela fala.
-As vezes você entendeu errado – eu falo para ela.
-Não – ela diz – a gente é surda lá dentro, mas escutamos muita coisa – eu a encaro – Você também vai começar a escutar e quando ligar todos os pontos, até mesmo o seu serviço tem códigos.
- Já estou achando que Caminhos cruzados é uma seita – eu falo para ele.
- Quase isso – ela diz rindo – Mas a morte do tio deles, não foi algo por acaso – eu a encaro – existe muita coisa nessa história que ainda vai feder.
- Você acha que os irmãos têm algo com isso? – eu pergunto para ela.
- Eu não acredito que eles são assassinos – ela fala – mas , fazia tempo que vejo o nervosismo de ambos quando falam no nome do tio deles, ainda mais quando Pierre aparecia na empresa, parece que Pierre queria pressionar os dois ou até mesmo chantagear.
- Eles são famílias – eu falo – sabe o que eu acho com você falando tudo isso?
- O que? – ela pergunta
- Pierre deveria gastar dinheiro com jogos, bebida e até mesmo mulheres – eu falo – deveria estar ameaçando jogar qualquer merda da família no ventilador e Amarildo sabe que qualquer coisa pode manchar a reputação da empresa dele ou virar falatório a sociedade que vivemos, ainda mais em Nova York, e a morte de Pierre pode ter certeza que foi dívida. Eu acho, minha opinião – eu falo tomando um pouco da minha caipirinha – caipirinha me faz lembrar o Brasil, calor e mar – sorrio.
- Pode ser – ela fala – você tem um pouco de razão – ela começa a rir – Brasil, eu sempre quis conhecer, Rio de Janeiro, carnaval, deve ser maravilhoso.
- E é mesmo – eu falo – pena que hoje em dia o ser humano consegue destruir tudo que é bom aos poucos.
-Isso em tudo que é lugar – ela fala.
Passamos quase a noite toda bebendo e conversando, fazia tempo que eu não sabia o que era isso, Gabriela era muito legal e acredito que a gente poderia ser grandes amigas.
Era bom ter alguém para conversar e se aliar, claro que não iria abrir a minha vida para ela, mas era bom não se sentir sozinha em um ambiente novo e estranho.
Eu achei que nem iria conseguir fazer amigos já no começo e eu mordi a minha própria língua.
Vou para casa pensando em todas as coisas que ela me disse e nas cosias que Amarildo me pediu hoje, para descobrir a origem da aqueles números de celulares para uma investigação. Sempre escutei falar que Amarildo era um homem misterioso, que não dava intimidade para qualquer um.
Mas me beijou na primeira vez que me viu e ele nem sabe que sou eu.
Suspiro lembrando do seu beijo e abro um pequeno sorriso andando pelas ruas de Nova York.
Era loucura pensar que ele também pensa em mim e quer tanto me encontrar.
Amarildo narrando
Eu olho para terapeuta que parecia tentar olhar a minha alma.
-Eu ainda não entendi os motivos de você querer tanto encontrar essa garota da festa – ela fala – Me diz Amarildo, o que ela significou para você? – eu penso na sua pergunta.
- Eu ainda não entendi – eu respondo para ela e ela me encara em silêncio e me olhando com bastante atenção – eu só quero encontrar ela, ver ela, ver seu rosto, saber seu nome, parece que eu a vejo em todas as mulheres.
-Então você já achou que alguém poderia ser ela? – ela pergunta.
-Minha nova secretaria, quando eu á vi, eu achei que poderia ser – eu falo – mas depois desisti dessa ideia.
-Por quê? – ela pergunta.
-Ela não estava na festa – eu falo – ela não deu entrada na festa aquela noite – ela arqueia a sobrancelha – e eu acho que é algumas características físicas que me fez achar que poderia ser, mas depois de procurar tanto, cheguei à conclusão que não é ela.
- Confesso que você nunca falou de nenhuma mulher em nenhuma de suas sessões de terapia – ela fala – então achei estranho você ficar tão encantado e curioso para achar ela, você nunca quase mencionou a sua ex-mulher em todos esses anos.
- Algo me encantou nela – eu falo – o seu beijo, o seu olhar.
- Eu sei o que encantou você – ela fala – foi o ar misterioso, se ela tivesse mostrado seu rosto, sua identidade, seu número de celular, você teria conversado com ela, saído e talvez nem se encantaria tanto como está agora.
-O mistério me encantou – eu falo pensando no que ela disse – pode ser, mas ninguém á encontra, será que era alucinação minha? – eu questiono.
-Acredito que não – ela fala – se outras pessoas á viram na festa também, então ela é de verdade.
- Eu não vou descansar até encontrar ela – eu falo – isso é um fato.
- Então essa mulher despertou algo em você que nenhuma outra mulher foi capaz – ela diz – até a onde você seria capaz de ir para encontrar ela? Até onde essa busca seria saudável e quando ela se tornaria uma possessividade? – ela questiona – São questões que você deve pensar.
-Obrigado Jamaique – eu resmungo – mais uma vez você me deixa com questionamento na cabeça – ela sorri.
- Você é meu paciente a 6 anos Amarildo – ela responde.
- E continuo aqui – eu falo rindo e balançando a cabeça.
(...)
Eu comecei a terapia antes de casar-se com Paola, logo que comecei a passar mal com á pressão de proteger o segredo, no começo achei que não daria conta e que era incapaz disso, depois aos poucos fui entendendo, que eu era a melhor pessoa para proteger ele.
- A onde você estava? – Vitor Hugo fala assim que me vê descer do carro na frente do estacionamento.
-Aqui a chave – eu falo para o manobrista. -Bom dia.
-Bom dia senhor Amarildo – o manobrista fala pegando a chave e entrando no carro
- Eu queria entender o que você tanto faz todas as terças feiras de manhã – ele fala.
-Não te interessa – eu respondo.
-Dessa vez voltou estressado – Vitor Hugo fala enquanto entramos no prédio do escritório e passamos as roletas. – O que foi não tinha PP disponível a onde você foi?
-Bom dia senhor Amarildo e senhor Vitor Hugo – a atendente principal fala e sorrimos para ela.
- Você é muito engraçado Vitor Hugo – eu falo – por que você não se preocupa em falar com nosso advogado para ver como vai proceder as investigações da morte do nosso querido tio?
- Eu já fiz isso – ele fala e entramos no elevador – vamos ser chamados para depor. Mas não somos suspeitos.
-Ainda – eu respondo.
- Você não mandou matar ele e escondeu de mim – ele fala me olhando.
-Eu não sou assassino – eu falo para ele – e muito menos vou pagar por crimes de nossa família.
- Precisa bater o nosso depoimento – ele fala.
-Se nenhum de nós dois matamos ele, por que ter medo? – eu pergunto – Eu sei a onde eu estava e tenho como provar, você não?
-É claro que sim – ele diz nervoso.
- Então – eu falo para ele – não precisamos temer.
- Você está muito calmo para quem estava preocupado deles levantarem a questão de que ele morreu depois de mencionar sobre o segredo – Vitor Hugo fala.
- Eu pensei sobre isso e o baile de máscara foi sucesso – eu falo – eu virei o rei do marketing, isso dar ponto para nós.
Abre a porta do elevador no andar de Vitor Hugo e ele sai.
-Bom dia senhor Vitor Hugo – Gabriela fala para ele.
Eu ainda estou entendendo se era ponto positivo ou negativo a morte do senhor Pierre.
- Bom dia senhor Amarildo – Adriele fala me olhando e eu a encaro parando na sua frente, penso no que eu disse para Jamaique e no que ela me disse. – Tudo bem? – ela questiona e eu continuo parado na sua frente e reparo a tatuagem de um leão em seu braço.
Adriele narrando
Eu fico olhando para Amarildo que paralisa na minha frente, ele não me responde.
- Eu fiz a lista que o senhor pediu dos clientes e deixei em cima da sua mesa – eu me levanto – o senhor aceita um café? – eu sorrio.
- Bom dia – ele fala pensativo – Claro – eu olho para a sua boca – Eu espero no meu escritório – assinto com a cabeça e ele passa por mim e seu perfume me faz arrepiar inteira, seu cheiro, lembrando do seu beijo.
Eu arrumo o café dele, coloco alguns biscoitos ao lado, um guardanapo e pego a bandeja e embaixo carregava alguns papeis dos registros que ele me pediu.
- Aqui está – eu falo colocando sobre a mesa e a bandeja quase cai da minha mão.
-Deixa que eu te ajudo – ele diz pegando a bandeja por baixo e nossas mãos se encosta e a gente se encara profundamente.
-Obrigada – eu falo tirando a minha mão de perto e ele coloca a bandeja sobre a mesa – Eu trouxe os registros que o senhor me pediu sobre os números de telefones.
-Mas já? – ele fala – disseram que você era eficiente, mas estou vendo que é muito melhor do que eu pensava.
-Imagina – eu respondo – eu estou fazendo apenas o meu trabalho – sorrio.
- E de quem são os números? – ele pergunta.
-A maioria está em nome do seu tio Pierre e alguns estão em nome de uma senhora chamada Vanessa Regis – ela fala – eu pesquisei sobre ela e descobri que ela mora em Orlando e tem uma loja de roupa por lá.
-Orlando? – ele faz uma cara e parece questionar para ele mesmo – seria uma amante do meu tio? – ele pensa alto e eu fico em silêncio – meu tio ia bastante para Orlando nos últimos meses.
-Pode ser uma amiga – eu respondo.
-Duvido – ele fala pegando os papeis – obrigado Adriele por essa pesquisa.
-Não precisa agradecer – eu falo – precisando estou às ordens.
- Eu preciso que você entregue o seu passaporte para o RH – ele fala.
-Meu passaporte? – eu pergunto.
-Você não leu o seu contrato de trabalho? – ele pergunta.
-Confesso que não, achei que seria a mesma coisa da Alemanha – eu falo para ele lembrando do que Gabriela tinha me falado sobre a viagem de Paris.
- Aqui está a cópia – ele fala abrindo a sua gaveta e tirando um envelope com meu nome – como você não questionou e nem entregou o passaporte, eu imaginei que você não tinha feito a leitura dele.
-Eu não posso sair do país? – eu pergunto – não entendi.
- Não é isso – ele diz sorrindo – agora você é minha assistente executiva, você deve me acompanhar nas minhas viagens profissionalmente para organizar a minha agenda – eu arqueio a sobrancelha.
- Claro, peço desculpa por não ter feito a leitura do contrato, eu achei que fosse á mesma coisa e na Alemanha não tinha essas cláusulas – eu falo.
- Você será bem recompensada pelas viagens e não terá nenhum custo – ele responde – Você não está mais na Alemanha e nem trabalhando para uma filial, você está trabalhando na empresa Strade Incrociate Ltda, na sede principal dela – eu fecho os olhos e abro rapidamente – se acostume, porque a nossa agente será cheia.
- Claro, peço desculpa pela comparação – eu falo para ele.
-Não precisa pedir desculpa – ele responde e eu não entendo mais nada – eu não queria ser rude e peço desculpa se pareci.
-Está tudo bem – eu respondo me virando e ele me chama.
- Adriele- eu me viro para ele – A gente embarca em 48h para Orlando, então se não tiver seu passaporte com você, peça para o motorista te levar até sua casa agora mesmo.
-Eu ando com ele na bolsa – eu respondo.
-Ótimo – ele responde – pode providenciar nossas passagens, hotel, um apartamento com dois quartos de luxos.
-Irei fazer isso agora mesmo – eu falo e ele assente.
Saio da sua sala, fecho a porta e respiro fundo, o elevador abre na mesma hora e Vitor Hugo sai me encarando.
- Ele já está deixando você de cabelo branco Adriele? – ele pergunta – a última secretaria desistiu em dois meses – eu o encaro e sorrio de lado.
- Acredito que eu aguento – eu falo para ele e ele sorri.
- Boa sorte – ele fala e eu vou para minha mesa e ele entra na sala de Amarildo com alguns papeis nas mãos.
Eu paro e fico pensando nessa viagem. Como eu não parei para ler o maldito contrato? Ai, Adriele. Você só mete em roubada.
Agora além de tudo eu passaria alguns dias viajando com o homem que era meu chef e eu beijei em um baile de máscara e que tenta descobrir quem eu era e eu tento esconder para ele isso.
Eu estou completamente ferrada. Ele deveria estar me testando? Deveria saber quem eu era?
Amarildo narrando
Eu sorrio quando ela sai da sala, até que não seria tão ruim essa viagem.
- O que você fez em? – Vitor Hugo fala entrando na minha sala – já está testando a paciência da sua secretaria?
- Você não tem serviço não? – eu pergunto – você sabia que a minha nova secretaria teve uma ideia de que você e sua equipe deveria ter – ele se senta na minha mão.
- E qual seria? – ele pergunta.
- De não perder os clientes da Alemanha – eu falo entregando a lista para ele e ele pega a lista – acho que ela ocuparia seu cargo rapidinho aqui na empresa.
-Estou impressionado como as mulheres ultimamente estão te deixando tão encantado por elas – ele fala.
- Eu sou um homem apaixonado pelas mulheres, tudo nelas me deixa encantado – eu falo para ele rindo.
- Primeiro a garota do baile e agora já quer colocar a secretaria em meu lugar – ele fala colocando a lista em cima da mesa – irei levar essa lista.
-Não – eu olho para ele – essa lista é dela e nos dois iremos ligar para os clientes – ele começa a rir.
-Já entendi – ele diz.
- Está rindo do que? – eu falo – preciso que você me dê alguns clientes de Orlando, vou visitar em dois dias eles lá.
- Como assim? – ele pergunta – não lembro dessa viagem.
-Ela não está – eu falo para ele – ela realmente não está programada.
-Então – ele fala – qual foi o motivo dela?
- Olha essa lista – eu falo entregando a lista que a Adriele me entregou dos números de telefone – são os números em nome do tio Pierre e todos eles ligaram para números que tem a mesma pessoa como receptora deles, uma mulher chamada Vanessa, cujo mora em Orlando e tem uma loja de roupa.
- E nós vamos para lá? – ele pergunta.
-Não, chamaria muita atenção, porque vai que a polícia chegue nesses números- ele fala.
- E como você vai fazer para não chamar atenção? – ele pergunta.
- Vou levar Adriele junto comigo, vamos visitar alguns clientes e vou fazer a minha investigação particular – ele fala – com tudo pago pela empresa, uma secretaria junto para testemunhar ao meu favor, duvido alguém desconfiar.
-Uma boa estratégia – ele fala. – Ela já fez muito mais do que nós dois por nós e pela empresa.
-Ela é boa – eu falo – mas isso me assusta.
-Por quê? – ele pergunta.
- Porque ela é esperta de mais e pode ser que comece á pegar as coisas no ar – eu falo.
- Então você tem que ser discreto – ele fala.
- Eu serei – eu respondo para ele.
- Quem diria que esse velho nos traria tantos problemas – ele fala.
- Nem me fala – eu falo – se eu fosse um assassino, eu mesmo teria matado ele.
- E se os outros comece a querer ir fundo na investigação? – ele pergunta.
- Eles estão em um asilo e nesse momento nem deve saber que o tio Pierre morreu – eu falo.
- Você tem razão – ele diz. – Só não vai se apaixonar pela secretaria – ele se levanta – já que está se encantando por qualquer mulher.
- Ela não é qualquer mulher – eu falo para ele – até porque ela faz seu serviço melhor que você.
-Oh – ele diz rindo – já está defendendo – ele anda até a porta. – Até mais apaixonado. – Ele fala rindo e eu balanço a cabeça em sinal de negação.
Eu iria ir até a loja dessa Vanessa descobrir quem ela era, para começar á investigar o seu envolvimento com o meu tio Pierre, porque se ela fosse alguma amante dele ou alguém que ele é apaixonado, pode ser que algum dia ele tenha aberto a boca e contado sobre o segredo. Não dava para confiar naquele velho de forma nenhuma. Ele iria me trazer ainda mais problemas depois de morto.